No mais recente filme do “Robocop”, um discurso entre o Dr. Dennett Norton e Liz Kline chamou minha atenção. Na conversa sobre o “homem máquina” Alex Murphy, o Dr. Dennett diz:
Dr. Dennett Norton – Quando ele está em uma batalha, o visor desce e o software assume, então a máquina faz tudo, e o Alex é como um passageiro aproveitando a viagem.
Liz Kline – Mas, se a máquina está no controle, Murphy não é responsável. Quem puxa o gatilho?
Dr. Dennett Norton – Quando a máquina luta, o sistema envia sinais para o cérebro de Alex fazendo com que ele pense que está fazendo o que os nossos computadores estão fazendo. Ou seja: Alex crê que está no controle, mas não está. É a ilusão do livre-arbítrio.
Muitos calvinistas são como o Dr. Dennett Norton, e pensam que nós somos como Alex Murphy, o “Robocop”, que pensa estar no controle, mas está apenas cumprindo o que os “nossos computadores” (neste caso, Deus) programaram. Muitos deles pensam que o livre-arbítrio não passa de uma mera ilusão. Até mesmo o fato de eu estar escrevendo este livro agora, defendendo o livre-arbítrio, foi determinado por Deus, de modo que a minha própria defesa do livre-arbítrio é destituída de livre-arbítrio.
A introdução de um livro de um autor calvinista ilustra bem isso. Ele escreve:
“Caro leitor, você tem em suas mãos um livrinho intitulado ‘Uma Introdução ao Livre-Arbítrio’. Eu não conheço você, mas sei muito sobre você. Uma coisa que sei é que você não adquiriu este livro de seu próprio livre-arbítrio. Você o adquiriu e começou a lê-lo, e agora continua a lê-lo, porque você deve assim fazer. Não há absolutamente nenhuma possibilidade, sendo a pessoa que você é, que você não estivesse lendo este livro agora. Ainda, você anteriormente não destruiu este pequeno livro por indignação. Se tivesse feito, não teria lido essa sentença. Poucos de vocês podem sorridentemente saber quão certo estou. Mas alguns estão indignados porque pensam que o que eu disse sobre vocês é ridículo e absolutamente falso”[1]
Depois disso, ele diz:
“Agora, digo àqueles que estão duvidosos, e especialmente àqueles que estão indignados, que por favor não destruam o livro”[2]
E ao chegar ao final da introdução, presumindo que aquelas pessoas continuaram a leitura porque estavam predestinadas a isso, ele conclui:
“Não provei estar certo em dizer que você tinha que adquirir este livro, que você agora tem que continuar a ler exatamente onde você está neste exato momento?”[3]
Mas será mesmo que as pessoas que leram aquele seu livro ou que leem este já estavam predestinadas a isso, de modo que não poderiam fazer nada a não ser ler? Será que as escolhas que elas fizeram não as levaram de algum modo a este fim, ou as próprias escolhas já estavam predestinadas? Calvino diz que, “queiras ou não, que teu intento é pendente antes da impulsão de Deus do que da liberdade de tua escolha, esta é a experiência diária”[4]. Ele segue dizendo que nós somos tão incapazes de agir quanto uma pedra:
“Ora, nem seria consistente com a razão dizer que fazemos as coisas que Deus nos move a fazer, se por nós mesmos somos tão incapazes de fazê-las, como uma pedra”[5]
De fato, é isso o que a maioria dos calvinistas creem que somos: uma pedra. Como Calvino, eles também creem que o ser humano não tem opções reais de escolha, porque as próprias escolhas já estavam determinadas. O que Deus determinou de forma incondicional e imutável antes da fundação do mundo, isso ele irá fazer cumprir de qualquer forma, independentemente de qualquer escolha humana.
As nossas decisões, então, têm tanto valor quanto as “decisões” de uma pedra. Consequentemente, não seria exagero dizer que a nossa vida não tem muito mais valor do que uma pedra, visto que ambos são seres sem a menor capacidade de agir, pensar ou escolher por si mesmos, mas são manipulados por dedos divinos a todo instante.
