Quando minha esposa e eu estudávamos na universidade, costumávamos fazer longos passeios a pé pelo campo, indo dar num velho cemitério, onde íamos ler os epitáfios nos lápides. Desde aquela época, sinto prazer em ir a cemitérios velhos em diversos pontos do mundo. Quando passamos por eles e vemos as lápides ou entramos numa igreja e examinamos os monumentos antigos, vemos inscrição na maioria deles: “Aqui jaz.” Em seguida vem o nome, com a data de falecimento e algum louvor às boas qualidades do defunto. Mas como é diferente o epitáfio gravado no túmulo de Jesus! Não está escrito em caracteres de ouro, e tampouco gravado na pedra. Pronunciado pela boca de um anjo, exatamente o oposto do que há em todos os demais túmulos: “Não está aqui: ressuscitou, como havia dito” (Mateus 28:6).
Os acontecimentos mais importantes na história humana foram a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Disse o Apóstolo Paulo: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vá a vossa fé … E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (I Coríntios 15:14, 17).
Ao ler a respeito da igreja primitiva, vemos que o tema central do testemunho dado ao mundo pelos primeiros cristãos era o fato de que Jesus Cristo, que fora crucificado, levantara dos mortos. Em geral ouvimos um sermão sobre a ressurreição pela Páscoa, e a coisa costuma ficar por aí. Na pregação dos primeiros Apóstolos, entretanto, a cruz e a ressurreição eram temas constantes. A cruz e a ressurreição estavam ligadas. Sem a ressurreição, a cruz não tem sentido. Separada da ressurreição, a cruz foi uma tragédia e uma derrota. Se os ossos de Cristo jazem corroídos num túmulo, nesse caso não há boa-nova, a treva do mundo é realmente negra e a vida não tem significado. O Novo Testamento torna-se um mito, o cristianismo uma fábula e milhões de pessoas, vivas e mortas, são vítimas de gigantesca mistificação.
No final de seu grande livro, Fathers and Sons (Pais e Filhos), Ivan Turgenev descreve um cemitério de aldeia, em distante recanto da Rússia. Entre as muitas sepulturas abandonadas e negligenciadas havia uma, intocada pelo homem e onde animais não passavam: apenas os pássaros pousavam nela, e cantavam ao nascer do dia. Da aldeia próxima vinha com freqüência um casal idoso, marido e mulher, andando com passos lentos e apoiando-se mutuamente, para visitar aquele túmulo. Ajoelhando-se na cerca e olhando firmemente a pedra sob a qual jazia seu filho, suspiravam e choravam. Depois de breve palavra, limpavam a poeira da pedra, punham em pé o ramo de um abeto e começavam a orar. Naquele local pareciam estar mais próximos de seu filho e das lembranças dele. É quando Turgenev pergunta: “Podem ser suas orações e suas lágrimas infrutíferas? Pode ser que o amor, amor sagrado e devotado, não seja onipotente? Não! Por mais apaixonado, pecador e rebelde o coração oculto no túmulo, as flores que crescem em cima dele encaram-nos serenamente com olhos inocentes, e não nos falam somente da paz eterna, aquela grande paz da natureza indiferente; elas também nos falam da reconciliação eterna, e da vida sem fim.”
Assim é que Turgenev oferecia a esperança de uma reconciliação eterna. Mas, em que se baseia essa esperança? Baseia-se na ressurreição de Jesus Cristo.
O HOMEM VIVERÁ OUTRA VEZ?
A grande pergunta de todas as eras foi sempre: “Se um homem morre, viverá outra vez?” Sabemos que a primeira parte da frase cumpre-se todos os dias e não há “se” a esse respeito. “Aos homens está ordenado morrerem uma só vez” (Hebreus 9:27). A questão está em – “O homem viverá outra vez?”
Existe quem afirme que tudo no homem são somente ossos, carne e sangue. Dizem que quando se morre, quando se está morto, nada acontece. Não se vai a parte alguma: é pó ao pó, cinzas às cinzas.
Perguntemos ao cientista e este não consegue responder. Perguntei a muitos cientistas o que pensavam a respeito da vida após a morte, e a maioria respondeu: “Simplesmente não sabemos.” A ciência lida com fórmulas e tubos de ensaio, e existe um mundo espiritual do qual ela nada sabe.
Devido ao fato de que muitos acreditam na vida após a morte, suas obras acham-se repletas de tragédia e pessimismo. As obras de William Faulkner, James Joyce, Ernest Hemingway, Eugene O’Neill e muitos outros estão cheias de pessimismo, trevas e tragédia.
