Como havia informado no final do capítulo anterior, fui indagado recentemente por uma amiga que está sendo confrontada por algumas ideias do grupo religioso conhecido como Testemunhas de Jeová, e este fato se dá prioritariamente através de seu esposo que foi cooptado pelas heresias propagadas pelos jeovistas. Entre estas ideias destaca-se a que o Espírito Santo é apenas “uma força ativa de Deus”. Esta, infelizmente, não é única heresia que este grupo defende de forma veemente. Entre suas inúmeras heresias está a de desconstruir a divindade de Cristo, afirmar erroneamente datas sobre a volta de Cristo, determinar que somente 144.000 membros de sua fé entrarão no céu, e os demais adeptos viverão na Terra modificada.
Além destas heresias, este grupo ainda desenvolveu sua própria tradução bíblica, para que desta forma suas crenças equivocadas tivessem apoio das Escrituras. Por fim, eles proíbem de maneira extrema a comemoração de aniversário, transfusão de sangue, alistamento militar, e promovem doutrinas extrabíblicas, como o “sono da alma”, aniquilação dos mortos, e outras.
Infelizmente neste espaço não será possível rebater as inúmeras ideias errôneas deste grupo. Contudo, nosso propósito com este breve capítulo é apontar de maneira simples e coerente, como a Bíblia e a história da cristandade deixa clara a visão a respeito do Espírito Santo como sendo uma pessoa, e mais, uma pessoa Divina em consonância com Deus Pai e Deus Filho.
- O ESPÍRITO SANTO É UMA PESSOA?
Talvez esta seja a pergunta mais relevante a se fazer quando pensamos na pessoalidade do Espírito Santo. Quando uma pessoa nega a pessoalidade do Espírito Santo, normalmente ela apela para a suposição de que na Bíblia não vemos a apresentação deste Ser Divino com uma forma corpórea. Esta comparação ocorre, principalmente, em razão Uma visão panorâmica, das principais doutrinas pentecostais.
da necessidade que nós temos de humanizar o celestial. Desta feita, acreditamos que só pode existir uma pessoa se esta tiver formas humanas. Agora surge outra questão: e Deus Pai, ou mesmo Jesus, possuíam formas humanas na sua condição sobrenatural?
Para responder a esta questão deixarei que os próprios “Testemunhas de Jeová” respondam através de sua Biblioteca online, endereço onde são expostas as crenças e estudos deste grupo. Assim afirmam sobre a natureza de Deus: “DEUS é espírito, e os que o adoram têm de adorá-lo com espírito e verdade”, diz a Bíblia. Essa declaração revela uma verdade básica sobre a forma, ou a natureza, de Deus: ele é um espírito. (João 4.19- 24)” . E diante desta afirmação, eles próprios rejeitam a ideia de que Deus Pai possua na Sua natureza infinita formas corpóreas humanas e admitem que a Bíblia fala de “mãos, pés, costas de Deus”, apenas numa linguagem antropomórfica, visando a compreensão humana. E concluem afirmando:
Para nos ajudar a entender Sua natureza, o Deus Todo-Poderoso inspirou os escritores da Bíblia a se referirem a Ele usando termos que descrevem características humanas. Eruditos chamam esses termos de antropomórficos, isto é, ‘descritos ou concebidos sob uma forma humana ou com atributos humanos’. Esses termos revelam as limitações da linguagem humana em descrever o Deus verdadeiro, Jeová. A intenção era captar a essência das coisas celestiais e revelar isso de maneira que os humanos pudessem compreender. Isso não significa que devemos entender esses termos de modo literal, pois ninguém faz isso quando a Bíblia se refere a Deus como “a Rocha”, “sol” ou “escudo”. — Deuteronômio 32.4; Salmo 84.11.
Diante do exposto fica claro que a semelhança da cristandade ortodoxa, os Testemunhas de Jeová (doravante TJ’s) creem que Deus Pai não possui uma forma corpórea, contudo, não negam que Ele seja uma pessoa. Mas quanto ao Espírito Santo?
O ESPÍRITO SANTO É UMA PESSOA!
E neste sentido, que devemos entender o Espírito Santo como uma pessoa. Não devemos nos limitar a uma mera manifestação corpórea, antes, porém, devemos verificar alguns atributos que pode fazer com que alguém seja classificado como pessoa e não apenas uma mera “força ativa;: m: afirmam os TJ’s. Para trazer luz a esta questão faço coro com as Palavras do erudito Pr Antônio Gilberto: “O que é personalidade? E o conjunto de atributos de várias categorias que caracterizam uma pessoa. No seu aspecto psíquico, a personalidade consiste de intelecto, sensibilidade e vontade. Os três são também chamados de inteligência, afetividade e autodeterminação” .
A Bíblia deixa clara esta triplicidade de atributos existentes no Espírito Santo. Vemos o intelecto quando, por exemplo, a Palavra afirma que “Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.” (1 Co 2.11 b). Quanto à sensibilidade vemos que o Espírito se entristece, pois somos orientados: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus” (Ef 4.30,. Per fim vemos a autonomia da vontade expressa no Espírito: “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer’ (1 Cc 12.11 Percebam que o texto é claro quando afirma que ELE REPARTE COMO QUER, cu seja, em conformidade com sua vontade.