Até mesmo o que você pensa que o diferencia de uma pedra é determinado por Deus. Se você pensa, é porque Deus determinou seus pensamentos. Se você age, é porque Deus determinou cada uma das suas ações. Se você pensa que odeia ou ama a Deus, na verdade este sentimento, seja qual for, provém de Deus. Não, o homem não é mais que uma pedra. A única diferença entre um e outro é que nós pensamos que somos diferentes, mas estamos errados – segundo os calvinistas rígidos. Deus conseguiu enganar os seres humanos de tal forma que fez com que eles pensassem que tem escolha, mesmo não tendo nenhuma.
De fato, você pensa que poderia estar fazendo algo diferente do que estar lendo este livro agora. Você poderia estar fazendo algo mais divertido, como saindo com os amigos, jogando algum jogo, assistindo televisão ou descansando, mas escolheu ler isso, mesmo que a contragosto, e ainda que seja porque as suas outras opções no momento não sejam lá grandes coisas. Mas, de qualquer forma, envolveu escolha humana. Escolha essa que os calvinistas rejeitam, à luz de seu determinismo exaustivo.
Spurgeon disse que “o livre-arbítrio é um absurdo”[6] e que é “simplesmente ridículo”[7]. David Wilmoth afirmou que “o livre-arbítrio é uma invenção do homem, instigado pelo diabo”[8]. Tom Ross foi além e disse que “o livre-arbítrio faz do homem seu próprio salvador e seu próprio deus”[9]. No mesmo embalo, W. E. Best alega que “a heresia do livre-arbítrio destrona Deus e entroniza o homem”[10], e, com um non sequitur incrível, Boettner sustenta que “se a teoria do livre-arbítrio fosse verdade, daria a possibilidade de arrependimento depois da morte”[11].
John H. Gerstner, o mesmo que escreveu a introdução sobre o livre-arbítrio que acabamos de conferir, disse ainda que o livre-arbítrio “é um símbolo falso de uma entidade inexistente”[12]. João Calvino, além de dizer que o arbítrio do homem é igual ao da pedra, disse também que só Deus tem arbítrio e vontade própria[13], e que os que creem que o homem possui livre-arbítrio “se desviam totalmente do caminho”[14].
É evidente que tais inimigos do livre-arbítrio não descreem nele por terem alguma prova eficaz de que ele inexista, e sim porque são deterministas, e no determinismo simplesmente não faz sentido afirmar que Deus determina todas as coisas e que mesmo assim o homem é “livre”, a não ser que se mude totalmente o conceito de liberdade ou que seja um determinista inconsistente.
As duas coisas são totalmente incompatíveis. Ou Deus determina tudo e não sobra nada para ser escolhido livremente pelo ser humano; ou então Deus não determina tudo e muitas coisas são determinadas livremente pelo homem. Mas dizer que Deus determina tudo e que o homem possui livre-arbítrio é fatalmente contraditório, como a maioria dos calvinistas reconhece[15]. O teólogo calvinista Gordon Clark, por exemplo, diz que só um demente acreditaria em ambos:
“Sustentar ambos (livre-arbítrio e soberania) seria uma antinomia e uma contradição; pois soberania significa que Deus controla todas as coisas, incluindo nossas vontades, e livre-arbítrio significa que nossas vontades não são controladas por Deus. Esta é uma clara contradição. Só um demente acreditaria em ambos”[16][17]
Então, para salvarem o determinismo, eles esmagam o livre-arbítrio. Mas por qual razão temos que crer no livre-arbítrio? Afinal de contas, qual é o problema se o homem realmente não passa de uma máquina? Se tudo é determinado, e daí? Há várias razões pelas quais creio que o livre-arbítrio existe. As razões bíblicas veremos mais adiante. Dentre as razões lógicas, a primeira delas já conferimos: o livre-arbítrio é a única forma de colocar na conta do homem o mal e o pecado que existe no mundo.
