Quase todos os presidentes dos Estados Unidos, nos anos mais recentes, apresentaram um slogan para caracterizar os objetivos de sua administração. Todos esses slogans estenderam ao povo novas esperanças e a antecipação de uma vida melhor no futuro imediato. Com Franklin D. Roosevelt, foi “A Nova Distribuição” (The New Deal); com Harry Truman, tivemos “A Distribuição Justa” (The Fair Deal); com John F. Kennedy, foi “A Nova Fronteira” (The New Frontier), e com Lyndon Johnson temos agora “A Grande Sociedade” (The Great Society).
A despeito das nuvens carregadas que pairam no horizonte, o homem se prepara hoje para um futuro fabuloso. As fronteiras se transferiram da terra para o espaço exterior, do solo para o ar, e do cavalo-vapor para a energia nuclear. Progressos científicos notáveis nos estão rapidamente conduzindo a uma era de maravilhas científicas sem paralelo.
As projeções imaginadas desse futuro fabuloso teriam feito Franklin D. Roosevelt vacilar. Dizem que o futuro pertence ao cientista, que no campo dos transportes o tempo se reduzirá a quase nada, à medida que naves-foguete transportarão viajantes de Nova York a Londres em menos de uma hora. Viveremos em casas feitas de plástico, completamente abertas ao ar livre e aquecidas pela energia solar. A elaboração dos alimentos trará iguarias delicadas de todas as partes do mundo, e os progressos no setor das comunicações proporcionarão telefones eletrônicos que transportaremos em nossos bolsos. Os jornais serão tiras largas que irão saindo de uma máquina de telefoto, chegando a nossos lares pela televisão.
O planejamento desse futuro fabuloso, no entanto, apresenta uma falha fatal! É materialista, secular e humanista e não leva em conta a doença moral do homem, tendo deixado pouco lugar para Deus! Os planejadores não puseram em seus cálculos as palavras de Jesus: “Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mateus, 4:4). Hoje em dia, o homem come continuamente da árvore do conhecimento, sem provas da árvore da vida, e acha-se ainda sob a ilusão satânica de que se tornará igual a Deus.
Baseamos nossas esperanças quanto a esse futuro fabuloso em nosso processo educativo atual, progressivo e científico. O falecido juiz Robert Jackson afirmou: “Um dos paradoxos de nossa época está em que a sociedade moderna só tem a recear… o homem educado”1 O motivo desse medo está no fato de que nos estamos desenvolvendo mentalmente, sem uma moralidade correspondente.
O PERIGO INTERNO
Disse o Presidente Theodore Roosevelt: “Quando educamos um homem intelectual e não moralmente, preparamos uma ameaça à sociedade.”
A ciência está aprendendo a controlar tudo, menos o homem. Ainda não resolvemos os problemas do ódio, cobiça, concupiscência e preconceito, que produzem a injustiça social, a luta racial e finalmente a guerra. Assim é que esse futuro fabuloso se vê ameaçado por muitos perigos, tais como a destruição nuclear, que adeja como a espada de Dâmocles sobre nossas cabeças.
O maior perigo de todos, entretanto, é interno. Todas as outras civilizações anteriores entraram em desintegração e colapso devido a forças internas, e não pela conquista militar. A Roma Antiga constitui exemplo notável da queda de uma civilização. Embora sua desintegração fosse acelerada pelas invasões estrangeiras, na opinião de Arthur Weigall, arqueólogo de renome mundial, entrou em colapso “somente depois que o suborno e a corrupção campearam durante gerações seguidas”. A Grande Muralha da China, que levou mil e duzentos anos para ser construída, não caiu, pois não precisava cair. Três vezes o inimigo passou por seus portões, graças ao simples expediente de subornar os guardas.
Por mais adiantada que esteja em seu progresso, qualquer geração que negligencie sua vida espiritual e moral se desintegrará. Esta é a história do homem e este é o nosso problema moderno.
O cristão acredita num futuro fabuloso, ainda que a estrutura atual da sociedade moderna deva desaparecer e todo o seu progresso se veja varrido pela autodestruição, em conseqüência do fracasso e da loucura do homem.
