A palavra “Sabbat” é uma palavra hebraica que significa interrupção, cessação, repouso. Encontra-se mencionada pela primeira vez no Êxodo 16:23. Através da Bíblia a menção do sábado é sempre feita em relação com a história e os hábitos do povo de Israel (Êxodo 31:13; Levítico 23:3, Isaias 58; Ezequiel 20:12, etc.).
Eis o que a Bíblia diz a esse respeito:
- No Êxodo 31:13-17 e Ezequiel 20:12. o Senhor falando aos filhos de Israel, declara que o sábado, assim celebrado, é um sinal “entre Mim e vós”.
Não há qualquer confusão possível: o Senhor menciona o Seu povo e somente ele, em contraste e exclusão dos outros povos: “Agora pois, se diligentemente ouvirdes a Minha voz, e guardardes a Minha aliança, então sereis a Minha propriedade peculiar de entre todos os povos” (Êxodo 19:5). “O Senhor não tomou prazer em vós, nem vos escolheu porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós, éreis menos em número do que todos os povos: Mas porque o Senhor vos amava, e para guardar o juramento que jurara a vossos pais, o Senhor vos tirou com a mão forte e vos resgatou da casa da servidão da mão de Faraó, rei do Egito” (Deuteronômio 7:7-8).
A celebração do sábado é, pois, um sinal entre Deus e o Seu antigo povo, o sinal da lei de Deus dada a Israel; profanar o sábado ocasionava a pena de morte (Números 15:32-36).
- O sábado e a sua observância são parte integrante dos mandamentos dados apenas a Israel. — Êxodo 20:1-17.
E a não observância de um só dos mandamentos, tornava o homem culpável como se os tivesse violado todos “porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, torna-se culpado de todos”. (Tiago 2:10). Assim, a completa observância do sábado, se tivesse sido possível, tornava-se inútil pela violação de um só dos mandamentos.
- A observação da lei e, por conseguinte, do sábado, não aproxima o homem de Deus, mas encerra-o no pecado.
“Porque Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos usar de misericórdia”. (Romanos 11:32). A lei não só manifesta a santidade de Deus no que Ele quer dos homens, mas a total culpabilidade e incapacidade do homem perante o que Deus quer dele. “Por isso nenhuma carne será justificada diante dEle pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado. Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas”. (Romanos 3:20-21).
- E é assim que o apóstolo Paulo, falando da lei, a descreve como sendo a letra que mata e um ministério de condenação. (2 Coríntios 3:4-11).
A lei, quando fala, condena o homem, e condena-o a morrer. “Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus” (Romanos 3:19).
- Em Gálatas 3:10 e Romanos 4:15, o apóstolo Paulo declara que o querer praticar a lei coloca o homem sob a maldição e sob a cólera de Deus.
O homem decaiu de tal modo que, pretender poder fazer o que Deus pediu a Israel, é um pecado de orgulho que atrai sobre si a cólera de Deus. Hoje, os que pretendem isso fazem exatamente o que fez Israel ao princípio quando, diante da montanha toda fumegante da santidade de Deus, ousou dizer: “Tudo o que o Senhor tem falado, faremos” (Êxodo 19:8). E foi naquele momento que Israel escolheu a lei, e selou a sua condenação.
- Para que serve, pois, a lei para Israel? Em Gálatas 3:24, é-nos dito que Deus a empregou como um aio para ensinar Israel e conduzi-lo a Cristo.
Desde que um judeu acreditasse em Cristo, ele saía da escola da lei e estava livre dela para sempre, mas somente depois de ter reconhecido a sua incapacidade diante da lei, a sua culpabilidade diante de Deus, a sua falta de mérito e de toda a esperança fora de Jesus Cristo. “Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o Seu Filho em semelhança da carne do pecado, condenou o pecado na carne, para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito’’. (Romanos 8:3-4).
Mas o apóstolo Paulo diz ainda (Gálatas 4:2), que a lei era parecida com um tutor cuja presença era necessária até ao tempo marcado pelo Pai, e este tempo foi cumprido quando Deus enviou Seu Filho nascido duma mulher, nascido sob a lei, a fim de resgatar o homem que estava sob a lei, e mais ainda, a fim de o adotar como Seu filho, por graça. Ele acrescenta: “E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de Seu Filho, que clama: Abba, Pai. Assim que já não és mais servo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo”. (Gálatas 4:4-7). E adiante, ele diz que a lei produz escravos, enquanto que a graça produz filhos livres e felizes, filhos e herdeiros das promessas de Deus (versículos 21-31). E falando da lei o apóstolo acrescenta: Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão. (Gálatas 5:1).
- A lei torna escravo e guarda o homem na escravidão, mas a graça fá-lo de lá sair e trá-lo à liberdade gloriosa dos filhos de Deus em Jesus Cristo.
É de toda a importância compreender bem que não somente o homem não pode observar a lei, — nem o sábado nem nenhum dos outros mandamentos, — mas que, querendo fazê-lo, ele se coloca sob a maldição. (Romanos 3:19-20; 8:3). Ele se põe sob o poder da carne, porque a lei excita a carne. (Gálatas 3:2-3). Em compensação a graça justifica-o da sua culpabilidade e proclama que a lei está satisfeita porque Cristo a cumpriu. Ela dá-lhe uma salvação perfeita e presente: Jesus Cristo Ele próprio habita nele. (João 14:19-24).
- Querer guardar a lei e, por conseguinte, o sábado, é mostrar-se desprovido de senso.
É pôr-se sob uma persuasão que não vem de Deus. (Gálatas 5:8), é decair da graça (Gálatas 5:4), é a negação da fé (Gálatas 3:5), é desobedecer à verdade, tal como ela é em Cristo (Gálatas 5:7), é um pouco de fermento que faz levedar toda a massa (Gálatas 5:9), é deixar-se perturbar por um espírito que não vem de Deus (Gálatas 5:10). Querer observar a lei, guardar o sábado, é procurar estabelecer a sua própria justiça; é ter para Deus “um zelo sem inteligência” e é provar que não se conhece a justiça de Deus que tem sido manifestada sem a lei, pela fé em Jesus Cristo para todos os que creem. (Romanos 3:21-22; 10:1-4). E eis o que ainda é mais grave: Querer guardar o sábado ou a lei é renegar a plena suficiência de Cristo, consertar o véu rasgado e pôr-se sob anátema. (Gálatas 1:6-9; 3:1; 5:2).
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Fonte: Livro – Cristianismo ou Sabatismo? – H. E Alexander