“Pelos seus frutos os conhecereis.” Por cerca de cinquenta anos, em alguns estados, o Millerismo gerou uma grande excitação. Igrejas foram divididas e despedaçadas; pastores deixaram seus rebanhos para “palestrar” sobre o “tempo”, enquanto argumento e conflito estavam na ordem do dia. À medida que o tempo se aproximava, em milhares de casos, os Adventistas não apenas deixaram seus trabalhos e seus negócios, mas davam suas propriedades. Colheitas foram abandonadas, bens foram distribuídos livremente, de modo que muitos dos que tinham uma boa situação acabaram ficando sem um tostão. Depois que o tempo passou, ficaram desamparados e suas famílias sofreram. Muitos tiveram que ser presos e postos sob vigilância, para proteger suas próprias famílias. Então o mais selvagem fanatismo eclodiu aqui e ali, o que trouxe desgraça sobre todo o nome da religião. Muitos disseram que o Senhor tinha vindo, a provação estava terminada, era pecado trabalhar, todas as propriedades deveriam ser mantidas em comum, todas as igrejas eram apóstatas, Babilônia, etc. Alguns Adventistas tinham esposas espirituais, alguns foram para os Shakers e muitos voltaram para as igrejas; alguns caíram no desespero e centenas na dúvida e na infidelidade – exatamente o que se deveria esperar.
A gloriosa doutrina do Segundo Advento foi coberta com vergonha; Satanás se regozijou, enquanto a causa de Cristo foi grandemente ferida. Como prova desses fatos, eu me refiro ao testemunho de milhares ainda vivos e às obras publicadas pelos próprios Adventistas. Desse modo o Ancião U. Smith é obrigado a dizer: “O Corpo Adventista era uma unidade [em 1844] e seu testemunho abalou o mundo. Repentinamente seu poder foi quebrado, sua força paralisada. Eles passaram do ponto de suas expectativas e não se concretizou sua esperança. Ninguém podia negar que um erro foi cometido em algum lugar. A partir daquele ponto da história, a maior parte do povo que era feliz, unido, foi marcado pela discórdia, divisão, confusão, especulação, novos erros, amargo desapontamento, desintegração e apostasia.” (The Sanctuary, pág. 13, 14).
Paulo disse: “Deus não é Deus de confusão.” (I Cor. 14:33). Portanto, seguramente ele não foi o autor do Adventismo, pois a confusão que ele produziu não possui paralelo na história religiosa. Dez almas foram arruinadas por ele, onde uma foi salva. Imediatamente após 1844, eles se dividiram em numerosas facções, cada uma delas contradizendo e condenando todo o resto. Em vez de renunciarem a tudo aquilo, como homens ajuizados deveriam ter feito, cada um se empenhou em encontrar alguma “explicação” para o seu erro. Dificilmente dois concordavam entre si, ao mesmo tempo em que cada um estava seguro de que tinha a explicação verdadeira. Sua total confusão é bem ilustrada pela seguinte anedota contada pelo próprio Miller:
A primeira pessoa na sua própria paróquia que abraçou totalmente seus pontos de vista foi uma velha mulher, uma Cristã humilde. O Sr. Miller enviou seus rascunhos para ela depois de os revisar. Uma semana depois, Miller recebeu dezesseis panfletos diferentes, todos se apresentando como publicações Adventistas, mas a maioria deles defendia ideias contraditórias. Ele os enviou para a velha mulher. Logo ela os trouxe de volta, e, ao chegar, dialogaram:
“Você leu todos aqueles papéis?”
“Passei os olhos por eles; mas são todos papéis Adventistas?”
“Eles dizem que são.”
“Bem, então eu não sou mais uma Adventista. Acho que devo ficar com a velha Bíblia e me livrar disso.” “Mas”, disse o Sr. Miller, “nós não confiamos na metade do que está sendo defendido nesses papéis.”
“Nós?” exclamou a velha senhora, “Quem são estes nós?”
“Por que?”, respondeu Sr. Miller, “nós somos aqueles que não compartilham destas coisas.”
“Correto, mas eu quero saber quem são nós.”
“Somos todos os que permanecemos no antigo fundamento.”
“Mas isso não me diz quem são nós. Eu quero saber quem são nós.”
“Bem”, disse o Sr. Miller ao relatar a história, “Eu fiquei confundido e fui incapaz de dar a ela qualquer informação sobre quem eram nós.” (History of Second Advent Message, pág. 414, 415).
E assim isso tem continuado até este dia. No que os Adventistas acreditam? Vá perguntar qual idioma era falado pelo povo depois que o Senhor confundiu suas línguas em Babel. O Adventismo é uma segunda Babel. Mas os Adventistas do Sétimo Dia dizem: “Nós somos unidos; nós cremos de forma igual.” É parcialmente verdade, mas eles são apenas um ramo desse Babel Adventista. Tal prole de erros e heresias como a que resultou do Adventismo não pode ser encontrada na história anterior da Igreja. Marcação de tempo, visões, milagres, fanáticos, falsos profetas, sono dos mortos, aniquilação dos ímpios, não-ressurreição dos ímpios, provação futura, restauração, comunhão dos bens, negação da divindade de Cristo, não-demônio, não-batismo, não-organização, etc. – Deus! E este é o povo enviado com uma “mensagem” para alertar a Igreja! É melhor que eles voltem, estudem e cheguem num acordo sobre o que é a sua “mensagem” antes de entregá-la.
Os outros Adventistas marcaram o tempo do fim do mundo para 1843, 1844, 1847, 1850, 1852, 1854, 1855, 1863, 1866, 1867, 1868, 1877, e assim por diante, até se enjoar de contar. Não aprendendo nada com o passado, para cada tempo eles ficaram mais confiantes do que o anterior. Essa obra fanática trouxe desgraça para a doutrina do Segundo Advento, de modo que as outras igrejas já não se debruçam sobre ela como antigamente. O estudo das profecias foi trazido para a disputa pelo caminho insensato dos Adventistas. Nenhum homem atento pode deixar de ver isto.
Livro: Adventismo do Sétimo Dia Renunciado, REV. D. M. CANRIGHT