O testemunho embaraçoso das mulheres

O túmulo vazio e o testemunho embaraçoso das mulheres: uma evidência histórica sem precedentes que exclui o “embelezamento” do evento

O túmulo vazio está relacionado com a morte e com a consequente pregação da Igreja Primitiva. O Dr. Gary Habermas afirma que o mais poderoso argumento em favor do túmulo vazio está relacionado à localização que cerca o evento. Os relatos dos evangelhos são unânimes em que Jesus foi sepultado em um túmulo localizado em Jerusalém. A maioria dos críticos também concorda que as primeiras pregações ocorreram em Jerusalém, levando ao nascimento da Igreja. Se o túmulo de Jesus estava localizado nas proximidades, temos um sério problema se ele estava vazio. A menos que o túmulo de Jesus estivesse desocupado, a pregação da Igreja Primitiva teria sido refutada no local. Como poderia ser pregado que Jesus ressuscitou dos mortos se esta mensagem fosse duramente confrontada com um corpo apodrecido? Expondo o corpo, mataria a mensagem e seria uma fácil refutação ao Cristianismo antes mesmo dele ganhar ímpeto. Assim, Jerusalém é o último lugar para os ensinos cristãos ganhar apoio, a menos que o túmulo estivesse vazio (apud DEMBSKI & LICONA, 2010, p. 168). Portanto, a fé cristã não surgiria e floresceria baseado em uma informação que poderia ter sido provada falsa. As duas linhas estão mantidas ou caem juntas. Se os relatos da morte estão seguros, os do sepultamento também.

Outro problema é o fato de que o túmulo vazio ter sido descoberto pelas mulheres. Para os padrões de credibilidade histórica da época, isso seria impensável. Se esse relato fosse uma invenção posterior, talvez alguém de grande influência entre os apóstolos teria sido a pessoa “indicada” como aquela que descobriu o túmulo, mas não as mulheres. Craig afirma em outro lugar que, para entendermos o quanto esse fato é extraordinário, precisamos entender duas coisas sobre a função das mulheres no primeiro século em uma sociedade judaica. Primeiro, as mulheres eram, francamente falando, cidadãs de segunda classe. Por exemplo, um provérbio rabínico posterior dizia: “Abençoado são aqueles cujos filhos são homens, mas infortúnio para aqueles cujos filhos são mulheres”. Esta era claramente a era de consciência pré-feminista (ANKERBERG, 2007, parte 2). Antes de prosseguir, é bom deixar claro que existe uma sociedade ideal e uma sociedade real. Frank Morison também adentra os portões dos padrões jurisprudenciais judaicos do primeiro século para lançar luz à questão. Ele diz que a Misná descreve com abundância de detalhes. Ele menciona que havia três classes de testemunhos reconhecidos por lei: 1. O Testemunho Vão. 2. O Testemunho Permanente. 3. O Testemunho Adequado. Havia uma distinção muito prática entre essas três classes de evidências. O Testemunho vão era obviamente irrelevante e sem valor, e os juízes reconheciam como tal imediatamente. O Testemunho Permanente era a evidência do tipo mais sério a ser aceito provisoriamente até ser confirmado ou o contrário. O Testemunho Adequado era a evidência em que as testemunhas concordavam juntas. A menor discordância entre a evidência do testemunho destruía seu valor (2009, p. 12). Mas e o testemunho da mulher? Não estava considerado nem como sendo um testemunho vão, nem era considerado um testemunho. Craig afirma que o testemunho das mulheres era considerado tão desprezível que elas nem mesmo eram permitidas servir como testemunhas em corte judaica. Agora, à luz desse fato, quão extraordinário é o fato de que as mulheres foram as primeiras e principais testemunhas a descobrir o túmulo de Jesus? (ANKERBERG, 2007, parte 2). Esse é um testemunho embaraçoso e não teria sido mantido e enfatizado a não ser que fosse verdadeiro. Habermas menciona que, devido às circunstâncias da Palestina do primeiro século, podemos somente concluir que os autores dos evangelhos estavam claramente convencidos de que as mulheres descobriram o túmulo vazio. Eles estavam mais interessados em relatar a verdade do que evitar a crítica (apud DEMBSKI & LICONA, 2010, p. 169). Shelby Cade também corrobora dizendo que outra evidência existe para validar a história da ressurreição. De acordo com os quatro escritores dos evangelhos, as primeiras aparições foram às mulheres. No primeiro século, o testemunho das mulheres era considerado inválido, então porque os autores incluiriam este ponto se eles estivessem tentando inventar um mito? (CADE, 2010). Os críticos do NT levaram essas considerações a sério e aceitaram os relatos como fidedignos.

Por Walson Sales.

Sair da versão mobile