O  Juízo  Final

Fim dos Tempos 028

Um dos agnósticos mais interessantes da história dos Estados Unidos foi Robert G. Ingersoll, que fez conferências e palestras por todo o país, nas quais impugnava a Bíblia e a existência de Deus. Certa noite, quando falava numa pequena cidade do Estado de Nova York, proclamou com eloqüência suas dúvidas quanto a um juízo futuro e ao inferno, e, ao terminar, um velho beberrão que estava nos fundos do salão exclamou, com voz pastosa: “Tenho grande esperança de que tenha razão, Irmão Bob. Estou mesmo contando com isso!”

O homem moderno não gosta de pensar em Deus em termos de ira, raiva e juízo final, e prefere modelá-lo por suas próprias inclinações, dando a Deus as características que O quer ver possuindo. Tenta refazer Deus, a fim de que Ele se ajuste ao seu próprio pensamento afetivo, reconfortando-se em seus pecados. Esse “deus” moderno apresenta os atributos de amor, misericórdia e perdão sem justiça, o que quer dizer ausência de julgamento e de punição pelo pecado. Deus se vê reconstruído pelas linhas de tolerância, amor generalizado e boa vontade universal. A opinião bíblica de que a retidão seja tão suprema quanto o amor na natureza divina vê-se abandonada. Nesse quadro de Deus não existem leis que exijam obediência absoluta, e tampouco encontramos nele os padrões aos quais deva ater-se o homem. Como exemplo, mais de novecentos eclesiásticos e estudantes se reuniram, há algum tempo, na Escola de Teologia de Harvard, a fim de fazerem um balanço da chamada “nova moralidade” e sua importância para a igreja.

Certo professor de teologia disse que as relações sexuais pré-conjugais entre noivos eram justas, e que Deus as compreenderia. Um professor de outra escola teológica achava que nenhuma relação sexual deva receber condenação absoluta por parte da igreja. Desse modo, muitos dirigentes religiosos continuam reconstruindo Deus, de acordo com as tendências seculares e humanistas de nossa época.

Tal tipo de “deus”, no entanto, formaria um mundo impossível, caótico, irresponsável e destruidor de si próprio. Nele seria impossível o homem viver com certeza e felicidade, pois para ter sentido, a vida do homem tem de basear-se na lei e num legislador. Disse o salmista: “A lei do Senhor é perfeita, e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos, e alegram ao coração; o mandamento do Senhor é puro, e ilumina os olhos” (Salmos 19:7, 8). A Bíblia previne que “os homens maus não entendem o que é justo” (Provérbios 28:5). O próprio Jesus pós o Seu selo de aprovação na lei quando disse: “E é mais fácil passar o céu e a terra, do que cair um til sequer da lei” (Lucas 16:17).

A Lei Mosaica e o Sermão da Montanha constituem padrões que jamais poderão ser modificados e eclesiástico algum tem o direito de abaixar esses padrões em nome de Deus, sem incorrer no perigo de conspurcar a lei, blasfemar contra Deus e tornar-se culpado de heresia.

 

DEUS  JULGARÁ  TODOS  OS  HOMENS

A Bíblia ensina que Deus é, sem a menor dúvida, um Deus de julgamento, ira e raiva.

Se alguma coisa ela ensina, é que Deus vai julgar o homem. Repetidas vezes, Jesus avisou sobre o julgamento: “E contudo vos digo: No dia do juízo haverá menos rigor para Tiro e Sidom, do que para vós outros” (Mateus 11:22). “De toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia do juízo” (Mateus 12:36). “Mandará o Filho do homem os seus anjos que ajuntarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniqüidade, e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 13:41, 42). “Nada há encoberto que não venha a ser revelado; e oculto que não venha a ser conhecido” (Lucas 12:2). “E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo o julgamento” (João 5:22).

Em todo o Novo Testamento os Apóstolos ensinam que haveria um momento de julgamento. “Porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça por meio de um varão que destinou” (Atos 17:31). “Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo o seu procedimento” (Romanos 2:5, 6). “E a vós outros que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus” (II Tessalonicenses 1:7, 8). “Aos homens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disto, o juízo” (Hebreus 9:27). “Certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários” (Hebreus 10:27). “Os quais hão de prestar contas àquele que é competente para julgar vivos e mortos” (I Pedro 4:5). “Os reis da terra, os grandes, os comandantes, os ricos, os poderosos, e todo escravo e todo livre se esconderam nas cavernas e nos penhascos dos montes, e disseram aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos da face daquele que se assenta no trono, e da ira do Cordeiro, porque chegou o grande dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?” (Apocalipse 6:15-17).

