Ninguém vos julgue pelos Sábados

Mandaram-me, pelo correio, um livrete com o título “Qual o verdadeiro dia de repouso?”. De autoria de Williams Cos­ta Jr. e Alejandro Bullón, ambos pasto­res adventistas, a obra é distribuída pelo curso “Está Escrito”, da referida seita. O texto é composto de perguntas e respostas.

Acredito que esse material me foi enviado por al­guém que conhece a minha posição com relação aos ensinos adventistas sobre a guarda do sábado, posi­ção essa exposta ao longo dos anos aqui mesmo em Defesa da Fé, e também em programas de rádios e se­minários, entre outros eventos. Tanto é assim que fui até mesmo citado pelos autores no livrete, o que me motivou ainda mais a me pronunciar. Aproveito a opor­tunidade também para responder, de uma só vez, às cartas e aos telefonemas, que não são poucos, que chegam, por parte dos adventistas, ao ICP. Dessa for­ma, eles me criticam e instigam a replicar seus argu­mentos sabatistas ardilosos e polêmicos. Alguns desses argumentos são, de certa forma, infantis, como se vê na página 12 do livro em referência. Vejamos:

– Williams, você fala inglês, como se diz domingo em inglês? – pergunta Bullón.

– Sunday – responde Costa Júnior.

– E o que quer dizer Sunday? – Bullón novamente.

– O dia do sol. E não é somente em inglês, em alemão também. Eu não falo alemão, mas em algumas línguas o domingo significa o dia do sol – finaliza Costa.

Qualquer criança que estuda inglês sabe que a palavra para sábado nessa língua é saturday. Se perguntarmos a essa mesma criança qual o signifi­cado do termo saturday ela responderá “o dia de Saturno”. Quem era Saturno? Um deus pagão, do qual vem o vocábulo saturnais, que indica uma fes­ta realizada com licenciosidade e baixeza moral.

Mas o adventista dá valor apenas ao argumento sobre a palavra sunday, mesmo sabendo que todos os dias da semana eram conhecidos por nomes de deuses ou planetas: o Sol (domingo), a Lua (segunda-feira), Marte (terça-feira), Mercúrio (quarta-feira), Júpiter (quinta-feira), Vênus (sexta-feira) e Saturno (sábado).

Para um líder espiritual de uma igreja que se van­gloria por conhecer profundamente a Bíblia (o que não é verdade, pois os adventistas baseiam seus ensinos nas visões e revelações de Ellen Gould White), esse argumento infantil tem validade.

Embora os adventistas queiram ser reconhecidos como evangélicos, na verdade são sabatólatras. São sucessores dos fariseus dos dias de Jesus, que levaram o Mestre à morte por causa de duas acusações. A pri­meira delas era porque o Salvador não guardava o sába­do. A segunda, porque Jesus se declarava Filho de Deus, com natureza igual à de Deus. Isso era caso gravíssimo para os judeus. Imperdoável mesmo! Por isso, pois, os judeus “Ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus” (Jo 5.17-18).

Através de um exame, ainda que superficial, do livro “Qual o verdadeiro dia de repouso?”, percebe- se facilmente que faltou seriedade intelectual aos seus autores. Não é possível que alguém se proponha a defender o sábado como sendo o verdadeiro dia de repouso e, propositadamente, ao citar as Escrituras como prova da sua validade, omita a palavra sábado (no plural, sábados) de Colossenses 2.16. Pois é jus­tamente dessa forma que o senhor Bullón age. Veja­mos o diálogo entre ele e o pastor Costa Júnior:

Pastor COSTA JÚNIOR – (referindo-se aos cren­tes que costumam dizer)…. “eu sou cristão, sou segui­dor de Jesus e guardo o domingo. E uma das razões pelas quais eu guardo o domingo é porque Jesus foi perfeito. Ele cumpriu a Lei e Ele pregou a Lei na cruz. Pastor Bullón, há necessidade de continuar guardando a Lei, apesar de Jesus ter feito seu sacrifício na cruz?”

