O Tribunal de Cristo

“Cremos que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo, para receber a recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo na Terra (2Co 5.10)”

Assim como cremos no Arrebatamento da Igreja, também cremos no Tribunal de Cristo. Ora, o que vem a ser isso?

De acordo com a Bíblia Sagrada, conforme registra 2Coríntios 5.10: “… todos devemos comparecer ante o Tri­bunal de Cristo, para que cada um rece­ba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal.”

Se houvesse apenas esse texto, poderíamos tergiversar sobre o seu con­texto. Ocorre que encontramos ainda o apóstolo Paulo em sua carta aos Ro­manos, afirmando que “todos havemos de comparecer perante o tribunal de Cristo (…) de modo que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Rm 14.10-12).

Tal assunto encontra confirma­ção no livro de Apo­calipse 22.12, quando o Senhor esclarece: “A minha recompen­sa está comigo, para dar a cada um se­gundo a sua obra”.

Este fato acontecerá após o Arrebatamento da Igreja e tem como objeti­vo recompensar os cristãos por aquilo que tiverem feito por meio do corpo, ou bem (gr. agathon, “espiritual e moral­mente bom ou útil aos olhos de Deus”) ou mal (gr. phaulos, “sem valor, iníquo; inclusive o egoísmo, inveja e preguiça”). Não é um momento de apreensão ou desespero, pois o que está em julgamen­to não é a salvação, mas, sim, as obras.

Todos somos advertidos pela Pala­vra de Deus, tanto no Antigo Testamen­to quanto no Novo Testamento, que pas­saremos por essa situação, uma vez que, “Deus há de trazer a juízo toda obra, inclusive tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau” (Ec 12.14).

Todos nós desejamos a justiça e, como vemos em Gálatas 5.5, “porque nós, pelo espírito da fé, aguardamos a esperança da justiça”. Sendo assim, por causa da justificação em Jesus Cristo, este dia de juízo não é aterrorizante para o cristão.

Nessa oportunidade, a nossa vida será exposta diante do escrutínio divi­no, não como uma declaração de con­denação, mas como uma avaliação meritória. Ou seja, não envolve condena­ção ou absolvição, mas recom­pensa ou perda, de acordo com os méri­tos ou a falta deles na vida do cristão.

Conforme o apóstolo Paulo nos apresenta: “Mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro funda­mento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cris­to. E, se alguém sobre este funda­mento formar um edifício de ouro, prata, pe­dras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade, o Dia a declarará, porque pelo fogo será des­coberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que al­guém edificou sobre ele permanecer, receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo”,  1 Co 3.10-15.

Vemos que o fundamento para a obra de todo salvo é Jesus Cristo e, usando como metáfora, o apóstolo uti­liza materiais como ouro, prata, pedras preciosas e, por outro lado, madeira, feno e palha, para um exemplo radi­cal de construção (coisa não utilizada para as construções da época) para comparar grandes valores com coisas sem valor algum.

Aqueles cristãos que vivem uma vida sem valor ou que fazem alguma coisa para a obra de Deus, mas com outro pensamento ou objeti­vo que não seja enaltecer a sobe­rania e a glória do Senhor, não re­ceberão a recompensa que julgam merecer, uma vez que devemos ter em mente que “nada há en­coberto que não haja de ser des­coberto; nem oculto, que não haja de ser sabido. Porquanto tudo o que em trevas dissestes, à luz será ouvido; e o que falastes ao ouvido no interior da casa, so­bre os telhados será apregoado” (Lc 12.2-3).

Devemos, portan­to, trabalhar com fi­delidade, amor e de­voção, consideran­do que nossos atos realizados em ocul­to (Mc 4.22 e Rm 2.16), nosso caráter (Rm 2.5-11), as nossas pa­lavras (Mt 12.36-37), as nossas boas obras (Ef 6.8), nossas atitudes (Mt 5.22), nossos objetivos ou motivos (1 Co 4.5), o desamor (Cl 3-23 e 4.1) e nosso ministério e trabalho (1 Co 3-13) serão examinados por Deus. Que possamos ouvir um grande e sonoro “Bem está, servo bom e fiel (…) entra no gozo do teu Senhor” (Mt 25.21).

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PAULO ROBERTO FREIRE DA COSTA, FONTE: REVISTA “RESPOSTA FIEL” ANO 4 – N°16

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