Se o pecado não provém do homem, então provém de Deus, o que já vimos que é absurdo, blasfemo e herético. Como bem disse Miley, “à parte da crença no livre-arbítrio, todo mal deve ser colocado na conta de Deus”[18]. Pelo fato de já termos entrado neste ponto nos tópicos anteriores, não continuarei a explanar mais este ponto. O fato é que, sem o livre-arbítrio, não apenas Deus é o verdadeiro autor do pecado e do mal, mas também é ele que planejou e tornou certa a nossa rebelião contra ele, como diz Pinnock:
“Certamente não nos é possível acreditar que Deus planejou em segredo nossa rebelião contra Ele. É certo que nossa rebelião é prova de que nossas ações não são determinadas, mas significativamente livres”[19]
Na verdade, se o livre-arbítrio não existe, então a própria rebelião daquele que é popularmente conhecido como “Lúcifer”, Satanás, foi planejada e decretada por Deus. Tudo era perfeito, mas então Deus decidiu colocar ódio no coração de um anjo contra ele, e decidiu também determinar que este anjo se rebelaria contra ele, depois determinou que este anjo caído iria odiar Sua criação e que pagaria no inferno por ter feito tudo aquilo que ele determinou que fizesse!
O segundo ponto que nos serve de evidência para o fato de que Deus dotou seus seres com livre-arbítrio é a crucificação de Jesus. Se Cristo não morreu por causa de pecados cometidos livremente pelos seres humanos, pelo mau uso do livre-arbítrio em atos autocausados, então somos deixados no assombroso cenário que Laurence Vance expôs:
“Se Deus determinou a crucificação de seu Filho por um decreto soberano, eterno, sem nenhuma presciência envolvida (foi incondicional), então somos deixados com o pensamento assustador, draconiano, que Deus decretou a morte de seu Filho e então criou o homem para que ele pudesse cair e Deus pudesse cumprir seu decreto da crucificação”[20]
O terceiro ponto é o da responsabilidade humana, embora iremos abordar essa questão em um tópico particular. Por hora, cabe ressaltar que não há nenhuma forma lógica ou consistente de conciliar determinismo com responsabilidade humana. Se Deus determinou tudo, inclusive as decisões humanas, não há como seriamente culpar o homem por essas decisões pré-determinadas.
Tentando salvar a responsabilidade humana, Calvino chegou a alegar que o homem ainda é culpado porque ele desejou o mal, mesmo que não pudesse escolher diferente. Isso não muda nem melhora em nada as coisas para o calvinismo, pois o próprio Calvino cria que esses desejos maus no coração do homem foram colocados ali pelo próprio Deus, e que Deus em momento nenhum ofereceu uma graça eficaz ao indivíduo para que este pudesse sair desta condição.
Em outras palavras, ele nasceu assim, Deus determinou que ele permanecesse assim, Deus em momento nenhum ofereceu um caminho diferente onde ele tivesse alguma chance real de mudar de vida e ainda determinou a condenação e as causas da condenação antes da fundação do mundo. Então, o indivíduo não poderia ser moralmente condenado nem pelos seus atos, nem pelos seus desejos, visto que nem um nem outro foram causados pelo próprio indivíduo, e sim por um agente externo, que determina todas as coisas. É como disse C. S. Lewis: “Todos os que estão no inferno estão lá porque o escolheram. Sem essa auto-escolha, não poderia haver inferno algum”[21].
