O Bispo: vida e obra

Edir Bezerra de Macedo nasceu em fevereiro de 1945, na cidade fluminense de Rio das Flores no Estado do Rio de Janeiro, numa família pobre de imigrantes, o pai o alagoano Henrique Francisco Bezerra e sua mãe Eugênia Macedo Bezerra, eram donos de um comércio de secos e molhados. Dona Eugênia teve vários filhos dos quais apenas sete sobreviveram, Edir Macedo com 17 anos conquistou seu primeiro emprego na Loteria do Rio de Janeiro, nesta época sua família já havia se mudado para o bairro de São Cristóvão (RJ). Embora não tenha concluído seu estudo universitário, Macedo começou o curso de matemática na Universidade Federal Fluminense.

Em 1963 Edir Macedo se converteu a “Igreja Nova Vida” nesta época já estavam com 18 anos, apesar da pouca idade em seus relatos de conversão, o Bispo sempre faz questão de frisar que quando se converteu estava no fundo do poço e já havia procurado Deus até nas religiões espíritas:

“Eu era uma pessoa triste, deprimida, angustiada. No fundo do poço busquei a Igreja Católica e só encontrei um Cristo Morto. Aquilo não satisfez o meu coração e parti para o espiritismo, mas as idéias que ali encontrei já não se aglutinavam com as minhas. Então um dia tive esse encontro pessoal com Deus (…). Estava em uma reunião pública, de evangelistas, na sede da Associação Brasileira de imprensa no Rio. As pessoas cantavam e de repente desceu uma coisa sobre nossa cabeça, nosso corpo, como se estivéssemos sendo jogados de baixo de um chuveiro. Foi algo ao mesmo tempo físico e espiritual abstrato e concreto. Pude ver como se estivesse descendo ao inferno. Cai em prantos, então a mesma presença me apontou Jesus. Foi quando nos convertemos e nos entregamos de corpo e alma e espírito. ( Folha de São Paulo 20.06.91 p.13).

Convertido a Igreja de Nova Vida Macedo permaneceu nesta denominação até 1975, quando juntamente com seu cunhado Romildo Ribeiro Soares e outros dois pastores fundaram uma igreja denominada de Cruzada do Caminho Eterno, nesta denominação tanto Macedo quanto Romildo permaneceram até 1977, quando fundaram a igreja Universal do Reino de Deus. Juntos Macedo e Romildo coordenaram a igreja por três anos. Em 1980 começou a haver divergência entre os dois, devido, ao que parece modelo centralizador e autoritário de Macedo. Romildo então sai da Universal e funda a Igreja Internacional da Graça de Deus, Macedo passa a ser o principal líder da IURD.

A prática de divisão no neopentecostalismo é algo bastante comum.

“Se alguma coisa é realmente estável no mundo religioso essa coisa e a dialética de sua constituição, onde a Igreja conquista o sistema e gera a seita que vira Igreja que produz a dissidência”. (Brandão, 1980)

Em, suas decisões Macedo se mostra um líder centralizador, embora a Universal conte com um conselho de Bispos, a palavra de Macedo sempre é a ultima.

“O governo eclesiástico da Universal é centralizado em torno de seu líder carismático. Sua estrutura de poder é vertical e despótica. A instância máxima da igreja é o Conselho Mundial de Bispos, em segundo o Conselho de Bispos do Brasil e na base da pirâmide hierárquica, pelo Conselho de Pastores do Brasil. Na prática, porém o bispo primaz, escudado em seu poder vitalício e ancorado no discurso de que o próprio Deus o escolheu para exercer tal autoridade, que não pode ser questionada, decide e comanda” (Mariano 1999)

O líder carismático em Edir Macedo é percebido muito bem. Em 24 de Maio de 1992, quando acusado de crimes como charlatanismo, curandeirismo e estelionato, a Justiça Federal decretou a prisão do bispo, que na ocasião passou 12 dia encarcerado. Nas fotos que se tem desta época Macedo aparece sempre com a Bíblia na mão ou de joelhos orando, esta imagem tem grande repercussão entre os fiéis que viam na figura do bispo um homem perseguido, mas fiel.

Para o escritor Durkheim:

“Quando obedecemos a uma pessoa por força da autoridade moral que reconhecemos nela, seguimos os seus conselhos não porque nos pareçam prudente, mas porque uma energia física de determinado tipo é imanente a idéia que temos dessa pessoa, a qual doma nossas vontades e a inclina no sentido indicado”. (1989 p, 261)

O carisma que Macedo exerce junto a seus fiéis faz com que estes, vejam sua prisão não como “crime cometido”, mas como perseguição à igreja, e a eles próprios. Durckeim chama esta ação de “Consciência coletiva onde um determinado grupo padrozinam-as formas de pensarem e se comportarem”.


Matéria extraida da Monografia de Wellington C. de Oliveira, 2004

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