O nome YEHOSHUA

adeptos do nome Yehoshua

Os adeptos do nome Yehoshua e suas variantes (ASNYV) ensinam que o nome Yehoshua é de origem divina e significa Deus Salvador (YEHO = SENHOR + SHUAH = SALVAÇÃO). Falam que o nome Jesus é de origem pagã e significa Deus-cavalo (YE = DEUS + SUS = CAVALO).1 Vão mais além na sua obstinação contra o nome Jesus, comparando-o com Esus – deus mitológico dos celtas, que aparece segurando serpentes com cabeça de carneiro. Concluindo precipitadamente que os cristãos adoram a serpente, em vez do Cordeiro de Deus. Admitem ainda que o Senhor Jesus seja o portador do misterioso número 666.

Gostaríamos de iniciar nossa breve consideração aos Adeptos do Nome Yehoshua e Suas Variantes (ASNYV), partindo da perspectiva de que a complexidade do Nome de Deus hwhy (YHWH), conforme nos é apresentada em Êx 3.13-15 é uma e a insistência de que somente a pronúncia Yehoshua (hebraico evwhy), para o nome de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo, deve ser outra.

Nossa intenção não é desprezar, nem muito menos ridicularizar, mas apenas fazer a apologia cristã das questões concernentes aos argumentos apresentados por eles.

Concordamos inteiramente com os ASNYV que o estudo de diversas línguas é importante e de muito proveito, discordamos, porém, dos exemplos que eles oferecem para apoiar suas doutrinas.

A diferença entre hipótese e fato comprovado desempenhará um papel importante em nossa argumentação, pois somos cientes de que há uma tendência no ser humano para confundir esses dois conceitos. Confusão esta que se encontra sedimentada em fatores de ordem subjetiva, assumindo, muitas vezes, um aspecto passional.

Dizem os ASNYV que nome próprio não deve ser traduzido, mas apenas transliterado. Será que realmente este princípio deverá ser sempre observado? Se a resposta for afirmativa, o que podemos concluir acerca de tais nomes próprios: Simão, João, Pedro, José, Judas, Jacó, Maria, Isabel, Débora, Moisés, Elias, Obadias etc.? Todos esses nomes próprios, dentre outros, são transliterações, traduções ou equivalentes (formas) portugueses de nomes próprios hebraicos? Nomes como rabi, messias, dracma, sábado, pentecostes, e siclo, são traduções, transliterações ou equivalentes portugueses de nomes hebraicos?

Para esclarecer o significado de transliteração, tradução e equivalente, partiremos de um texto do Evangelho de João (1. 38, 41, 42): E Jesus, voltando-se e vendo que o seguiam, disse-lhes: Que buscais? Disseram-lhe: Rabi (que, traduzido, quer dizer mestre), onde moras? …Este achou primeiro a seu irmão Simão e disse-lhe: Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo). E  levou-o a Jesus. E, olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro).

Os nomes Jesus, Rabi, Mestre, Simão, Messias, Cristo, Jonas (João) e Pedro são escritos respectivamente da seguinte forma no original grego: Ihsouv (Iesous), Rabbi (rabbi), Didaskalov (didáskalos), Simwn (Símon), Messiav (Messias), Cistov (Khristós), uiov (hyiós), Iwannhv (Ioánnes), Khfav (Kephâs) e Petrov (Pétros).

Uma vez que todos os manuscritos do Novo Testamento grego estão escritos em grego Koiné, não seria sensato insistirmos em argumentos que partem da hipótese de que os autógrafos, ou seja, os escritos elaborados por seus próprios autores, teriam sido escritos em hebraico ou aramaico e depois traduzidos para o grego. Por isso, o critério máximo de autoridade em termos de exegese e hermenêutica do Novo Testamento será o texto grego, ainda que sejam admitidos os problemas de variantes textuais.

