O Kafir no Islamismo

A maneira mais fácil de aprender sobre o Islã é aprender sobre Maomé. A Biografia de Muhammad é chamada de Sira, e este livro é uma condensação dela.

A Bíblia Islâmica – a trilogia

O Islamismo é definido pelas palavras de Allah no Alcorão, e as palavras e ações de Maomé, chamada Sunna.

A Sunna é encontrada em duas coleções de textos – a Sira (a vida de Muhammad) e o Hadith. O Alcorão diz 91 vezes que suas palavras e ações são consideradas como o padrão divino para a humanidade.

Um hadith, ou tradição, é uma breve história sobre o que Muhammad fez ou disse. Uma coleção de hadiths é chamada de Sunna. Existem muitas coleções de hadiths, mas os que têm mais autoridade são os de Bukhari e Abu Muslim.

Assim, a Trilogia é o Alcorão, a Sira e o Hadith. A maioria das pessoas pensa que o Alcorão é a Bíblia do Islã, mas o Alcorão corresponde a apenas cerca de 14% do total textual doutrinário no islamismo. A Trilogia é o fundamento e a totalidade do Islã.

O tamanho relativo dos textos da trilogia:

O islamismo É definido pelas palavras de Allah no Alcorão, e pelas palavras e ações de Maomé, a Sunnah.

Nenhum texto da Trilogia pode ficar sozinho; é impossível entender qualquer dos textos sem os outros textos de apoio. O Alcorão, a Sira e o Hadith são um todo perfeito e falam com uma só voz [segundo a doutrina islâmica]. Se estiver na Trilogia é o Islã.

KAFIR

A palavra Kafir será usada neste livro em vez de “descrente”,

O uso padrão. Descrente é um termo neutro. O Alcorão define o Kafir e Kafir não é uma palavra neutra neste contexto alcorânico. Um Kafir não é meramente alguém que não concorda com o Islã, mas um Kafir [segundo o islamismo] é mau, nojento, a forma mais baixa de vida (ou seja, um não muçulmano é o pior ser que existe). Os Kafirs podem ser enganados, odiados, escravizados, torturados, mortos… Pode-se mentir pra eles e podem ser enganados pelos muçulmanos. Assim, a palavra usual “descrente” não reflete a realidade política do Islã.

Existem muitos nomes religiosos para os Kafirs: politeístas, idólatras, Povo do Livro (Cristãos e Judeus), Budistas, ateus, agnósticos e Pagãos. Kafir abrange todos eles, porque não importa o que o nome religioso é, todos eles podem ser tratados da mesma forma. O que Muhammad disse e fez aos Politeístas pode ser feito a qualquer outra categoria de Kafir.

O Islã dedica uma grande quantidade de energia [e espaço] ao Kafir. A maior parte (64%) do Alcorão é dedicada ao Kafir, e quase toda a Sira (81%) trata da luta de Muhammad com eles. O Hadith (tradições) dedica 32% do texto aos Kafirs. [1] No geral, a trilogia dedica 60% do seu conteúdo ao Kafir.

Quantidade de texto dedicado ao Kafir em porcentagem

Aqui estão algumas referências no Alcorão:

É permitido zombar de um Kafir

83:34 Então, hoje, os que se crêem se riem dos renegadores da Fé, estando sobre os coxins, olhando as maravilhas do Paraíso. Os renegadores da Fé não serão retribuídos pelo que fizeram?

É permitido decapitar um Kafir

47:4 Então, quando deparardes, em combate, os que renegam a Fé, golpeai-lhes os pescoços, até quando os dizimardes, então, acorrentai-os firmemente. Depois, ou fazer-lhes mercê, ou aceitar-lhes resgate, até que a guerra deponha seus fardos. Essa é a determinação. E, se Allah quisesse, defender-se-ia deles, mas Ele vos ordenou a guerra, para pôr-vos à prova, uns com outros. E aos que são mortos, no caminho de Allah, Ele não lhes fará sumir as boas obras.

É permitido conspirar contra um Kafir

86:15 Por certo, eles armam insídias, E Eu, também, armo insídias.

