“Você está sempre citando a Bíblia para mim como se ela fosse à última palavra em questões da vida. Como você pode basear sua vida em um livro que está tão cheio de contradições e erros? Historiadores e cientistas provaram há muito tempo que a Bíblia não é precisa e não é confiável”.
Muitas pessoas são da opinião que os ensinos da Bíblia são desatualizados, contraditórios e cheios de erros científicos e históricos. Com algumas exceções, eles chegaram a essas conclusões por fontes de segunda e terceira mãos ao invés de seus próprios estudos da Bíblia. Considere as declarações seguintes:
• A Bíblia diz que Deus ajuda aqueles se ajudam.
• Os livros do Novo Testamento foram escritos séculos depois dos eventos descritos.
• “Limpeza é a mesma coisa que piedade” na Bíblia.
• Segundo a Bíblia a terra é plana.
• Os mais antigos manuscritos do Novo Testamento são somente do quarto e quinto séculos d.C.
• A Bíblia ensina que a terra é o centro do universo.
• A Bíblia Inglesa é uma tradução de uma tradução de uma tradução (etc.) do original, e novos erros foram introduzidos em cada estágio do processo.
Quantas dessas declarações você acha que são verdadeiras? A resposta é que todas elas são falsas. Ainda, essas falsas impressões persistem na mente de muitos, e informações erradas como essas produzem atitudes céticas com relação a Bíblia.
Neste artigo, nós consideraremos um número de objeções à precisão e confiabilidade da Bíblia para te ajudar a fazer uma decisão, mas bem informada, em se ou não a Bíblia tem autoridade.
“Como você pode ter certeza que a Bíblia é a mesma hoje como quando ela foi escrita? A Bíblia foi copiada e traduzida tantas vezes! Você já não jogou a brincadeira onde as pessoas sentam em círculos e passam uma informação de pessoa a pessoa até terminar o circulo ao redor com uma versão completamente distorcida? Se isso poderia acontecer em uma sala em alguns minutos, pense de todos os erros e mudanças que devem ter enchido a Bíblia, nos séculos, desde quando ela foi escrita pela primeira vez!”
Existem três linhas de evidências que apoiam a declaração que os documentos bíblicos são confiáveis: o teste bibliográfico, o teste interno, e o teste externo. O primeiro teste examina os manuscritos bíblicos, o segundo trata com as declarações feitas pelos autores bíblicos e a terceira procura por confirmação externa do conteúdo bíblico.
O Teste Bibliográfico
1. A Quantidade de Manuscritos
No caso do Antigo Testamento, existe um número menor de manuscritos Hebraicos, porque os escribas judeus enterravam cerimonialmente os manuscritos imperfeitos e desgastados. Muitos manuscritos antigos foram perdidos ou destruídos durante a história turbulenta de Israel. Também, o Antigo Testamento foi padronizado pelo texto Massorético judeu no século sexto d.C., e todos os manuscritos que se desviaram do Texto Massorético foram eliminados. Mas os manuscritos hebraicos existentes são suplementados pelos Rolos do Mar Morto, a Septuaginta (uma tradução grega do Antigo Testamento do Terceiro Século a.C.), o Pentateuco Samaritano e os Targuns (paráfrases antigas do Antigo Testamento), como também o Talmude (ensinos e comentários relacionados as Escrituras Hebraicas).
A quantidade dos manuscritos do Novo Testamento não tem paralelos na literatura antiga. Exitem mais de 5.000 manuscritos Gregos, 8.000 manuscritos em Latim e outros 1.000 manuscritos em outras línguas (Siríaco, Copta, etc.). Somando a esse número extraordinário, existem centenas de milhares de citações de passagens do Novo Testamento pelos antigos pais da igreja. Em contraste, o número típico de cópias de manuscritos existentes para qualquer obra dos autores Gregos ou Latinos, tais como Platão, Aristóteles, César ou Tácito, varia de 1 a vinte.
2. A Qualidade dos Manuscritos
Por causa da grande reverência que os escribas Judeus mantinham com respeito às Escrituras, eles exerceram extreme cuidado em fazer novas cópias da Bíblia Hebraica. O processo inteiro de cópia era especificada em detalhes minuciosos para minimizar a possibilidade de até mesmo um erro mínimo. As letras, palavras e linhas eram contadas e as letras medias do Pentateuco e do Antigo Testamento foram determinadas. Se um simples erro fosse descoberto, o manuscrito inteiro era destruído. Como resultado desse cuidado extremo, a qualidade dos manuscritos da Bíblia Hebraica supera todos os outros manuscritos antigos. A descoberta dos Rolos do Mar Morto em 1947 proveu uma verificação significante, porque esses manuscritos Hebraicos são anteriores aos antigos manuscritos Massoréticos do Antigo Testamento cerca de 1.000 anos. Mas apesar desse espaço de tempo, o número de leituras variantes entre os Rolos do Mar Morto e o Texto Massorético é muito pequeno e a maioria dessas variações são de ortografia e estilo.