Existe certo sentido no qual o Reino de Deus já está aqui, na presença viva de Cristo nos corações de todos os verdadeiros crentes. Existe, também, no entanto, a consumação final de todas as coisas, a que se chama o Reino de Deus. É esse o futuro fabuloso! Será um futuro no qual não existirão guerras, nem pobreza. Existirão relações humanas felizes e pacíficas, ampla e completa oportunidade de explorarmos todas as nossas capacidades. Haverá um estado de reconciliação completa entre o homem e Deus, entre uma raça e outra, entre uma e outra nação.
A INTERVENÇÃO DE DEUS
O futuro fabuloso pelo qual nós, os cristãos, estamos esperando não será o prosseguimento natural da história humana. Não advirá de estruturação política, nem será o resultado da educação ou da ciência sozinhas. Nascerá do estabelecimento do Reino de Deus, pela intervenção direta de Deus!
Existe grande preocupação nas igrejas quanto à aplicação dos princípios de Jesus Cristo à ordem social, em termos de um evangelho social, e acham que vale a pena tentar levar a democracia um pouco mais para perto do ideal do Reino de Deus sobre a terra. Acredito convictamente na aplicação do Evangelho à ordem social, pois o Evangelho deve falar às preocupações sociais de nossos dias. Em muitos respeitos as melhores aspirações da vida moderna são um subproduto da fé cristã, mas aos seus objetivos utópicos faltam os meios de realização, porque não levam em conta o coração humano irregenerado. Na verdade, muitas vezes buscam uma utopia na terra, não deixando lugar para Deus ou para a satisfação das exigências espirituais. Até o clamor pela justiça social, que é uma preocupação bíblica, parece hoje visar a uma sociedade de ideal, de pecadores altamente privilegiados, que mantêm Deus à distância.
Mas quando o Reino de Deus for estabelecido, não o será mediante reformas sociais, princípios democráticos ou realizações científicas apenas. Será estabelecido pela mão de Deus em meio às ruínas de nossas instituições sociais e governamentais. Esse estabelecimento é descrito em muitos lugares na Bíblia e uma das ocasiões onde surge com maior clareza é na profecia de Daniel, que viu a culminação do Reino de Deus sobre a terra como ato de Deus e acontecimento originado no céu.
Daniel viu “quando uma pedra foi cortada sem auxílio de mãos, feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou. Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a palha das eiras no estio, e o vento os levou, e deles não se viram mais vestígios. Mas a pedra, que feriu a estátua, se tornou em grande montanha que encheu toda a terra” (Daniel 2:34-35).
Essa grande imagem representa as nações do mundo, e foi esmagada por uma pedra, o que simboliza o estabelecimento do Reino de Deus “sem intervirem mãos” e vindo do céu. É coisa de feitura de Deus, e não humana.
O motivo para esse estabelecimento divino da fase final da história está na natureza da própria história. Esta não está dotada dos fatores e forças que podem produzir um final glorioso. A história não traz a sua própria realização feliz. A equação humana mostra-se por demais evidente: o homem está por demais inclinado à depravação. Isto não quer dizer que Deus não apresente propósito na história entre a queda do homem e a segunda vinda de Jesus Cristo. O Seu fito é reconciliar o homem Consigo: “A saber, que Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo” (II Coríntios 5:19). Desse modo, a mensagem de todos os verdadeiros cristãos a seus semelhantes é: “rogamos que vos reconcilieis com Deus” (II Coríntios 5:20). Todos os planos de Deus, bem como seus propósitos, centralizam-se em Seu Filho Jesus Cristo. Embora Deus governe e ordene a história, o centro de Suas atividades não está na história secular per se, que se acha condenada por sua revolta espiritual contra o Senhor da história.
O entrecho da Bíblia é a história do homem em disputa com Deus. Os homens individuais nascem no pecado e alheados de Deus. As nações acham-se em disputa com Deus, e sua glória está em ruínas espalhadas pelos caminhos da história. O seu final será uma assembléia gigantesca de nações, não para criar assim o estado perfeito, mas para receber o julgamento de Deus pela verdade rejeitada. “Pois todas as nações têm bebido do vinho do furor da sua prostituição” (Apocalipse 18:3). Jesus ensinou: “E todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas” (Mateus 25:32). “As nações se enfureceram; chegou, porém, a tua ira… para serem julgados” (Apocalipse 11:18). De acordo com as Escrituras, o mundo caminha para o julgamento.