Pastor BULLÓN – “Muitos cristãos acham que de­pois da morte de Cristo já não se deve guardar mais o sábado porque Cristo cravou na cruz os mandamentos de Deus. Em primeiro lugar, não há base bíblica dizendo que Jesus cravou os mandamentos de Deus. Jesus cravou na cruz todas as festas do povo de Israel, que apontavam para a sua vinda, como o sacrifício do cordeiro e a circun­cisão. Muitas das festas, cerimônias e leis cerimoniais do povo de Israel tinham como objetivo anunciar que Jesus viria para morrer na cruz do Calvário pelos nossos peca­dos. Agora, uma vez que Jesus veio, para que sair sacrifi­cando cordeirinhos se o Cordeiro de Deus já fora sacrificado? A circuncisão, as festas, as luas novas, as festas religiosas de Israel, tudo isto chegou ao fim por­que, isto sim, Jesus cravou na cruz do Calvário” (p. 4).

Todos sabemos que a honestidade é fundamental quando se trata de refutar doutrinas bíblicas. Pergunto: por que foi omitida propositadamente a palavra “sábados” de Colossenses 2.16? Vimos que os autores fala­ram das festas, das luas novas, mas omitiram a palavra “sábados”. Por que fizeram isso?

Vejamos o que de fato foi cravado na cruz (o que é reconhecido pelos próprios adventistas): “Portan­to, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da luz nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo” (Cl 2.16-17). Como podemos ver, à luz da Palavra de Deus, não foram apenas os dias de festas, as luas novas cravados na cruz, mas também os sábados. E devemos saber que esses sábados não são os sábados anuais, porque os chamados sábados anuais ou cerimoniais são identificados no texto em pauta pela expressão dias de festas.

RAZÕES QUE INDICAM QUE OS SÁBADOS DE CL 2.16 SÃO SEMANAIS

Diante da clareza de Cl 2.16-17, os adventistas do sétimo dia costumam refutar essa posição alegando que a palavra sábados não se refere ao sábado semanal, mas aos cerimoni­ais ou anuais, conforme mencionados em Lv 23.1-39.

Essa afirmação, no entanto, não é correta, e por três razões:

A – Os sábados anuais ou cerimoniais eram chama­dos de festas, e eles já estão incluídos na frase dias de festa, em Cl 2.16. Esses dias de festa ou sábados anuais eram designados como tais. A saber:

Em Levíticos 23.37, lemos: “Estas são as solenidades do SENHOR, que apregoareis para santas convocações…”. Na sequência do texto, mas precisamente no v. 38, os sába­dos são, propositadamente, excluídos. Vejamos: “Estas ofer­tas são além dos sábados do Senhor, além dos vossos dons, além de todos os vossos votos, e além de todas as vossas ofertas voluntárias que dareis ao Senhor”.

Assim, os chamados sábados anuais estão incluí­dos nos dias de festas, o que mostra, distintamente, que os sábados semanais, conforme indicados por Paulo em Cl 2.16, não constam dessa relação: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da luza, nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo”.

B – A fórmula dias de festa, luas novas e sábados serve para indicar os dias sagrados anuais, mensais e semanais:

1° EXEMPLO:

2o EXEMPLO:

3o EXEMPLO:

4o EXEMPLO:

5o EXEMPLO:

6o EXEMPLO:

7o EXEMPLO:

C- As palavras sábado, sábados e dia de sábado (no singular ou no plural) ocorrem sessenta vezes no Novo Testamento. Mas os adventistas do sétimo dia reconhe­cem que apenas 59 dos casos se referem ao sábado sema­nal. Negam justamente o texto de Cl 2.16. Dizem eles: “Os termos sábado, sábados e dia de sábado ocorrem sessen­ta vezes no Novo Testamento e em cada caso, exceto um, refere-se ao sétimo dia. Colossenses 2.16,17 faz referência aos sábados anuais relacionados com as três festas anu­ais observadas por Israel antes do primeiro advento de Cristo” (Estudos bíblicos, p. 378, CPB).

Se perguntarmos aos adventistas qual o sentido da palavra sábados em qualquer passagem do Novo Testa­mento em que ela aparece, a resposta será sempre a mes­ma: sábado semanal. A única exceção é Colossenses 2.16. Por quê? Porque teriam de reconhecer a procedên­cia da nossa declaração de que, segundo essa referên­cia bíblica, o sábado semanal deixou de ser uma obrigação para os cristãos.

