O espiritismo é tão velho quanto a existência do homem depois do pecado (Gênesis 3.1-5). Foi no Jardim do Éden que o Diabo incorporou numa serpente para enganar Eva, ludibriando-a e induzindo-a ao pecado de desobediência ao Criador. Entretanto, a despeito de ser tão antigo, o espiritismo é ao mesmo tempo sempre novo, porque se renova e se amplia como uma doença contagiosa. Na verdade, o espiritismo é, hoje, uma das heresias que mais se disseminam no mundo. Lamentavelmente, o Brasil se constitui o maior reduto espiritista do mundo.
Neste artigo discutiremos sobre algumas áreas do espiritismo, especialmente o kardecista, que recebe esse nome devido ao pseudônimo adotado por seu idealizador: Allan Kardec.
As Origens do Espiritismo
Não é possível estabelecer alguma data para o início do espiritismo, porque, como afirmamos, ele vem desde a Antiguidade. A sua razão de ser resulta da preocupação que o homem sempre teve com o mundo espiritual, especialmente com a vida além-túmulo. Essa preocupação vem desde os antigos chineses, indianos, babilônios e egípcios. Posteriormente, o espiritismo esteve na Europa Medieval e mais à frente nos Estados Unidos.
Nos tempos modernos, a nova onda espírita teve início a partir do século 19. Em 1847, na cidade de Nova Iorque, as irmãs Fox, ainda meninas, chamadas Margareth e Kate, ouviram sons de pancadas em diferentes partes da casa onde viviam com seus pais. Os movimentos internos na casa foram aumentando, com lençóis sendo arrancados das camas por mãos invisíveis e cadeiras e mesas sendo movidas de seus lugares. O fenômeno chamou a atenção de muita gente e as meninas passaram a declarar ter contatos com espíritos de pessoas mortas. Durante as experiências, descobriram que um certo Charles Rosma havia sido assassinado por John Bell e enterrado a três metros abaixo da casa, no subsolo. A partir de então, depois do contato das meninas com o pseudo-espírito do morto, iniciaram-se sessões espíritas para contatar com os mortos.
Posteriormente, um homem francês, filho de advogado e nascido na cidade de Lion em 1804, de nome Hipóllite León Denizard Rivail, disse ser a reencarnação de um antigo poeta celta, assumindo o pseudônimo de Allan Kardec. Em 30 de abril de 1856, já denominado-se Allan Kardec, ele disse ter recebido a missão de pregar uma nova religião. Logo a seguir, em 1857, Hipóllite publicou o Livro dos Espíritos, tornando-se o pai do Movimento da Reencarnação. Em 1861, ele publicou o Livro dos Médiuns e em 1864, o Evangelho Segundo o Espiritismo. Suas ideias também foram sistematizadas em 1865 e 1867, quando publicou os livros Céu e Inferno e Genisis. Assim, suas ideias ganharam força e se espalharam pelo mundo.
Em 1869 Allan Kardec morreu, mas suas idéias, do total interesse do Diabo, o principal enganador dos homens, continuaram a se espalhar como praga.
Principais Doutrinas
Cinco pontos principais resumem a doutrina básica universal do espiritismo:
- Existência de Deus – Deus, para os espíritas, é uma inteligência cósmica responsável pela manutenção do Universo. Eles negam a existência de um Deus pessoal.
- Existência do espírito – O homem possui um espírito ou alma, envolvido pelo perispírito, conservando a memória mesmo após a morte, assegurando identidade individual a cada pessoa. Ensinam que todos os espíritos do outro mundo nada são, a não ser as almas daqueles que têm vivido aqui na Terra.
- Lei da reencarnação – Todas as criaturas, sucessivamente, vão evoluindo no plano intelectual e moral, enquanto expiam os erros do passado. Kardec definiu sua crença com esta definição: “Nascer, morrer, renascer e progredir sem cessar, tal é a lei”. Tal crença é refutada pela Bíblia (João 1.14; Filipensses 2.6-8; Hebreus 9.27;).
