O fascínio por Duendes & Gnomos

Na carta que escreveu aos crentes de Roma, apóstolo Paulo descre­ve o estado da humanidade alienada de Deus e indiferente ao seu amor com as seguintes palavras: ‘Portanto,a ira de Deus é revelada dos céus con­tra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela in­justiça, pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, tle forma que tais homens são indesculpáveis; porque,tendo conhe­cido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e o coração insensato deles obseureeeu-se. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e repteis. Por isso Deus os entregou á impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos do seu coração,para a degradação do seu corpo entre si.Trocaram a verdade de Deus pela mentira,e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre.Amém”, Rm 1.18-25.

Embora o apostolo estivesse descrevendo a situação da socieda­de ao seu redor em seus dias, suas palavras se encaixam muito bem naquilo que crêem e fazem muitas pessoas atualmente.A prosa disso foi a febre esotérica que tomou conta de grande parle da sociedade nos anos que precederam a vi­rada do último milcnio.Todos os tipos de cren­ças e superstições encontraram guarida em quase todos os segmentos da vida mo­derna. Passou-sc a crer em tudo: pirâ­mides cristais, florais de Bach, fadas, cromoterapia, gnomos, duendes, elfos e delfos, an­jos cabalísticos, e muito, muito mais. Parece que a lista não tem fim.

Esperava-se que, após o ano 2000, a onda do misticismo arre­fecesse. Tal coi­sa ainda não aconteceu. Estão aí os livros e o filme de Harry Potter para mostrar que o ser humano da era científica e do avanço tecnológico continua fascinado pela magia e superstição. Recentemente, um jornal de São Paulo publicou uma reportagem sobre Vila Madalena, classificando-a como o bairro mais esotérico da cidade. Num artigo intitulado O lado oculto da Vila Madalena, o jornal informa: “O lado oculto da Vila se revela aos olhos de qualquer um que circule pelo bairro durante o dia. Há várias lojas de penduricalhos para casa, cursos de danças étnicas, remédios alternativos, massagens que prome­tem dar um trato em auras e chakras, magos que interpretam mapas as­trais, leem as mãos e até mesmo os pés. Tudo mais real do que fadas ou duendes, mesmo porque o ocul­to custa reais. Para os mais céticos, toques, banhos e perfumes que transportam ao paraíso”.11

De acordo com jornal, os proprietários das lojas esotéricas contam com o astral como o maior aliado. O artigo acrescen­ta: “Para acabar com a solidão, bastam cinco go­tinhas de flor de laranjeira, mais cinco de sândalo e outras de ylang-ylang, uma essên­cia da ilha de Madagáscar. Com essa porção, que custa aproximadamen­te R$ 25, é possível atrair qualquer objeto do desejo. Pelo menos é o que prometem as vendedoras da Aromagia, loja de óleos essenciais da Rua Girassol (em mais um ende­reço apropriado). Para ver se o des­tino conspira a favor, uma consulta aos Carlos do Instituto de terapias Vibracionais. As perguntas podem ser feitas aos as­tros, às mãos, em consultas por vol­ta de R$ 100. Tem cursos também para quem tam­bém quer ganhar dinheiro com a aju­da do oculto. Em torno de R$ 360. Se nada disso ajudar, o jeito é apelar para os santos”.01

Quem são os gnomos?

Em meio à diversidade de cren­ças, práticas e entidades esotéricas, os gnomos serão o foco deste arti­go. Para alguns autores de livros e revistas que promovem tais entida­des, gnomos e duendes são a mes­ma coisa. Para outros, a diferença está na função que desempenham. Os gnomos são protetores do reino mineral, presentes nas pedras e ro­chas, tendo aspecto de velhinhos que inspiram sabedoria e amor. Os duendes são protetores do reino vegetal, presentes em florestas, jar­dins e plantas, sendo jovens e tra­vessos.(3)

Esses seres invisíveis da natu­reza continuam notórios. Há alguns anos, São Paulo e várias outras ci­dades foram invadidas por um ade­sivo colado nos vidros de milhares de carros, que dizia: “Eu acredito em duende”.