Repetindo: se dermos à palavra sábados, em Cl 2.16, o sentido semanal teremos em favor da nossa interpre­tação 59 referências reconhecidas por eles. Mas, ao da­rem à palavra sábados, em Cl 2.16, o sentido de sábados anuais ou cerimoniais, eles não têm nenhuma referência que apoie sua interpretação. Por isso argumentam dessa forma. Caso contrário, teriam de reconhecer que o sába­do foi abolido na cruz: “Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4).

“MEUS SÁBADOS E SEUS SÁBADOS”

Os adventistas do sétimo dia dizem que a expressão meus sábados indica a distinção entre os sábados smanais e os sábados cerimoniais. Mas isso não é bíblico. As duas expressões são utili­zadas para indicar os mesmos sábados – os semanais. São de Deus -meus sábados – por­que foram dados por Ele. E são dos judeus – seus sábados – porque foram dados para eles.

Vejamos a aplicação dos pronomes meus e seus na Bíblia:

A – O Templo – Is 56.7 comparado com Mt 23.38 (minha casa, vossa casa);

B – O mesmo Deus indi­cado por meu Deus e vosso Deus – Jo 20.17

C – Os mesmos sacrifícios e holocaustos são chamados de meus e vossos em Nm 28.2. Comparar com Dt 12.6.

RESPOSTA ÀS OUTRAS CITACÕES BÍBLICAS

Pastor COSTA JÚNIOR – Pas­tor, qual é o fundamento bíblico, que nós temos, para o verdadeiro dia de guarda? Qual o verdadeiro dia de repouso?

Pastor BULLÓN – Teríamos de ir, para esta resposta, ao início da criação deste mundo. No

capítulo 2 do livro de Gênesis, versículos de 1 a 3, diz assim: “Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e todo o seu exército. E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descan­sou de toda a obra que, como Criador, fizera”.

Se o sábado semanal deve ser o dia de repouso, por que então Deus trabalhou nele? O texto é claro: “E, haven­do Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito”. Deus não terminou sua obra da criação no sexto dia e descansou no sétimo. Ele trabalhou no sétimo dia, e des­cansou no mesmo dia em que concluiu a obra da criação.

Ora, se se invoca o descanso de Deus para impingir- se a guarda desse dia como sendo o dia de repouso, como admitir que Deus trabalhou justamente nesse dia? E se Ele trabalhou para concluir a obra da criação, então não é pecado trabalhar nesse dia seguindo o exemplo de Deus! O senhor Bullón declara: “Você sabe que Deus não se cansa, nem se fadiga. Portanto, se Ele descansou no sábado não era porque estava cansado”. Seguindo esse raciocínio de Bullón, o registro bíblico merece cor­reção, porque está declarando algo que não é verdade.

Devemos ver uma coisa, se o senhor Bullón queria apenas indicar com isso que o sétimo dia deveria ser de descanso universal, surge então uma pergunta: “Todos os homens da terra têm o dia sétimo, ao mesmo tempo, como dia de repouso, inclusive o próprio Deus? Diz a Bíblia que o sábado deveria ser guardado a partir do pôr-do-sol de sexta-feira até o pôr-do-sol do sábado (Lv 23.32). Logo, os habitantes da terra teriam de guardar o mesmo período. Mas, quando são 6 horas da manhã de sábado aqui no Brasil, no Ja­pão são 6 horas da tarde. E isto significa que, quando os guardadores do sábado aqui se levantam para guardá-lo, os seus irmãos japoneses o acabaram de guardar. E quando os brasileiros co­meçarem a guardar o sábado, seus irmãos na Califórnia, USA, traba­lharão ainda durante cinco horas antes de começarem a guardá-lo. Qual dos grupos de guardadores do sábado estarão realmente observando o período de tempo que Deus descansou ao concluir a obra da criação?

OS ADVENTISTAS GUARDAM REALMENTE O SÁBADO?