É permitido aterrorizar um Kafir

8:12 De quando teu Senhor inspirou aos anjos: “Por certo, estou convosco: então, tornai firmes os que crêem. Lançarei o terror nos corações dos que renegam a fé. Então, batei-lhes, acima dos pescoços, e batei-lhes em todos os dedos

Um Muçulmano não é amigo de um Kafir

3:28 Que os crentes não tomem por aliados os renegadores da fé, ao invés dos crentes. E quem o fizer não terá relação com Allah, exceto se quereis guardar-vos de algo da parte deles. E Allah vos adverte dEle. E a Allah será o destino.

Um Kafir é amaldiçoado

33:61 (Kafirs são) Amaldiçoados. Onde quer que se acharem serão apanhados e mortos inexoravelmente. Assim, foi o procedimento de Allah com os que passaram, antes. E não encontrarás, no procedimento de Allah, mudança alguma.

Kafirs e o Povo do Livro [Judeus e Cristãos]

Os muçulmanos dizem aos Cristãos e Judeus que eles são especiais. Eles são o “Povo do Livro” e são irmãos na fé Abraamica. Mas no islamismo, você é um Cristão, se e somente se, você crer que Cristo foi um homem que era um profeta de Allah; Não existe nenhuma Trindade; Jesus não foi crucificado nem ressuscitou e que Ele retornará para estabelecer a Lei da Sharia. Para ser um verdadeiro Judeu, você deve crer que a Torá está corrompida e Muhammad é o último na linha dos profetas Judaicos.

Este verso é positivo:

5:77 Dize: “Ó seguidores [Povo] do Livro! Não vos excedais, inveridicamente, em vossa religião, e não sigais as paixões de um povo que, com efeito, se descaminhou, antes, e descaminhou a muitos, e se tem descaminhado do caminho certo.”

A doutrina islâmica é dualista, portanto há uma visão oposta também. Aqui está o último versículo escrito sobre o Povo do Livro (Um versículo posterior abroga ou substitui um verso anterior). Esta é a palavra final. Ele pede aos Muçulmanos para fazerem guerra ao Povo do Livro que não crê na Religião da verdade, o Islã.

9:29 Dentre aqueles, aos quais fora concedido o Livro, combatei os que não crêem em Allah nem no derradeiro dia, e não proíbem o que Allah e seu Mensageiro proibiram, e não professam a verdadeira religião; combatei-os até que [eles se submetam e ] paguem a jizya, com as próprias mãos, enquanto humilhados.

A frase “Eles não proíbem …” significa que eles não aceitam a Lei da Sharia; “Até que eles se submetam” significa submeter-se à lei da Sharia. Os Cristãos e Judeus que não aceitam Muhammad como o último profeta são Kafirs.

No Islã, os Cristãos e Judeus são infiéis e o “Povo do Livro”; Os hindus são politeístas e pagãos. Os termos infiéis, Povo do Livro, pagãos e politeístas são palavras religiosas. Apenas a palavra “Kafir” mostra o tratamento político comum dos Cristãos, Judeus, Hindus, Budistas, animistas, ateus e humanistas. O que é feito a um pagão pode ser feito a um Judeu ou a qualquer outro kafir.

É simples. Se você não crê que Muhammad é o profeta de Allah, então você é um Kafir.

A palavra Kafir será usada neste livro em vez de “incrédulo”, “não-Muçulmano” ou “descrente”. Incrédulo ou não-muçulmano são termos neutros, Mas Kafir não é uma palavra neutra. É extremamente intolerante e tendenciosa.

As três visões do Islã

Há três pontos de vista ao lidar com o Islã. O ponto de vista que você tem depende de como você se sente sobre Muhammad. Se você acredita que Muhammad é o profeta de Allah, então você é um crente. Se você não acredita, você é um Kafir. O terceiro ponto de vista é o de um dhimmi, um Kafir que é um defensor do Islã.

Dhimmis não acreditam que Muhammad foi um profeta, mas eles nunca dizem nada que desagrade um muçulmano. Dhimmis nunca ofendem o Islã e condenam qualquer análise que seja crítica do Islã como sendo tendenciosa.

