Operação investiga chefes de seita na Indonésia

A Polícia indonésia iniciou esta semana uma operação de busca para deter os chefes da seita Al-Qiyadah Al-Islamiah, acusada de blasfêmia, e cujo líder se diz herdeiro do profeta Maomé.

Grupos islâmicos radicais ameaçam queimar as sedes da organização e exigem a pena de morte para o líder, Ahmad Mushaddeq, fundador da seita.
Em julho, Mushaddeq afirmou, após meditar e jejuar durante 40 dias em um monte, que Alá apareceu para ele e lhe designou como novo profeta para continuar o trabalho de Maomé.

Ele se entregou na segunda-feira à noite à Polícia, junto com sua mulher e outros seis membros da congregação.

Esta semana, Lia Aminuddin, mais conhecida como Lia Éden, líder da seita Reino do Éden, foi libertada após passar dois anos na prisão por blasfêmia. Lia, que diz ser a reencarnação do arcanjo Gabriel, insistiu em que continuará pregando, porque na prisão recebeu mais doutrinas de Deus que deseja escrever e compartilhar com as pessoas. Esta atitude pode levá-la de volta à prisão.

A Indonésia não tolera a blasfêmia, apesar da dificuldade de interpretar juridicamente este conceito e de que a Constituição reconhece a liberdade religiosa.

O Código Penal indonésio pune a blasfêmia com penas de até cinco anos de prisão.

Em maio, as autoridades detiveram 41 membros de uma seita protestante que divulgaram um vídeo no qual se afirmava que o Islã é “a fonte de toda a maldade da Indonésia, da violência até o terrorismo”.

No caso de Mushaddeq, ele também é acusado de “degradar o Islã” ao pregar entre os muçulmanos doutrinas contrárias às tradições islâmicas.

A seita Al-Qiyadah Al-Islamiah foi fundada há sete anos e, segundo fontes policiais, tem cerca de 41 mil seguidores em todo o país.

O Conselho de Ulemás da Indonésia afirmou que as doutrinas de seita são contrárias ao Islã e causam “grande ansiedade” entre a comunidade muçulmana, por isso solicitou a detenção do líder e a suspensão de suas atividades.

Outras organizações conservadoras islâmicas tomaram posturas mais radicais, como é o caso do Movimento Islâmico Indonésio, que considera que as doutrinas são um insulto para os muçulmanos e ameaça enviar grupos para destruir as propriedades da organização se a Polícia não detiver todos os dirigentes.

O Governador de Jacarta afirmou que está tentando ilegalizar a seita, enquanto a Procuradoria Geral anunciou que espera a proibição oficial por parte da Agência Pública de Coordenação da Fé para tomar medidas.
Por enquanto, as autoridades deram ordens de deter e interrogar os chefes da organização e de ligar para seus membros para pedir a eles que abandonem sua ideologia e retornem às antigas crenças.

Fonte: EFE

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