O Pecado Original e a Questão da Redenção na Ótica Islâmica

Declara o Islamismo: “Como muitas outras crenças cristãs, a doutrina do Pecado herdado também não encontra nenhum respaldo nas palavras de Jesus nem dos profetas que houveram antes dele… O Islam condena o dogma do pecado original… O pecado não é herdado, mas algo que cada um adquire por si ao cometer aquilo que não deveria e não fazer aquilo que deveria… (O Islam) considera também racionalmente, seria o cúmulo da injustiça condenar toda raça humana por um pecado cometido a milhares de anos pelos primeiros progenitores” (1, p. 47,49).

No Islamismo os pecados são erros que você faz e, se você diz “lamento” a Deus, Ele lhe perdoa. Na soma, nossas boas obras suplantam nossas más obras (Alcorão – Sura 11,114). Por isso, eles não acreditam que Jesus Cristo veio redimir o homem caído.

Entretanto o próprio Alcorão fala da queda de Adão: “Ó Adão, habita o Paraíso com a tua esposa e desfrutai dele com a prodigalidade que vos aprouver; porém, não vos aproximeis desta árvore, porque vos contareis entre os iníquos. Todavia, Satã os seduziu, fazendo com que saíssem do estado (de felicidade) em que se encontravam” (Sura 2:35, 36).

Explicando as Distorções Sobre a Questão do Pecado Adâmico 

Há muito tempo atrás, o erudito Agostinho, propôs uma teoria onde afirmava que todos os homens são culpados diante de Deus por causa do pecado cometido por Adão. O efeito prático desta doutrina tem servido, principalmente entre os islâmicos, para expor a justiça de Deus a críticas desnecessárias. A Bíblia claramente afirma que o homem dará conta à Deus unicamente das suas próprias culpas e pecados (cf. Ez. 18:4, 17).

O verdadeiro ensinamento das Escrituras sobre o pecado original ou pecado adâmico é que Adão introduziu no mundo o pecado e transmitiu a natureza pecaminosa ao gênero humano, de sorte que todos que chegam à idade de fazer a sua escolha, inevitavelmente escolhe o pecado que conduz à morte. A confusão tem lugar, não pelo que a Bíblia diz sobre o assunto, mas pelo que ela não diz. Algumas passagens falam dos pecados de Adão trazendo morte ao mundo, mas não acrescentam a explicação de que tal morte atinge o homem quando este escolhe, por si mesmo, seguir o exemplo de Adão.

Note o texto de I Co. 15:22 – “Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo”. Este versículo diz noutras palavras, o seguinte: “Assim como Adão trouxe a possibilidade de morte para todos, assim Cristo trouxe também a possibilidade da vida para todos”. É evidente que cada indivíduo tem que tomar a decisão de aceitar ou rejeitar a Cristo e a vida eterna; igualmente tem que tomar a decisão de seguir o pecado e a conseqüente morte espiritual. Este fato é também apoiado por Romanos 5:12 que afirma que o pecado “entrou” no mundo através de Adão e que a morte veio “porque todos (cada um) pecaram (pessoalmente)” (3)

A grande dificuldade que a teologia islâmica encontra em aceitar essa explicação é pelo fato de que a salvação no islamismo é adquirida pelas obras e regras religiosas, enquanto que no cristianismo depende de fé e confiança na Graça de Deus.


A Redenção Pelo Sangue 

“… a idéia de derramar sangue ser necessário para apaziguar a ira de Deus foi introduzida no cristianismo da imagem que o homem primitivo tinha de Deus como sendo um demo todo-poderoso. Não vemos nenhuma ligação entre o pecado e o sangue…” (1, p. 55).

São espalhafatosas as afirmativas islâmicas, sem base teológica ou sociológica.

Deus decretou que a vida de um animal está em seu sangue (Lv 17,10) e a instituição de sacrifícios de animais é uma ajuda visual para entender a reparação… Sem o derramamento de sangue não há perdão para os pecados (Hb 9,22). A questão permanece: como pode o sangue de um cordeiro perecível redimir um homem que é também perecível (Hb 9,9; 10,1.3); o que é perecível não pode herdar o que é imperecível. O único sangue que verdadeiramente tem o poder de apagar os pecados é um sangue imperecível e se Deus viesse em carne humana, Ele teria sangue imperecível que sozinho seria suficiente para apagar os pecados do mundo (Jo 1,29). Há duas pistas importantes no Alcorão a respeito desse assunto. Na Sura 5:27, lemos que o sacrifício do sangue de Abel (Gn 4:4) foi aceito por Deus, enquanto o sacrifício de Caim (legumes; v. Gn 4:3) não foi suficiente. Em segundo lugar, em Sura 37:107 lemos que o filho de Abraão escapou de um sacrifício iminente graças a uma substituição feita por Deus de um carneiro em lugar do menino (Gn 22:13-14). Por que foi necessário que Deus providenciasse um substituto para salvar a vida do menino? Como pode um cordeiro ser mais digno do que um ser humano, a não ser que fosse uma prefiguração de um outro sacrifício máximo que viria, que foi Jesus Cristo? (2)

Podemos nos regozijar, como cristãos, pois o perdão e a salvação das nossas almas não está baseada nas boas obras ou nas opiniões ou julgamentos de outros, mas na graça de Deus e na redenção através do sangue de Jesus Cristo (Ef. 2:8,9; Gl. 2.21).


Bibliografia

1 – Assamad, U. A.; O Islam e o Cristianismo; Ed. Makka; 1991; São Bernardo do Campo – SP.

2 – http://www.logoshp.hpg.com.br/div172.htm

3 – Gibbs, C. B.; A Doutrina da Salvação; Ed. EETAD; 1991; Campinas – SP.

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