Enquanto a qualidade dos manuscritos do Antigo Testamento é excelente, a do Novo Testamento é muito boa – consideravelmente melhor do que a qualidade dos manuscritos de outros documentos antigos. Por causa dos milhares de manuscritos do Novo Testamento, existem muitas leituras variantes, mas essas variantes são, na verdade, usados pelos estudiosos para reconstruir a leitura original, determinando que variante explica melhor as outras passagens em determinado trecho.
Algumas dessas leituras variantes entraram nos manuscritos por causa dos erros visuais de cópia ou por erros de audição, quando um grupo de copistas copiou manuscritos que foram lidos em voz alta. Outros erros resultaram de escrita defeituosa, memória e julgamento, e ainda outros de copistas bem intencionados que pensavam que estavam corrigindo o texto. Contudo, somente um pequeno número dessas diferenças afeta o sentido das passagens, e somente uma fração dessas tem qualquer conseqüência real. Além disso, nenhuma leitura variante é significante o suficiente para questionar qualquer doutrina do Novo Testamento. O Novo Testamento pode ser considerado como 99.5% puro, e as correções para os 0.5% podem com freqüência ser verificadas com um grau de probabilidade razoável pela prática da crítica textual.
3. O Espaço de Tempo Entre os Manuscritos
A parte de alguns fragmentos, o antigo manuscrito Massorético do Antigo Testamento é datado de 895 d.C., devido à destruição sistemática dos manuscritos desgastados pelos escribas massoretas. No entanto, a descoberta dos Rolos do Mar Morto, datando de 200 a.C. a 68 d.C., reduziu drasticamente o espaço de tempo entre da escrita dos livros do Antigo Testamento as nossas cópias antigas deles.
O espaço de tempo dos manuscritos do Novo Testamento é excepcional. Os manuscritos em papiros vieram do segundo e terceiro séculos d.C. O fragmento John Rylands (P52) do evangelho de João é datado em 117-38 d.C., somente algumas décadas após o evangelho ter sido escrito. O Papiro Bodmer é datado de 175-225 d.C., e o Papiro Chester Beatty data de 250 d.C. O espaço de tempo da maioria do Novo Testamento é menos do que 200 anos (e alguns estão dentro de 100 anos) data de autoria à data de nossos antigos manuscritos. Isso contrasta acentuadamente com a diferença media de mais de 1.000 entre a composição e a cópia antiga dos escritos de outros autores antigos.
Para resumir o teste bibliográfico, o Antigo e Novo Testamento desfruta de muito maior atestação em manuscritos em termos de quantidade, qualidade e espaço de tempo do que qualquer outro documento antigo. É especialmente interessante fazer comparações especificas entre o Novo Testamento e outros escritos.
O Teste Interno
O Segundo teste de confiabilidade dos documentos bíblicos pede, “Que declarações a Bíblia faz sobre si mesma?” Isso pode parecer um raciocínio circular. Soa como se nós estivéssemos usando o testemunho da Bíblia para provar que a Bíblia é a verdade. Mas nós estamos realmente examinando a veracidade das declarações de vários autores da Bíblia e permitindo-os falar por si mesmos. (Lembre que a Bíblia não é um livro, mas muitos livros reunidos em um só). Isso provê evidência significante que ela não deve ser ignorada.
Um número de autores bíblicos declaram que seus relatos são primários, não secundários. Isso é, o volume da Bíblia foi escrita por pessoas que foram testemunhas dos eventos que eles relataram. João escreveu em seu evangelho, “E aquele que o viu testificou, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que é verdade o que diz, para que também vós o creiais”. (João 19:35; veja 21.24). Na primeira epístola, João escreveu, “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida…. O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo” (1 João 1:1,3). Pedro deixa o mesmo ponto abundantemente claro: “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade” (2 Pedro 1:16; veja também Atos 2.22; 1 Pedro 5.1). Os relatos dos testemunhos independentes no Novo Testamento da vida, morte e ressurreição de Cristo foram escritos por pessoas que eram intimamente familiarizados com Jesus Cristo. Seus evangelhos e epístolas revelam suas integridades e completo compromisso com a verdade, e eles mantiveram seus testemunhos apesar da perseguição e martírio. Toda a evidência dentro e for a do Novo Testamento ruma em sentido contrário as declarações feitas pela forma de crítica de que a igreja antiga distorceu a vida e os ensinos de Cristo. A maior parte do Novo Testamento foi escrita entre 47 a 70 d.C., e todo ele estava complete antes do fim do primeiro século. Simplesmente não houve tempo suficiente para mitos sobre Cristo ser criados e propagados. E a multidão de testemunhas que estavam vivas quando os livros do Novo Testamento passaram a circular teria desafiado as evidentes mentiras históricas fabricadas sobre a vida de Cristo. A Bíblia coloca grande tensão sobre detalhes históricos precisos, e isso é óbvio especialmente no evangelho de Lucas e no livro de Atos, duas partes da obra prima de Lucas (veja seu prólogo em Lucas 1.1-4).