Como se mostram diferentes de Jesus Cristo! Este afirmou: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim, não morrerá, eternamente” (João 11:25, 26). E noutra parte Ele diz: “Porque eu vivo, vós também vivereis” (João 14:19). E em outra parte: “Credes em Deus, crede também em mim” (João 14:1). Nossa esperança de imortalidade fundamenta-se somente em Cristo, e não em quaisquer desejos, anseios, argumentos ou instintos de imortalidade. No entanto, a esperança de imortalidade revelada em Cristo concorda com todos esses grandes desejos e instintos. “O coração”, disse Pascal, “tem razões que a própria razão desconhece.”1 No caso da ressurreição de Cristo, temos o testemunho não só do coração, mas também da razão.
A Bíblia trata da ressurreição de Jesus como acontecimento que podia ser examinado pelos sentidos, dizia respeito aos olhos, pois os discípulos viram os numerosos aparecimentos de Jesus sob todas as condições concebíveis. Isso aconteceu em certa ocasião a um único discípulo, enquanto de outra feita ocorreu para mais de quinhentos. Alguns viram Jesus separadamente, outros juntos. Por momentos, alguns, e outros por longo lapso de tempo. Alguns O viram à distância, outros de perto. Uns O viram uma vez, outros diversas vezes. A ressurreição dizia respeito aos ouvidos, pois os discípulos ouviram Jesus conversando. Dizia respeito ao tato, pois os discípulos foi dito que segurassem Jesus e assim comprovassem Sua realidade física. Não apenas eles O viram, mas O tocaram e andaram em Sua companhia, conversaram com Ele, comeram com Ele e O examinaram. Isso afasta as aparições de Jesus ressuscitado do terreno da alucinação e as coloca no reino de fatos materiais demonstráveis.
Existe uma base de fato histórico para nossa crença na ressurreição corporal de Cristo, que repousa em mais provas do que qualquer outro acontecimento ocorrido naquela época.
PROVAS HISTÓRICAS DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO
1. A morte real de Jesus
Existe quem afirme que Jesus na realidade não morreu, mas apenas desmaiou. Uma ressurreição torna obrigatória uma morte. A fim de erguer-se dos mortos, Jesus tinha de morrer. Isso é um fato axiomático deduzido da crucificação. Os soldados estavam certos de que Jesus morrera e não foi preciso que provocassem a morte pelo choque, quebrando-Lhe as pernas, como no caso dos dois ladrões. Foram os inimigos de Jesus, e não Seus amigos, que atestaram a Sua morte, e convenceram-se disso quando enfiaram uma lança em Seu coração.
2. O sepultamento físico de Jesus
O corpo de Jesus foi envolto em linho fino e aromatizado, conforme o costume local. Havia um túmulo verdadeiro, que pedia a colocação de um corpo. Além disso, uma pedra foi rolada contra a entrada do sepulcro, foi afixado um selo e um guarda romano se postou diante dEle. Esse sepultamento do corpo de Jesus faz pressupor a impossibilidade de enterrar um espírito. Os espíritos são imateriais e não podem ser sepultados. O corpo de Jesus era material.
Ele não foi apenas sepultado, de modo a ocupar espaço em um túmulo, mas esteve sepultado ali durante três dias. Isso não poderia ter acontecido a um espírito, pois os espíritos não ocupam espaço nem tempo.
3. O túmulo vazio
Quando os discípulos viram o túmulo em que haviam sepultado anteriormente o corpo de Jesus, encontraram-no vazio. Os adornos de sepultamento estavam em forma e lugares tais que indicavam seu abandono pela partida ordenada do corpo de Jesus. Quando este apareceu mais tarde a Seus discípulos, foi num corpo, pois disse: “Um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” (Lucas 24:39). O Seu corpo ressurreto ocupava condições espaciais e executava as funções de movimento, aparência e ingestão de alimentos. Falava e andava, ocupou um aposento mas não precisou de porta para entrar ou sair. Era o mesmo corpo em sua forma espiritual glorificada, que Jesus tirara do túmulo, deixando-o vazio.
4. A ressurreição corporal
Houve treze aparições diferentes de Jesus, sob todas as condições e circunstâncias concebíveis. Diversamente das alucinações, que podem continuar a enganar, as aparições de Jesus cessaram, pois terminaram com Sua ascensão.