Em parte nenhuma a Bíblia ensina que a igreja virá finalmente a converter todo o mundo a Jesus Cristo. Jamais houve na história uma geração, e jamais haverá, na qual a maioria das pessoas acredite em Cristo. As estatísticas mostram que a igreja está perdendo com rapidez, na explosão demográfica. De dia para dia, diminui a percentagem de cristãos na população mundial.
AQUELE GRANDE DIA
Por toda a Bíblia encontramos uma expressão usada muitas vezes por seus escritores, que se referem “aquele dia”, ou “o dia”, ou “os últimos dias”. Quando as forças aliadas invadiram a Normandia, chamaram àquela data o “Dia D”, e quando o Japão se rendeu ás forças norte-americanas chamou-se ao dia de “Dia VJ”.
Os escritores da Bíblia tiniam em vista um dia de culminação ao qual chamaram “aquele dia”. Os primeiros cristãos do Novo Testamento falavam constantemente a respeito de “aquele dia”, e por ele ansiavam. O Apóstolo Paulo, por exemplo, afirma: “Porque sei em quem tenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia” (II Timóteo 1:12). O Apóstolo estava dizendo que todos os seus pecados passados haviam sido perdoados devido a Cristo e que Deus podia mantê-lo até algum dia máximo no futuro.
Na segunda epístola a Timóteo (418) o Apóstolo, referindo-se às coroas e recompensas que os cristãos receberão no futuro por sua fidelidade, disse: “Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia.”
Que espécie de dia estavam mencionando e aguardando? Que dia é esse na história, do qual toda a Bíblia fala e ao qual quase todo escritor do Novo Testamento se refere? Que “Dia D” é esse da Santa Escritura? O que é essa “Hora H” prometida ao cristão pela Bíblia e sobre a qual ela alerta o pecador?
Os nossos dirigentes políticos constantemente nos alertam sobre o perigo de que irrompa a Terceira Guerra Mundial, com sua destruição nuclear apavorante. Será a possibilidade de uma guerra de destruição total o que os escritores do Novo Testamento tinham presente quando falavam de “aquele dia”? Não, de modo algum. Para eles o “Dia D” e a “Hora H” significavam a segunda e gloriosa vinda de Jesus Cristo à terra.
Diz a Escritura:
“E a vós outros que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia” (II Tessalonicenses 1:7-10).
Isto não dá a entender que a educação e a ciência estejam marchando para o triunfo. Na verdade, a Bíblia ensina exatamente o oposto, que o mundo está rumando para a destruição e o julgamento, mas que das ruínas Deus estabelecerá a Utopia.
O próprio Jesus disse: “Pois assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assina será também a vinda do Filho do homem” (Mateus, 24:37-39).
Decerto ninguém afirmaria que o mundo se tenha convertido nos dias de Noé. No entanto, assim como foi naquela época, será quando Cristo voltar.
O Apóstolo Paulo escreveu ao jovem Timóteo a respeito daqueles últimos dias, dizendo:
“Sabe, porém, isto: Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis; pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, antes amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes” (II Timóteo 3:1-5).
Aqui encontramos uma descrição explícita do estado de coisas imediatamente anterior à vinda de Cristo. Nada existe nessas passagens que indique que o Reino de Deus virá ao mundo por causas naturais.
Muitas pessoas se confundem tomando passagens isoladas, tirando-as de seu contexto e citando-as. Como exemplo, temos: “Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e as extremidades da terra por tua possessão” (Salmos, 2:8). Ou então encontramos, em Isaías 11:6-9: “O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará … porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar.”
Um exame cuidadoso das profecias acima, e outras semelhantes, feito no contexto geral onde se encontram, revelará que o seu cumprimento será acompanhado de julgamentos terríveis. Como exemplo, as coisas profetizadas no Salmo 2:8 são introduzidas no verso seguinte desta maneira: “Com vara de ferro as regerás, e as despedaçarás como um vaso de oleiro.” O contexto de Isaías 11:6-9 indica o mesmo: “Mas julgará com justiça os pobres, e decidirá com eqüidade a favor dos mansos da terra; ferirá a terra com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará o perverso” (Isaías 11:4).
