Entre as crenças mais universais em toda a humanidade está o conceito de “o bem contra o mal”. Todas as culturas em todas as épocas têm mantido alguma versão dessa luta. As definições dos termos bem e mal variam muito, assim como as opiniões sobre como interagem. Ainda assim, a crença em alguma diferença entre o que é “bom” e o que é “mau” permeia toda a humanidade. Quando todas as opções e ideias são comparadas, apenas a Bíblia fornece uma perspectiva sobre o bem e o mal que é totalmente coerente e totalmente vivível (Salmo 25:6-15).
De acordo com a Bíblia, “o bem contra o mal” não é uma questão de opinião. Nem é uma luta equilibrada entre dois seres ou forças. As Escrituras não indicam que os limites do bem e do mal mudem. Nem afirma que o conflito entre eles durará para sempre. De especial importância é que a Bíblia não sugere que algumas pessoas são boas, enquanto outras são más.
Em vez disso, a Bíblia ensina que o bem e o mal são definidos em referência a um Deus perfeito e imutável. Cada pessoa deve lidar individualmente com a presença e as tentações do mal. As Escrituras observam que todo mal, sem exceção, será finalmente punido e derrotado. E nos diz que há um padrão supremo de bondade ao qual devemos aspirar – um padrão fundamentado em uma pessoa, e não em uma teoria.
O Bem e o Mal São Objetivamente Distintos
De acordo com a Bíblia, há uma diferença real entre o bem e o mal. Algumas cosmovisões afirmam que todas as distinções morais são baseadas puramente na preferência. O ateísmo, por exemplo, não permite nenhuma base objetiva para definir qualquer coisa como “boa” ou “má”. Em um universo sem Deus, existem apenas questões de preferência. Esta é uma razão fundamental pela qual as filosofias que abraçam o ateísmo sempre tendem à violência e à tirania: não há um senso de autoridade superior e nenhuma razão para moderar os caprichos dos que estão no poder.
A ideia de que definir o bem e o mal depende de preferências ou situações é comumente chamada de relativismo moral. As Escrituras rejeitam essa ideia como falsa. A Bíblia define algumas coisas como “boas” e outras como “más” (Isaías 5:20; Romanos 12:9). Essa dicotomia se reflete no uso consistente de temas como a luz contra a escuridão (Isaías 9:2; Mateus 4:16; João 1:5; Efésios 5:8). O destino final de todas as pessoas depende de se estão alinhadas com um Deus bom ou se estão opondo-se a Ele (1 Coríntios 6:9-11; Apocalipse 21:8).
Discernir entre o bem e o mal só é possível em referência a um único padrão imutável: a natureza perfeita de Deus. Deus não está sujeito à moralidade, uma vez que Ele é a fonte e a referência para ela. A moralidade também não está sujeita a mudanças, visto que a natureza perfeita de Deus é eterna e imutável. Contadores como o Dilema de Eutífron falham, pois não distinguem entre um Deus eterno e imutável e as divindades inconstantes da religião grega antiga.
O Bem e o Mal Não São Equilibrados
Um componente frequente da ficção e da fantasia é a ideia de que o bem e o mal sejam forças igualmente equilibradas e poderosas. De acordo com essa visão, nenhum dos dois está no controle. Qualquer um pode eventualmente vencer. Este é o conceito do dualismo, que sugere um equilíbrio perpétuo entre as forças do bem e do mal. Em alguns casos, o dualismo implica que seres opostos, como Deus e Satanás, estão em um impasse em uma luta por controle e poder.
Algumas cosmovisões ensinam que todo o bem e todo o mal acabarão sendo equilibrados. Isso está relacionado a ideias orientais como o carma, que implica que o bem e o mal são inerentemente desequilibrados, mas um dia serão nivelados.
As Escrituras rejeitam o dualismo como falso. A Bíblia indica que Deus é absolutamente supremo e não corre nenhum perigo de ser derrotado (Jó 42:2; Salmo 89:8; Gálatas 6:7). O que Satanás faz, ele tem “permissão” para fazer, mas não pode agir para dominar a Deus (Jó 1:12; Apocalipse 9:1; 20:7). Biblicamente, o mal está destinado apenas à derrota e destruição. Nem um único ato do mal escapará ao julgamento; todo pecado será ou pago por Cristo na cruz (2 Coríntios 5:21) ou por aqueles que rejeitam a Cristo (João 3:36) enquanto experimentam uma eternidade no inferno (Apocalipse 20:11-15).
O Bem e o Mal Não São Externos
A evidência de que a humanidade mantém um conceito básico do bem contra o mal é óbvia (Romanos 1:18-20). Isso explica por que o raciocínio moral – separando “o que é” de “o que deveria ser” – é uma faceta universal da humanidade. Claro, isso não significa que todas as pessoas tenham as mesmas opiniões sobre o bem e o mal. Não estamos examinando a moralidade de fora, como observadores neutros; todas as discussões morais, por definição, envolvem as pessoas que as discutem também.
Um aspecto único do ensino bíblico sobre o bem e o mal é que todas as pessoas, sem exceção, estão sujeitas ao pecado e ao mal (Romanos 3:10; 3:23). O conceito bíblico de uma natureza pecaminosa significa que a linha entre o bem e o mal não possa ser traçada entre as pessoas. Em vez disso, é traçada dentro de cada pessoa. Este fato da natureza humana é fundamental que entendamos (Mateus 15:19-20). Como Aleksandr Solzhenitsyn disse: “Se tudo fosse tão simples! Se ao menos houvesse pessoas más em algum lugar cometendo insidiosamente más ações, e fosse necessário apenas separá-las do resto de nós e destruí-las. Mas a linha que divide o bem e o mal atravessa o coração de cada ser humano. E quem está disposto a destruir um pedaço de seu próprio coração?”
