É comum ouvir dizer sobre crenças e práticas estranhas à Bíblia: “Isso é coisa do paganismo”. Quando um grupo de amigos vai ao restaurante não é raro alguém perguntar: “Quem é o pagão?”, ou seja, quem vai pagar a conta? No contexto do catolicismo romano, também se ouve dizer que é pagã a criança que não for batizada. Afinal, o que é paganismo?
O termo “pagão” e seus derivados, no contexto cristão, significam o mesmo que “gentio” na Bíblia. Os gentios, goiym, “nações, gentes”, em hebraico, são todas as nações fora do pacto que Deus fez com Israel, são todos os povos não israelitas. Até à Vinda de Jesus, a humanidade estava dividida entre dois povos: gentios, como egípcios, assírios, caldeus, gregos, romanos, bárbaros dentre outros, e judeus, que são os filhos de Israel. Essa distinção nunca foi étnica e nem política, mas religiosa.
O Senhor Jesus derribou a parede de separação entre judeus e gentios (Ef 2.13-18) formando um novo povo, a Igreja. Hoje a humanidade está dividida em três grupos: judeu, gentio e Igreja (1Co 10.32). Os nãos judeus deixam de ser gentios quando se convertem ao Senhor Jesus: “Vós sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos, conforme éreis guiados”, 1Co 12.2; “Lembrai-vos de que vós, noutro tempo, éreis gentios”, Ef 2.11. Quem não é judeu e nem cristão a Bíblia o considera gentio. “Pagão” é palavra posterior que passou a ser usada para identificar o gentio bíblico.
O termo “pagão” vem do latimpagus ou pagamis, cujo sentido original é “aldeão”. O cristianismo se expandiu pelo vasto império romano, principalmente pelos grandes centros urbanos. Durante o período do imperador Constantino, os moradores das pequenas aldeias rurais distantes, ainda não alcançadas pelo Evangelho, eram chamados de “pagãos”, até então sem conotação religiosa. Com o passar do tempo, muitos, tanto das aldeias como também das cidades, preferiram permanecer no seu sistema politeísta de culto, rejeitando dessa forma o cristianismo. A partir daí. esse termo ganhou conotação religiosa. Essa gente passou a ser chamada de “pagão”, com o mesmo sentido de “gentio” dos tempos bíblicos. As crenças e práticas pagãs são uma ofensa a Deus. Paganismo, portanto, é o sistema religioso politeísta da Antiguidade, cujos valores e crenças não se baseiam nem em Cristo e nem na Bíblia.
Os apóstolos desbravaram o mundo pagão com a mensagem, com as Boas Novas de salvação, e depois deles a Igreja deu continuidade à pregação do Evangelho, despaganizando o mundo. Hoje, o paganismo está de volta com o aumento do humanismo declarado, do relativismo ético e do materialismo.
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Pr. ESEQUIAS SOARES.
FONTE: REVISTA RESPOSTA FIEL – ANO 4 – N° 13