O Concílio de Laodicéia e o Domingo

Introdução

Consideremos agora a asserção dos sabatistas, de ter sido o Papa quem mudou a guarda do sábado para domingo e, por conseguinte é “o sinal da besta” (Apoc. 13:16) . Isso também não tem nenhuma base bíblica ou histórica. Basta frisar que até hoje ainda não puderam provar isto pela história e dizer o nome do papa que fez a mudança! Senão por meio de uma interpretação capciosa de qualquer referência papal ao domingo. O Sr. Waggoner, uns dos sabatistas mais eminentes, depois da pressão que DM Canright (ex-pastor adventista) lhe fez, recebeu a incumbência hercúlea de ver se poderia catar o nome e o tempo do célebre papa que fez tal edito. Para isso ele viajou por toda a Europa e América do Norte, pesquisando as melhores bibliotecas, mas nada encontrou!… Finalmente, ele estabeleceu o Concilio de Laodicéia, A. D. 364, como lugar e tempo da mudança do sábado. Dai para diante todos os sabatistas repetem essa descoberta a miúdo como prova esmagadora daquilo que dizem! Mas, examinemos o fato.

O Cânon 29 desse concílio diz assim:

“Os cristãos não devem judaizar e descansar no sábado, mas trabalhar nesse dia; devem preferir o Dia do Senhor e descansar, se for possível, como cristãos. Se eles, portanto, forem achados judaizando, sejam malditos de Cristo.”

É, pois, este o célebre edito que, no dizer dos adventistas, fez ruir por terra a lei de Deus e estabeleceu a lei da “besta”, trazendo consigo toda a iniqüidade e “sinal da besta”. Waggoner diz que esse concilio foi “um concilio católico”. E todos eles ensinam hoje que foi a Igreja Católica que mudou o sábado e isto pela autoridade do Papa

Fala Canright sobre os seguintes fatos:

(1) Se o sábado foi mudado para o domingo nessa ocasião, pelo Papa, então certamente não foi mudado antes ou depois em qualquer outro lugar! Se foi o Papa nesse tempo quem fez a mudança, claro é que não foi Constantino em 325 A. D. ou vice-versa.

(2) Conforme a asserção citada, os sabatistas admitem logicamente que Constantino não fez coisa alguma para mudar o sábado.

(3) Temos já provado sobejamente, que todos os cristãos, muito antes desta data, eram unânimes em observar o dia do Senhor. Este fato prova o absurdo extremo da pretensão de ter sido mudado o sábado em Laodicéia, 364 A. D., ou pelo Papa em qualquer outro tempo.

(4) Eusébio, bispo de Cesaréia, na Palestina, escreveu a sua célebre “História do Cristianismo” no ano 324, justamente 40 anos antes deste concilio. E ele diz: “Todas as coisas que eram do dever fazer-se no sábado temos transferido para o dia do Senhor, muito mais honrável do que o sábado.” É esta, pois, a posição da Igreja 43 anos antes do concilio. Quanta verdade, pois, há na declaração de que foi o Concilio de Laodicéia que mudou o sábado É uma vergonha tal perversão da verdade. Além disso, consideremos outras coisas a respeito do Concílio de Laodicéia em 364 A. D.

(5) Laodicéia não é Roma. Estava situada na Ásia Menor, a mais de mil milhas para leste de Roma; e a Ásia Menor fica na Ásia e não na Europa; era uma cidade oriental e não latina ocidental, grega e não romana.

(6) O bispo (ou seja, o Papa) de Roma não esteve presente nesse concilio: nem mesmo mandou um delegado ou uma pessoa que o representasse. O fato é que nem a Igreja Católica nem o Papa tinham que fazer alguma coisa com esse concilio. Ele foi realizado mesmo sem o seu conhecimento ou consentimento.

(7) Outro fato estupendo é que, nessa data, 364 A D. , os papas, ou antes os bispos de Roma, não tinham ainda autoridade alguma sobre outros bispos e igrejas. Esta autoridade eles só adquiriram cerca de 200 anos depois dessa data. Mesmo no século VI a sua autoridade era contestada no oriente, onde se realizou o tal concilio. Os próprios sabatistas admitem este fato. Como é então possível um papa sem autoridade, senão numa igreja local, decretar alguma coisa universal a quem não lhe está sujeito e logo ser Obedecido universalmente?! É absurdo!

