O Espiritismo é, sem dúvida, o mais antigo engano religioso já surgido. Conforme Deuteronômio 18.9- 14, os cananeus já o praticavam desde os mais remotos tempos. Porém, em sua forma moderna como hoje é conhecido, o seu ressurgimento se deve a duas jovens norte- americanas, Margaret e Kate Fox, de Hydeville, Estado de Nova Iorque.
RESUMO HISTÓRICO DO ESPIRITISMO
Estranhos fenômenos
Em dezembro de 1847, Margaret e Kate, respectivamente de doze e nove anos, começaram a ouvir pancadas em diferentes pontos da casa em que moravam. À princípio julgaram que esses ruídos fossem produzidos por ratos e camundongos que infestavam a casa. Porém, quando os lençóis começaram a ser arrancados das camas por mãos invisíveis, cadeiras e mesas tiradas dos seus lugares, e uma mão fria tocou no rosto duma das meninas, percebeu-se que o que estava acontecendo eram fenômenos sobrenaturais. A partir daí as meninas inventaram um meio de comunicar-se com o autor dos ruídos, que respondia às perguntas com determinado número de pancadas.
A expansão do movimento
Partindo desses acontecimentos, que receberam ampla cobertura dos meios de comunicação da época, propagaram-se sessões espíritas por todos os Estados Unidos da América do Norte. Na Inglaterra, porém, a consulta aos mortos já era muito popular entre as camadas sociais mais elevadas. Por conseguinte, os médiuns norte-americanos encontraram ali um solo fértil onde a semente do espiritismo haveria de ser semeada, nascer, crescer, florescer e frutificar. Na época, outros países da Europa também foram visitados com sucesso pelos espiritistas norte- americanos.
Allan Kardec
Na França, a figura de Allan Kardec é a principal dos arraiais espiritistas. Léon Hippolyte Rivail (o verdadeiro nome de Allan Kardec), nascido em Lião, em 1804, filho dum advogado, tomou o pseudônimo de “Allan Kardec” por acreditar ser ele a reencarnação dum poeta celta com esse nome. Dizia ter recebido a missão de pregar uma nova religião, o que começou a fazer a 30 de abril de 1856. Um ano depois publicou O Livro dos Espíritos que muito contribuiu na propaganda espiritista.
Subdivisão do Espiritismo
O Espiritismo latino, já separado do anglo-saxão pela teoria da reencarnação, se subdividiu em mais duas correntes: a kardecista ou doutrinária, e a experimental.
ELEMENTOS DO ESPIRITISMO
Embora consideremos o Espiritismo igual em toda a sua maneira de ser, os próprios espíritas preferem admitir haver diferentes formas de Espiritismo, assim dividido: a) Espiritismo comum; b) baixo Espiritismo; c) Espiritismo científico; e d) Espiritismo kardecista.
Espiritismo comum
Dentre as muitas práticas desta classe de Espiritismo, destacam-se:
Adivinhação pelo exame das linhas da palma da mão. O mesmo que “quiroscopia”.
Adivinhação pela decifração de combinações de cartas de jogar.
Estudo dos elementos normais e principalmente patológicos de uma personalidade, feito através da análise da sua escrita.
Arte de adivinhar por meio da água.
Estudo e/ou conhecimento da influência dos astros, especialmente dos signos, no destino e no comportamento das pessoas; também conhecida como “uranoscopia”.
Baixo Espiritismo
O baixo Espiritismo, também conhecido como Espiritismo pagão, inculto e sem disfarce, identifica-se pelas seguintes práticas:
Culto de negros antilhanos, de origem animista, e que se vale de certos elementos do ritual católico. É praticado principalmente no Haiti.
Candomblé. Religião dos negros ioruba. Praticado principal mente na Bahia.
Designação dos cultos afro-brasileiros, que se confundem com os da macumba e dos candomblés da Bahia, xangô do Pernambuco, pajelança da Amazônia, tambor do Maranhão, do catimbó e outros cultos sincréticos.
Ritual da macumba que se confunde com o da umbanda.
Sincretismo religioso afro-brasileiro, derivado do candomblé, com elementos de várias religiões africanas, de religiões indígenas brasileiras e do catolicismo romano.
Espiritismo científico
O Espiritismo científico é também conhecido como “Alto Espiritismo”, “Espiritismo Ortodoxo”, “Espiritismo Profissional” ou “Espiritualismo”. Ele se manifesta, inclusive, como “sociedade”. Esta classe de Espiritismo tem sido conhecida também como:
Método filosófico dos que não seguem sistema algum, escolhendo de cada um a parte que lhes parece mais próxima da verdade.
Doutrina ou atitude de espírito que preconiza que o ensinamento da verdade deve reservar-se a um número restrito de iniciados, escolhidos por sua inteligência ou valor moral.
Conjunto de doutrinas religioso-filosóficas que tem por objetivo a união do homem com a divindade, mediante a elevação progressiva do espírito até à iluminação.