Qualquer versão que procure desmentir a ressurreição corporal de Jesus vê-se diante dessas aparições de Jesus em Seu próprio corpo. Era um corpo ao mesmo tempo semelhante e diferente daquele que fora pregado ao madeiro. Era tão semelhante, que Maria O confundiu com o jardineiro. Era tão semelhante, que podia receber alimento, empenhar-se em conversa e ocupar um aposento.
A dessemelhança estava em suas propriedades, pois combinava propriedades tanto materiais quanto imateriais. Podia atravessar portas fechadas ou desaparecer. Quando examinado cientificamente, isso não deve parecer tão inacreditável.
“Nenhuma substância material, porta ou qualquer outra coisa, é realmente sólida. Existem sempre espaços entre as moléculas, de modo que um corpo assim atravessar outro não é coisa mais difícil de imaginar do que um regimento passar por outro, marchando, num desfile militar, e se um regimento contivesse tantos homens quantas moléculas existem numa porta provavelmente pareceria tão sólido quanto ela. Além disso, o corpo ressurgido de Cristo, ainda que possuindo algumas propriedades materiais, é representado como tendo sido também espiritual e a maior aproximação de uma substância espiritual de que temos qualquer conhecimento científico é o éter, que também parece combinar propriedades materiais e imateriais, mostrando-se em algumas particularidades mais um sólido do que um gás. Pode, no entanto, atravessar todas as substâncias materiais, e isso certamente nos impede de declarar inacreditável que o corpo espiritual de Crista passasse por portas fechadas. Na verdade, por tudo quanto sabemos, pode ser uma das propriedades dos seres espirituais a de atravessar substâncias materiais (como fazem os raios X), e se mostrar em geral invisíveis, mas ainda assim ser capazes, se o desejarem, de assumir algumas das propriedades da matéria, tais como tornarem-se visíveis ou audíveis. Na verdade, a menos que sejam capazes de fazê-lo, é difícil ver como pudessem manifestar-se. E uma pequena alteração nas ondas luminosas vindas de um corpo o tornaria visível aos olhos humanos, estando fora de dúvida dizer que Deus, o Onipotente, não pudesse operar tal transformação num corpo espiritual. Embora, para um corpo assim, fazer-se tangível ou ingerir alimentos não seja realmente mais maravilhoso do que tornar-se visível ou audível, porquanto quando ultrapassamos a fronteira entre o natural e o sobrenatural tudo é misterioso.”2
Foi no espírito dessa prova e verdade que Paulo disse ao rei Agripa: “Por que se julga incrível entre vós que Deus ressuscite os mortos?” (Atos 26:8).
Com freqüência espantosa, a Bíblia afirma o fato da ressurreição corporal de Cristo. Talvez a afirmação mais direta de todas esteja na narrativa feita por Lucas no livro dos Atos, quando relata: “A estes também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis, aparecendo-lhes durante quarenta dias” (Atos 1:3). Que vamos fazer com essas “muitas provas”? Alguém perguntou a meu colega George Beverly Shea quanto sabia a respeito de Deus, e ele respondeu: “Não sei muito, mas o que sei modificou minha vida.” Podemos não ser capazes de levar todas essas provas a um laboratório científico e verificá-las, mas se aceitarmos qualquer fato da história, teremos de aceitar o fato de que Jesus Cristo se levantou dos mortos.
A ressurreição de Cristo não foi apenas um pós-escrito à vida terrena de Jesus, mas um elo de uma série de acontecimentos redentores, que constituem uma cadeia que vai de eternidade a eternidade. Esses acontecimentos incluem a encarnação, a crucificação, a ressurreição, a ascensão e o regresso. Qualquer elo que faltasse nessa seqüência destruiria a cadeia e, assim, tornaria impossível a redenção.
Para o cristianismo pessoal, a ressurreição é de máxima e total importância. Existe uma inter-relação vital para a própria existência do cristianismo, bem como para o crente individual, na mensagem do Evangelho. O teólogo suíço Karl Barth foi quem afirmou: “Queres acreditar no Cristo vivo? Só podemos crer nEle se acreditarmos em Sua ressurreição corpórea. É esse o teor do Novo Testamento. Temos sempre a liberdade de rejeitá-lo, mas não de modificá-lo, ou fazer de conta que o Novo Testamento afirme outra coisa. Podemos aceitar ou recusar a mensagem, mas não a podemos modificar.”
A RESSURREIÇÃO É ESSENCIAL
1. Como sistema de verdade, o Cristianismo entrará em colapso se rejeitarmos a ressurreição. Que Jesus Se levantou dos mortos, eis uma das pedras fundamentais de nossa fé. Como disse Paulo, “se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a vossa fé” (I Coríntios 15:14).