A tabela abaixo será útil para iniciarmos as nossas considerações:

Em todos estes nomes não encontramos a transliteração de nomes próprios. Ihsouv (Iesous), Sihwn (Símon), Nnxwy (Ioánnes) e Khfav (Kephâs), não são transliterações do hebraico e aramaico, são apenas equivalentes gregos de nomes próprios provenientes do hebraico e aramaico. Rabbi (rabbi) e Messiav (Messias) são equivalentes do hebraico ybr (rabbi) e xyvm (Mashiach). Khfav (kephâs) é um equivalente grego do aramaico apyk (keypha). Didaskalov (didáskalos), Cristov (Khristós), uiov (hyiós) e Petrov (Pétros) são traduções gregas do hebraico e aramaico. Como podemos perceber, não há nestas palavras nenhum exemplo de transliteração de nomes hebraicos e aramaicos.

Os ASNYV não percebem a inconsistência de insistir somente na transliteração de evwhy (YEHOSHUA). Partem da hipótese de um exemplo bíblico de transliteração, contido em Lc 23.38. Afirmam que a transliteração de evwhy (YEHOSHUA) em letras gregas seria Iehoxua (Ieêoksya). Em letras latinas seria Yehoshua2. Lembremos ao prezado leitor que transliterar significa reduzir um sistema de escrita por outro, letra por letra, observando-se as leis fonéticas pertencentes a ambos os sistemas. Duas observações merecem destaques nesta hipótese:

1ª) Nem todos os manuscritos gregos apresentam a leitura: em letras gregas, latinas (romanas) e hebraicas. O Novum Testamentum Graecae (NA 27), de suma importância para a crítica textual, não aceita esta citação. Seria menos problemático o texto de João 19.20;

2ª) A transliteração Iehoxua (Yeêoksya) apresentada pelos ASNYV não é plena. O Sh’váh sonoro (:) é representado por e (epsylon). O h (he) consonantal é representado pela vogal longa h (eta), a vocalização w (cholem) é representada por o (omikron), o v (shin), uma consoante fricativa palatal, que soa como ch na palavra portuguesa achar é representada pela consoante dupla x (ksi) = k (káppa) + s (sígma). A letra grega x soa em português como x na palavra táxi. Percebemos, então, que ela não é o equivalente pleno da consoante hebraica v (shin). A vocalização (quibbúts) é representada por u (hypsilón).

Daremos ao leitor o nome hebraico ou aramaico, a transliteração latina, o equivalente grego, o equivalente latino, a tradução grega, a tradução latina, o equivalente português, e a tradução portuguesa, quando possível, destes nomes em questão:

Podemos concluir facilmente que:

f)Cefas é o equivalente português de Khfav (Kephâs), equivalente grego do aramaico apyk (keypha);

  1. g) Pedro é o equivalente português da tradução grega Petrov (Pétros), que é a tradução do aramaico apyk (keypha).

Obs.: Não houve transliteração alguma, segundo o critério adotado pelos ASNYV.

Josué B. Paulino, referindo-se ao texto abordado por nós, declara o seguinte: Por isso nós vemos as Escrituras repletas de textos “parafraseados”, e frases espúrias acrescentadas entre ( ), por exemplo, João 1:41-42; 4;25, onde aparece entre ( ) acréscimos espúrios deturpando o sentido do texto sagrado.3 Examinemos, então, prezado leitor, as referências citadas por ele, na edição Revista e Corrigida de João Ferreira de Almeida: Este achou primeiro a seu irmão Simão e disse-lhe: Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo). E levou-o a Jesus. E, olhando Jesus para ele, disse: Tu és Simão, filho de Jonas; tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro),  e:  A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo. Sabemos que os parênteses servem para isolar explicações, indicações ou comentários acessórios. As frases que os ASNYV chamam de espúrias: (que, traduzido, é Cristo), (que quer dizer Pedro) e (que se chama o Cristo), encontram-se no texto grego sem parênteses. Como podem ser espúrias se aparecem no texto grego? No grego o estin meyermhneuomenon cristov (ho estin methermeneuómenon Khristós), o ermhneuetai petrov (ho hermeneúetai Pétros) e o legomenov cristov (ho legómenos khristós). Temos três verbos: 1) o verbo meyermhneuw (methermeneúo), composto da preposição meta (metá) + ermhneuw (ermeneúo), cujo significado é traduzir (para outra língua ou idioma); 2) ermhneuw (ermeneúo), cujo sentido é interpretar e 3) legw (lego), que pode ser lido aqui como chamar (por um nome).