Autores seculares têm-se referido ao fracasso final do homem, e no prefácio à sua História da Europa, H. A. L. Fisher escreveu: “Homens mais sábios e doutos do que eu perceberam na história uma trama, um ritmo, uma configuração predeterminada. Tais harmonias acham-se ocultas para mim, que só consigo ver uma emergência sucedendo a outra, como a onda sucede a onda.”
T. S. Eliot exprimiu o mesmo, de modo diferente, em seu poema The Hollow Men (Os Homens Insinceros):
É assim que termina o mundo,
É assim que termina o mundo,
Não com estouro, mas em lamúria.2
(This is the way the world ends,
This is the way the world ends,
Not with a bang but a whimper.)
Esses homens tinham razão, mas estavam também inteiramente equivocados! Tudo virá, mas como disse John Baillie: “Não por qualquer estrada comprida, não por qualquer processo indolor de educação, não por qualquer evolução natural, não por qualquer progresso gradual e fácil. Todos os fatos desmentem esses sonhos utópicos.”3
O sistema mundial do mal, como o conhecemos, vai chegar a um final dramático, mas não se trata de “o fim”. Os anseios e sonhos da humanidade serão atingidos quando Deus estabelecer Seu reinado glorioso na terra para o deleite da humanidade. Muitos estudantes da Bíblia e da história acreditam que tenhamos agora entrado na fase final da história humana pelo ato de desarmonia entre o homem e Deus.
No interesse de sua própria preservação, diz a Carta das Nações Unidas no preâmbulo: “Nós, os povos, decididos a afastar das próximas gerações a guerra…” Podem as Nações Unidas afastar o mundo das guerras? A resposta é: Não! Aquela afirmação foi concebida e criada por estadistas com pouco conhecimento do significado do conceito bíblico da história e da natureza humana. Quando a perspectiva é errada, todo o ponto de vista é errado. Quando a premissa está errada, a conclusão será loucura. Dei meu apoio às Nações Unidas porque essa organização oferecia alguma esperança, ao menos, de resolver alguns problemas e adiar algumas hostilidades maiores. Trata-se da melhor tentativa feita pelo homem no curso de diversas gerações, mas a equação humana continua presente. O problema básico não foi sequer tocado. Não se pode construir uma superestrutura sobre alicerces rachados. A superestrutura das Nações Unidas, em seu reluzente edifício do East River, na cidade de Nova York, foi construída sobre os alicerces rachados da natureza humana e, quando muito, serve como um expediente temporário.
Há muitos séculos, todas as formas de governo, desde a administração familiar e tribal, até a ditadura despótica e a democracia, vêm sendo experimentadas. Nenhuma delas conseguiu estabelecer a retidão, a justiça e a paz, os três elementos sem os quais jamais poderemos ter prosperidade nacional contínua ou paz internacional.
Os Estados Unidos foram talvez a experiência mais bem sucedida da história, e o sonho norte-americano foi uma tentativa gloriosa. Fundava-se em alicerces religiosos e seus primeiros conceitos vinham da Sagrada Escritura. Deus honrou e abençoou os Estados Unidos como a poucas outras nações na história humana. Nos últimos anos, entretanto, a nação tem-se afastado da sua tradição religiosa, e quer o saiba ou não, está em grandes dificuldades tanto interna quanto externamente.
O coração pecaminoso, orgulhoso e rebelde do homem jamais poderá, com sua constituição atual, reunir inteligência bastante para salvar o sistema mundial atual. Podemos passar à ação dilatória por meio de nossas organizações internacionais e o desarmamento, mas não conseguiremos a paz duradoura. O próprio Jesus disse que haveria guerras até o fim dos tempos e indicou que essas guerras se tornariam cada vez maiores e mais intensas, à medida que “o fim” se aproximasse.
