O batismo na cosmovisão católica

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Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.

MATEUS 28.19

Batismo é um dos mais famosos sacramentos da   Igreja Católica Romana. Ordenado por Jesus em Mateus 28:19, o batismo têm sido observado dentro do Cristianismo desde então. Os primeiros Cristãos batizavam os novos convertidos sob a ordem de Jesus Cristo e a Bíblia relata vários destes batismos mostrando a importância de tal rito para a vida cristã.

Na Igreja Católica, o batismo apresenta algumas características peculiares como a remissão do pecado original em recém-nascidos e sua necessidade para a salvação de uma pessoa. Por outro lado, nas confissões de fé protestantes, o batismo é tido como uma representação, uma figura da morte do Cristão para o mundo e de sua ressurreição para a vida em Cristo.

Tanto Católicos quanto Evangélicos aceitam o batismo como um sacramento, como uma ordenança de Jesus Cristo. No entanto, diferem nos aspectos relacionados ao significado do batismo e ao modo como é realizado. Nós Evangélicos não cremos que o batismo deva ser ministrado a recém-nascidos e nem que ele é necessário para a salvação. Também não realizamos o batismo por aspersão (derramando água sobre a pessoa), mas sim por imersão (imergindo a pessoa totalmente dentro d’água). Isso se dá, pois a palavra Batismo – do original “βαπτίζω”, baptizo – significa imergir. Desta forma, seria um tanto estranho praticar a “imersão” (batismo) por aspersão.

Gostaria de convidar o caro leitor a analisar mais uma doutrina Católica à luz da Bíblia, buscando comparar o dogma batismal Católico com o que a Palavra de Deus diz à respeito do assunto.

Necessário para a Salvação

Se alguém disser que o Batismo é facultativo, isto é, não necessário para a salvação — seja excomungado.”

 Concílio de Trento, Sessão VII, parágrafo 861

    O batismo é uma ordenança de Jesus Cristo para a vida Cristã. A Igreja Católica afirma que o batismo é necessário para a salvação. Mas será que é isso que a Bíblia ensina?

O sacramento do batismo não aparece na Bíblia como quesito para a salvação em nenhuma passagem. Sua relação com a redenção do homem é simbólica, assim como a eucaristia. O batismo é somente uma representação e não uma obra redentora.

A Bíblia ensina que o batismo deve ser ministrado ao Cristão como símbolo de sua conversão, morte e ressurreição espiritual para uma nova vida em Cristo. Podemos dizer que o batismo não é obra de salvação e sim uma representação de tal obra já efetuada na vida daquele que se batiza.

A Igreja Católica – e mais algumas seitas – ensinam que o batismo é necessário para a salvação, isto é, se uma pessoa não for batizada ela nunca poderá entrar no reino do céu. Os apologistas Católicos tentam encontrar nas Escrituras algum versículo que dê apoio para essa ideia. Analisemos alguns dos mais usados por eles:

O caso de João 3:5

O versículo de João 3:5 diz: “Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus”.

Os defensores da doutrina romana sublinham a parte “quem não nascer da água” e focalizam a ideia de que estes não poderão entrar no reino de Deus. Segundo eles, nesta passagem, Jesus estaria ensinando a necessidade do batismo para a salvação. No entanto o sentido das palavras de Jesus não são estes. Provavelmente Jesus estava se referindo à profecia de Ezequiel: “Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. […] Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.” (Ez 36:25,27). Ezequiel fala de um lavar espiritual e não físico, assim como complementa Paulo, fazendo uma clara refutação ao argumento da salvação pelo batismo: “não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo,” (Tt 3:5). Como podemos ver claramente, não é por obras de justiça praticadas por nós, mas pelo amor, graça, misericórdia e pela ação do Espírito Santo nos concedendo um lavar espiritual que nos torna aptos a entrar para o reino de Deus.