Nem todas as traduções são unânimes em utilizar os sinais de pontuação, pois sabemos que os critérios variam de tradutor para tradutor. Discutamos os critérios de pontuação em destaque, mas não os coloquemos no mesmo nível do texto grego. Deduzimos facilmente que estas frases são consideradas espúrias pelos ASNYV devido ao fato de elas apoiarem a tradução de nomes próprios, o que seria um problema para os ASNYV, uma vez que eles insistem em que nome próprio não se traduz, apenas se translitera.4

Josué B. Paulino apresenta-se como profeta da restauração do verdadeiro e único NOME do Senhor. Vejam a conclamação sugerida por ele: …Diante do exposto, sem nenhum insulto ou afronta fraternalmente CONVIDAMOS todos os ministros evangélicos, presbíteros, diáconos. obreiros e a comunidade evangélica em geral; bem como toda a população para participarem de um amplo e profundo DEBATE sobre tradução ou transliteração do nome sagrado Yehoshua nas Escrituras Sagradas. Todos devem participar desse debate inédito inclusive telefonando para a Comissão de Tradução, Revisão e Consulta da SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL. Fone (011) 421 6711, Barueri – SP; COBRANDO deles a edição de uma Bíblia corrigida com o Nome verdadeiro do Filho de Deus em lugar do pseudônimo Jesus…5

Seria um absurdo cobrar da Sociedade Bíblica do Brasil uma edição da Bíblia corrigida com o nome verdadeiro Yehoshua, sempre que no Novo Testamento aparecer o pseudônimo Jesus e Mashiach sempre que aparecer a suposta deturpação fonética Cristo. Acreditar nesta edição seria não levar em conta a contribuição de três ciências que se opõem às idéias dos ASNYV:

1) a lingüística;

2) a hermenêutica;

3) a apologética.

A lingüística, porque os ASNYV não levam em consideração o estudo histórico e comparativo das línguas, chegando a ponto de afirmar que Ihsouv é uma palavra grega, que, em hebraico significa deus-cavalo.6 Se a palavra é grega, como podemos dar o seu significado em hebraico? Para tal falácia, desmembram Ihsouv em Ih (Ie)= Deus (hebraico?) mais souv (sus) = owo (cavalo em hebraico).

A hermenêutica, porque desconsideram os problemas concernentes à interpretação, chegando a afirmar que trocaram a palavra hebraica Messias pelo Cristo grego, assim como Yehoshua foi trocado por Jesus, também dos gregos.7 Lembremos que Messiav (Messias) está para o hebraico xyvm (Mashiach) assim como Ihsouv (Iesous) está para evwhy (Yehoshua hamashiach). Assim sendo, podemos afirmar que xyvmh evwhy (Yehoshua) encontra o equivalente grego Ihsouv o Messiav (Iesous ho Messias). Ihsouv o Cristov (Iesous ho Khristós) é a tradução grega sem a tradução do nome evwhy (Yehoshua), Iesus Christus é o equivalente latino, Jesus Cristo é o equivalente português e Jesus o Ungido é a tradução portuguesa de xyvmh evwhy (Yehoshua hamashiach).

A apologética, porque por trás de suas insistências na transliteração eles negam a doutrina da Trindade, afirmando que Yehoshua é o imutável NOME do Pai, Filho e Espírito Santo…8