Em linguagem mais simples, C.S. Lewis observou: “Ser cristão significa perdoar o imperdoável porque Deus perdoou o imperdoável em você” (veja Mateus 6:14–15).
Uma verdade encontrada no evangelho é que todas as pessoas, sem exceção, são pecadoras que precisam de um Salvador. O Cristianismo bíblico não vê o bem contra o mal como uma batalha a ser travada na terra (João 18:36), uma questão a ser resolvida por vingança ou retribuição (Romanos 12:20-21) ou uma posição filosófica a ser considerada. A Bíblia diz que toda pessoa é criada para um bom propósito (Gênesis 1:27; Gálatas 3:28), mas sofre de um coração mau (Romanos 7:15-25), que só pode ser remediado pela fé em Jesus Cristo (João 14:6). A redenção está disponível para qualquer pessoa (Mateus 7:7–8; Apocalipse 22:15), independentemente do seu passado ou da profundidade de seu pecado (1 Coríntios 6:9–11).
O Bem Contra o Mal Requer “Julgamento Correto”
Outro aspecto-chave do ensino da Bíblia sobre “o bem contra o mal” é que nenhuma pessoa é infalível, mesmo em assuntos espirituais. Aqueles que são guiados pelo Espírito Santo estão mais bem equipados para julgar assuntos espirituais (1 Coríntios 2:14), e assim devem fazê-lo. A Escritura é clara que todas as pessoas estão sujeitas ao pecado, e é igualmente claro que todas as pessoas estão sujeitas à correção (Hebreus 12:5-11), ao aprendizado (2 Timóteo 2:15) e a limitações (1 Samuel 16:7).
Em Mateus 7, Jesus dá uma extensa explicação de como discernir corretamente entre o bem e o mal: “julgar” da maneira correta; isto é, usando a “reta justiça” (João 7:24). A Bíblia exalta e recomenda o exame (Atos 17:11), ordena colocar as coisas à prova (1 João 4:1), e promove a responsabilidade (1 Pedro 3:15) e um compromisso com a verdade (Gálatas 1:8-9).
As Escrituras não implicam que “o bem contra o mal” seja um conceito binário simplista. Uma vez que somente Deus é perfeito, a Bíblia permite um espectro de “o bom versus o melhor”. Deus chamou Sua criação inicial de “boa” (Gênesis 1:24), então depois de mais criação a chamou de “muito boa” (Gênesis 1:28). Algumas das coisas boas que Deus nos deu têm mais de um uso, e nem todos os usos são automaticamente bons ou maus (1 Timóteo 4:4). A compreensão bíblica do bem contra o mal não implica que todas as coisas sejam perfeitamente santas ou totalmente satânicas. Em vez disso, pode haver aspectos bons e ruins de muitas das liberdades que Deus nos dá (1 Coríntios 6:12). Da mesma forma, enquanto todo pecado leva à separação de Deus, as Escrituras falam de alguns pecados sendo mais hediondos do que outros.
A Bíblia reconhece que nem todo momento da experiência humana virá com uma resposta moral clara, em preto e branco. As Escrituras se concentram apenas nos pontos mais importantes que precisamos saber, não em todos os cenários imagináveis (João 21:25). Isso significa que mesmo os mais sinceros cristãos renascidos, crentes na Bíblia, podem discordar em uma questão ética (1 Coríntios 10:23-33). A resposta da Bíblia – quando o assunto não é coberto abertamente na Palavra de Deus (1 Coríntios 5:6) – é tolerância e paciência (Tito 3:9). Recebemos uma consciência por uma razão (Romanos 14:23).
A verdade é objetiva; para qualquer opinião ou interpretação, alguém está certo e alguém está errado. Mas os seres humanos carecem da perfeição moral de Deus; isso se reflete no ensino da Bíblia sobre o bem contra o mal e no nosso papel na aplicação do bom julgamento.
As Escrituras encorajam os crentes a não aplicarem termos como bem, mal, pecado e assim por diante a questões onde há espaço para dúvidas (Romanos 14:1-12). Ao contrário do que alguns pensam, a Bíblia admite que os seres humanos nem sempre estão corretos em seus julgamentos morais. Não devemos evitar todo julgamento (João 7:24), mas a Bíblia nos ensina a considerar cuidadosamente quando e como julgamos (Efésios 5:10).
O Bem Contra o Mal Exige uma Resposta
O ensino da Bíblia sobre o bem versus o mal leva a uma conclusão desafiadora: que toda pessoa é obrigada a fazer uma escolha fundamental entre os dois. Essa escolha é inteiramente determinada por nossa resposta a Deus, que é tanto a própria definição do bem quanto nosso Criador. Momento a momento, isso significa seguir a Sua vontade ou rebelar-se e escolher pecar (1 Coríntios 10:13). Eternamente, isso significa que ou escolhemos aceitar a Cristo e Sua salvação (João 3:16; 14:6) ou nos alinhamos contra Ele (João 3:36). Embora possamos ser imperfeitos e falíveis, não podemos ser neutros em nossa abordagem do bem contra o mal. Nossos corações ou estão buscando a bondade de Deus (Mateus 7:7-8; Romanos 2:4) ou o egoísmo do mal (1 Pedro 3:10-12).
Extraído do site GotQuestions.org em 29/06/2023