O texto de 1 Pedro 3:21

Este verso diz: “a qual, figurando o batismo, agora também vos salva, não sendo a remoção da imundícia da carne, mas a indagação de uma boa consciência para com Deus, por meio da ressurreição de Jesus Cristo;”.

Com base neste texto, os apologistas Católicos, ignorando o contexto e separando as palavras “figurando o batismo, agora também vos salva”, dizem que a Bíblia ensina o batismo para a salvação. No entanto, o contexto pode nos mostrar o que Pedro realmente quis dizer. Sendo assim, o texto prossegue: “não sendo a remoção da imundícia da carne, mas a indagação de uma boa consciência para com Deus,”. O que Pedro está dizendo? Pedro está dizendo que a cerimônia Batismal exterior não salva, mas sim a realidade espiritual que o batismo representa. Quando Pedro fala que a salvação não é fruto da “remoção da imundícia da carne” ele se refere ao ato exterior do batismo, isto é, o contato da uma pessoa com a água, onde ela estaria teoricamente se lavando. Logo depois Pedro explica o que realmente salva o homem, ou seja, aquilo que o batismo representa, que é a “indagação de uma boa consciência para com Deus, por meio da ressurreição de Jesus Cristo.

Portanto, o texto de 1 Pedro 3:21 não ensina a necessidade do batismo para a salvação; muito pelo contrário, mostra que o rito ou a cerimônia do batismo não salva, mas sim o que ele representa: a morte e ressurreição do cristão para uma nova vida.

As palavras de Jesus em Marcos 16:16

Este é o verso áureo dos que creem na doutrina do batismo para a salvação. Jesus diz em Marcos 16:16: “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado.”. Há uma grande ênfase na primeira parte da frase: “Quem crer E FOR BATIZADO é que será salvo”, afirmam os romanistas. No entanto, Jesus termina dizendo “quem, porém, não crer será condenado”. Percebeu a diferença? Se o batismo fosse necessário para a salvação, certamente Jesus diria “Quem porém não crer e não for batizado será condenado”. Mas foi isso que ele disse?

Jesus coloca a condição de salvação sobre o “crer” e não sobre o batismo, pois se quem não crer será condenado é lógico deduzirmos que quem crer será salvo. Acredito que o que Jesus quis dizer é que o homem que deve crer e passar pela obra regeneradora operada Espírito de Deus. Poderíamos parafrasear Jesus desta forma: “Todo aquele que crer e renascer do Espírito Santo será salvo”.

Concluindo, Jesus não estava falando do batismo físico, cerimonial, ritualístico, mas sim de seu significado, isto é, daquilo que ele representa. O batismo não pode conceder nenhuma graça por si, pois só podemos ser salvos pela graça de Deus, mediante a fé em Jesus Cristo (Is 64:6; At 5:11; Rm 11:6; Ef 2:8-9).

O batismo cerimonial (ministrado pelo homem) é uma obra de justiça, e com base nas Palavras de Paulo em Tt 3:5: “não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo,” (assim como ensinado em outras passagens como Rm 3.27-28, 4.2-5, 15:1;  Gl 2.16; Ef 2:9; 2 Tm 1.9 onde podemos ver que obras não salvam) podemos afirmar que o batismo não salva o homem. As obras não são para nos salvar, mas para demonstrar que somos salvos. O batismo representa a salvação do homem, mas não a opera.

Um bom exemplo Bíblico seria o ladrão da cruz que se arrependeu de seus pecados e foi salvo por Jesus sem ter sido batizado (Lc 23: 42-43).

Poderíamos ainda acrescentar que a salvação é por meio da graça, operada pela fé através do sangue de Jesus. Em Atos 16:30 o carcereiro pergunta a Paulo e Silas: “Senhores, que devo fazer para que seja salvo?”, à esta questão eles respondem: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.” (At 16:31). Não falaram nada sobre batismo.