Além dessas características que definem uma pessoa, podemos destacar que o Espírito realiza atividades pessoais, tais como: Ele revela (2 Pd. 1:21); ensina (Jo 14:26); clama (Gl. 4:6); intercede Rm 8:26); fala (Ap 2:7); ordena (At 16:6,7); testifica (Jo 15:26); Ele pode ser entristecido (Ef 4:30); contra ele se pode mentir (At 5:3) e blasfemar (Mt. 12:31,32).
Ainda com o intuito de esclarecer nosso entendimento sobre a pessoalidade do Espírito Santo, entendemos ser pertinente atentar nas palavras do escritor Elienai Cabral que nos diz: “No evangelho de João 16.8, 13,14, o texto contém pronomes pessoais como ele’, aquele’, que no grego Bíblico aparece como ekeinos e indicam tratamento pessoal. Em João 14.16, temos a expressão outro consolador’ e o pronome ‘outro’ indica alguém, não uma coisa”. Sobre a questão envolvendo o termo grego “allon” (outro) contido em João 14.16 já nos pronunciamos anteriormente e reafirmamos que a promessa de Cristo nos afirma que viria “outro Consolador”, nesta expressão foi usada a expressão grega “allon parakleton”, com um objetivo bem definido: Expressar que o Consolador seria da mesma natureza Divina que Jesus, mesmo sendo outra pessoa. Assim, além de ser da mesma essência e espécie de Jesus, o Espírito também é uma Pessoa distinta dEle.
Concluímos este tópico apontando para as palavras de alguns homens de Deus na História da Igreja Cristã. O primeiro deles é o grande polemista, considerado um dos
Uma visão panorâmica, das principais doutrinas pe.nle.cosla.is
pais apostólicos, Tertuliano de Cartago que afirmou: “Eu testifico que o Pai, o Filho e o Espírito são inseparáveis uns dos outros. […] A minha afirmação é que o Pai é um, o Filho é um e o Espírito é um – e que Eles são todos distintos uns dos outros”. Ainda ratificando a ideia de pessoalidade individual do Espírito temos a opinião do reformador Matinho Lutero que diz:
Cristo mostra vigorosamente que o Espírito Santo é […] uma Pessoa separada e distinta por si mesmo, um que não é o Pai ou o Filho. Pois todas estas expressões obviamente se referem a uma Pessoa separada: o Consolador que virá; repetindo: “[…] tudo o que tiver ouvido […] vos anunciará” (Jo 16.13). Se Ele tem de vir ou (como Ele disse acima) ser enviado ou proceder; repetindo, se Ele tem de ouvir e falar, Ele certamente tem de ser Alguém. Agora, é claro que Ele não é o Pai, porque o Pai nem vem nem é enviado; nem é Ele o Filho, que já veio e agora retorna ao Pai, de quem o Espírito Santo tem de pregar e quem Ele tem de glorificar.
Temos a certeza que para os TJ’s a única verdade está no entendimento de seus fundadores e, portanto, nenhum homem de Deus, como Lutero, traz verdades bíblicas. Porém é válido ressaltar que se não fosse graças a este e outros grandes homens de Deus, a interpretação das Sagradas Escrituras não seria possível, pois o entendimento de Lutero, Zuinglio, Calvino e outros grandes reformadores é que respaldam a interpretação das Escrituras como conhecemos hoje. Dessa forma, cremos ser de fundamental importância o veredito destes sábios homens de Deus!
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, lançamos um feixe de luz sobre o tema, porém acreditamos que muito mais deve ser explorado. Todavia, concluímos afirmando que as argumentações dos TJs não se sustentam diante de uma análise detalhada dos textos Sagrado. E chegamos à conclusão de que não passam de falácias arianas, que têm desviado muitos do caminho da verdade! Não obstante, acreditamos que o caminho da disputa não levará você a lugar nenhum. Acredito ser fundamenta. a absorção das doutrinas ortodoxa cristã para a manutenção da saúde espiritual. Contudo. devemos lembrar-nos das Palavras do Apóstolo Paulo que afirma: ‘Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido. e peca, estando já em si mesmo condenado” (Tt 3.10,11). Oremos para que c Senhor venha tirar as “escamas” que estão sobre os olhos de muitas pessoas sinceras, mas que foram ludibriadas com doutrinas vãs que desviam o homem do conhecimento genuíno da fé Cristã.
Finalizo convidando cada cristão sincero a adotar em oração uma pessoa que foi, ou que está iludida por estas doutrinas. E por fim convido-os a se aprofundar no conhecimento da Palavra e fazer coro com Pedro quando diz: “[…] e estais sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pd 3.15 b).
Fonte : Livro – Escudo Pentecostal – Uma visão panorâmica das principais doutrinas pentecostais, Jefferson Rodrigues, Editora Reflexão, 1ª Edição – Setembro/2017.