“Mulher, dona de casa, mãe de duas crianças e ainda jornalista” por autodefinição, “Sheherazeda”, “bosta falante” e “queridinha do Silvio Santos” pelo que fãs preferem creditar à intriga da oposição, Rachel Sheherazade vai virar escritora.
A apresentadora do SBT, que ontem escrevia contos infantis e hoje tem na cabeceira o filósofo Olavo de Carvalho (“O Mínimo que Você Precisa Saber para Não Ser um Idiota”), lançará seu primeiro livro pela editora Mundo Cristão.
O mínimo que você precisa saber para entender a estreia literária da mulher de Rodrigo e mãe de Clara e Gabriel, batizada na Igreja Batista e nascida há 40 anos em João Pessoa, na Paraíba: “Abordarei questões como corrupção, justiça, liberdade, cultura e valores”, diz em entrevista por e-mail (a única opção aceita).
Ainda sem título, a obra está prevista para o segundo semestre. A tiragem inicial é de 15 mil exemplares, cinco vezes a média nacional.
Adepta da “boa política, em prol da maioria” e sem descartar carreira nessa área, a autora quer publicar antes das eleições.
Fã do heavy metal de Iron Maiden, Sheherazade frequenta todos os domingos uma igreja próxima ao condomínio de luxo onde mora em Alphaville, a 23 Km de São Paulo. Diz compartilhar com a Mundo Cristão, que também distribui títulos sobre os evangélicos Marina Silva e Justin Bieber, “princípios em comum, princípios cristãos”.
Renato Fleischner, diretor de operações da editora, afirma que a proposta “não é publicar uma obra para simplesmente chocar as pessoas, mas colocar no debate sobre o atual momento da sociedade brasileira uma perspectiva que possa, em alguma medida, estar afinada com os valores nos quais acreditamos”.
Sheherazade, a âncora que faz do “SBT Brasil” uma batalha naval de opiniões polêmicas, ganhou projeção nacional em 2011. Virou hit no YouTube após criticar o Carnaval de João Pessoa, “festa dos ricos” que teria virado um aspirador de recursos públicos.
“Muitas coisas hoje me revoltam no Carnaval. Uma delas é ouvir a boa música ser calada à força por hits do momento, como o ‘Melô da Mulher Maravilha’ e similares que não ouso nem citar”, disse à época.
Foi quando o telefone tocou novamente, ela foi atender, e era um Abravanel. Leon, diretor de produção do SBT, convidava a paraibana para conhecer a rede de seu tio Silvio Santos.
Em fevereiro, com três anos de casa, a jornalista elogiou no ar “justiceiros” que tiraram a roupa e prenderam um adolescente num poste no Rio, usando tranca de bicicleta. Sugeriu a quem discordasse da ação: “Adote um bandido”.
A fala causou celeuma, e os jornalistas do canal acabaram temporariamente proibidos de emitir opinião ao vivo.
Sheherazade sabe fazer barulho, mas prefere escrever “no momento mais quieto e solitário” do seu dia: sempre à noite, entrando na madrugada, quem sabe após folhear seu Olavo de Carvalho –o título foi presente de um colunista da revista “Veja” com quem tem “grandes afinidades ideológicas”.
Abaixo, um pouco da ideologia de Rachel Sheherazade em 1.001 caracteres:
Quais é a expectativa para as eleições?
Não revelo meu voto. Mas posso dizer que sou uma adepta da renovação constante na política.
Seria candidata a algo?
Minha missão hoje é como jornalista. Somos os olhos e a voz do povo. No futuro, não descarto a possibilidade. Acho que as pessoas de bem deveriam se interessar mais por política e entrar no jogo para virar o placar em favor dos justos. A política é, também, uma nobre missão.
Você é “maiden maniacal”. Isso entra em conflito com sua fé?
Gosto do Iron Maiden pela melodia das músicas, pela profundidade das letras, que abordam temas que vão de história mundial a questionamentos sobre vida e morte. No Evangelho, aprendi que devemos examinar tudo e reter o que é bom.
Como está a relação com o SBT?
Não há polêmicas. Entre mim e o SBT há confiança recíproca. É por isso que continuamos nossa parceria de sucesso até 2018.
Já pensou em seguir vocação religiosa na igreja?
Nunca. Acho que não tenho o dom. Mas, se receber o chamado, atenderei.
Extraído do site da FOLHA em 2005/2014
“… bosta falante …” – sei que o artigo foi “compilado” mas precisavam transcrever isso ?
por falar em “esterco falante” tem outro colega dela, o polêmico capitão Bolsonaro, eu assisti algumas entrevista, estes dois falam daquilo que o povo talvez não tem coragem de falar.
Ótima jornalista, é o que falta no Brasil, pessoas que tenham coragem de falar o que muitos não tem.
Açho ela uma boa jornalista, Sheherazade tem coragem de falar o que a maioria não tem.
Adoro ela, é um exemplo para o jornalismo brasileiro.