O batismo é de suma importância para a vida cristã plena em Cristo. Seu sentido está em morrer para o mundo e renascer para Cristo. Isto não ocorre no momento do ritual batismal, mas no momento em que a pessoa entrega sua vida a Jesus Cristo. O batismo é a figura daquilo que Deus, por meio do seu Espírito Santo, operou em nossa vida. Portanto, o batismo representa a salvação, mas não salva.

Remissão de pecados pelo Batismo

Em razão desta certeza de fé, a Igreja ministra o batismo para a remissão dos pecados mesmo às crianças que não

cometeram pecado pessoal.”

Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 403

    A Igreja Católica ministra o batismo com dois propósitos: anexar o batizado à Igreja e perdoar seus pecados. Outras religiões também têm o batismo como um sinal ou um pacto que é feito entre o batizado e a religião na qual recebeu o batismo. Entretanto, a Bíblia não ensina nada disso sobre o batismo.

O propósito do batismo é evidenciar a conversão, isto é, representar ao mundo, de forma exterior, a conversão espiritual de uma pessoa. Desta forma, o batismo marca o ingresso da pessoa na vida Cristã, como uma representação de sua entrega a Deus. Não é no momento do batismo que uma pessoa torna-se Filha de Deus ou Cristã, pois ela já se converteu espiritualmente e já faz parte do povo de Deus, o batismo é somente uma representação externa.

A Igreja Católica Romana ministra o batismo às crianças e adultos também com o propósito de perdoar seus pecados. A Bíblia, por outro lado, não ensina que o batismo tem função de lavar ou causar o perdão de pecados, pois isto só pode ser feito através do sangue de Jesus Cristo (veja 1Jo 1:7).
A Igreja Católica sugere algumas passagens Bíblicas onde, segundo creem, o perdão de pecados por meio do batismo está evidenciado. Vejamos os mais comuns:

       I.            Pedro em Atos 2:38

O versículo em questão diz: “Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo”. Este versículo é de difícil compreensão e só pode ser respondido à luz da gramática grega e do contexto hermenêutico Bíblico. A palavra grega traduzida como “para” no texto é eis (do grego “εις”) que pode significar muitas coisas sendo ela uma preposição de referência para indicar relação entre duas coisas. Ela contém vários significados, podendo ser entendida, por exemplo, como a causa de alguma coisa, o que seria expresso como: “devido à” ou “resultante de”. Assim, o que Pedro quis dizer foi que as pessoas se arrependessem e que elas deveriam ser batizadas em resultado da remissão de seus pecados. Isso é evidente pelo fato de que o batismo só é ministrado após a conversão e nunca antes. Várias vezes encontramos na Bíblia expressões do tipo: “e muitos dos coríntios, ouvindo, criam e eram batizados” (At 18:8). Perceba a ordem: creram e depois foram batizados. O batismo é a representação exterior do que ocorreu no interior da pessoa. É esse sentido que Pedro emprega em sua frase.

    II.            Saulo em Atos 22:16

O texto diz: “E agora, por que te demoras? Levanta-te, recebe o batismo e lava os teus pecados, invocando o nome dele”.
Esse texto é muito citado pelos defensores da doutrina da remissão batismal, mas não ensina que o batismo purifica pecados. O texto está da seguinte forma na Bíblia Católica Edições Paulinas: “E agora, o que estás esperando? Levanta-te, recebe o batismo e purifica-te dos teus pecados, invocando o seu nome!”. O leitor já deve ter percebido que as expressões “recebe o batismo” e “purifica-te dos teus pecados” não apresentam relação entre si, ou seja, são efeitos distintos resultantes do ato registrado no final: “invocando o nome dele”. Explicando melhor, Saulo receberia a purificação de seus pecados pela invocação do nome de Jesus e não pelo batismo. Assim sendo, este texto não ensina que o batismo lava pecados.

Além destes dois, outros textos da Bíblia são usados pelos defensores de tal doutrina, mas como vimos, são textos muito mal interpretados.