O quarto ponto que prova o livre-arbítrio é que, se o livre-arbítrio não existisse, o homem nunca poderia se colocar contra a vontade de Deus em circunstância alguma, pois a vontade dEle estaria no decreto e esse decreto jamais estaria dependente da vontade humana ou de atos futuros livres. Assim sendo, se o homem pode se opor à vontade de Deus – e em alguns casos até prevalece – é lógico que ele possui alguma coisa que podemos chamar de livre-arbítrio. Pinnock fala sobre isso nas seguintes palavras:
“Deus não quer que alguém se perca – entretanto, alguns se perdem. Deus não quer que os maridos batam em suas esposas – entretanto, algumas esposas apanham. Deus quer que todos se salvem, mas nem todos se salvam. Jesus almejava juntar os judeus como uma galinha junta seus pintinhos, mas eles não quiseram. Deus não queria que eles resistissem ao Espírito, mas eles resistiram. É difícil, para mim, imaginar as razões por que Feinberg aceita uma teoria da soberania de Deus que contradiz o tema geral das Escrituras. De acordo com a Bíblia, homens e mulheres rejeitam, e podem rejeitar, a vontade e o plano de Deus. Deus, em Sua soberania, concedeu-lhes este terrível poder. Contrariamente a Calvino e a Agostinho, a vontade de Deus não é sempre feita”[22]
Ele conclui que “é evidente que os homens não são marionetes presas a um barbante. São livres até o ponto de lançar suas vontades contra a vontade de Deus”[23].
O quinto ponto de evidência do livre-arbítrio é nosso senso de louvor ou demérito. É evidente que consideramos mais louvável o ato daquele bom samaritano que se compadeceu daquele que estava quase morto, em contraste com os outros dois que passaram por ali e não fizeram nada. É evidente que levamos em maior estima pessoas como madre Tereza de Calcutá do que pessoas como Adolf Hitler.
Mas isso simplesmente não teria sentido caso todos eles estivessem apenas cumprindo decretos pré-estabelecidos, contra os quais eles nada poderiam fazer. Hitler estava apenas cumprindo o papel dele, determinado por Deus. Madre Tereza estava apenas cumprindo o papel dela, determinado por Deus. Nenhum dos dois poderia agir diferente da forma que agiram.
Tal como em um filme seria ridículo se alguém condenasse o vilão na vida real (porque sabe que ele só estava ali cumprindo um roteiro pré-estabelecido), assim também seria absurdo condenar alguém como Hitler se ele estava apenas cumprindo ordens contra as quais ele nada poderia fazer, como em um roteiro de cinema. Hitler e madre Tereza seriam meros personagens, dominados por dedos divinos que os conduziam para lá e para cá. Nós não deveríamos respeitar mais um do que outro, ou admirar mais um do que outro. Norman Geisler resume este argumento dizendo:
“Outra evidência de que temos livre-escolha moralmente autodeterminante é que a Bíblia e a sabedoria moral comum nos informam de que louvor e acusação não fazem qualquer sentido a menos que os louvados e os acusados sejam livres para agir de forma contrária. Por que elogiar madre Teresa e difamar Hitler, se eles não puderam evitar fazer o que fizeram? Por que culpar Adolf Eichmann e louvar Martin Luther King, se eles não tiveram escolha? Todavia, eles tiveram, e nós temos. A Bíblia diz claramente que Deus ‘retribuirá a cada um conforme o seu procedimento’ (Rm 2.6)”[24]
A sexta prova de que nós temos o livre-arbítrio é que, sem ele, nada nesta vida faz sentido. C. S. Lewis disse:
“Por que Deus deu então o livre-arbítrio? Porque o livre-arbítrio, apesar de tornar o mal possível, é também a única coisa que faz com que todo amor, bondade ou alegria valham a pena. Um mundo de autômatos, de criaturas que trabalhassem como máquinas, não valeria a pena ser criado”[25]
Bruce Reichenbach também diz:
“As interferências que chegam a remover totalmente a liberdade moral, significativa, a liberdade de tomarmos nossas próprias decisões morais, são totalmente inaceitáveis, porque promovem a desumanização do ser humano. A humanização integral e o crescimento moral só ocorrem quando existe liberdade”[26]
De fato, todo o nosso amor, como também nosso ódio e nossas emoções, seriam todos controlados, dirigidos e determinados por Deus, e ninguém teria realmente alguma personalidade própria. A vida de ninguém neste mundo teria qualquer sentido, e não haveria nada que distinguisse os humanos das pedras, a não ser o fato de que Deus determinou que as pedras fossem mudas e que os humanos falassem coisas igualmente determinadas por ele. No fundo, são ambos iguais.