Dentro das exigências da lei estava a proibição de acender fogo no dia de sábado: “Não acendereis fogo em nenhuma das vossas moradas no dia do sábado” (Ex 35.3). Isso significa que é proibido acender qualquer tipo de fogo, seja um fósforo ou um fogão a gás. Implica também na proibição de andar de carro movido a com­bustão. Os judeus radicados no Brasil, notadamente os de São Paulo, onde se localiza a maioria deles, vão à sinagoga a pé no dia de sábado, e não de carro, respei­tando as observâncias com relação a esse dia.

Caro leitor, pergunte ao primeiro adventista que lhe falar sobre a obrigatoriedade da guarda do sábado se ele acende fogo nesse dia? Observe como ele titubeia e não sabe como responder! Falta-lhe coragem para admi­tir que sim. Paulo declarou: “Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé” (G13.10-11). Assim, os adventistas estão sob a maldição da própria lei que pretendem guardar. Pior, agem como os fariseus, que punham fardos pesados sobre os om­bros do povo e eles mesmos não tocavam nem com a mão. Mas Jesus os denunciou: “Pois atam fardos pesa­dos e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los” (Mt 23.4). O mesmo disse Pedro: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo quem nem nossos pais nem nós pudemos su­portar? Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também” (At 15.10,11). E Paulo reitera a impossibilidade da guarda da lei, que não era completa apenas com os dez mandamentos.

O que abrangia o livro da lei? Nada menos do que 613 mandamentos, mas os adventistas resolveram criar ape­nas duas leis. Uma delas denominaram como Lei Moral, os dez mandamentos, e o restante como Lei de Moisés, cancelada na cruz. Fácil, não? Baseados em quê fizeram essa distinção de leis? Tem apoio bíblico? Onde apare­cem na Bíblia expressões como Lei Moral e Lei Cerimoni­al? Por isso confessam: “Seria útil classificarmos as leis do Velho Testamento em várias categorias: 1. Lei moral; 2. Lei Cerimonial; 3. Lei Civil, 4. Estatutos e Juízos; 5. Leis de saúde. Esta classificação é, em parte, artificial” (Lições da Escola Sabatina, Lição n. 2, p. 18, de 8-1-1980).

Pastor BULLON – Então, como eu posso saber, pela Bíblia, que depois da morte de Cristo, os seus discí­pulos ainda continuaram guardando o sábado? Muito simples: em S. Lucas, capítulo 23, a partir do versículo 50, está relatado como José de Arimatéia foi reclamar o corpo de Cristo. Cristo já estava morto. Dentre as pes­soas havia algumas mulheres. “Era o dia da preparação, e começava o sábado. As mulheres que tinham vindo da Galiléia com Jesus, seguindo, viram o túmulo e como o corpo fora ali depositado. Então, se retiraram para pre­parar aromas e bálsamos. E, no sábado, descansaram, segundo o mandamento” (Lc 23.54-56). Ou seja, Jesus já havia morrido, e no sábado, o primeiro sábado após a morte de Cristo, as mulheres ainda continuaram guar­dando o mandamento do sábado.

Ora, se os próprios sabatistas reconhecem que o nosso argumento para a guarda do primeiro dia da sema­na, como dia do Senhor (Ap 1.10), é decorrente da res­surreição de Jesus, ocorrida no primeiro dia da semana (Lc 24.1 -3), e o texto de Lc 23.54-55 se refere ao descan­so das mulheres no sábado antes da ressurreição, que valor tem o exemplo dessas piedosas mulheres judias para nós, cristãos?

Pastor BULLÓN – A Bíblia está cheia de referênci­as de que Jesus guardou o sábado quando viveu nesta terra. E quem quer ser cristão, quer seguir a Jesus. Por­que cristão é aquele que faz o que Jesus fez.

Jesus guardou o sábado porque era judeu e nasceu sob a lei (G1 4.4), portanto obedeceu todas as leis do Antigo Concerto. Como exemplo de cidadão ju­deu, Ele foi circuncidado, ordenou a entrega de oferendas ao sacerdote pela purificação, guardou a festa da Pás­coa, etc (Lc 2.21-24; 5.12-14; Mt 26.18,19). Mas, quando morreu, Ele inaugurou uma nova aliança e revogou a velha (Jo 19.30; Mt 27.51). “Mas, antes que a fé viesse estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo do aio” (G13.23-25).