O batismo não lava pecados e isto é facilmente compreendido no Novo Testamento. Não é a água que purifica, mas o sangue! Diz a Bíblia: “e levaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.” (Ap 7:14); e em outra parte: “e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado.” (1Jo 1:7).

Caro leitor, crer que o batismo purifica pecados é irracional. Ora, acaso quem batiza uma vez deixa de pecar para sempre? E se esse alguém pecar depois de ter sido batizado? Vai ser batizado novamente? A Bíblia ensina que há um só batismo (Ef 4:5). Então como se dá o perdão de pecados? Pelo arrependimento e pela confissão! Jesus começa a mensagem evangélica dizendo: “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.” (Mt 4:17). Quando o apóstolo Pedro estava no templo, logo depois de curar um paralítico na entrada, disse: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados,” (At 3:19). Da mesma forma, afirma o apóstolo João: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1Jo 1:9).
Deus é quem perdoa nossas falhas e transgressões, não pelo batismo, mas pelo quebrantamento do nosso coração, pelo nosso arrependimento, pela confissão de nosso pecado e pelo poder que há no sangue de Jesus.

O Batismo de Crianças

A prática de batizar as crianças é uma tradição imemorial da Igreja. É atestada explicitamente desde o século II. Mas é bem possível que desde o início da pregação apostólica, quando “casas” inteiras receberam o Batismo, também se tenha batizado as crianças.”

Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1252

    A prática de batizar crianças é chamada de Pedobatismo. Foi iniciada no século II e não há nenhum indício de que era praticada pelos apóstolos. Neste mesmo século, o pedobatismo causou a primeira grande desfraternização entre igrejas Cristãs que discordavam acerca de tal prática. Isso prova historicamente que o costume de batizar crianças não foi ensinado e nem praticado pelos apóstolos.

O Catolicismo sugere alguns textos Bíblicos que utilizam a expressão do batismo em “casas inteiras” para justificar esta prática. Abaixo estão listados os versículos em que podemos encontrar uma expressão similar:

“Depois que foi batizada, ela e a sua casa,“ (At 16:15)

foi batizado, ele e todos os seus” (At 16:33)

batizei também a família de Estéfanas” (1Co 1:16)

Ora, estes textos dizem que alguma criança foi batizada? Se lermos todos eles dentro de seus respectivos contextos, poderemos perceber a presença de três características em comum:

Além destes, os defensores do pedobatismo ainda citam o texto de Atos 2:39 para tentar aprovar tal prática: “Porque a promessa vos pertence a vós, a vossos filhos”. Uma lida no contexto deste último versículo pode mostrar claramente que Pedro não estava se referindo a crianças, mas sim às futuras gerações de crentes.

Portanto, a Bíblia não dá margem para o pedobatismo. Diante de tal fato, pergunto aos Católicos sinceros em sua fé: por que devemos crer em algo que a Bíblia não ensina?

Os apologistas Católicos ainda citam o pacto de Abraão (a circuncisão, veja em Gênesis capítulo 17), que era feito em crianças, comparando-o com o batismo. Questionam eles: se a circuncisão era feita em crianças, por que não podemos batizar crianças? Ora, a diferença entre circuncisão e o batismo é imensa. A circuncisão era sinal do pacto de Deus com o povo hebreu e prefigurava a Nova Aliança do sangue de Jesus Cristo (leia 1Co 11:25), não tem absolutamente nada a ver com o batismo. Jesus, por exemplo, foi circuncidado quando criança (Lc 2:21), mas só foi batizado quando já era adulto (Lc 3:21). Além disto, a Bíblia não cria nenhum paralelo entre circuncisão e batismo, mostrando que não há nenhuma relação entre eles.

