Deus e a lei da atração – um enfoque teológico, humanista e social
Em meio ao humanismo místico-contemporâneo desse século XVI, pode-se notar um interessante paradoxo: o homem evolui tecnocientíficamente à passos assombrosos num extremo, mas “involui” no conceito solidariedade (seja qual for sua forma de expressão) e estabelecimento da paz, da justiça e do amor. Não há tentativa de vida ou estabelecimento de qualquer clã ou sociedade sem esses atributos.
Contudo, no meio dessa trincheira intelecto-social, surge a mais nobre luz no fim do túnel: o poder da mente. Resultados inacreditáveis têm sido exibidos nas pesquisas com o efeito placebo, revelando o poder da cura inerente ao ser chamado “homem”. Tema de arte traduzida nas páginas de livros e nas telas do cinema, o poder da autocura e da autodeterminação para o sucesso nunca esteve num auge tamanho, de forma que, seja através de quaisquer formas de comunicação, num futuro breve todos terão conhecimento do poder que possuem para evitar os problemas e “atrair” a felicidade.
Recentemente surgido no Brasil, o filme The Secret – O Segredo atraiu e atrai multidões para contemplar a “força potencial” que o homem tem e o faz com demonstrações de verdadeiros milagres para um público leigo, nos quais a saúde, a prosperidade, enfim, a felicidade são atraídos pelos pensamentos positivos (que podem se traduzir em palavras) através da Lei da Atração, uma lei universal das quais apenas os maiores pensadores tomaram posse ao longo da história.
Corroborando essa idéia que se populariza a cada dia, a ciência vem demonstrando exponencialmente a inter-relação corpo/alma (psiquê), de modo que o viver num “alto astral” tem se demonstradoo caminho da cura do indivíduo e de alguns problemas da sociedade.
É fato que o binômio psiquê – matéria é inseparável e mutuamente influenciável. Aquilo que te preocupa muitas vezes faz com que seu corpo sofra da mesma forma que o que as dores que você tem te deixam extremamente angustiado. É fato também que aquele que vive feliz independente das circunstâncias tem maiores chances (probabilístricas) de alcançar uma idade mais avançada do que aquele que encara os desafios negativamente e com pessimismo. Não faltam pesquisas para comprovar esses dados, nem explicação das relações entre o pensar e o sentir.
Há ainda nesse contexto globalizado, o impressionante retrocesso do homem em relação aos pensamentos relacionados à Deus. Em nenhuma outra esfera a teoria da Relatividade de Einstein surtiu tanto efeito. “… eu acredito naquilo que para mim é bom e acho que devo acreditar…” tem sido um diálogo constante no nosso mundo globalizado, um slogan da moda. Isso, porém tem regredido o ser a um estágio infantil em relação às suas crenças. Suas convicções em relação aos aspectos da vida, ao invés de serem oriundas de suas crenças, têm se equiparado no mesmo patamar destas. O homem não sabe mais no que crê, como crê e (principalmente) PORQUÊ crê. Esse é um abismo no qual o homem vem se afundando há alguns séculos.
Em meio a tudo isso, fome, riqueza, cultura, ignorância, tecnologia, pobreza, nota-se o cenário perfeito para que a Lei da Atração se estabeleça e o homem passe a desfrutar de um poder que sempre foi seu, mas que até hoje ele não conhecia. Não sou de todo contra a teoria do Século XVI de que você deve acreditar com convicção. Creio que a fé bíblica engloba essa característica (Hb 11:1; Lc 18:1-8). O problema, no entanto é que, uma mentira não atrai a muitos, pois sua face é feia, mas um conjunto de verdades e mentiras pode ser perigoso.
O atual desejo do homem de promover a autocura de suas mazelas através de sua “mente” nada mais é do que a repercussão do pecado milenar de Adão e Eva: desejar tornar-se o que não pode ser. Infelizmente, os conceitos dessa natureza têm permeado o Cristianismo através da Teologia da Prosperidade e de algumas idéias dessa vertente que assolam muitos países, tais quais os EUA (duvida? Leia o livro Cristianismo em Crise e se assuste).
O homem tem se tornado um semideus e em meio a tanta mensagem de alento e esperança, Deus tem se tornado uma energia, alguém a parte da história do homem, um espectador sedento, ávido por um final feliz. Nosso universo não é antropocêntrico e o homem não pode, a priori determinar todo curso de sua história. De um ponto de vista CRISTÃO (entenda-se, bíblico), Deus é quem governa e sustenta o universo (Hb 11:3; Jó 34:13). O homem não tem o “poder” de determinar uma fortuna de cem mil dólares, embora possa trabalhar para isso; nem de determinar sua saúde plena, embora possa influenciar-se para esse fim.
Mais do que uma busca da felicidade, isso representa uma rebelião contra Deus, pois Deus criou o homem para relacionar-se com Ele, mas era Ele quem detinha o comando e que deveria ser adorado. Essa é a forma mais singela e sedutora de idolatria: o lugar de Deus na vida do homem é ocupado pelo próprio homem e o seu ego.
Além disso, sorrateiramente estão sendo introduzidos conceitos da Nova Era na cultura e nos pensamentos populares tais quais: “Deus é energia”, “o homem é senhor de si mesmo” e todas as ideologias provindas desses postulados. Muito das convicções sociais de valor já se baseiam nesses dogmas. E isso se reflete na maldade prática na vida do homem.
Estamos caminhando para o fim dos tempos. Nosso Senhor logo voltará pois foi o Único que viveu, morreu e ressuscitou (Fp 2:5-11) e, breve, todos comprovarão essa verdade, face a face. Para nós, filhos de Deus, é preciso ter sabedoria e discernimento para se “imunizar” diante de tais concepções, julgando tudo conforme a Palavra (Atos 17:11) pois embora o homem e suas idéias passem, a Palavra de Deus nunca passa (Mt 24:35). É preciso também sabedoria para proclamar a verdade diante do mundo que nega a existência de uma Verdade absoluta (Jo 14:6). É preciso proclamar o Evangelho (Mt 28:19-20) com sabedoria (II Tim 2:1-2) e com a inteligência que Deus nos deu, além da comunhão indispensável que a criatura precisa ter com seu Criador (Gn 1:26-27).
Preparemo-nos para a batalha que se avizinha, pois nossa guerra será mais árdua a cada dia e necessita que estejamos alertas e diante da maquiagem da qual o pecado tem tomado posse.
Leia, ore, jejue e louve a Deus, assim, certamente a sabedoria do mundo jamais excederá a sua (I Co 2:1-7).
Jesus não pregou a lei da atração, ele atraiu as pessoas porque viveu na lei do amor e da verdade. Faça você o mesmo.
Evandro Lui