Analisando agora Atos 26.14-15: E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me falava e, em língua hebraica, dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões. E disse eu: Quem és, Senhor? E ele respondeu: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Dizem os ASNYV que se o próprio Jesus falou seu nome em língua hebraica – no texto grego th Ebraidi (tê hebraídi) – como poderemos, então, pronunciá-lo de outra forma? Seu sistema doutrinário os obriga a ignorar um dado muito importante: a autoridade do texto de Lucas encontra-se primeiramente em sua língua original, o grego, apesar de estar escrito em grego que Jesus falou com Paulo em hebraico. É óbvio que evwhy (Yehoshua) é o nome hebraico de Ihsouv (Iesous), seu equivalente grego. Já demonstramos que Iehoxua (Ieêoksya) não é a transliteração de evwhy (Yehoshua). Veja, prezado leitor, que seria difícil acreditar na hipótese de que pelo menos um manuscrito grego apresentasse a transliteração sugerida pelos ASNYV. Hipoteticamente, deveria ser assim o texto grego: Egw eimi Iehoxua on su diwkeiv (ego eimi Ieêoksya hon sy Diokeis). Nesse caso, teria acontecido uma conspiração lingüística muito bem estruturada pelos gregos e romanos que a lingüística moderna parece ignorar. Assim como as testemunhas-de-jeová inseriram o nome Jeová na Tradução do Novo Mundo no Novo Testamento, sem a autorização de pelo menos um manuscrito grego, assim também querem fazer os ASNYV, inserindo o nome Yehoshua. Se levássemos em consideração apenas o AT, poderíamos aceitar a discutibilidade de tal projeto; tratando-se, porém, do NT, não há base lingüística alguma que o justifique. Gostaríamos de salientar ainda que os Nomina Sagra (os nomes sagrados) estão relacionados a diversas ciências, tais como, a semântica, a hermenêutica, a exegese, a teologia, a filologia e a apologética. Se a lingüística já descarta tal hipótese, o que esperar, então, dessas outras ciências em relação ao projeto dos ASNYV? Façamos um breve retrospecto do Nome Jesus: Jesus é proveniente do hebraico evwhy (Yehoshua), cuja transliteração é Yehoshua – Josué. Sua tradução é YHWH (hwhy) é salvação. Josué era chamado de Nwn Nb evwh (Hoshe’a Ben Nun). Oséias, filho de Num (Nm 13.8; Dt 32.44) é a sua tradução. Em Nm 13.16 Moisés mudou o nome evwh (Hoshe’a) para evwhy (Yehoshua). Após o cativeiro babilônico, evwhy (Yehoshua) tornou-se ewvy (Yeshu’a). O Sumo sacerdote Jesus é chamado em hebraico tanto evwhy (Yehoshu’a) (Ag 1.1, 12, 14; 2.2,4; Zc 3.1, 3, 6, 8, 9; 6.11) quanto ewvy (Yeshua) (Ed 3.2,8, 4.3; 5.2; Ne 7.7). A Septuaginta usou Ihsouv (Iesous) tanto para evwhy (Yehoshua) como para ewvy (Yeshu’a). Concluímos, portanto, que Igsour (Iesous) e seu equivalente latino Iesus é o nome do nosso Senhor e Salvador. Jesus é o equivalente português do evwhy / ewvy (Yehoshua/Yeshua).

Acreditam os ASNYV que o Novo Testamento, com exceção das cartas de Paulo, foi escrito em aramaico e posteriormente copiado para o grego. Os manuscritos mais antigos do Novo Testamento são datados do ano 340 a.D. os Codex Vaticanus. Esses Codex são escritos em grego. Não são os originais escritos pelos apóstolos, mas são cópias posteriores.9 Em primeiro lugar, devemos diferenciar a evidência da hipótese. Josué B. Paulino não distingue o hebraico do aramaico, pois em determinado momento ele afirma: Sabemos com certeza que pelo menos o Evangelho de Mateus foi escrito em aramaico…10 Logo em seguida, afirma: Visto que Mateus escreveu em hebraico, é inconcebível que ao relatar a anunciação do Anjo em Mateus 1:21, ele não tenha escrito Yehoshua.11 Hebraico ou aramaico? Sabemos com certeza que ambas as línguas são semíticas, mas a dúvida permanece, pois são línguas distintas. Gostaríamos de lembrar ao prezado leitor que os papiros Bodmerianos 66, 75 e 76, à disposição de pesquisadores na Biblioteca Bodmer, em Geneve, Suíça, apresentam a abreviação IS ou IC para Ihsouv (Iesus). No papiro 75 encontramos os evangelhos de Lucas e João. Sua datação é dada como provável entre 175 e 225 a.D., sendo bem anterior a Jerônimo, o responsável, segundo os ASNYV pela criação do nome blasfemo, unindo o J de Júpiter, o equivalente romano da suprema divindade Zeus dos gregos, à divindade dos celtas (gauleses) Esus. O nome Jesus para os ASNYV seria, então, a união de Júpiter e Esus. Seria importante lembrarmos que o y (Yod) hebraico pode representar a vogal i ou a consoante y. Pierre de la Ramée difundiu, na Renascença, as letras J e V como equivalentes consonantais para o i e u latinos (romanos). Temos, portanto, dois fortes argumentos contra os ASNYV para a explicação da origem do nome blasfemo: o papiro 75 (p 75), anterior a Jerônimo, e Pierre de La Ramée, posterior a Jerônimo.