O Teste Externo
Porque as Escrituras se referem continuamente a eventos históricos, esses eventos são verificáveis; essa precisão pode ser verificada pelas evidências externas. Os detalhes cronológicos no prólogo de Jeremias (1:1-3) e em Lucas 3:1-2 ilustra isso. Ezequiel 1.2 nos permite datar a primeira visão de Ezequiel de Deus para o dia 31 de Julho de 592 a.C. A historicidade de Jesus Cristo é bem estabelecida por fontes Romanas, Gregas e Judaicas antigas, e esses escritos extra-bíblicos afirmam maiores detalhes do Senhor Jesus no Novo Testamento. O historiador judeu do primeiro século Flávio Josefo fez referências específicas a João Batista, Jesus Cristo e Tiago em suas Antiguidades Judaicas. Nessa obra, Josefo nos dá muitos detalhes sobre Herodes, os Saduceus e Fariseus, o sumo sacerdote como Anás e Caifás e os imperadores romanos mencionados nos evangelhos e em Atos.
Nós encontramos outras referências seculares antigas a Jesus em uma carta escrita pouco depois de 73 d.C., por um prisioneiro Sírio chamado Mara Bar-Serapião. Essa carta escrita a seu filho compara a morte de Sócrates, Pitágoras e Cristo. Outros escritores do primeiro e segundo século que mencionam Cristo incluem os Historiadores Cornélio Tácito (Anais) e Suetônio (Vida de Cláudio, Vida dos Césares), o governador Romano Plínio o Jovem (Epístolas) e o satirista Grego Luciano (A morte do Peregrino). Jesus também é mencionado um número de vezes no Talmude Judaico.
O Antigo e o Novo Testamento fazem referências abundantes a nações, reis, batalhas, cidades, montanhas, rios, edifícios, tratados, costumes, economia, política e datas, etc. Pelo fato das narrativas da Bíblia ser tão específicas, muitos de seus detalhes são abertos pela investigação arqueológica. Enquanto nós não podemos dizer que a arqueologia prova a autoridade da Bíblia, é justo dizer que a evidência arqueológica proveu centenas de confirmações externas das declarações bíblicas.
A alta crítica do século 19 fez muitas declarações prejudiciais que derrubaria completamente a integridade da Bíblia, mas a explosão do conhecimento arqueológico no século 20 reverteu quase todas essas reivindicações. Notáveis arqueólogos tais como William F. Albright, Nelson Glueck e G. Ernest Wright desenvolveram um grande respeito pela precisão histórica das Escrituras como resultado de seus trabalhos.
Fora a multidão de descobertas arqueológicas relatadas na Bíblia, considere alguns exemplos para ilustrar as notáveis reivindicações bíblicas externas substanciais. Escavações em Nuzi (1925-41), Mari (descoberta em 1933) e Alalakh (1937-39; 1946-49) provê uma pano de fundo útil de informações que se encaixa bem com o Gênesis e as histórias do período patriarcal. Os tabletes de Nuzi e as Cartas de Mari ilustram os costumes patriarcais em grande detalhes, e os tabletes de Ras Shamra, descobertas na antiga Ugarit na Síria lançou muita luz na prosa e na poesia Hebraica e na cultura Cananéia. Os tabletes de Ebla, descobertas recentemente no norte da Síria também afirmam a antiguidade e a precisão do livro de Genesis.
Alguns estudiosos uma vez declararam que a Lei Mosaica não poderia ter sido escrita por Moisés, porque a escrita era largamente desconhecida naquele tempo e porque o código legal do Pentateuco era muito sofisticado para o período. Mas as leis do Código de Hamurábi (ca. 1700 a.C.), o código Lipt-Ishtar (ca. 1860 a.C.), as Leis de Eshnunna (ca. 1950 d.C.) e até mesmo o antigo código Ur-Nammu refutaram essas acusações.
Muito mais poderia ser dito sobre a confiabilidade da Bíblia. Espero que esse artigo lhe dê um sentido de algumas respostas que podem ser feita a perguntas dos séculos. Para mais, consulte alguns dos muitos excelentes livros sobre o assunto.
Ken Boa é presidente do Reflections Ministries, uma organização que procura encorajar, ensinar e equipar pessoas a conhecer a Cristo, segui-lo, tornar-se a sua imagem progressivamente e reproduzir sua vida em outros. Ele também é Presidente da Trinity House Publishers
Tradução Walson Sales
Texto maravilhoso, embasado e importantíssimo.