Sob o comando mental, absoluto e totalitário do Corpo Governante, as Testemunhas de Jeová afirmam que sua organização é a única religião verdadeira, pois, dentre algumas coisas, apenas eles defendem o uso do nome de Deus. E segundo eles, deve ser pronunciado JEOVÁ (todos os grifos em negritos são meus).
“O nome impar de Deus, Jeová, serve para diferenciá-lo de todos os outros deuses […] o nome Jeová tem um rico significado. Invocar a Jeová como seu Deus e Libertador pode conduzi-lo a infindável felicidade.” (Conhecimento que conduz a vida eterna, pp. 25,27).
“A verdade é que o nome de Deus aparece milhares de vezes nos manuscritos bíblicos antigos. Portanto, Jeová deseja que você saiba qual é o nome dele e que o use.” (Bíblia Ensina, pp. 13,14).
“Quem, então, atualmente trata o nome de Deus como santo e o torna conhecido em toda a terra? As religiões em geral evitam o uso do nome Jeová. Algumas até mesmo o tiraram de suas traduções da Bíblia. […] Existe apenas um povo que realmente segue o exemplo de Jesus neste respeito. […] de modo que adotaram o nome bíblico “Testemunhas de Jeová”. (Poderá Viver para sempre, p. 185).
“O que está errado é deixar de usar o nome. Por quê? Porque os que não o usam não poderiam ser identificados com os que Deus toma como “povo para seu nome”.” (A Verdade que conduz a vida eterna, p.18).
Já admitiram que a pronúncia Jeová é errônea e produto da tradição católica romana, que veio a ser adotada pela tradição protestante antiga:
“Na Bíblia Hebraica o nome de Deus é representado pelas quatro letras … correspondendo a YHWH. Séculos antes da rebelião protestante contra a autoridade religiosa dos papa de Roma no século dezesseis, os clérigos católicos romanos pronunciavam Ieová a combinação sagrada das quatro letras… Todas as evidencias disponíveis indicam que foram os clérigos católicos romanos que introduziram a pronúncia. Dizia a Enciclopédia Americana no Volume 16, páginas 8,9 (edição de 1929): A tradução de “Jeová” remonta aos princípios da Idade Média e até recentemente se dizia que ela foi inventada ´por Peter Gallantin (1518), confessor do papa Leão X. Escritos modernos, entretanto, atribuem-na a uma data mais antiga, segundo se acha no “Pugeo Fidei” de Raymond Martin (1270). Isto se deu porque hebraístas cristãos consideravam superstição substituir o nome divino por qualquer outra palavra… – Raimundo Martim (ou Raymundus Martini) foi um monge espanhol da Ordem Dominiciana.” (Santificado Seja teu Nome, pp. 18,19).
Hoje em dia não admitem isso tão claramente, como ilustra a revisão de um livro abaixo. Perceba como a revisão tenta enfraquecer a admissão de que a pronúncia Javé é a mais provável:
“Toda a Escritura é Inspirada por Deus e proveitosa”, de 1966, Capítulo “As Vantagens da Tradução do Novo Mundo”, p. 318. | “Toda a Escritura é Inspirada por Deus e proveitosa”, revisão de 1990, Capítulo “As vantagens da Tradução do Novo Mundo”, p. 327.
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“A pronuncia Iavé talvez seja a mais correta, mas a forma latinizada Jeová continua a ser usada porque é a forma mais comumente aceita de tradução em português do Tetragrama…” | “A forma Iavé é geralmente preferida pelos hebraístas, mas não é possível saber atualmente a pronuncia correta. Assim a forma latinizada Jeová continua a ser empregada por estar em uso a séculos e por ser a forma mais comumente aceita da tradução em português do Tratragrama…” |
Um carro chefe do proselitismo dos praticantes da religião da Torre de Vigia, é confrontar as pessoas com o Salmo 83.18 e dizer que devemos usar o nome de Deus – Jeová. Segundo a Liderança TJ, o nome Jeová deve ser usado porque é comum, e já está bem firmada a sua tradição! Assim, não é por pela exatidão, já que Javé seria a forma mais provável. Mesmo sabendo que o nome Jeová é um nome híbrido, e não tem apoio nos hebraístas mais conceituados, eles argumentam da seguinte maneira::
“Então, por que esta tradução usa a forma “Jeová” do nome divino? Porque essa forma tem uma longa história em português.” (Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada – Apêndice 4, p. 1798).