Alguém ainda poderia perguntar: por que os Evangélicos não batizam crianças? Que mal há nisso? Respondo que não há nenhum mal, no entanto, o batismo é uma representação exterior da conversão interior de uma pessoa. Como uma criança que nem mesmo sabe o que é pecado pode se arrepender de seus pecados? Ninguém pode ser obrigado a servir a Deus e muito menos ingressar na fé Cristã de forma involuntária. Para que uma pessoa possa se batizar existem quesitos como o arrependimento, a fé e a consciência de compromisso com a Palavra de Deus. Como uma criança poderia se arrepender de alguma coisa? Como ela poderia ter fé em Deus ou firmar um compromisso com ele sem nem mesmo saber falar?

Por estes motivos e segundo o exemplo Bíblico, nós Evangélicos ministramos o batismo somente a pessoas que alcançaram a maturidade necessária para tomar a decisão de aceitar a Jesus como Senhor e Salvador e ter uma consciência exata do que o batismo representa e de sua importância.

Presas ao poder das trevas

Por nascerem com uma natureza humana decaída e manchada pelo pecado original, também as crianças precisam do novo nascimento no Batismo, a fim de serem libertadas do poder das trevas e serem transferidas para o domínio da liberdade dos filhos de Deus, para a qual todos os homens são chamados.”

Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1250

    Dentre os vários absurdos espalhados pelas várias doutrinas Católicas, eu considero este um dos piores. O Vaticano afirma que crianças e recém-nascidos que ainda não foram batizados estão “presos ao poder das trevas”. Isso é biblicamente absurdo! Nenhuma passagem da Bíblia ensina que as crianças estão presas ao poder das trevas e muito menos que o batismo opera a libertação de tal prisão. Gostaria de perguntar ao caro leitor: onde a Bíblia ensina isso? Vamos analisar dois pontos muito importantes dentro deste tema:

  1. A.     A questão do Pecado Original

Alguém poderia levantar a questão: e o pecado original? Bem, para explicar isso, primeiro temos que entender o que é o pecado original e como ele nos afeta.

O pecado original, assim chamado, é a semente de imperfeição que herdamos de nossos pais. Não é um pecado em si, mas uma natureza decaída e propensa a pecar. Explicando melhor, o pecado original é a herança de uma natureza corruptível manchada pelo pecado que afeta o homem por inteiro: corpo, alma e espírito. A influência do pecado original resulta na moralidade corrupta e não no pecado em si. Desta forma, uma criança que ainda não cometeu pecados pessoais tem um espírito totalmente puro e inocente, ainda que sua natureza herdada seja imperfeita e decaída por causa do pecado original. A Bíblia fala sobre o pecado original em várias passagens como: Rm  5:12-19; Gl 5:19-21; Ef 2:1-3; são só alguns exemplos.

Como podemos ver, o pecado original não prende ninguém ao poder das trevas. A Bíblia ensina: “Não se farão morrer os pais pelos filhos, nem os filhos pelos pais; cada qual morrerá pelo seu próprio pecado” (Dt 24:16); e em outra parte: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho,” (Ez 18:20). Nenhuma pessoa carrega sobre si a culpa pelo pecado de Adão, mas sim a natureza decaída resultante de tal pecado. Assim sendo, nenhuma criança pode estar presa ao poder das trevas em razão do pecado original, pois seu espírito é puro e inocente.

O Mestre dos mestres nos deixou um testemunho muito claro e evidente sobre a perfeição espiritual dos pequeninos. Jesus, em um dos episódios mais famosos da Bíblia, disse que as criançinhas (que provavelmente não foram batizadas) pertencem ao “reino dos céus” (Mt 19:14). Como pode alguém afirmar que as crianças estão presas ao “poder das trevas” quando Jesus diz que “delas é o reino dos céus”?