(8) Libério era bispo em Roma, no tempo do concilio. E ele foi degredado do seu ofício, banido e tratado com o maior vitupério. E para poder ficar livre do seu exílio, escreveu um pedido com a maior submissão aos bispos do oriente” (Bower’s History of the Popes Vol. 1, pág. 64). Foi esse o Papa que mudou o sábado num concilio composto desses mesmos “bispos do oriente”, a mil milhas distante, a que ele nunca assistiu!

(9) O Concilio de Laodicéia foi um concilio somente local, pequeno e sem importância e não um concilio geral. O Sr. Waggoner, como também os sabatistas em geral, hoje elevam-no a um concilio geral, católico, o que é inteiramente falso. Bower, na sua obra extensa sobre a “história dos Papas”, descreve todos os concílios gerais, os concílios locais importantes e todos aqueles que estão relacionados com Roma ou os papas, mas nem sequer menciona o Concilio de Laodicéia. Ele diz: “houve diversos concílios entre os anos 363 e 368, dos quais não temos uma descrição particular” (Vol. 1, pág. 79). A Enciclopédia de McClintock e Strong diz: “Estiveram presentes trinta e dois bispos das diferentes províncias da Ásia Menor”, portanto, eram todos bispos da igreja do oriente, e nenhum da Igreja Romana!! E ainda foi este o tempo e o lugar quando e onde a Igreja Romana e o Papa mudaram o sábado!

(10) Agora imagine o leitor: um pequeno concilio local, de 32 bispos, revolucionou o mundo inteiro, fazendo-o guardar o domingo!

(11) O simples fato daquele concilio é que unicamente regulou, naquela localidade, aquilo que havia muito tempo antes tinha sido a prática geral dos cristãos, como já provamos.

(12) A Igreja de Laodicéia foi instruída pelo próprio apóstolo Paulo; e a ela João escreveu uma das sete cartas apocalípticas (Col. 4:13, 16; Apoc. 3:14). Portanto, ela estava bem instruída na doutrina dos apóstolos. E quase cem anos antes do Concilio de Laodicéia, 270 A. D., Anatólio, o bispo de Laodicéia, escreveu: “A nossa consideração pela ressurreição do Senhor, que se efetuou no dia do Senhor, nos leva a guardá-lo baseado no mesmo princípio” (Cânon 16). Temos, portanto, aquela igreja guardando o domingo cem anos antes do concílio!

(13) Finalmente, se o Concílio de Laodicéia mudou o sábado como pregam os sabatistas, então foi a Igreja Grega e não a Romana que o mudou, e nesse tempo não existia ainda um papa na Igreja Romana que tivesse autoridade alguma sobre as igrejas do oriente! Se não foi, pois, o papa, que instituiu o domingo que há de ser então do “sinal da besta”?… Estes fatos são esmagadores. A única prova que os sabatistas apresentam, além da discutida, são as citações do Catecismo católico, que diz que foi a Igreja Católica que mudou o dia de sábado para o domingo. Se os sabatistas aceitam a declaração pretensiosa dos católicos como um fato verdadeiro, simplesmente por que ela o diz, por que então não aceitam como um fato verdadeiro a infalibilidade papal, sua sucessão na cadeira de Pedro, e que ele tem as chaves do reino dos céus?! Ela declara isto também, mas isto não lhes convém crer!

Além disso, o Catecismo não diz que foi o Papa quem mudou o sábado, mas a “igreja”, porque os católicos pretendem que a Igreja Católica tenha existido desde o tempo dos apóstolos e que a observância do domingo, praticado nas igrejas apostólicas, fosse instituída por ela. Isto é, pois, outro argumento forte que prova que o domingo foi observado pelas igrejas apostólicas; se é que queremos utilizar-nos da declaração católica como fazem os sabatistas.

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