“O ponto vital não é de que maneira deve pronunciar o Nome Divino, que “Javé”, “Jeová”, quer de outra forma, desde que a pronúncia seja comum no seu idioma.” (A Verdade que conduz a vida eterna, p.18).
Curiosamente, em uma anterior edição da TNM, com Referencias, falam da seguinte maneira:
“Por usarmos o nome “Jeová”, apegamo-nos de perto aos textos da língua original e não seguimos a prática de substituir o nome divino o Tetragrama, por títulos tais como “Senhor”, “o Senhor”, “Adonai” ou “Deus”. (TNM – com Referencias, apêndice 1, p. 1501).
Se eles admitem que a versão Javé é mais provável, é incongruente ao mesmo tempo dizer que usar uma forma hibrida estaria aproximando a TNM dos originais. Interessante, que a prática de substituir o tetragrama por Senhor, foi feito elos autores inspirados do NT.
Quando falamos com uma Testemunha de Jeová que o nome de Deus é DEUS ou PAI, eles rapidamente respondem: “Deus e Pai, não são nomes, mas títulos!” (veja Poderá Viver para Sempre, p. 41) Argumento esse ditado pelo Corpo Governante. Mas interessante, que esse argumento já foi usado pelos líderes das Testemunhas de Jeová no passado!!! Veja algumas evidencias disso:
“A Bíblia demonstra que o nome de Quem exerce poder supremo na criação e em todas as coisa é Deus. Ele tem outros nomes… (Criação, p.10).
“O Criador o Imortal, de eternidade a eternidade, e o nome dele é Deus. (Inimigos, p. 22).
“O nome Deus quer dizer Altíssimo, o Criador de todas as coisas. O nome Jeová significa os propósitos do Eterno para com suas criaturas. O nome Altíssimo dá a entender que ele é o Supremo e que além dele não existe nenhum outro. E o nome Paiquer dizer que ele é o Doador da vida.” (Riquezas, p. 135).
Esses argumentos antigos dos mentores da fé TJ, estava, em certa medida, em coerência com a Bíblia que diz que tais títulos, em nossa cultura, podia ser chamado de NOMES na Bíblia, como podemos ver em Isaias 9.6:
“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.”
O renomado Teólogo Reformado, Louis Berkhof, nos ensina que quando a Bíblia fala de Nome de Deus, que inclui o nome Jeová, Deus, Todo-poderoso, Senhor, Pai, Senhor, “Nesses casos “o nome” vale por toda manifestação de Deus em Sua relação com o Seu povo, ou simplesmente pela pessoa, de modo que se constitui sinônimo de Deus.” (Teologia Sistemática, p. 46). O mesmo teólogo nos informa que a exata origem e pronúncia do nome Yahweh “estão perdidos na obscuridade” (p. 48).
Não podemos nos opor ao uso nas traduções do nome de Deus, Javé (e de uma maneira bem tolerante, nem mesmo contra Jeová – no caso de versões antigas, AINDA QUE tal tradução do nome divino deveria ser abandonada por versões recentes). Mas de igual modo, usar um substituto SENHOR, que aparece nas cópias do VT e nas citações do NT, parece-nos plausível. Diante de incertezas dessas, uma religião construir sua identidade e condicionar a salvação a um uso, místico, de uma versão hibrida do nome divino, é o mesmo de construir um castelo na areia…
Luciano Sena do site http://mcapologetico.blogspot.com/