São estas apenas algumas em meio a centenas de passagens que poderíamos citar indicando um momento de julgamento a vir ainda, no qual todo homem que já viveu estará envolvido e do qual nenhum escapará! Se tirássemos da Bíblia todas as referências que ela contém sobre o juízo final, ela ficaria muito menor do que é.

 

JUSTIÇA,  MISERICÓRDIA  E  AMOR

Existem muitos a dizer que o julgamento não é coerente com a justiça, a misericórdia e o amor, mas afirmam-no por não entenderem a natureza de Deus. Recusaram-se a aceitar a revelação da natureza de Deus, encontrada na Bíblia.

O julgamento é coerente com a justiça, pois esta exige a pesagem na balança, e sem o julgamento isso seria impossível. Quando Jeremias disse: “rei que … executará o juízo e a justiça na terra” (Jeremias 23:5), ele colocou esses fatores em justaposição. A justiça é impossível sem o julgamento, a lei não pode existir sem uma penalidade. A razão nos diria que haverá uma época na qual os Hitlers, os Eichmanns e os Stalins serão levados a prestar contas de seus atos. De outra maneira, não haveria justiça no universo. Milhares de homens maus viveram e praticaram sua maldade sobre os demais, sem parecerem ter pago um castigo em sua vida e a razão nos diz que haverá uma época em que os lugares errados serão tornados retos (Isaías 45:2).

O julgamento é coerente com a misericórdia. O Deus que fosse misericordioso deveria agir na misericórdia conforme os padrões da justiça e retidão. O julgamento de modo nenhum colide com a misericórdia, pois se esta deve ser utilizada, o julgamento deve ser uma parte da ordem divina. Ser misericordioso sem ser justo é uma contradição.

O juiz que ministra justiça deve basear seus atos na lei. O rompimento da lei exige punição, e demonstrar misericórdia diante da lei transgredida é destruir a ordem e criar o caos. A misericórdia é qualidade que não pode esquecer ou negligenciar o princípio da lei; não sendo uma atitude universal em todos os casos de lei transgredida, mostra-se destruidora da ordem.

Há tempos atrás, fui detido na estrada por excesso de velocidade numa zona em que havia limite para ela, e no tribunal de tráfego declarei-me culpado. O juiz se mostrou não apenas amigo, mas ficou até bastante embaraçado por estar eu em sua presença, como faltoso. A multa foi de dez dólares, e se ele me tivesse deixado ir sem a pagar, teria sido incoerente com a justiça. A penalidade tinha de ser paga, por mim ou por outra pessoa!

O julgamento é coerente com o amor. Um Deus de amor deve ser um Deus de justiça. É por amar que Deus é justo. Sua justiça põe na balança Seu amor e torna significativos Seus atos, tanto de amor quanto de justiça. Deus não poderia amar coerentemente os homens, se não proporcionasse o julgamento dos pecadores. Sua punição ao pecador e a separação que faz dos justos é manifestação do grande amor divino. Devemos sempre olhar a cruz no negro pano de fundo do julgamento. Foi devido ao amor de Deus pelo homem ser tão intenso que Ele deu Seu Filho, de modo que o homem não tivesse de enfrentar o julgamento.

O julgamento é necessário como incentivo da consciência. O homem necessita do incentivo da recompensa pelo bem e da ameaça do castigo como elemento dissuasório contra o mal. Na composição atual de sua natureza moral, o castigo é um “aguilhão” necessário à sua consciência. O homem precisa dessa ameaça e de seu aviso, para evitar fazer o mal. Pode não ser esse o motivo mais elevado para que façamos o bem, mas mostra-se necessário diante das imperfeições que têm existido na natureza moral do homem, desde o Jardim do Éden.

Devemos ver o homem como ele é, não como devia ser, e pregar as nossas opiniões de justiça, misericórdia, amor e julgamento sobre o caráter de Deus e a natureza imperfeita atual do homem. O “ideal absoluto” não existe, a não ser na fantasia irracional do filósofo moderno que tece suas teorias filosóficas sem levar em consideração a revelação bíblica de Deus e da doença espiritual do homem.