Caim não viveu pelo desígnio de Deus, mas pela lei da presa e da garra, e estamos seguindo hoje o seu estilo. A civilização nasceu fora do Éden, no ceticismo e imoralidade de um homem que era voluntarioso e preferiu seguir suas próprias paixões e razão, e não a revelação feita por Deus. Foram esse homem e esse estado de espírito que produziram a civilização sem Deus. E, embora tenhamos substituído por formas de vida muito mais elevadas aquele primitivismo, e embora tenhamos estabelecido níveis muito mais elevados de civilização, ainda estamos construindo com tijolos sem argamassa. Ainda estamos num rumo que nos afasta de Deus.
DEUS NÃO ESTÁ AUSENTE
Quando o cristão, de Bíblia na mão, examina o cenário mundial, percebe que não adoramos um Deus ausente e que Deus se acha nas sombras da história e que Ele tem um plano. O cristão não se perturba com o caos, a violência, o atrito, o derramamento de sangue e a ameaça de guerra que enchem as páginas de nossos jornais. Sabemos que essas coisas são conseqüência do pecado e da cobiça do homem, e se estivessem acontecendo outras coisas, teríamos dúvidas quanto à Bíblia. Todos os dias temos milhares de provas do cumprimento das profecias bíblicas, e sempre que leio meu jornal digo a mim mesmo: “A Bíblia tem razão.”
Por mais pressagiado que seja o futuro, o cristão conhece o final do enredo da história. Estamos caminhando para um clímax glorioso, e todos os escritores do Novo Testamento acreditam em que “o melhor está ainda por vir”.
Como disse John Baillie, “a Bíblia mostra que o futuro se acha nas mãos de Deus. Se estivesse nas nossas, faríamos tremenda confusão. O futuro não está nas mãos do demônio, pois nesse caso ele nos levaria à destruição. O futuro não está à mercê de qualquer determinismo histórico que nos leve cegamente à frente, pois nesse caso a vida seria destituída de sentido. Mas o futuro se acha em mãos daquele que está preparando algo que ‘nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano’.”
Disse o salmista: “O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O Senhor é a fortaleza da minha vida; a quem temerei?” (Salmos 27:1).
Conta-se o caso de um menino que viajava sozinho num trem, na Inglaterra. Numa das estações, um cavalheiro idoso entabulou conversa com o menino, seguindo-se o diálogo:
– Está viajando sozinho, meu filho?
– Sim, senhor.
– Até onde você está viajando?
– Até o fim da linha.
– Não tem medo de fazer toda essa viagem sozinho?
– Não, não tenho.
– E por que?
– Porque meu pai é o maquinista.
Não admira que o menino demonstrasse tanta confiança e nada receasse. Seu pai estava no controle da composição, e sabia que seu filho estava em alguma parte da mesma. Deus, nosso Pai, está no controle do mundo e conhece “os Seus”, neste planeta em rebelião.
Conta-se que o secretário de Oliver Cromwell foi despachado ao continente europeu com alguma missão importante. Pernoitou uma vez numa cidade da costa e revolvia-se na cama, incapaz de conciliar o sono. De acordo com costume antigo, um servo dormia em seu quarto e, enquanto aquilo sucedia, o mesmo dormia a sono solto. O secretário de Cromwell, afinal, despertou o homem, que perguntou porque seu senhor não conseguia descansar.
– Tenho grande receio de que alguma coisa corra mal nesta viagem – foi a resposta.
– Senhor – perguntou o criado –, posso fazer uma ou duas perguntas? Deus governava o mundo antes de nascermos?
– Sem a menor dúvida.
– E o governará também depois de estarmos mortos?
– Certamente que sim.
– Nesse caso, senhor, porque não O deixamos governar também o presente?
A fé do secretário de Cromwell se avivou, daí resultou sua paz de espírito e, em poucos minutos, tanto ele quanto seu criado dormiam profundamente.
A história está marchando para algum lugar. O cristão diz, com Davi: “Nas tuas mãos estão os meus dias” (Salmos 31:15). E sabemos perfeitamente que Aquele que faz bem todas as coisas trará a beleza, extraída das cinzas e do caos mundial. Um novo mundo está nascendo, e uma nova ordem social aparecerá quando Cristo voltar para estabelecer Seu Reino. As espadas serão transformadas em ferramentas de lavoura e o leão se deitará ao lado da ovelha. Um futuro fabuloso está à nossa frente.
Extraído do livro “MUNDO EM CHAMAS” de BILLY GRAHAM