A crença nos duendes e gnomos está sendo mais difundida ainda com o novo filme da Xuxa, a “rainha dos baixinhos” da Rede Globo. Com título de Xuxa e os Duendes, parte do roteiro teve por base suas expe­riências pessoais, pois Xuxa afirma que vê Duendes. Assim, ela passa a ser também “a rainha dos duendes”. O filme estreou em dezembro e até o mês de fevereiro ainda estava em cartaz nos cinemas do Brasil.

Segundo informa a revista Chi­ques e Famosos, o filme foi produ­zido por Xuxa Produções e Diler Trindade & Associados. Xuxa e os Duendes foi orçado em 3 milhões e 800 mil reais. É o filme mais caro que ela já fez. O retorno esperado é de 10 milhões de re­ais. Mas Xuxa quer mais, como informa a revista: “Mas nem só das bilhe­terias virão os lucros para engordar ainda mais o cofrinho de Xuxa. De olho no retorno que podem proporcionar os seres mágicos que servi­ram de tema para o fil­me, ela também está lan­çando uma série de pro­dutos com apelo místi­co, além de fantasias, es­maltes, batons, copos e sorvetes inspirados nos duendes”. (4)

Numa página da internet que promove o filme de Xuxa, encontra-se a seguinte definição de duendes: “Os duen­des são criaturinhas má­gicas, espertas, travessas e muito inteligentes. Eles são espíritos da nature­za e podem viver até mil a idade que têm. Eles trabalham muito para proteger as florestas e os animais e por isso o melhor lu­gar para encontrá-los é embaixo das árvores ou das plantas”.(5)

A obra mais completa encon­trada sobre os assim chamados dementais da natureza tem por tí­tulo Gnomos, e é publicada pela Editora Siciliano. Trata-se de um tra­balho rico de detalhes e ilustrações, num colorido muito bem feito. In­felizmente, o livro não tem numeração de páginas. Entretanto, dali foram extraídas muitas informa­ções.(6)

De acordo com esse livro, os gnomos surgiram em torno do ano 1200dC, quando o sueco Frederik Ugarph encontrou uma estátua de madeira na casa de um pescador na cidade de Nidaros (atualmente Trondheim). Noruega. A estátua de 15cm de altura, sem contar o pe­destal, trazia gravadas as seguintes palavras: NISSE Rktig Stfrrelse que significa: “Gnomo, estatura real”.

O livro diz ainda: “A estátua estava em poder do pescador há muitos anos e Ugarph só conseguiu comprá-la depois de muitas nego­ciações. A estátua pertence agora à coleção da família Oliv, em Upsala. Exames radiográficos vieram a com­provar que a estátua tem mais de 2000 anos (…) Segundo consta, a inscrição no pedestal foi feita mui­tos séculos após a estátua ter sido esculpida. A descoberta dessa es­tátua serve para ilustrar aquilo que os gnomos sempre afirmaram: que suas origens são escandinavas”.(7)

O livro informa que existem seis espécies de gnomos: o gnomo da floresta, o gnomo do deserto, o  gnomo do jardim, o gnomo domés­tico, o gnomo da fazenda e o gnomo siberiano. Diz que a estatu­ra e o peso dos gnomos da flores-ta: 15 cm sem o chapéu. Papai f gnomo pesa 300 gramas e mamãe gnomo pesa de 250 a 275 gramas. % Quanto à constituição física dos gnomos maiores, há muitas informações interessantes: são sete vezes mais fortes do que o homem e o cora­ção é relativamente gran­de (equivale ao de um ca­valo de corridas). Geral­mente vivem até 400 anos de idade. Alguns conse­guem atingir a idade de 500 anos. A capacidade do cérebro do gnomo é maior do que a do ho­mem. O gnomo é capaz de segurar a urina por um dia inteiro. O gnomo, as­sim como os animais, “enxerga” a maior parte do seu mundo pelo na­riz. A transmissão do cheiro ao cérebro ocorre da mesma forma que a do cachorro e da raposa.