2. A mensagem do Evangelho, isto é, a boa-nova da salvação, acha-se relacionada com uma crença, na ressurreição. Juntamente com a crucificação, foi o tema central dos pregadores apostólicos ao início da era cristã, os quais proclamavam a ressurreição como ponto central do Evangelho. Foi o que Paulo disse: “Irmãos, venho lembrar-vos o Evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual ainda perseverais; por ele sois salvos, se retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão. Antes de tudo vos entreguei o que também recebi; que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (I Coríntios 15:1-4).
É Charles Reynolds Brown quem nos relata uma conversa travada entre Auguste Comte, o filósofo francês, e Thomas Carlyle, o ensaísta escocês. Comte declarou sua intenção de dar início a uma nova religião que suplantaria inteiramente a religião de Cristo. Não deveria ter mistérios, sendo tão clara quanto a tabuada de multiplicar, e seu nome deveria ser “positivismo”.
“Muito bem, Sr. Comte. Muito bem]” comentou Carlyle. “Tudo de quanto vai precisar será falar como jamais um homem falou, viver como nenhum outro homem viveu, e ser crucificado, ressuscitar ao terceiro dia, e fazer o mundo crer que ainda está vivo. Nesse caso, a sua religião terá possibilidade de manter-se.”
3. Uma experiência pessoal de salvação se relaciona com uma crença na ressurreição. Quando Paulo apresentou a fórmula de fé salvadora, ela estava baseada numa crença na ressurreição. “Se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para a salvação” (Romanos 10:9, 10).
Sempre que surge o argumento de que a ressurreição de Jesus não compreendeu a reanimação de Seu corpo, quem o afirma diz que a ressurreição é ressurreição advinda da morte, jamais do túmulo. Dizem que Jesus ergueu-Se imediatamente da morte, entrando em vida espiritual com Deus. Isso quer dizer uma ressurreição espiritual, mas não física e é o que proclamam muitos pregadores modernos na manhã da Páscoa, quando falam, mas não explicam, a ressurreição de Jesus.
Certo ministro me disse recentemente que, mesmo quando dizia o Credo dos Apóstolos, mantinha suas dúvidas, e confessou: “Não posso acreditar na ressurreição de Jesus Cristo.”
As Escrituras do Novo Testamento falam unanimemente das testemunhas visuais do Cristo ressurgido, e afirmam:
“Vimos a sua glória.”
“A este Jesus Deus ergueu, do que todos somos testemunhas”
“Buscai Jesus de Nazaré, que foi crucificado; ele se ergueu”
“Vós o vereis”
“Ele apareceu”
“Vi Jesus, o Senhor”
No curto espaço de três dias ambos os acontecimentos, a morte e a ressurreição, efetuaram-se corporal, e não simbolicamente – tangível, e não espiritualmente – observados por homens de carne e sangue, e não fabricados pela alucinação.
“Se os autores do Novo Testamento conhecessem os dispositivos de século XX, talvez houvessem insistido na confirmação proporcionada pela máquina fotográfica, pela máquina de gravar, ou pelo relato jornalístico.”3
Jesus poderia regressar ao céu sem uma ressurreição corporal. Antes de Sua encarnação, Ele existira no céu sem um corpo, e fora a fonte de toda vida. Mas tal regresso não seria um triunfo completo sobre a morte, e Satanás teria ganho uma vitória parcial.
Quando devidamente compreendida, a morte não é apenas a cessação da existência. Ela afeta a personalidade e suas relações com o corpo. O corpo traz em si a sentença de morte, bem como a personalidade. O corpo tem de ser retirado de sua condição de perdição, bem como a alma. Apenas mediante a ressurreição do corpo poderia tornar-se completa a vitória sobre a morte. Isto dizia respeito não somente ao corpo de Jesus, como dirá respeito, também, ao corpo de todos os que crêem. Assim somos salvos, em instância suprema, da morte física, da morte espiritual e da morte eterna. Assim como o julgamento da morte foi total, também é total a salvação quanto à sua penalidade, dizendo respeito ao físico, espiritual e eterno.
Eis a afirmação feita por Paulo: “Transformados seremos todos, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados… Então se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (I Coríntios 15:51, 52, 54, 55).
