Os Adventistas e o texto de Eclesiastes 3.19-21
Dizem os Adventistas:
“Salomão escreveu: “Porque o que sucede aos filhos dos homens, sucede aos animais; o mesmo lhes sucede; como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego de vida [ruach], e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais… Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó, e ao pó tornarão. Quem sabe que o fôlego de vida [ruach] dos filhos do homem se dirige para cima, e o dos animais para baixo, para a terra?” (Ecles. 3:19-21). Assim, de acordo com Salomão, por ocasião da morte não há diferença entre o espírito de homens e de animais” (Nisto Cremos, p. 459).
Refutação: Salomão está apenas afirmando que a morte traz para os corpos, tanto do homem como do animal, a ida para um único lugar, a sepultura. É o que está dito no v. 20, “Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó, e ao pó tornarão. No v.21 Salomão fala da parte do homem que sobrevive à morte – o espírito do homem – estabelecendo que após a morte o homem sobe (Ex 12:7) “o pó volta à terra, como o era, e o espírito volta a Deus, que o deu”. Em Lc. 23:46 Jesus disse “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. De novo, em At. 7:59 podemos ler de Estevão, que fez a mesma oração, agora porém a Jesus: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito”.
“Mas na Bíblia, nem o termo hebraico, nem o termo grego para espírito (ruach e pneuma, respectivamente) se referem a uma entidade inteligente, capaz de existência consciente à parte do corpo. Ao contrário, esses termos se aplicam ao “fôlego de vida” — o princípio vital da existência que anima seres humanos e animais” (Nisto cremos, p. 459).
Se o espírito do homem fosse simplesmente o seu “fôlego de vida – o princípio vital da existência que anima seres humanos e animais”, como dizem os ASD, bastaria substituir a palavra espírito (pneuma e ruach) por “fôlego de vida” ou “o princípio vital”, que anima seres humanos e animais indistintamente, e estaria tudo correto. Mas, que dizer de 1Co. 2:11: “Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está?” Note-se que ao espírito do homem é atribuído conhecimento humano. É o espírito que sabe, que conhece, do que se conclui que o espírito humano é uma entidade inteligente e consequentemente tem consciência depois da morte do corpo:
Hb. 12:23: “A universal assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados”.
Poderiam os ASD referir-se ao texto em apreço lendo “e aos fôlegos dos justos aperfeiçoados”??? ou “ao princípio vital” dos justos aperfeiçoados”?
Admitimos que o espírito do homem é o seu “fôlego do vida”, ou seu “princípio vital”, mas é mais do que isso: “Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi abatido dentro do corpo…” (Dn. 7:15).
É digno de nota que o espírito de Daniel sentiu aflição, e para tanto seria necessário que tivesse inteligência, ou também sensibilidade, o que só é próprio numa entidade ou personalidade. Um “fôlego de vida” por si mesmo não pode experimentar aflição ao abatimento, ou outra qualquer emoção. Para ver a falsidade da afirmação adventista é só substituir a palavra ‘espírito’ por fôlego de vida, ou princípio vital, nas passagens: Mt. 26:41; Mc. 2:8; 8:12; At. 17:16; Jo. 13:21; 2Co. 7:1; 1Pe. 3:4.
Ainda com respeito a Ec. 12:7, a expressão original sugere um espírito com personalidade, não um “fôlego de vida” impessoal. Com efeito, faz-se essa descoberta ao consultar a versão grega da LXX, onde a preposição “a” não tem sido traduzida do grego, usando “eis” (a, em, para) senão traduzida pela partícula “pros” (Kai to pneuma epistrepse PROS ton theon os edokenauto), cujo significado literal é encontrar-se no mesmo lugar, cara a cara com outra pessoa, e estar em comunicação com ela, em um verdadeiro intercâmbio de impressões.