Algo que parece ser digno de destaque é a incrível afirmação de Haroeh José Cláudio Pinheiro, outro difusor das idéias dos ASNYV – [Haroeh é a transliteração do hebraico herh (Haro’eh), que traduzido é o pastor] – em sua apostila declara: Durante todo o tempo da história da humanidade, o homem procurou interpretar o tetragrama YHWH = YEHOSHUA. Nomes como Jeová, Iavé, Javé, Yawé, Yahweh foram apresentados como sendo a transliteração do nome Sagrado do eterno Deus. Onde encontramos na tradução “SEPTUAGINTA”( tradução feita dos originais hebraicos para o grego por 70 judeus) o nome “SENHOR”, na verdade se encontra nos originais hebraicos o tetragrama “YHWH” que significa transliterado literalmente “YEHOSHUA” ou “YHWH TSIDKENU” (O eterno é a salvação, ou O Senhor é a Salvação). Mais tarde, o nome Yehoshua foi substituído por “KY” e “KC” forma abreviada da palavra grega “Kyrios” (SENHOR).12 E ainda prossegue, citando Êx 6.3, e dando sua explicação para a pronúncia do tetragrama, estabelecendo uma equivalência com Yehoshua: Apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-Poderoso, mas pelo meu nome, o Senhor (YHWH = YEHOSHUA), não lhes fui conhecido ÊXODO 6.3.13 O que nos chama a atenção é o fato dos ASNYV não se preocuparem com a transliteração dos nomes destes três patriarcas citados! Se nome próprio não se traduz, perguntamos mais uma vez: Abraão, Isaque e Jacó são transliterações, traduções ou equivalentes portugueses de nomes próprios hebraicos? Além do mais, duas observações, pelo menos, merecem destaque: 1ª) A significação independe de uma transliteração literal, uma vez que a questão do sentido das palavras pertence ao domínio da semântica, ciência que estuda a significação das palavras e da hermenêutica, ciência que tem a interpretação como objeto essencial de análise; 2ª) Yehoshua (hebraico evwhy) jamais poderá ser o equivalente de YHWH, em hebraico hwhy. Percebemos que as duas letras v e e (shin e ayin) não estão presentes no tetragrama hwhy (YHWH). A questão referente ao nome de Deus em Êxodo 3.15 não deve, em hipótese alguma, estar associada à questão do nome Yehoshua. A incerteza da pronúncia do tetragrama leva em consideração somente as possibilidades vocálicas. As duas letras hebraicas v e e (shin e ayin) apresentam problemas vocálicos e consonantais.

