Qual é o seu signo? Esta tem sido uma expressão comum para iniciar uma amizade, e não parece ser tão perigosa, não é mesmo? A astrologia tem-se expandido em diversos setores e sua popularidade tem alcançado os shopping centers e livros de leitura soft. Revistas semanais, que tratam da beleza feminina, não deixam de orientar as cores que devem combinar com seu “astral”.
Agora, neste mês, há uma grande procura por mapas astrais, consultas a horóscopos e para escolha da cor certa para entrar no próximo ano – afinal, é o tão esperado ano 2000! Pessoas influentes, astros de Hollywood, autoridades políticas e religiosas são alvos de reportagens escrutinadoras. Por outro lado, alertamos: a popularidade da astrologia não significa sua veracidade – precisamos examinar suas credenciais; se é que existem!
Em que consiste a astrologia? São apenas cálculos, usando como referência os planetas e suas conjunções, na época do nascimento? Tem alguma influência sobre nós, habitantes de um dos planetas do sistema solar, o planeta Terra? Se há alguma influência, isso
deve nos interessar e devemos verificar sua fonte. Mas, se os seus pilares forem mitológicos, então, todo o edifício estará comprometido. Além disso, o que diz a Palavra de Deus sobre o assunto?
ASTROLOGIA, RELIGIÃO-CIÊNCIA MILENAR
Indícios da astrologia são encontrados nas civilizações primitivas. Inúmeras inscrições egípcias e babilônicas registram a insistência do homem em buscar respostas “lá fora”. Desde tempos remotos o homem tem estudado os sinais dos céus. Originalmente isso estava relacionado apenas com as estações do ano e com o ciclo da agricultura (Gn 1.14). A regularidade das estações e seus ciclos davam a ideia de leis fixas mas, eventuais secas ou mudanças do tempo criavam preocupações… Se o tempo de seca se estendia, havia clamor, demonstrado através de rituais.
Quando as “respostas” chegavam, embora naturais, geravam confiança e personificavam os fenômenos e os poderes da natureza. Assim, a observação deixava de ser apenas astronômica e incorporava características devocionais (religiosidade). Nascia, então, a astrologia – é bom lembrar que o povo de Deus, diferente das outras nações, sempre creditou a Deus a autoridade sobre toda a criação (Gn 1.1; Cl 1.16,17).
A astronomia e a astrologia cresceram mescladas, inseparáveis, até ao tempo de Johann Kepler, no século XVII, quando foram dissociadas e se desenvolveram com características próprias. Kepler, nascido em Weil, Alemanha, educou-se em Tübingen e tornou-se conceituado astrônomo. Foi considerado fundador das ciências exatas, entrando em controvérsia com a Igreja Romana, acerca da centralidade da Terra.
Suas palestras contribuíram para uma visão da astronomia diferenciada da astrologia. A astronomia é aquele ramo da ciência que estuda o Universo. O mundo lá fora, é algo fascinante que glorifica o Deus Verdadeiro: “O Senhor…conta o número das estrelas, chamando-as a todas pelos seus nomes”; “Louvai-o, sol e lua; louvai-o, todas as estrelas. ” (SI 147.2-4; 148.3). Por outro lado, a astrologia trata da influência mística sobre as nações e as pessoas individualmente. Para tanto, esta influência precisaria ser inteligente e sua origem deveria estar nos planetas. Portanto, perguntamos, seriam os planetas investidos deste poder?
Para se preparar um mapa astrológico são necessários alguns dados básicos: data, lugar e a hora do nascimento. Este último dado é importante para definir qual a influência que o consultante recebeu dos planetas na hora do nascimento. Parece muito científico! Os planetas estão lá, são reais! Nós estamos aqui, somos reais! E os dados que fornecemos para consulta também são reais! O que poderia estar errado, então? Tudo parece indicar que os cálculos efetuados após a coleta dos dados devem dar uma resposta precisa, matemática! Mas isto não é verdade, pois um outro ingrediente é necessário para obterem-se os resultados do horóscopo. Os nomes dos planetas não foram dados casualmente; eles fazem referência aos deuses da mitologia grega.
Jamais a simples posição dos planetas poderia falar ou projetar as influências dos astros sobre as pessoas ou nações. Os cálculos, por si mesmos, não falam sobre personalidade, dificuldades ou conjecturas de ninguém. Por outro lado, os deuses da mitologia grega, que têm seus similares na antiga Babilônia e Egito, esses sim, têm suas características personificadas nos planetas.