Compare a declaração da Igreja Católica com palavras de Jesus em Mateus 18:1-4:

Naquela hora chegaram-se a Jesus os discípulos e perguntaram: Quem é o maior no reino dos céus? Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles, e disse: Em verdade vos digo que se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, quem se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no reino dos céus”.
Veja que Jesus diz que devemos ser como crianças, pois elas são exemplos de humildade e sinceridade para nós. Acaso Jesus falaria desta forma se elas estivessem “presas ao poder das trevas”? Como imitaremos alguém que está “preso ao poder das trevas”?

Vejamos outro caso interessante que está escrito em Mateus 21:15-16:

Vendo, porém, os principais sacerdotes e os escribas as maravilhas que ele fizera, e os meninos que clamavam no templo: Hosana ao Filho de Davi, indignaram-se, e perguntaram-lhe: Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e de criancinhas de peito tiraste perfeito louvor?

Jesus responde aos sacerdotes citando o Salmo 8:2 que diz: “Da boca das crianças e dos que mamam tu suscitaste força,”. Caro leitor, como Deus pode suscitar força para um perfeito louvor da boca de alguém que está “preso ao poder das trevas”? Como o ensinamento Católico pode estar de acordo com a Bíblia? Pense nas palavras de Jesus: “Deixai as crianças e não as impeçais de virem a mim, porque de tais é o reino dos céus.” (Mt 19:14).

Conclusão

Neste capítulo abordamos o tema do batismo dentro da doutrina Católica. Creio que não restaram dúvidas sobre o significado real do batismo. A doutrina Católica não resiste a um combate com a luz das Escrituras, antes se mostra falha e sem bases. Vimos que o Catolicismo afirma o seguinte sobre o batismo:

O batismo não é necessário para a salvação e nem lava pecados. Somente a fé em Jesus Cristo salva (Jo 3:16; At 16:31; Ef 2:8-9) e somente o sangue de Jesus pode nos purificar de todos os pecados (1Jo 1:7).

O apóstolo Paulo nos fala sobre o significado do batismo:

Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida.” (Rm 6:4)

O que Paulo está dizendo é que o batismo representa a nossa morte para o mundo e o nosso ressuscitar para Deus em novidade de vida, não uma libertação do poder das trevas e um perdão de pecados como afirma a Igreja Católica. Desta forma, vemos que os ensinos Católicos sobre o batismo não têm bases Bíblicas e por isso volto a questionar: devemos crer na doutrina batismal Católica?

O Concílio de Trento afirma em sua sétima sessão, parágrafo 859: “Se alguém disser que na Igreja Romana, Mãe e Mestra de todas as Igrejas, não reside a verdadeira doutrina acerca do sacramento do Batismo — seja excomungado”.
Eu creio que a verdadeira doutrina acerca do batismo está na Bíblia, que é a única regra de fé para o Cristão. A Bíblia é “viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4:12). Jesus disse que “Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão” (Mt 24:35). Ele também testificou sobre a veracidade das Escrituras dizendo: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim” (Jo 5:39); e o apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo registrou que “Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça” (2Tm 3:16).

Se o leitor for Católico, pergunto-lhe: a verdadeira doutrina acerca do batismo está contida na Bíblia ou na Igreja Católica? Pense bem nisto.

Perguntas para meditação:

  1. A Bíblia ensina que o batismo é necessário para a salvação?
  2. O que lava pecados: o batismo ou o sangue de Jesus?
  3. O pecado original pode ser lavado pelo batismo? O que a Bíblia diz à respeito?
  4. Por que motivo devemos crer no pedobatismo? Onde a Bíblia ensina tal coisa?
  5.  As crianças que não foram batizadas estão “presas ao poder das trevas”? O que Jesus diz à respeito disto em Mateus 19:14?
  6. A Bíblia se revela completa e acabada (veja Ap 22:18-19). Devemos crer em algo que a Bíblia não nos ensina?
  7. A doutrina verdadeira do batismo está realmente na Igreja Católica?

Extraído do livro “O Catolicismo Romano e a Bíblia” – Rafael Nogueira

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