Josué B. Paulino nos apresenta um relato para fortalecer a crença na pronúncia do nome Yehoshua: Em maio de 1995, a minha filha Miriã teve um sonho e assim me relatou: ‘Sonhei que havia terminado de assistir a um estudo bíblico sobre o nome de Yehoshua e havia ficado preocupada com o significado desse nome. Então eu estava lendo um livro e nesse livro aparecia a inscrição: INRI, esse nome brilhava e clareava todo o quarto onde eu estava e eu sentia um grande poder; sentia como que uma voz  dizia: INRI significa YEHOSHUA NAZARENUS REX IUDEAEROUM em latim e hebraico é YEHOSHUA HANOZRI WUMELECK HAYCHUDIM (YHWH) e em português é YEHOSHUA NAZARENO REI DOS JUDEUS… .14 Uma dúvida surge, subitamente, em nosso interior após a leitura do relato desse sonho: por que não foi dado o significado em grego? Será que poderíamos levantar uma hipótese para explicar tal omissão? A omissão, talvez, seja devido ao fato de que o texto grego de João 19.19 não possa apoiar esta revelação, pois seria desta forma: Ihsouv o Nazwraiov o basileuv twn Ioudaiwn (Iesous ho Nadzoraios ho basileús tôn Ioudaion). Como encontrar no grego o equivalente do hebraico? Já demonstramos que Iesus é o equivalente latino de evwhy (Yehoshua) e Ihsouv (Iesous), seu equivalente grego. O significado em hebraico dado pela filha de J. B. Paulino não corresponde à índole do idioma hebraico, pois deveria ser Yehoshu’a hánotsri mélekh (ou mélech) hayehudim. Wumeleck não é aceitável, pois não há presença de w (waw) conjuntivo na inscrição em hebraico. w (waw) surge, então, para corresponder ao w (waw) do tetragrama hwhy (YHWH).

Valem-se ainda os ASNYV de um esquema criptográfico conhecido como, gematria, para afirmar que Jesus Cristo é o portador do famigerado número 666,15 sendo, portanto, o nome da besta citada em Apocalipse 13.18. Demonstram isso da seguinte maneira:

I E S U S  C R I S T V S  F I L I I  D E I

1  +  5  +  100  +  1  +  5  +  1  +  50  +  2  +  500  +  1 = 666

Em primeiro lugar, gostaríamos de lembrar que IESVS CRISTVS FILII DEI é IESVS CRISTVS + FILII DEI. Em segundo lugar, IESVS CRISTVS sozinho equivale a 112. Em terceiro lugar, FILII (genitivo masculino singular) deveria ser FILIVS (nominativo masculino singular). Assim sendo, teríamos:

F  I  L  I  V  S     D E  I

1  +  50  +  1  +  5  +  500  +  1 = 558

I E S U S    C R I S T V S  =  112 + F I L I V S    D E I = 558 = 670

670 é diferente de 666

Percebemos, portanto, a necessidade da presença de títulos ou apostos – sem contar com a presença de FILII, ao invés da forma correta FILIVS – para se chegar ao número 666.

Os ASNYV, para caracterizar sua exclusividade, acreditam na evidência da confirmação de sua doutrina fonética por meio de sonhos, visões, revelações e consultas ao Senhor por intermédio da caixinha da promessa. Eis algumas de suas evidências: …E o Senhor nosso Deus vem confirmando a Mensagem através de diversos Sonhos, Visões e Revelações, concedidos a muitos irmãos e irmãs conforme as Promessas de Sua Palavra (Joel 2:28-32; Ap 11:3-6).16

…Eu, irmã Guinoral  M. Paulino, tive um sonho, no qual estávamos nos preparando para a grande tribulação…17

…Então, eu orava a Deus (no sonho) e consultava ao Senhor através da caixinha de promessas. Porém, quando abri a caixa de promessa, constatei que não havia nenhuma mensagem dentro da caixa, no entanto havia uma CANETA, que parecia do tipo tinteiro; a qual era extremamente pesada e bonita. E estava escrito horizontalmente na mesma caneta, como se fosse uma dedicatória: “Eu te constituí profeta entre as nações”.18

Veja, prezado leitor, que não nos parece razoável acreditar em sistemas doutrinários que tenham outra fonte de revelação além da Bíblia, a Palavra de Deus. A subjetividade pode, muitas vezes, fornecer subsídios para o dogmatismo político, religioso ou cultural. Por esse motivo, devemos ter cuidado com as pessoas que se julgam exclusivamente detentoras ou portadoras da verdade, como é o caso dos ASNYV. Acrescentamos também que não podemos aceitar a idéia do aspecto duvidoso do Evangelho de Mateus, uma vez que os ASNYV acreditam na autografia hebraica ou aramaica. Conclusões forçadas ou precipitadas acerca dos textos Sagrados em suas línguas originais são, pelo menos, um indício de predisposição ao sectarismo ou à heresia (2 Pe 2.1-2).

Extraído da Série Apologética do ICP

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