Quando uma posição astrológica é consultada, não se observa apenas a posição planetária. O interesse é revestir estas posições das características destes deuses mitológicos. Como num passe de mágica os planetas passam a emanar personalidade, desejo, indiferença, ódio, vingança, luxúria… todas as características humanas e suas limitações. Tudo isto esta muito longe da realidade cristã, que nos ensina sobre o amor de Deus: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna.” (Jo 3.16).
“Qual o seu signo?”. Pode parecer uma pergunta inocente, apenas para quebrar o gelo de uma nova amizade, contudo está cercado de mitologia, semelhante aos demais ramos do ocultismo, que apregoam contatos com emanações que iluminam o “eu” interior. Ou, em uma leitura casual de alguma revista ou jornal, ao deparar com um horóscopo, talvez você tenha uma curiosidade superficial – como aquela de ler um recadinho num papel de bala – então, de repente lhe salta aos olhos a previsão certa.
Talvez você estivesse precisando apenas de um incentivo e algo que leu em um horóscopo era exatamente o que desejava ouvir, chamando sua atenção e, depois, num outro dia, você faz uma nova consulta. Também da certo e, uma terceira tentativa não deixa dúvidas… realmente as projeções acontecem! Agora você não faz nada sem espiar as previsões! Esta pessoa tornou-se um devoto da astrologia. Abraçará a religião-ciência, fechará os olhos para a origem real de sua crença, a mitologia greco-romana.
ILUSÃO E GENERALIDADES
Apesar da fortaleza erigida pelos acertos dos horóscopos, encontramos neles o “calcanhar de Aquiles”. A propósito, Aquiles era uma figura mitológica. A lenda diz que estava vestido de uma fortaleza, contudo, sua fraqueza estava no calcanhar, que ficava desprotegido. Também nos fala a lenda que foi derrotado quando ferido no calcanhar, por isso a expressão “calcanhar de Aquiles” simboliza alguma fraqueza que leva à ruína, apesar de toda a fortaleza quanto a outros particulares. Assim também sucede a toda artimanha astrológica. A astrologia tem diversos “calcanhares de Aquiles” e não apenas um!
Uma das bases da astrologia é a mitologia. A palavra mitologia refere-se às fábulas dos deuses, semideuses e heróis das lendas greco-romanas. Tais deuses nunca existiram; eram produtos da imaginação, símbolos das forças da natureza que incluíam personificações dos vícios humanos. Por exemplo: o amor e a beleza eram personificados na deusa romana, Vênus, e toda uma estória depravada era desenvolvida como cenário deste ídolo.
Tais deuses não comunicavam virtudes, pois sempre alcançavam seus anseios em detrimento dos outros. Este primeiro pilar da astrologia compromete suas pretensões. Poderíamos confiar nossas decisões diárias em previsões que são sustentadas pelos caprichos de deuses imaginários? Infelizmente, muitos consultam horóscopos para escolherem uma profissão e até um cônjuge! A Palavra de Deus adverte: “…sabemos que o ídolo nada é no mundo e que não há outro Deus, senão um só. (1 Co 8.4). Podem as lendas ser um pilar confiável? Não! Este calcanhar já está exposto!
A conduta perversa e os vícios dos personagens lendários expõem também a fragilidade moral da astrologia. Os deuses greco-romanos e todos os demais ídolos do mundo refletem as depravações da humanidade – e isto pode ser observado repetidamente em cada estória que acompanha as sagas dos deuses. São destas ilusões que se revestem os planetas, para que tenham suas influências! Sem dúvida estes deuses da astrologia são faltosos, não possuem nenhuma moral! Portanto, poderia um cristão, apenas por curiosidade, consultar uma “inocente” página de horóscopo em um jornal diário, ou emissora de rádio? Não! Segundo a Bíblia não deveríamos (2 Co 6.14-18).
O apóstolo Pedro nos adverte a não voltarmos a ser “servos da corrupção ”(2 Pe 2.17-22). É exatamente este o resultado das previsões genéricas. São uma armadilha, uma rede de arrasto. A generalidade das previsões causam ilusão, pois possuem linguagem abstrata que podem ser adaptadas às particularidades de milhares de pessoas.