Suponhamos que em algum país não houvesse forças policiais. O caos se instalaria da noite para o dia. Suponhamos, também, que não houvesse tribunais para corrigir os errados. Em que barafunda ficaria tal país! Ninguém estaria a salvo, em lugar nenhum. Em algumas cidades as pessoas não se encontram a salvo, a despeito da proteção policial, e em algumas ruas até os policiais correm perigo. E de quando em vez até mesmo um policial é preso por ter infringido a lei. As paixões más dos homens, mesmo com os dispositivos de aplicação da lei, são restringidas de leve apenas. Os jornais dão testemunho constante disso, com os seus relatos sobre atividades criminosas.

 

O  ÚLTIMO  GRANDE  CONFLITO

A Bíblia ensina que o homem é tão rebelde contra as leis de Deus que, algum dia, reunirá seus exércitos contra o próprio Deus. Será esse o último grande conflito, Armagedom. “Então os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom” (Apocalipse 16:16). Será essa a guerra final, com o último esforço convulsivo do homem caído contra a lei de Deus. Qual será a resposta de Deus? Uma demonstração de misericórdia? Uma exibição de tolerância? Não! Será o julgamento.

A alternativa da misericórdia, desprezada e rejeitada, é o julgamento. Deus ofereceu o Seu amor e misericórdia e perdão ao homem e da cruz Deus disse ao mundo todo: “Eu vos amo.” No entanto, quando aquele amor se vê deliberadamente rejeitado, a única alternativa é o julgamento.

 

OS  JUÍZOS  DIFERENTES

Contrariamente à opinião popular, a Bíblia nada diz respeito de um julgamento geral em que todos os homens apareçam diante de Deus ao mesmo tempo. A Bíblia relaciona uma série de julgamentos diferentes e assim, por exemplo, há um que se fará dos retos no trono de julgamento de Cristo (II Coríntios 5:10), outro que será o julgamento das nações (Mateus 25:31-46), e também um julgamento dos mortos iníquos no grande trono branco (Apocalipse 20:11-13). Tais julgamentos de assuntos diferentes em momentos diversos e para fins distintos formam o quadro composto de juízo, nos acontecimentos revelados pelas Escrituras proféticas.

 

O  JUÍZO  DO  PECADO

Este julgamento se efetuou na cruz. Diz a Escritura: “Àquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (II Coríntios 5:21). Devido a isso, a Escritura ensina: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Romanos 8:1). Em outras palavras, o julgamento do pecado que eu merecia já foi emitido. Cristo tomou meu julgamento sobre a cruz. Todas as exigências da lei foram satisfeitas, na oferta que Cristo fez de Si Próprio pelos pecados. “Mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos” (Isaías 53:6). “Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (I Pedro 2:24). “Jesus… tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus” (Hebreus 10:12).

A lei dissera: “O salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23), e “A alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18:4). Eu mereci julgamento e inferno, mas Cristo tomou aquele julgamento e inferno por mim, e Ele mesmo declarou: “Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (João 5:24). Nenhuma outra afirmação poderia ser mais clara, no sentido de que o verdadeiro crente em Jesus Cristo não entrará em julgamento. Esse julgamento já passou. “Lançaste para trás de ti todos os meus pecados” (Isaías 38:17). Deus disse mais, por intermédio de Jeremias, o profeta: “Dos seus pecados jamais me lembrarei” (Jeremias 31:34).

Jamais compreenderemos a grandeza do amor de Deus em Cristo na cruz, até compreendermos que não teremos em tempo algum de apresentar-nos ao julgamento de Deus por nossos pecados. Cristo tirou os nossos pecados, terminou a obra de redenção. Não estou salvo por quaisquer obras ou méritos meus. Já preguei a milhares de pessoas em todos os continentes, mas não irei para o céu por ser pregador. Irei para o céu inteiramente pelo mérito da obra de Cristo. Jamais me apresentarei no tribunal de julgamento de Deus, pois isso já ficou para trás.

Certa feita, quando atravessava o Atlântico Norte, olhei pelo portaló do navio ao acordar de manhã, e vi uma das nuvens mais escuras que já tinha visto até então. Tinha a certeza de que estávamos rumando para uma tempestade terrível, e pedi que mandassem meu café para o camarote e falei com o camareiro sobre aquela borrasca. Foi quando ele me disse:

– Ora, já atravessamos aquela tempestade. Ela ficou para trás de nossa rota.

Se somos crentes em Jesus Cristo, já passamos pela borrasca do julgamento, e isso aconteceu na cruz.

 

O  JUÍZO  DO  CRENTE

Pelo que eu disse antes, isso parece uma contradição. Não se trata de julgamento no sentido de condenação, mas de avaliação e medida. Trata-se de ocasião em que Cristo dará recompensas aos Seus. “Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito, por meio do corpo” (II Coríntios 5:10).