Vamos dar um exemplo dos três pontos de vista.

Em Medina, Muhammad esteve sentado durante o dia inteiro ao lado de sua esposa de 12 anos de idade [Aysha], enquanto assistiam as cabeças de 800 Judeus serem removidas pela espada.[2] Suas cabeças foram arrancadas porque eles haviam dito que Muhammad não era um profeta de Allah. Os muçulmanos vêem essas mortes como necessárias porque negar o profetismo de Muhammad foi uma ofensa contra o Islã, e a decapitação é o método aceito de punição, sancionado por Allah.

Os Kafirs vêem este evento como uma prova de violência na jihad do Islã e como um ato mau. Eles chamam de limpeza étnica.

Os defensores (dhimmis) dizem que este foi um evento histórico, que toda cultura teve violência em seu passado e que nenhum julgamento sobre o passado deve ocorrer. Eles ignoram a crença islâmica de que a Sunna, as palavras e ações de Muhammad no passado, é o modelo perfeito para hoje, amanhã e para sempre. Eles ignoram o fato que este evento no passado de decapitar 800 homens Judeus continua a ser aceitável no presente e no futuro, assim foi o destino de Daniel Pearl (um repórter que foi decapitado diante das câmeras).

De acordo com os pontos de vistas diferentes, matar 800 Judeus ou foi um ato mau, ou foi um ato perfeitamente piedoso ou apenas outro evento histórico, faça a sua escolha.

Este texto é escrito de um ponto de vista de um Kafir e é portanto, Kafir-simétrico. Tudo neste livro vê o Islã de como ele afeta o Kafir, os não-muçulmanos. Isto também significa que a religião é de pouca importância. Apenas um muçulmano se importa com a religião do Islã, mas todos os Kafirs são afetados pelas visões políticas do Islã.

Perceba que não existe certo e errado aqui, apenas diferentes pontos de vista que não podem ser reconciliados. Não existe solução possível entre a visão de um Kafir e o Muçulmano. O defensor do Islã tenta construir uma ponte de reconciliação, mas isso não é logicamente possível.

Máxima

O islã é, acima de tudo, uma ideologia política. Nenhuma ação ou afirmação pelo Islã pode ser entendida sem entender sua origem na Trilogia. Qualquer análise, afirmação ou opinião sobre o Islã é incompleta sem uma referência a Trilogia. A Trilogia é a fonte e a base de toda a política, diplomacia, história, filosofia, religião e cultura islâmica.

O Sistema de Referência [do livro]

Este texto é inusitado porque faz duas coisas de uma só vez. É o mais simples que você pode ler para aprender sobre o verdadeiro Muhammad. Ao mesmo tempo, é uma biografia autorizada por causa do uso dos números de referência. [Não se preocupe com esses números. Se você ignorá-los, não faz nenhuma diferença. Eles estão lá no caso de você querer confirmar o que você leu ou quiser saber mais. O número permite que você procure no Texto de origem. É semelhante a um capítulo/verso.] Aqui está um exemplo:

I 125 Muhammad tomou uma decisão que teria agradado a Salomão. Ele…

O I em “125” te diz que vem de Ishaq, o escritor de maior autoridade da Sira. O 125 é um número de referência impresso na margem da Sira. (The Life of Muhammad, A. Guillaume).

Outras referências nesta obra:

M123 é uma página de referência para W. Muir, The Life of Muhammad, AMS Press, 1975.

2: 123 é uma referência ao Alcorão, capítulo 2, versículo 123.

B1,3,4 é uma referência a Sahih Bukhari, volume 1, livro 3, número 4.

M012, 1234 é uma referência a Sahih Muslim, livro 12, número 1234.

Tradução: Walson Sales

Fonte:

WARNER, Bill. A Taste Of Islam: The Life Of Mohammed – The Sira. CSIP Publishing, 2010, pp. 1-6

[1] http://cspipublishing.com/statistical/TrilogyStats/AmtTxtDevotedKafir.html

[2] The Life of Muhammad, A. Guillaume, Oxford University Press, 1982, p. 464.

por Bill Warner

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