A pedra é um objeto irracional manipulado por dedos divinos da mesma forma que os seres humanos. Os seres humanos podem pensar, mas não podem pensar nada por si próprios, mas somente aquilo que Deus coloca em nossos pensamentos. Os seres humanos podem agir, mas não podem fazer nada por si próprios, mas somente aquilo que Deus faz com que nós façamos. Não há sentido na vida, no amor ou na dor. Tudo seria vazio de significado, e não deveríamos nos ver de uma forma mais elevada do que um robô ou uma marionete. O resultado disso é “um jogo de xadrez divino no qual Adão era um inconsciente peão”[27].
O sétimo ponto a favor do livre-arbítrio são as escolhas humanas. Bruce Reichenbach resume este argumento dizendo:
“As Escrituras estão cheias de exemplos de decisões bem estudadas que pressupõem o livre-arbítrio. Na opção de Adão e Eva para obedecer ou não (Gên. 3); na apresentação que Moisés fez de opção semelhante para Israel (por exemplo, Êx. 32 e 33); no famoso discurso final de Josué, concernente ao serviço (Jos. 24); na apresentação que Jesus fez do caminho largo e do caminho estreito (Mat. 7:13,14), há apelos para uma decisão bem ponderada. Além disso, como crentes, nós estamos sob certas obrigações morais, sendo a maior delas amar a Deus acima de tudo, e ao nosso próximo como a nós mesmos. Entretanto, as ordens no sentido de agirmos adequadamente, e as sanções impostas à conduta inadequada, não fazem o mínimo sentido se as pessoas não têm livre-arbítrio. Deus coloca Suas determinações diante de nós; Ele nos criou livres, a fim de aceitá-las ou rejeitá-las”[28]
Por que Deus iria dizer tantas vezes para nós escolhermos, se ele já decidiu tudo de antemão por nós? Na melhor das hipóteses, Deus seria um brincalhão que coloca sobre nós uma falsa impressão de possibilidade de escolha apenas para nos deixar iludidos e fazer de conta que podemos mesmo escolher algo, quando, na verdade, Ele já decidiu tudo por nós. Esse mundo seria uma zombaria, e nossas escolhas seriam mais inúteis do que a ajuda do “suporte online” quando perdemos a conexão com a internet. Deus diz: “escolha”, mas na verdade o que ele estava querendo dizer é: “eu já escolhi por você”.
Um oitavo ponto a favor do livre-arbítrio é que, sem ele, teríamos irremediavelmente que chegar à conclusão de que todos os bons acontecimentos são bênçãos de Deus e todos os maus acontecimentos são maldições dele, já que Deus determina tudo, e não sobra nada para o livre-arbítrio. Sendo assim, se você é um crente fervoroso mas tropeça e cai de uma escada, é porque Deus te amaldiçoou e fez com que você caísse, e não porque você estava desatento ou distraído. A distração é uma mera consequencia do decreto, que é a causa real.
De fato, em nossas vidas coisas ruins acontecem diariamente, assim como as coisas boas. Então, se cada bom acontecimento é uma bênção singular de Deus e cada mau acontecimento é uma maldição singular dele, teríamos que concluir que Deus está o tempo todo amaldiçoando e abençoando homens bons e maus quase que simultaneamente. Se você erra uma questão na prova, Deus te amaldiçoou e fez com que você errasse. Se você acerta a próxima questão, Deus te abençoou e fez com que você acertasse. Mas se você volta a errar a próxima, é Deus te amaldiçoando de novo.