Se o fato de Jesus ter guardado a Páscoa não prova que também devemos guardá-la, ou se o fato de Ele ter- se circuncidado não recomenda que também devemos nos circuncidar, do mesmo modo não devemos também guardar o sábado por que Ele o guardou.

 A NATUREZA DOS MANDAMENTOS DE JESUS

A que Jesus se referia quando falava de seus man­damentos? Os adventistas associam a palavra ‘‘manda­mentos’ no Novo Testamento aos dez mandamentos. Mas esse modo de pensar não é correto. Jesus foi bem específico quando falou de seus mandamentos.

Vejamos a que Jesus se referia quando falava de mandamentos:

O leitor pode perceber que em nenhum dos textos acima se fala na guarda do sábado.

O NOVO TESTAMENTO NÃO REPETE OS DEZ MANDAMENTOS

Não há dúvida de que o Novo Testamento cita mandamentos do Velho Testamento. Fala de toda a Lei de Moisés, mas não repete o quarto mandamento em ne­nhum lugar. Façamos uma comparação dos dez manda­mentos dentro do Novo Testamento:

VELHO TESTAMENTO

1° mandamento – Êx 20.2,3

2° mandamento – Êx 20.4-6

3° mandamento – Êx 20.7

4° mandamento – Êx 20.8-11

5° mandamento – Êx 20.12

6° mandamento – Êx 20.13

7° mandamento – Êx 20.14

8° mandamento – Êx 20.15

9° mandamento-Êx20.16

10° mandamento – Êx 20.17

NOVO TESTAMENTO

1° At 14.15

2° 1Jo 5.21

3° Tg 5.12

4° Não existe

5° Ef 6.1-3

6° Rm 13.9

7° 1 Co 6.9,10

8° Ef 4.28

9° Cl 3.9

10° Ef 5.3

Pastor BULLÓN – Mesmo São Paulo, que não foi discípulo de Jesus, pois São Paulo se converteu depois, ou seja, já se havia passado anos e São Paulo disse que quan­do chegou a Corinto foi, aos sábados, à sinagoga: “E to­dos os sábados discorria na sinagoga, persuadindo tanto judeus como gregos…. O texto bíblico diz: “Todos os sába­dos discorria na sinagoga, persuadindo tanto judeus como gregos”. (A citação correta é Atos 18.4, e não Lucas 18.4, como indicado no livrete). E os gregos não guardavam o sábado, portanto Paulo não ia por causa dos judeus, ele ia porque reconhecia que o sábado era o dia do Senhor.

O sábado era o dia quando pessoas se juntavam na sinagoga para adoração dentro do culto judaico. A mai­oria dos participantes era judeu. Os gregos compareci­am em menor número. Paulo aproveitou essas oportunidades para ensinar que Jesus era o Cristo pro­metido nas Escrituras do Velho Testamento, procurando ganhar aquelas pessoas para Jesus Cristo. E fez de tudo para conseguir seu objetivo: “Fiz-me como judeu para com os judeus, para ganhar os judeus; para os que es­tão debaixo da lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (Não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ga­nhar os que estão sem lei Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns. E eu faço isto por causa do evangelho, para ser também partici­pante dele” (1Co 9.19-23).

Foi dessa forma que circuncidou Timóteo (At 16.3) e declarou que a circuncisão nada vale (G1 5.2; 6.15); observou o Pentecostes (At 20.16); tosquiou a cabeça (At 18.18); e fez ofertas segundo a lei (At 21.20-26). Sua explicação para a observância de todas essas práticas judaicas está no desejo que tinha de ganhar os judeus e os gregos para Cristo. Será que os adventistas circuncidam pessoas como Paulo o fazia? Observam o Pente­costes? Tosquiam suas cabeças? Fazem ofertas segundo a lei? Que parcialidade dos adventistas: só se lembram do sábado! É muito sectarismo da parte deles!