Previsões como: “não faça um negócio hoje”, “uma pessoa distante vai lembrar de você e vai visitá-lo”, e tantas outras, que se podem cumprir de diversas maneiras, são uma armadilha, pois podem se realizar adaptando-se a quaisquer fatos. Por exemplo, uma previsão do tipo: “vai fazer sol, mas pode chover”, é ambígua e não merece crédito. “Não faça um negócio hoje”, pode ser aplicado de diversas maneiras, em todas as classes sociais, pois todos nós tomamos diariamente decisões que envolvem negócios, não é mesmo? Deste naipe são as previsões astrológicas!
Consultar os astros é idolatria; a Bíblia adverte sobre trevas espirituais que sofrem os idólatras: “pelo que também Deus os entregou às concupiscências do seu coração, ”e “por isto Deus lhes envia a operação do erro, para que creiam na mentira. ”(Rml.24; 2 Ts 2.11). A ilusão da generalidade é uma armadilha, uma rede que aprisiona o raciocínio, iludindo o consultante. A mente pode ficar tão absorta nas previsões, que, divagando, as moldará ao evento mais próximo de sua interpretação. Já vimos que as duas colunas da astrologia estão comprometidas com o fracasso, mitologia e imoralidade1, consequentemente, todo o restante é frágil.
Contudo, encontramos alguns que insistem em dizer que detalhes pessoais são conseguidos através da leitura do horóscopo. Porém, respondemos que não apenas neles, pois devemos observar que as lendas da mitologia grega nos fazem lembrar as histórias africanas, as lendas dos “guias” e “exus” do espiritismo. Todas são acompanhadas de depravação, que expressam a condição caída do homem. Tais histórias tribais, que primeiramente foram contadas como lendas, hoje estão resumidas e identificadas nas entidades (demônios) que se apresentam em sessões onde se manifesta a mediunidade. Assim se toma evidente a origem das adivinhações que ocorrem nas consultas aos astrólogos.
“NÃO VOS ENGANEIS”
A astrologia consiste em consultar os deuses lendários da mitologia greco-romana. O que predomina, na leitura do mapa astral, é a influência da divindade naquela ocasião. Os cálculos planetários são apenas um ponto de apoio; tirem-se-lhes as lendas e então ficarão sem influência! As respostas, em sua forma generalizada, trazem informações ambíguas que podem ser interpretadas conforme o anseio do consultante.
Visto ter como fundamento a mitologia, a origem da astrologia é vã, portanto mentirosa e como tal, tem um pai peculiar: “…tendes por pai ao diabo e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele foi homicida desde o princípio e não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. ” (Jo 8.44). Nas consultas especiais, onde detalhes pessoais aparecem, toma o mesmo caminho do espiritismo – a mediunidade. Portanto, tem influências espirituais, não da parte dos planetas, mas das entidades, demônios que se manifestam.
Para estes que consultam e aqueles que manipulam tais influências, se não se arrependerem terão confirmada a sentença: “Cansaste-te na multidão dos teus conselhos (consultas astrológicas); levantem-se, pois, agora, os agoureiros dos céus (astrólogos), os que contemplavam os astros, os prognosticadores das luas novas, e salvem-te do que há de vir sobre ti. Eis que serão como a praga, o fogo os queimará não poderão salvar a sua vida do poder da labareda; ela não será um braseiro, para se aquentarem, nem fogo, para se assentarem junto dele. Assim serão para contigo aqueles com quem trabalhaste, os teus negociantes desde a tua mocidade; cada qual irá vagueando pelo seu caminho; ninguém te salvará.” (Isaías 47.13-15) Considerando tudo isto, a astrologia não é algo que possamos consultar por curiosidade ou brincadeira. A idolatria de qualquer sorte é abominável. Não precisamos de ilusões, temos o Deus vivo, que ouve as orações.
“Entrega o teu caminho ao Senhor; confia Nele, e Ele tudo fará. ” (Salmo 37.5) e “Filhinhos, guardai- vos dos ídolos” (1 João 5.21).
NOTA:
- A mitologia greco-romana reflete um descompromisso com a moralidade. Alguns eruditos acham que em lenda é normal, mas nos padrões bíblicos tal posição não é coerente; portanto esses deuses são culpados de imoralidade.
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MÁRCIO SOUZA, FONTE: REVISTA “ DEFESA DA FÉ” ANO 3 – N° 17