As informações so­bre os gnomos são mui­tas e variadas: a aparên­cia, suas roupas, a vida em família, os diferentes tipos de gnomos, suas lendas, suas casas, alimentação, laser, música, atividades principais, o relacionamento com a fauna e a flora em geral. Não há espaço suficiente neste artigo para tratar com mais detalhes sobre en­tidades tão intrigantes e controver­tidas.

A veracidade bíblica

Diferente da crença nos duen­des e gnomos ou qualquer outro tipo de superstição, a fé cristã, embora transcenda a razão, não é ir­racional. Ela faz sentido, pois o co­ração não deve se alegrar com aqui­lo que a mente não entende a con­tento. A pessoa que abraça o cristi­anismo não precisa aposentar a ca­beça. Ela deve continuar pensando e usando o senso crítico.

A Bíblia é um livro que pode ser analisado objetivamente. Sua au­tenticidade tem sido constatada pela análise histórica, geográfica, literá­ria e arqueológica. Alguém até já disse que “toda vez que os arqueó­logos abrem um buraco no Orien­te, é mais um ateu sepultado no Ocidente”. Escrita durante um pe­ríodo de mais de 1500 anos por mais de 40 autores, sendo que a maioria deles não esteve junta, ela trata de diversos assuntos, pessoas e datas, revelando uma linguagem progressiva e harmoniosa.

A quantidade de manuscritos da Bíblia existentes hoje facilitam uma verificação objetiva satisfatória, fortalecendo a confiabilidade dos textos do Antigo e do Novo Testa­mentos.

Josh McDowell, conhecido apologista americano, declara: “Atu­almente sabe-se da existência de mais de 5,3 mil manuscritos gregos do Novo Testamento. Acrescente­ se a esse número mais de 10 mil manuscritos da Vulgata Latina e te­remos hoje mais de 24 mil cópias de porções do Novo Testamento. Nenhum outro documento da His­tória antiga chega perto desses nú­meros e dessa confirmação. Em comparação, a Ilíada de Homero vem em segundo lugar, com ape­nas 643 manuscritos que sobrevi­veram até hoje”.(8)

R.C. Sproul, acrescenta: “A área da investigação histórica, mais que qualquer outra, nos tem dado motivos para encararmos com oti-mismo a questão da confiabilida-de das Escrituras… Descobertas le­vadas a efeito no século 20, como as de Ugarite, Cumrã e Ebla, fo­ram muito úteis no sentido de aprofundar nosso conhecimento da antiguidade. As lâminas Nuzi e Amarna resolve­ram inúmeros problemas do Ve­lho Testamento. A obra de Ramsey, investigando as viagens de Paulo como registradas por Lucas, com­provou de tal forma a exatidão de Lucas como historiador que os historiógrafos seculares modernos o chamaram de melhor historia­dor da antiguidade. Os historiado­res bíblicos suportaram melhor o escrutínio e a crítica do que ou­tros dos tempos antigos, como Josefo e Herótodo”.(9)

Por que crer em duendes e gnomos?

Talvez, um dos fatores que de­terminam toda essa corrida atrás de duendes e gnomos, e outras cren­ças ligadas ao esoterismo, seja o contexto social em que vive a so­ciedade brasileira. Grande parte dela já fez a sua escolha. Vai con­tinuar acreditando em lendas, em fábulas, na astrologia, na reencar­nação, Florais de Bach, pirâmides, cristais, mesmo que não haja com­provação científica para tais coisas ou evidências de que elas realmente funcionam. O Brasil é um país ob­cecado com o sobrenatural. Assim, qualquer coisa que se prega nas igrejas ou fora delas está fadada ao sucesso. Como as pessoas gostam de crer, não importa no quê!