Outra declaração absurda é a que diz que Paulo “não ia por causa dos judeus, ele ia porque reconhecia que o sábado era o dia do Senhor”. Interessante! Paulo escre­veu treze cartas, e se considerarmos Hebreus como sendo de sua autoria, teremos quatorze. Será que Paulo se esqueceu de dizer isso em suas epístolas: que o sábado era o dia do Senhor? Quanto à observância do sábado, Paulo declarou: “Guardais dias (sábados) e meses, (luas novas), e tempos, e anos (festas anuais). Receio de vós que não haja trabalho em vão para convosco” (G14.10- 11). A preocupação de Paulo era com o fato de os gálatas estarem se voltando para o judaísmo.

Pastor COSTA JÚNIOR – Existe um fundamento bíblico para nós guardarmos outro dia que não o sába­do, seja qual for a razão?

Pastor BULLÓN – Existe aqui uma declaração, que eu vou ler, no livro de Hebreus, capítulo 4, versículos 4,5 e 9, que diz assim: “Porque, em certo lugar, assim disse, no to­cante ao sétimo dia: E descansou Deus, no sétimo dia, de todas as obras que fizera. E novamente, no mesmo lugar: Não entrarão no meu descanso… Portanto, resta um repouso para o povo de Deus”. Isto quer dizer que, para a Igreja de Deus dos nossos dias, continua um dia de repouso (p. 7).

É evidente que o repouso de que se trata aqui nada tem a ver com o repouso do sétimo dia indi­cado no quarto mandamento, senão o repouso de uma de fé em Deus. A ideia central do texto é:

A – Deus repousou depois de haver criado o mundo;

B – Os profetas falaram de antemão de um outro dia (SI 118.24), em vez do sétimo, para comemorar o repouso maior que se seguiria a uma obra maior do que a criação;

C – A este repouso maior, Josué nunca pode guiar o seu povo;

D – Jesus, havendo terminado sua obra de redenção na cruz (Jo 19.30), repousou Ele mesmo no primeiro dia da semana (Mc 16.9), como Deus havia repousado da sua;

E – Na cruz foi abolido o sábado (Os 2.11 com­parado com Cl 2.14-17);

F – Portanto, em comemoração ao glorioso re­pouso que se seguiu a uma obra maior de redenção, resta guardar um descanso para o povo de Deus. Esse descanso encontramos em Jesus (Mt 11.28-30);

G – Foi necessário esse argumento para mostrar ao judeu, que se gloriava no seu sábado, que o cris­tão tem um descanso melhor e superior ao sábado (Ap 1.10, SI 118.22-24).

Pastor BULLÓN – Porém, na História, desco­brimos que houve um imperador romano, chamado Constantino, que no ano 331 DC definitivamente tor­nou-se cristão, mas com uma condição: “Ele disse: eu vou me tornar cristão, mas junto comigo, eu que­ro trazer muitas coisas nas quais acredito. E ele guar­dava o domingo e, oficialmente, a partir do ano 331 passou-se a guardar o domingo como dia santo. Mas, este é um legado que vem do paganismo, de Constantino (p. 10).

Se tal absurdo fosse escrito por um adventista leigo, não teríamos dificuldades em entender a sua falta de conhecimento histórico relativo ao imperador Constantino. Mas não dá para entender uma pessoa que se intitula escritor e líder de uma igreja que se van­gloria de conhecer a Bíblia jogar, através de um curso bíblico, esse absurdo na mente do povo, mediante emis­soras de rádio e TV, e ainda se dá ao luxo de publicá-la em livrete e espalhá-la por todo o Brasil. Essa é uma atitude suspeita e vergonhosa. Quando foi que o impe­rador Constantino condicionou sua adesão ao cristia­nismo à exigência de trazer para o “arraial cristão” aquilo que pertencia ao paganismo? Em que parte da história isso é mencionado? Se o paganismo já guardava o domingo – como afirma o pastor Bullón – por que então o decreto de Constantino em 331 DC feito nesse sentido?