Embora o verdadeiro crente em Cristo não possa trabalhar por sua salvação, pois “não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:9) e porque “não por obras de justiça, praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, Ele nos salvou” (Tito 3:5), ainda assim pode trabalhar por uma recompensa. Diz a Escritura:

“Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo. Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, manifesta se tornará a obra de cada um; pois o dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará. Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse receberá galardão; se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será alvo, todavia, como que através do fogo” (I Coríntios 3:11-15).

Qualquer obra feita por um seguidor de Cristo para a glória de Deus é “ouro, prata, pedras preciosas”, mas se qualquer seguidor de Cristo trabalhar com qualquer interesse próprio ou ambição pessoal, será “madeira, feno, palha”, e se queimará.

Não é uma questão de salvação, mas de “obras” depois da salvação. Nessas passagens, o crente em Cristo é representado como construindo uma superestrutura de serviço ou obras que deverão ser postas à prova pelo fogo. Assim é que cada professor de escola dominical, cada conselheiro da mocidade, cada trabalhador social, cada eclesiástico, cada cristão, irá passar pelo fogo que porá à prova a obra de cada crente.

O Apóstolo Paulo se mostrava constantemente preocupado em ser “aprovado” por Deus (II Coríntios 10:18). Não estava preocupado com sua salvação pessoal, pois isso ficara estabelecido na cruz. Receava, no entanto, que suas obras pudessem ser desaprovadas, caso não fosse extremamente cuidadoso no modo pelo qual trabalhava para Deus.

Os crentes em Cristo receberão uma recompensa nesse trono de julgamento de Cristo, e a mesma é mencionada às vezes nas Escrituras como um “prêmio” (I Coríntios 9:24). De outras é chamada uma “coroa” (I Coríntios 9:25; Filipenses 4:1; I Tessalonicenses 2:19). Os crentes em Cristo nada devem a Deus em pagamento pela salvação, que é conferida como dádiva, mas devem a Deus uma vida de devoção e serviço integrais. Até um copo de água dado em nome de Cristo não passará sem recompensa, o que se torna um incentivo a que amemos o próximo e lhe demonstremos esse amor, partilhando em seus problemas e necessidades.

Quando uma mulher em Nova York teve seu filho na rua e gritou, pedindo socorro, inúmeras pessoas passaram por ela sem atender, sem ao menos chamar um médico ou a polícia. Disseram que não queriam envolver-se naquilo. Um daqueles que não quiseram envolver-se era cristão professo, que mais tarde sentiu tamanho remorso e condenação, que foi a seu pastor, chorando, contar seu pecado. Certamente, naquele dia, esse homem perdeu uma recompensa.

 

O  JUÍZO  DO  GRANDE  TRONO  BRANCO

O seguinte está registrado em Apocalipse 20:11-13, onde o Apóstolo João afirma:

“Vi um grande trono branco e aquele que nele assenta, de cuja presença fugiram a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. Vi também os mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então se abriram livros. Ainda outro livro, o livro da vida, foi aberto. E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros. Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, um por um, segundo as suas obras.”

É esse o julgamento para o qual se encaminham todas as pessoas fora de Cristo. A data já foi marcada por Deus e todos os homens, de todas as raças e nacionalidades, tanto passadas quanto atuais, se encontrarão presentes. Será o dia para o qual todos os demais dias foram feitos. Podemos marcar e desmarcar encontros em nossas vidas, mas esse encontro será efetuado. Os céticos e zombadores modernos acharão ridícula a idéia de um julgamento vindouro. Riram da previsão que Noé fizera quanto ao dilúvio, riram de Jeremias quando predisse a destruição de Jerusalém. Riram de Ló quando avisou aos homens de Sodoma que Deus ia derramar fogo e enxofre, riram de Amós quando preveniu Israel sobre o juízo que vinha. Mas todos esses julgamentos se concretizaram. “Deus … agora, porém, notifica aos homens que todos em toda parte se arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça” (Atos 17:30, 31).

Naquele dia, os “Livros” serão abertos, e lá estarão os dados da vida de cada homem, do berço ao túmulo.

Na Capela de São Jorge, na Abadia de Westminster em Londres, encontra-se um monumento da Segunda Guerra Mundial, que consiste em quatro volumes encadernados, contendo os nomes dos sessenta mil civis mortos por ação inimiga na cidade de Londres. Um volume fica aberto no santuário, e um feixe de luz ilumina os nomes registrados nas páginas abertas. Cada dia volta-se uma página.

