Recentemente a Bíblia tem sido atacada por eruditos liberais que afirmam que o cânon do Novo Testamento foi determinado pelos vencedores de uma suposta batalha pelo domínio nos primeiros séculos do Cristianismo. Como as evidências a seguir revelam, porém, o cânon não é arbitrário ou autoritário, mas divinamente autorizado.
Primeiro, todo o cânon do Novo Testamento foi registrado no início, e por isso não estava sujeito à contaminação lendária. Se qualquer parte do cânon tivesse sido escrita depois de 70 d.C, certamente mencionaria a destruição do Templo, dando aos judeus antigos sua identidade teológica e sociológica. Acrescente-se a isso, que pelo fato de Mateus e Lucas terem usado Marcos como fonte, e Lucas ter escrito seu Evangelho antes do livro de Atos, que foi concluído antes do martírio de Paulo em meados do ano 60, Marcos pode ter sido composto tão cedo quanto 40 d.C, apenas poucos anos depois dos acontecimentos registrados. E mais, em 1Coríntios 15, Paulo reitera um credo cristão que pode ser observado entre três e oito anos da crucificação de Cristo. Ao contrário, os evangelhos gnósticos, incluindo o Evangelho de Tomé e o Evangelho de Judas, datam de muito depois do final do primeiro século.
Todo o cânon do Novo Testamento foi registrado no início, e por isso não estava sujeito à contaminação. A autoridade do Novo Testamento é confirmada pelas credenciais de testemunhas de seus autores. Evidências extrabíblicas confirmam o cânon do Novo Testamento.
João escreve: “O que era desde o princípio, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida” (1João 1.1). De igual modo, Pedro lembrou seus leitores de que os discípulos não seguiam “fábulas artificialmente compostas”, mas “[eles] mesmos [viram] a sua majestade” (2Pedro 1.16). E mais, o Novo Testamento contém detalhes embaraçosos que nenhuma associação autoritária submetida a uma dominação dogmática teria adotado. Por exemplo, os Evangelhos apresentam os membros fundadores do movimento como discípulos dissidentes que não só duvidaram, mas negaram seu Mestre.
O cânon não foi determinado pelos homens, mas descoberto pela comunidade de cristãos primitivos com base em princípios de canonicidade.
Finalmente, evidências extrabíblicas confirmam o cânon do Novo Testamento e nada sabem a respeito de antigos cânons concorrentes. Historiadores seculares — incluindo Josefo (antes de 100 d.C), o romano Tácito (cerca de 120 d.C), o romano Suetônio (110 d.C.) e o governador romano Plínio, o Jovem (100 d.C.) — confirmaram os muitos acontecimentos, pessoas, lugares e costumes registrados no Novo Testamento. Líderes da Igreja Primitiva como Irineu, Tertuliano e Clemente de Roma — todos escrevendo antes de 250 d.C. — também esclareceram algo sobre a precisão histórica do Novo Testamento. A partir dessas fontes, podemos reunir os destaques da vida de Cristo independentemente do cânon do Novo Testamento. Além disso, Eusébio de Cesareia reconheceu a centralidade dos Evangelhos canônicos e registrou seu uso em importantes centros cristãos, incluindo Jerusalém, Antioquia, Alexandria e Roma. Assim, o cânon não foi determinado pelos homens, mas descoberto pela comunidade de cristãos primitivos com base em princípios de canonicidade.
“Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio e foram ministros da palavra” (Lucas 1.1-2).
Pr. Hank Hanegraaff