O diabo no calvinismo

Perguntas sobre “o diabo no calvinismo” feitas no programa “Vejam Só” ao Sr. Ganconato:

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Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo. (I Jo 3.8)

Minha reflexão: Em determinado momento Calvino deixa claro que Deus é autor de todo o Mal que acontece no mundo por meio do seu decreto:

Imaginemos, por exemplo, um mercador que, havendo entrado em uma zona de mata com um grupo de homens de confiança, imprudentemente se desgarre dos companheiros, em seu próprio divagar seja levado a um covil de salteadores, caia nas mãos dos ladrões, tenha o pescoço cortado. Sua morte fora não meramente antevista pelo olho de Deus, mas, além disso, é estabelecida por seu decreto” [Institutas, 1.16.9. Veja também Institutas Comentada Pg 76] … Eu concedo mais: os ladrões e os homicidas, e os demais malfeitores, são instrumentos da divina providência, dos quais o próprio Senhor se utiliza para executar os juízos que ele mesmo determinou. Nego, no entanto, que daí se deva permitir-lhes qualquer escusa por seus maus feitos (As Institutas, Livro I, Capítulo XVII, seção 5).

Portanto, para Calvino, Deus não apenas tem presciência do crime, mas ele também estabelece o crime. Os crimes não são fruto de um livre-arbítrio humano ou angelical mal utilizado e antevisto por Deus, mas são frutos diretos do decreto divino e tais seres são meramente instrumentos nas mãos de Deus, que não podiam fazer nada a não ser executar o crime. É por isso que ele diz que todo o mal dos ímpios procede do decreto divino que lhes é infligido: “Do quê concluímos que nada de mal eles sustém que não proceda do justíssimo juízo de Deus que lhes é infligido” [Institutas, 3.23.9.].

 

Minha Reflexão: Ou seja, Lúcifer tinha livre arbítrio e o seu pecado foi auto causado – e aqui a própria Bíblia corrobora o fato: “Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo. Contudo, serás precipitado para o reino dos mortos, no mais profundo do abismo” (Isaías 14.13-15).

 

Minha reflexão: Pois é, também quem arvorou tal equivoco foi João Calvino ao dizer: “que por toda parte lemos ser ele (O diabo) o adversário de Deus …” (PDF Institutas Vol 1, 176). É óbvio que o diabo não é o adversário de Deus, mas sim do homem. Suas ações são restringidas pelo poder de Deus – o livro Jó é um bom exemplo dessa limitação. Apesar disso, observamos claramente, que as ações luciféricas sempre foram emanadas do coração do próprio Querubim.

 

Minha reflexão: Existe uma diferença muito grande entre decretar/querer algo e permitir algo. Deus, respeitando o arbítrio de suas criaturas, permite que algumas coisas aconteçam. Isso mostra claramente como o Deus de Israel se deixa resistir em determinados momentos para que o homem colha os frutos das suas escolhas.

Voltaram atrás, e tentaram a Deus, e limitaram o Santo de Israel.” (Sl. 78.41 ARC)

Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste! (Mt 23.37)

Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; como o fizeram os vossos pais, assim também vós. (At 7.51)

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