Assim é que os nomes daqueles que foram ricos ou pobres, donos de títulos ou cidadãos comuns, jovens ou velhos, sadios ou doentes, capacitados ou incapacitados, famosos ou infames, estarão juntos para serem revelados à luz, para que todos vejam nas páginas guardadas por Deus. É um livro de morte, e que momento terrível será para milhões de pessoas, quando os “Livros” forem abertos!

O Dr. Wilbur Penfield, diretor do Instituto Neurológico de Montreal, declarou em relatório feito ao Instituto Smithsoniano: “Nosso cérebro contém um registro permanente de nosso passado que se mostra como uma fita única e contínua de película cinematográfica, dotada de faixa sonora. Essa filmoteca registra toda nossa vida consciente, a partir da infância. Podemos reviver essas cenas do passado, uma de cada vez, quando o cirurgião aplica uma fraca corrente elétrica a certo ponto no córtice temporal de nosso cérebro.”

O relatório prossegue, dizendo que à medida que revivamos as cenas do passado, sentiremos exatamente as mesmas emoções que sentimos durante o seu acontecimento. Pode ser que a raça humana seja confrontada com esse registro irrefutável na barra do julgamento de Deus, quando “Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens” (Romanos 2:16).

Encontramos muitos avisos nas Escrituras a respeito do grande dia que virá, o do juízo final. Será o dia profetizado em Provérbios 1:24-31:

“Mas, porque clamei, e vós recusastes; porque estendi a minha mão, e não houve quem atendesse; antes rejeitastes todo o meu conselho, e não quisestes a minha repreensão; também eu me rirei na vossa desventura, e, em vindo o vosso terror, eu zombarei, em vindo o vosso terror como a tempestade, em vindo a vossa perdição como o redemoinho, quando vos chegar o aperto e a angústia. Então me invocarão, mas eu não responderei; procurar-me-ão, porém não me hão de achar. Porquanto aborreceram o conhecimento, e não preferiram o temor do Senhor; não quiseram o meu conselho e desprezaram toda minha repreensão. Portanto comerão do fruto do seu procedimento e dos seus próprios conselhos se fartarão.”

Naquele grande dia, os homens pedirão misericórdia a Deus, mas será tarde demais. Naquele dia, os homens procurarão Deus, mas não O poderão encontrar. Será tarde demais.

Trata-se do dia a que Jesus se referiu, no Sermão da Montanha, quando disse: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade” (Mateus 7:21-23).

Haverá, até mesmo, gente que fez o trabalho do Senhor. Estarão ocupados na igreja, e fizeram muitos trabalhos maravilhosos, mas o próprio Jesus diz: “Nunca vos conheci.” Que coisa terrível! Eles achavam que suas próprias boas obras os salvariam. Deveríamos ter sempre presente que algum dia Jesus Cristo será o Juiz. “O Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo o julgamento” (João 5:22).

Quando era jovem, o juiz Warren Candler advogava, e um de seus clientes foi acusado de assassinato. O jovem advogado fez tudo quanto pode para eximi-lo da acusação. Havia algumas circunstâncias atenuantes, e ele se valeu delas tanto quanto foi possível diante do júri. Além disso, achavam-se presentes no tribunal os idosos progenitores do acusado e o jovem advogado apelou para os sentimentos e moções dos jurados, fazendo freqüentes referências àquele casal idoso e temente a Deus.

A seu tempo, os jurados se retiraram para decidir, e tendo alcançado um veredicto voltaram a seus postos. O veredicto era de inocência para o acusado, e o jovem defensor, que também era cristão, teve uma conversa muito séria com o cliente, a quem preveniu para que se mantivesse fora dos maus caminhos e confiasse no poder de Deus a fim de se manter em trilha certa.

Passaram-se os anos, e novamente o homem foi levado à barra do tribunal, também sob acusação de homicídio. O advogado que o defendera no primeiro julgamento achava-se, dessa feita, no lugar de juiz, e à conclusão dos trabalhos os jurados apresentaram o veredicto – “Culpado”.

Ordenando que o condenado se pusesse de pé para ouvir a sentença, o juiz Candler disse:

– Em seu primeiro julgamento, fui seu advogado; hoje, sou seu juiz. O veredicto dos jurados torna obrigatório que o condene à forca.

Hoje, Cristo é nosso Advogado, nosso Salvador, desejando perdoar, limpar e esquecer. No entanto, estamos marchando para um dia terrível, no qual Ele será nosso Juiz.

Extraído do livro “MUNDO  EM  CHAMAS”, BILLY GRAHAM

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