O Ecumenismo

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Recentemente, representantes da Igreja Luterana e da Igreja Católica assinaram um documento de aproximação entre as duas igrejas, visando estabelecer uma base comum quanto à crença na salvação pela fé. Esse evento “esquenta” mais uma vez o tema polêmico do ecumenismo.

Nesse pequeno artigo, procuro descrever os tipos de ecumenismo que existem. Trata-se de um artigo descritivo, portanto, e não de uma análise crítica. Entretanto, fica evidente que, sendo um pastor reformado, não concordo com o ecumenismo, a não ser quando o mesmo tenta promover a aproximação de denominações evangélicas bíblicas.

Ecumenismo Religioso 

É a tentativa de aproximar as grandes e diferentes religiões do mundo. Essa aproximação vai desde cooperação em missões e ação social e política, até união e fusão de credos. A iniciativa tem sido principalmente de órgãos protestantes. O maior deles é o Concílio Mundial de Igrejas (CMI).

A filosofia que permite o CMI fazer esta tentativa é o pluralismo. Como o nome já indica, essa filosofia defende a pluralidade da verdade, ou seja, que não existe uma verdade absoluta, mas sim verdades diferentes para cada pessoa. Esse conceito é ambíguo, mas definitivamente já faz parte integrante da nossa cultura presente. Ele acredita que seja possível o relacionamento de pessoas com crenças e ideologias diferentes, sem que um tenha de sujeitar suas convicções ao domínio do outro. A idéia de converter alguém às suas próprias convicções é politicamente incorreta. A chave está na valorização da negociação e da cooperação em lugar de se tentar provar que se está certo ou errado.

O pluralismo religioso, por sua vez, prega o abandono da “arrogância” teológica do cristianismo, nega que exista verdade religiosa absoluta, e exalta a experiência religiosa individual como critério último para cada um. A idéia de cristãos tentarem converter pessoas de outra fé ao cristianismo é absurda. O tema da salvação em outras religiões foi discutido recentemente na Assembléia Geral do Concílio Mundial de Igrejas. O relatório apresentado trouxe debate considerável. As conversas se arrastam sem produzir qualquer progresso claro.

Uma consulta teológica sobre a salvação na Suíça patrocinada pelo CMI, composta por 25 teólogos, trouxe as seguintes conclusões:

1) Através da história, pessoas tem encontrado a Deus no contexto de várias religiões e culturas diferentes.

2) Todas as tradições religiosas são ambíguas (inclusive o cristianismo), isto é, uma combinação do que é bom e do que é ruim.

3) É necessário progredir além de uma teologia que confina a salvação a um compromisso pessoal explícito com Jesus Cristo.

Em algumas denominações o pluralismo tem sido proposto como filosofia oficial, como na Igreja Metodista Unida, dos Estados Unidos.

No momento, o ecumenismo religioso não vai indo bem. No último encontro do CMI, o assunto progrediu quase nada. O que agora estão pensando é cooperação em áreas sociais apenas, enquanto que cada religião mantém sua individualidade. Parece que o sonho de uma religião mundial única está acabando.

Ecumenismo Cristão 

Este tipo de ecumenismo tenta a aproximação entre os grandes ramos da cristandade, ou seja, a Igreja Católica, a Igreja protestante, e a Ortodoxa, e entre os diversos ramos protestantes entre si. Algum progresso existe. A liderança da Igreja Episcopal e da Igreja luterana Evangélica na América concordou, depois de duas décadas de negociar, darem comunhão entre si, reconhecer os cleros e ordenar bispos em conjunto. Cada grupo retém sua autonomia. A liderança de oito denominações protestantes alcançaram acordo preliminar sobre as suas igrejas, formando uma “comunhão de convenção” na qual cada denominação iria, embora ainda autônoma, aceitar os ministros e sacramentos dos outros.

Os católicos romanos continuam dialogando bilateralmente com luterano, líderes da igreja Anglicana, e Ortodoxos em um esforço para achar solo teológico comum. Até mesmo algumas igrejas Pentecostal que tendem a ser anti-ecumênico parecem propensas para relações mais abertas. A Igreja Cristã (os Discípulos de Cristo, denominação americana com mais de 1 milhão) entrou para a história ecumênica de protestantes e católicos em sua Assembléia Geral em agosto elegendo Monsenhor Philip Morris, padre católico romano, como membro votante da sua Comissão Executiva.

Ecumenismo Evangélico 

É a tentativa de aproximação entre igrejas evangélicas, a nível de cooperação em atividades evangelísticas e sócio-políticas, e mesmo de fusão organizacional. Por exemplo, a cooperação interdenominacional de igrejas e ministros–muitos dos quais não estariam interessados no ecumenismo cristão ou religioso – que se unem para patrocinar uma cruzada de Billy Graham. Vale lembrar que o número de denominações diferentes chegou a 22.000 em 1985 e continua crescendo a uma taxa de cinco novas todas as semanas.

Muitas igrejas conservadoras permanecem opostas a esforços ecumênicos por causa da teologia liberal e da agenda de trabalho políticos dos conselhos nacionais e mundiais que geralmente estão por detrás destes esforços. E uma razão ainda maior, é porque a verdade não deve ser sacrificada no altar da unidade eclesiástica.

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