Não sobra nada para o livre-arbítrio, mas é tudo determinado por Deus, e, segundo Calvino, todas as coisas boas que Deus determina são bênçãos singulares dele e todos os maus acontecimentos são maldições singulares. O livre-arbítrio não teve qualquer influência real nas questões. Você não errou por não ter estudado, nem acertou por ter estudado. Você acertou e errou porque Deus determinou que você acertasse e errasse, em um joguinho infinito de bênçãos e maldições.
O nono ponto a favor do livre-arbítrio é que, sem ele, Lemke diz que “o lamento de Jesus deveria teria sido sobre a dureza do coração de Deus”[29], se referindo a Mateus 23:37, que diz:
“Jerusalém, Jerusalém, você, que mata os profetas e apedreja os que lhe são enviados! Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram” (Mateus 23:37)
Se não há livre-arbítrio no homem, então a verdade é que quem não quis que os israelitas se reunissem com Deus foi o próprio Deus. Jesus estaria simplesmente sendo sarcástico ao dizer que foram eles que não quiseram, quando, na verdade, este “não querer” deles havia sido determinado por Deus antes da fundação do mundo e não havia nada que eles pudessem fazer além de “não querer”.
O texto diz claramente que Deus quis, mas eles não quiseram, e por isso seriam julgados. A vontade de Deus se contrapôs à vontade do homem e, neste caso, a vontade do homem prevaleceu, pois Deus respeita a livre opção de escolha que ele concedeu[30]. Sem o livre-arbítrio não há como explicar contrastes como esse, muito menos como crer num mundo onde tudo foi determinado por Deus e este mesmo Deus reclama por alguém ter rejeitado um convite dele, quando foi da determinação do próprio Deus que eles rejeitassem. Seria a “dureza do coração de Deus”, e não do homem, a causa primeira da negação dos judeus, se não existisse o livre-arbítrio.
Mashá ainda o décimo ponto, que é a maior prova de que temos livre-arbítrio: as Escrituras. CLIQUE AQUI E LEIA O QUE DIZ A BÍBLIA.
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[1] John H. Gerstner, Free Will, p. 1.
[2] John H. Gerstner, Free Will, p. 1.
[3] John H. Gerstner, Free Will, p. 6.
[4] Institutas, 2.4.7.
[5] Institutas, 2.5.14.
[6] SPURGEON, Charles H. Free Will – A Slave (Canton: Free Grace Publications, 1977), p. 3.
[7] SPURGEON, Charles H. Free Will, p. 3.
[8] David O. Wilmoth, em “The Baptist Examiner Forum II,” The Baptist Examiner, 16 de setembro de 1989, p. 5.
[9] Tom Ross, Abandoned Truth, p. 56.
[10] W. E. Best, Free Grace Versus Free Will (Houston: W. E. Best Book Missionary Trust, 1977), p. 35.
[11] Boettner, Predestination, p. 221.
[12] John H. Gerstner, A Primer on Free Will (Phillipsburg: Presbyterian and Reformed Publishing Co., 1982), p. 10.
[13] Institutas, 1.13.14.
[14] Institutas, 1.15.8.
[15] Iremos analisar mais adiante neste livro os argumentos dos calvinistas moderados que alegam que o homem possua uma forma de livre-arbítrio compatibilista, tentando conciliar o determinismo divino com o livre-arbítrio humano.
[16] Gordon H. Clark, Evangelism, p. 58.
[17] Gordon troca o nome “determinismo” por “soberania”, para parecer mais bíblico. Sobre o truque calvinista de igualar determinismo com soberania, iremos analisar alguns tópicos adiante.
[18] MILEY, John. Systematic Theology. Peabody, Mass.: Hendrickson, 1989. v. 1, p. 204-205.
[19] PINNOCK, Clark H. Predestinação e Livre-Arbítrio: Quatro perspectivas sobre a soberania de Deus e a liberdade humana. Editora Mundo Cristão: 1989, p. 182.
[20] VANCE, Laurence M. O outro lado do calvinismo.
[21] C. S. Lewis, The Great Divorce, p. 69.
[22] PINNOCK, Clark H. Predestinação e Livre-Arbítrio: Quatro perspectivas sobre a soberania de Deus e a liberdade humana. Editora Mundo Cristão: 1989, p. 79.