Os adventistas raciocinam do mesmo modo que as testemunhas de Jeová fazem em relação à deidade absoluta de Jesus. As testemunhas de Jeová ensi­nam, em seus livros, que a Doutrina da Trindade foi firmada no Concilio de Nicéia, em 325 DC, presidido por Constantino. Se o senhor Bullón admite que a instituição do primeiro dia da semana como dia do Senhor em memória da ressurreição de Cristo é de origem pagã porque Constantino decretou esse dia de guarda ao se tornar cristão, os adventistas deveriam, na verdade, ser chamados de pagãos por adotarem a doutrina da Trindade em cujo Concilio foi instituída essa doutrina? Os adventistas con­cordam com as testemunhas de Jeová que nos acu­sam de paganismo por crermos na deidade de Jesus e na doutrina da Trindade?

A INSTITUIÇÃO DO PRIMEIRO DIA DA SEMANA COMO DIA DO SENHOR

No Salmo 118:22-24, lemos: “A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se cabeça de esqui­na. Da parte do Senhor se fez isto: maravilhoso é aos nossos olhos. Este é o dia que fez o Senhor; regozijemo-nos, e alegremo-nos nele”. Essa pas­sagem foi aplicada por Jesus a si mesmo em Mt 21.42: “Disse-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escri­turas: A pedra, que os edificadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça do ângulo; pelo Senhor foi feito isto, e é maravilhoso aos nossos olhos?”.

Não é algo difícil darmos a interpretação corre­ta dessa referência bíblica. A pedra rejeitada é Je­sus Cristo (At 4.11,12). Ele iniciou seu ministério reivindicando ser Filho de Deus, igual a Deus (Jo 10.30-33). E, ao ser acusado de quebrar o sábado (Jo 5.16-18), foi rejeitado e crucificado (Jo 19.1-7). Isto se deu numa sexta-feira (Mc 15.42-47). Mas a morte não pôde retê-lo e, ao terceiro dia, ressurgiu dentre os mortos. Esse fato aconteceu no primei­ro dia da semana: “E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da semana, apareceu pri­meiramente a Maria Madalena, da qual tinha ex­pulsado sete demônios” (Mc 16.9). Outras referências são: Jo 20.1,19,20; Mt 28.18.

Diz a Bíblia sobre o dia da ressurreição de Jesus: “Este é o dia que fez o Senhor; regozijemo-nos e alegremo-nos nele”. Ao levantar seu Filho dentre os mortos, fez Deus essa coisa maravilhosa. E essa “coisa maravilhosa” se deu no primeiro dia da semana.

A EXPRESSÃO ‘DIA DO SENHOR’ DE APOCALIPSE 1.10

O significado da expressão ‘dia do Senhor’ de Ap 1.10 é encontrada em algumas traduções da Bíblia, como segue:

“Eu fui arrebatado em espírito num dia de domingo…” (Tradução de Antônio Pereira de Figueiredo)

“Num domingo, caindo em êxtase, ouvi atrás de mim uma voz…” (Edições Paulinas)

“Um dia de domingo, fui arrebatado em espírito” (tradu­ção de Mattos Soares)

“No dia do Senhor: no domingo” (anotação no rodapé da TLH)

Dizem os líderes da Igreja Adventista do Sétimo Dia, o Remanescente, no seu livro “Sonhos e visões de Jeanine Sautron”, pp. 384/85, que “Samuel Bacchiocchi (líder adventista) realiza seminários no ‘Dia do Senhor” referindo-se ao Domingo. Em seu livro FROM SABBATH TO SUNDAY (Do Sábado Para o Domingo) o ‘dia do Senhor’ é mencionado como sendo o domingo 51 vezes somente nas primeiras 160 páginas do livro.

PROVAS ADICIONAIS DOS PAIS DA IGREJA

“Aqueles que estavam presos às velhas coisas vieram a uma novidade de confiança, não mais guar­dando o sábado, porém vivendo de acordo com o ‘dia do Senhor”’. (Inácio, 100 A D).

“No dia chamado domingo há uma reunião num cer­to lugar de todos os que habitam nas cidades ou nos campos, e as memórias dos apóstolos e os escritos dos profetas são lidos” (Justino Mártir 140 A D ).