Há uma onda de frustração em toda parte. O homem moderno está frustrado com tanta guerra, tanta vi­olência, terrorismo, injustiças e mo­delos de governo que não dão cer­to. Isso o leva a buscar ajuda em qualquer lugar. Nossa geração pa­rece de náufragos dispostos a agar-rar-se em qualquer coisa como se fosse uma tábua de salvação.

Na busca por uma saída, o homem moderno parece não estar preocupado com o senso de certo e errado, demons­trando possuir um escasso discerni­mento entre ver­dade e mentira. Muitas vezes, os mesmos executi­vos que não dis­pensam as verda­des científicas para desenvolver programas de informática, para tra­balhar com as leis da física e para fazer pesquisas na área da genéti­ca, quando chegam em casa, estão dispostos a sentar-se debaixo de uma pirâmide para receber suas energias ou ir ao jardim para en­contrar o seu gnomo. Mesmo sem qualquer verdade verificável sobre as verdades científicas para desenvolver programas de informática, para tra­balhar com as leis da física e para fazer pesquisas na área da genéti­ca, quando chegam em casa, estão dispostos a sentar-se debaixo de uma pirâmide para receber suas energias ou ir ao jardim para en­contrar o seu gnomo. Mesmo sem qualquer verdade verificável sobre todas essas superstições, ele continua disposto a crer. Logo, o homem moderno é extrema­mente capaz quanto ao conhe­cimento científico e extrema­mente ingénuo quanto aos va­lores espirituais.

Uma outra razão pode ser a própria crise existencial que domina grande parte da socie­dade atual. O homem moder­no é caracterizado pelo vazio espiritual. E isso deve ser visto do ponto de vista da Teologia. O ser humano foi feito para Deus e nunca vai viver feliz fora Dele. Assim, o homem mo­derno, na ansiedade de preen­cher o vazio produzido pela au­sência ou ignorância do Cria­dor, estará receptivo a quase tudo: vícios, velocidade, poder, dinheiro, sexo, superstições e gurus. Nesse momento, verda­de e bom senso pouco importam.

Existe também, à luz da Pala­vra de Deus, uma dimensão espiri­tual. A salvação acontece quando Deus, pelo Espírito Santo, revela Jesus Cristo em nós, como afirmou Paulo em uma de suas epístolas: “Mas Deus me separou desde o ven­tre materno e me chamou por sua graça. Quando lhe agradou revelar o seu Filho em mim para que eu o anunciasse entre os gentios…”. Gl 1.15-16. Se isso não acontece, Pau­lo explica o motivo: “O deus desta era cegou o entendimento dos des­crentes, para que não vejam a luz do Evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus”, 2Co 4.4.

O único caminho

Os doendes de gnomos não podem salvar ou reconciliar o ser humano com Deus. De acordo com as Escrituras, somente Jesus pode fazê-lo: “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo”, Rm 5.1.

Embora Jesus possa não ser para alguns o melhor caminho para Deus, entretanto é o único. Foi ele mesmo quem disse: “Eu sou o ca­minho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim”, Jo 14.6. Apóstolo Pedro também con­firmou isso ao declarar: “Não há sal­vação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos”, At 4.12.

Não é de hoje que o ser humano escolhe viver aliena­do de Deus. Muitos vão até além, chegando a trocar a ver­dade de Deus pela mentira, adorando e servindo a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre (Rm 1.25). Jeremias, um dos profetas de Deus no Antigo Testamento, já havia constatado essa triste realida­de nos seus dias, ao escrever: “O meu povo cometeu dois cri­mes: eles me abandonaram, a mim, a fonte de água viva; e | cavaram as suas próprias cis­ternas, cisternas rachadas que não retêm água”, Jr 2.13. So­mente Jesus tem as palavras de vida eterna (Jo 6.68).

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Fonte: Pr. Paulo Romeiro (Revista Resposta Fiel – Ano1 – nº3 – CPAD).

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