[23] PINNOCK, Clark H. Predestinação e Livre-Arbítrio: Quatro perspectivas sobre a soberania de Deus e a liberdade humana. Editora Mundo Cristão: 1989, p. 182.
[24] GEISLER, Norman. Eleitos, mas Livres: uma perspectiva equilibrada entre a eleição divina e o livre-arbítrio. Editora Vida: 2001, p. 34.
[25] C. S. Lewis, Cristianismo Puro e Simples (ABU Editora S/C, 1979), p. 26.
[26] REICHENBACH, Bruce R. Predestinação e Livre-Arbítrio: Quatro perspectivas sobre a soberania de Deus e a liberdade humana. Editora Mundo Cristão: 1989, p. 138.
[27] VANCE, Laurence M. O outro lado do calvinismo.
[28] REICHENBACH, Bruce R. Predestinação e Livre-Arbítrio: Quatro perspectivas sobre a soberania de Deus e a liberdade humana. Editora Mundo Cristão: 1989, p. 133.
[29] Lemke, “A Biblical and Theological Critique of Irresistible Grace”, in Whosoever Will: A Biblical-Theological Critique of Five-Point Calvinism, ed. David L. Allen and Steve W. Lemke (Nashville, TN: Broadman & Holman, 2010), p. 120.
[30]Eu sei que o termo “a vontade do homem prevaleceu” pode causar revolta por parte dos calvinistas, pois de certa forma pode passar a ideia de uma queda de braço entre Deus e o homem, onde o homem faz mais força e vence. É óbvio que essa não é a ideia que estou passando aqui. Assim como Jacó “lutou com Deus e prevaleceu” (Gn.32:28), mas isso só aconteceu porque Deus se deixou prevalecer, da mesma forma o homem pode resistir a Deus porque é o próprio Deus que se deixa ser resistido. Ele oferece e convida o homem a aceitá-lo, mas não de uma forma coercitiva. Ele respeita a liberdade humana de tal forma que se permite ser resistido, assim como quando um lutador de artes marciais pede a mão de sua mulher amada em casamento, mas se é rejeitado aceita essa rejeição por amor a ela e respeitando a liberdade dela, ao invés de obrigá-la a aceitá-lo ou de fazer uso da força, o que ele poderia fazer caso quisesse.
Extraído do livro “Calvinismo X Arminianismo”, cedido pela comunidade de arminianos do Facebook
Os paradigmas errados tem que cair por terra, em [16][17] do artigo, o que Gordon Clark diria da atitude da PCUSA em fazer casamento gay ? diria que é um ato de “determinismo” ? a doutrina calvinista é a grande culpada dessa zorra. pela “depravação total” e “salvo sempre” deu nisso.
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/03/1609965-homem-mata-namorada-gravida-em-sp-e-leva-cabeca-a-delegacia-diz-ssp.shtml – Deus determinou isso?
Lendo isso podemos chegar à única conclusão lógica: o determinismo é uma doutrina nascida na mente depravada de Satanás, fazendo com que a culpa dos seus erros recaia sobre Deus. É apenas Satanás fazendo o que sabe de melhor, mentir e criar doutrinas para afastar as pessoas da verdade.
Realmente precisa-se estar cego para poder acreditar nesta doutrina! Tenho observado no decorrer de minha vida cristã, q
Realmente precisa-se estar cego para poder acreditar nesta doutrina!
Tenho observado no decorrer de minha vida cristã, quase 10 anos, que os calvinistas se dedicam menos ao evangelismo; o oposto acontece com os arminianos; por que será?
O Calvinismo é tão absurdo,que faz de Deus um tirano,coisa que Ele não é.
É a mesma coisa que um pai colocar um biscoito sobre a mesa e mandar o filho comer e depois do filho ter comido,castiga-o pelo ato e ainda diz que o filho desobedeceu suas ordens.Lamentável!