“Nós guardamos o dia oitavo com alegria, no qual também ressurgiu dos mortos e tendo aparecido ascendeu ao céu” (Barnabé, 120 A D).

“Num dia, o primeiro da semana, nós nos reuni­mos” (Bardesanes, 180 A D.).

Como vemos pelos testemunhos dos pais da igreja primitiva e diferentemente do que afirma o pastor Bullón (p. 9), a igreja cristã não guardava o sábado, mas o dia glorioso da ressurreição de Jesus.

É como disse o próprio Bullón: Eu acredito que mui­tos cristãos sinceros acreditam que porque Jesus ressus­citou no domingo, eles têm de guardar o domingo. E uma maneira bonita de homenagear a ressurreição de Cristo, e eu também fico feliz porque Jesus ressuscitou num do­mingo, mas já pensou se Jesus tivesse morrido e nunca tivesse ressuscitado, o que seria da cristandade? (p. 8)

Exatamente isso, pastor Bullón! O que seria da cris­tandade se Jesus não tivesse ressuscitado? Paulo res­ponde a essa pergunta dizendo simplesmente que não haveria cristianismo: “E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a vossa fé, … E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (1Co 15.14,17). Está aí a importância da ressurreição e deve­mos então ter presente que os dias são iguais entre si e existem dias mais importantes uns dos que outros, por causa dos fatos que eles registram. ( Para um cristão é mais importante o dia em que Deus termi­nou a criação do mundo ou o dia da ressurreição gloriosa de Jesus?

A resposta só pode ser uma para um cristão genuíno: o dia da ressurreição de Je­sus. Quanto a esse dia. diz o salmista: “Este é o dia que fez o Senhor; regozijemo-nos e alegremo-nos nele”.

Pastor COSTA JÚNIOR – Em primeiro lugar, eu gostaria de dizer uma coisa, que precisa ficar bem clara na nossa mente: ninguém guarda o sábado para salvar-se. Se você acha que tem de guardar o sába­do para se salvar, você está perdido (p. 13)

Ou o pastor Costa está perdido ou a Sra. White. Ela declarou que a guarda do sábado é fundamental para a salvação. Textualmente ela escreveu: “Santificar o sá­bado ao Senhor importa em salvação eterna” (Testemu­nhos Seletos, vol. III, p. 22 – 2’edição, 1956).

Um pastor que sai em público fazendo declarações sobre as crenças adventistas porventura ignora esse ensino de Ellen Gould White? Ou o conhece mas quis encobri-lo para dar a ideia que não é bem assim como os opositores declaram dos adventistas: que eles ensinam que a guarda do sábado é fundamental para a salvação?

Mais uma pergunta: “como os benefícios da morte de Cristo, segundo EGW, no livro ‘O Grande Confli­to’, podem ser aplicados a nós?”. Ela declara: “…To­dos os que verdadeiramente se tenham arrependido do pecado e que pela fé hajam reclamado o sangue de Cristo, como seu sacrifício expiatório, tiveram o per­dão aposto ao seu nome, nos livros do Céu; tornan­do-se eles participantes da justiça de Cristo, e verificando-se estar o seu caráter em harmonia com a lei de Deus, seus pecados serão riscados e eles pró­prios havidos por dignos da vida eterna” (p. 487).

Logo, os crentes adventistas têm pecados perdo­ados, mas não cancelados. O cancelamento só se dará se o seu caráter estiver em harmonia com a lei de Deus, para que sejam dignos da vida eterna. Salvação por fé (Rm 5.1) ou salvação por obras? “Ora, àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segun­do a graça, mas segundo a dívida. Mas àquele que não pratica, mas crê naquele que o justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça” (Rm 4.4-5).

Porventura, isso significa que alguém deve ser julgado digno da vida eterna por estar vivendo em harmonia com a lei de Deus? Ainda EGW declara: “Nunca sé deve ensinar aos que aceitam o Salvador, conquanto sincera sua conversão, que digam ou sin­tam que estão salvos. Isto é enganoso” (Parábolas de Jesus, p. 55, citado em 95 Teses, p. 133).

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NATANAEL RINALDI,  REVISTA DEFESA DA FÉ – ANO 7 – N° 43

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