Espiritismo kardecista
O Espiritismo kardecista é a classe de Espiritismo mais comumente praticado no Brasil, e tem como principais teses, as seguintes:
- Possibilidade de comunicação com espíritos desencarnados.
- Crença na reencarnação.
- Crença de que ninguém pode impedir o homem de sofrer as consequências dos seus atos.
- Crença na pluralidade dos mundos habitados.
- A caridade como virtude única, aplicada tanto aos vivos como aos mortos.
- Deus, embora exista, é um ser impessoal habitando um mundo longínquo.
- Mais perto dos homens estão os espíritos “guias”.
- Jesus foi um médium e reformador judeu, nada mais que isto.
A TEORIA DA REENCARNAÇÃO
A teoria da reencarnação se constitui o cerne de toda a discussão espiritista. Destruída esta teoria, o Espiritismo não poderá sobreviver.
Reencarnação ou ressurreição?
Allan Kardec afirmou que “a reencarnação fazia parte dos dogmas judaicos sob o nome de ressurreição.” E acrescenta: “A reencarnação é a volta da alma ou espírito, à vida corporal, mas em um outro corpo novamente formado para ele que nada tem de comum com o antigo.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, págs. 24,25).
A Bíblia jamais faz qualquer referência à palavra reencarnação, e, tampouco, confunde-a com a palavra ressurreição.
Ressurreição na Bíblia
Ao longo de toda a Bíblia são mencionados os casos de ressurreição, sete de restauração da vida (isto é, ressurreição para tornar a morrer), e um de ressurreição no sentido pleno, final o de Jesus. Esse foi diferente, porque foi ressurreição para nunca mais morrer, não pelo fato dEle ser Jesus, mas porque ao ressurgir, Ele tornou-se o primeiro da real ressurreição (1 Co 15.20,23).
A ressurreição de Lázaro. O testemunho bíblico no capítulo 11 de João é que Lázaro:
- estava morto (vv. 14.21,32,37):
- estava sepultado já havia quatro dias (vv. 17,39);
- já cheirava mal (v. 39);
- ressuscitou ainda amortalhado (v. 44);
- ressuscitou com o mesmo corpo e com a mesma aparência que possuía antes de morrer (v. 44).
A ressurreição de Jesus. O testemunho das Escrituras quanto à morte e ressurreição de Jesus é que:
- os soldados testemunharam a sua morte (Jo 19.33);
- José de Arimatéia e Nicodemos sepultaram-no (Jo 19.38-42);
- Ele ressuscitou no primeiro dia da semana (Lc 24.6);
- mesmo após ressuscitado ele ainda portava as marca dos cravos nas mãos, para mostrar que o seu corpo agora vivo, era o mesmo no qual sofrerá a crucificação, porém glorificado (Lc 24.39; Jo 20.27).
INVOCAÇÃO DE MORTOS (Dt 18.9-14)
Os dogmas da reencarnação e da invocação de mortos são as duas principais estacas de sustentação de toda a fraude espiritista. A despeito de Allan Kardec invocar o testemunho das Escrituras a favor de ambas as teorias, a verdade é que as Escrituras as condena abertamente.
O que a Bíblia diz
Quanto à invocação de mortos e outras práticas espiritistas, diz Deus através do profeta Isaías: “Quando vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhos, que chilreiam e murmuram entre dentes; – não recorrerá um povo ao seu Deus? a favor dos vivos interrogar-se-ão os mortos? À Lei e ao Testemunho! se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva” (Is 8.19,20).
A proibição divina de se consultar os mortos não prova que exista comunicação dos vivos com os mortos. Prova apenas que havia a tentativa de comunicação. Na prática de tais consultas aos mortos, sempre houve embuste, mistificação, mentira, farsa e manifestação de demônios. É o que acontece nas sessões espíritas, onde demônios enganadores se manifestam, identificando-se com os nomes de pessoas amadas que faleceram.
O estado dos mortos
O testemunho geral das Escrituras é que os mortos, devido ao local em que se encontram suas almas, não têm parte em nada do que se faz e acontece na terra. Sobre esse assunto, note o que disseram
- Salomão: “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos… já não têm parte alguma neste século, em cousa alguma do que se faz debaixo do sol.” (Ec 9.5,6).
- Jó: “Tal como a nuvem se desfaz e passa, aquele que desce à sepultura nunca tornará a subir. Nunca mais tornará à sua casa, nem o seu lugar jamais o conhecerá.” (Jó 7.9,10).
Quanto ao caso de Saul e a pitonisa de En-Dor (1 Sm 28), um estudo acurado, honesto e despretensioso da passagem em apreço mostra que naquela sessão espírita, um demônio e não Samuel ali se manifestou. Do contrário, como iria Deus permitir que o seu servo Samuel se servisse como elemento duma prática que o próprio Deus condena? O próprio Saul somente procurou a pitonisa quando desviado. Antes disso ele mesmo expulsara daquela terra os feiticeiros.
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LIÇÕES BÍBLICAS – CPAD – 1986