- Lei da pluralidade de mundos – A existência de vários planetas habitados que oferecem um âmbito universal para a evolução do espírito.
- Lei do carma ou da casualidade moral – As vidas sucessivas do espírito se interligam, dando-se a este destino condizente aos atos praticados.
Além desses cinco pontos principais, devem ser acrescentados ainda duas crenças básicas do espiritismo:
1) O aperfeiçoamento do espírito pelo sofrimento e pelas boas obras;
2) A negação da existência do Céu e do Inferno. Um outro ensino espírita absurdo é a afirmação de que o espiritismo é a terceira revelação, o qual denominam Espírito Santo.
Refutação ao Espiritismo
A Bíblia refuta claramente a teoria da reencarnação. Uma vez que alguém morre, sua alma e espírito vão para um só lugar e de lá não saem até o dia da ressurreição dos mortos. A Palavra de Deus declara que o homem morre uma só vez, vindo depois o Juízo (Hebreus 9.27). Além disso, a salvação é obra da graça de Deus e não de obras humanas (Efésios 2.8-9; Romanos 3.20-28; Romanos 5.1; Gálatas 2.16; 3.11; Tito 3.5).
Após a morte, o ser humano vai para o lugar que garantiu em vida, o Paraíso ou o Lugar de Tormento (Lucas 16.19-25; 34.43; 2Coríntios 5.1-8; Filipenses 1.21-23; Apocalipse 14.13). Depois da morte, estando nesse Lugar (Sheol – Hades), não há a menor possibilidade de comunicação com os vivos. A prática de consulta aos mortos é condenada veementemente pela Palavra de Deus (Êxodo 22.18; Levítico 19.31; Levítico 20.6; Deuteronômio 18.9-14; Isaías 8.19-20).
A Bíblia ensina que quando o homem morre, seu corpo volta para o pó e o espírito volta a Deus, para prestar contas no Juízo (Hebreus 9.27 e Eclesiastes 12.7). A ideia da reencarnação diz que as almas dos mortos transmigram para que o espirito possa purificar-se evolutivamente, a fim de alcançar a felicidade plena. Ora, não há transmigração das almas dos mortos nem qualquer possibilidade de purificação ou aperfeiçoamento do espírito. Ao negarem a existência do Céu, negam, de fato, o que a Bíblia declara acerca do Céu. O Céu é representado como Morada do Altíssimo, como o Paraíso, lugar de habitação dos justos na presença de Deus (2Coríntios 12.1-4; Apocalipse 21.1 a 22.5).
A Bíblia declara acerca da existência do Inferno como um lugar de tormento onde habitam os espíritos dos ímpios, daqueles que morrem sem salvação (Mateus 5.29-30; 10.28). O Inferno é também a habitação dos anjos que se rebelaram contra o Criador (2Pedro 2.4-9).
Divisões do Espiritismo no Brasil
Várias são as divisões do espiritismo brasileiro. São segmentos dele no Brasil o espiritismo kardecista, filiado à Federação Espírita Brasileira; a Legião da Boa Vontade, fundada por Alziro Elias Davi Abraão Zarur, a qual nega que Cristo tivesse corpo real e humano; o Racionalismo Cristão, fundado em 1910 por Luiz de Matos, que tem uma ideia panteísta acerca de Deus; e a Cultura Racional, fundada por Manoel Jacinto Coelho em 1935, no Rio de Janeiro, e que ensina a metempsicose, que é o retorno do espírito do morto a seres inferiores; a Umbanda, seita afro-brasileira; o Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, fundado em 1909 por Antonio Olívio Rodrigues, que ensina a doutrina da reencarnação; e a Ordem Rosacruz, que tem uma tradição mística egípcia.
Existem outras denominações dentro do espiritismo, mas essas são as principais. As demais seguem em sua maioria a crença no reencarcionismo.
Filipensses 2.6-8
Pr. Elienai Cabral