A ressurreição foi a confirmação da natureza e ministério de Jesus, que “foi poderosamente demonstrado Filho de Deus, segundo o espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos” (Romanos 1:4). A ressurreição foi também o penhor e a promessa de nossa própria ressurreição. “Pois se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará juntamente em sua companhia os que dormem” (I Tess. 4:14). “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem” (I Coríntios 15:20).
Além disso, Jesus amparou a validez de todas as Suas afirmações e a realidade de todas as Suas obras em Sua ressurreição. Tudo dependia de que se levantasse dentre os mortos. Por esse meio, Ele seria julgado verdadeiro ou falso.
O QUE SIGNIFICA A RESSURREIÇÃO PARA NÓS?
1. Significa a presença do Cristo vivo. Cristo é o companheiro vivo de todas as pessoas que depositam sua confiança nEle. Foi Cristo quem disse: “E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Mateus 28:20). É a garantia de que a vida possui novo significado. Após a crucificação, os discípulos assediados desesperaram-se e disseram: “Ora, nós esperávamos que fosse Ele quem havia de redimir a Israel” (Lucas 24:21). Havia angústia, desespero e tragédia em meio deles. A vida perdera seu significado e propósito, mas quando a ressurreição se tornou evidente, ela adquiriu novo sentido, apresentava propósito e motivo.
David Livingstone dirigiu-se, certa feita, a um grupo de estudantes na Universidade de Glasgow. Ao erguer-se para falar, viram que trazia em seu corpo as marcas das lutas que tivera na África. Em quase trinta ocasiões distintas as doenças o haviam atacado com gravidade, deixando-o descarnado e pálido. O braço esquerdo, esmagado por um leão, pendia ao lado do corpo. Depois de descrever suas provações e atribulações, disse: “Gostariam que lhes dissesse o que me sustentou em todos os anos de exílio junto a uma gente cuja língua eu não compreendia, e cuja atitude para comigo era sempre incerta e muitas vezes hostil? Foi o seguinte: ‘Eis que estou convosco, até a consumação dos séculos.’ Nessas palavras depositei tudo, e elas jamais me falharam.”
2. As orações do Cristo vivo. Dizem as Escrituras: “É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós” (Romanos, 8:34). Em outras palavras, existe um Homem à mão direita de Deus Pai. Está vivo num corpo que ainda apresenta as marcas dos cravos em Suas mãos, e intercede por nós junto a Deus Pai, na qualidade de nosso Sumo-Sacerdote.
3. O poder do Cristo vivo. A ressurreição tornou possível a Cristo identificar-se aos cristãos em todas as épocas e conferir-lhes poder de servi-Lo. “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim, fará também as obras que eu faço, e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai” (João 14:12). Paulo chegou mesmo a orar: “Para conhecê-Lo e ao poder da sua ressurreição” (Filip. 3:10). A presença de Sua ressurreição nos confere vigor e poder para a tarefa de cada dia.
4. O padrão de nossos novos corpos. O corpo ressurgido de Jesus Cristo é o padrão do que serão os nossos corpos quando também nos erguermos dos mortos. “Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da Sua glória, segundo a eficácia do poder que Ele tem de até subordinar a Si todas as coisas” (Filipenses 3:20, 21).
5. A promessa de um futuro redentor. Todo o plano do futuro tem por chave a ressurreição. A menos que Cristo tenha-Se erguido dos mortos, não pode haver reinado ou rei futuro. Quando os discípulos estavam no lugar da ascensão, receberam a garantia dada pelo anjo de que o Cristo da ressurreição seria o Cristo da glória trazida de volta à terra. “Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu, assim virá do modo como O vistes subir” (Atos 1:11). É assim que a ressurreição constitui acontecimento que, ao mesmo tempo, preparava e confirmava um acontecimento futuro de Sua segunda vinda.5
Sim, nosso guia Jesus Cristo está vivo.
Quando estive na Rússia, ouvi contarem uma história acerca de certa aldeia russa. Depois da revolução bolchevista, o dirigente comunista local fora enviado para narrar ao povo as virtudes do comunismo e afastar-lhe a tendência para a religião, a que Karl Marx chamava “o ópio do povo”. Depois que o comunista falou por bastante tempo, disse em tom de desprezo ao pastor cristão da aldeia: ‘Tem cinco minutos para contestar.” A isso, o pastor replicou: “Não preciso de cinco minutos, pois bastam cinco segundos.” Subiu à plataforma e fez a saudação pascoal: “Cristo ressuscitou! A uma só voz, os habitantes da aldeia responderam em coro: “Ressuscitou na verdade.”
Extraído do livro “MUNDO EM CHAMAS”, BILLY GRAHAM