Friedrich Nietzsche – O filósofo da morte de Deus
Um dos ateus mais vividos e convincentes de todos os tempos (1814 – 1900).
Sua rejeição a Deus foi instintiva e incisiva. Com a negação de Deus, Nietzsche negou todo valor objetivo baseado nele. Logo sua visão é uma forma de NIILISMO. Apesar de ter sido criado no lar de um pastor luterano, reagiu violentamente contra seu treinamento religioso. Sua mãe, tia e irmãs o criaram desde a morte de seu pai.
O mito de Deus
Nietzsche baseou sua crença de que Deus jamais existiu em vários pontos (Além do bem e do mal, p. 23). Ele argumentou que o Deus do teísta deveria ser autocausado, o que é impossível. O mal no mundo eliminaria ainda mais o Criador benevolente. Nietzsche julgou que a crença em Deus era psicológica.
Nietzsche exortou: “Rogo-vos meus irmãos, permanecei fiéis à terra, e não creiais naqueles que vos falam de esperanças de outros mundos!”. Acrescentou: “No passado o pecado contra Deus era o maior pecado; mas esses pecadores morreram com ele. Agora pecar contra a terra é a coisa mais terrível” (Assim falava Zaratustra, p. 125)
Acreditava que o mito “Deus” já havia sido importante. Foi o modelo pelo qual a Europa Medieval e da Reforma baseou sua vida. Essa cultura, estava em decadência. A modernidade havia alcançado a humanidade da presente época, que não podia mais acreditar em Deus. “Deus está morto!” clamou Nietzsche. A humanidade moderna precisa enterrar Deus e continuar.
O mundo
Já que Deus não existe, só existe o mundo. A matéria está em movimento e a vida se move em ciclos. O mundo é ilusão. Não há Deus ao qual devamos ser fiéis. Logo cada pessoa é exortada a “permanecer fiel á terra”. Pois Nietzsche via Deus “como a declaração de guerra contra a vida, contra a natureza […] a deificação do nada, a vontade do nada considerado santo” (ibid., p. 92-4).
História e destino
A história humana, como o destino humano, é cíclica. Nietzsche rejeitou qualquer noção cristã da história dotada de objetivo ou de um eschaton a favor da recorrência cíclica de estilo oriental. A história não caminha a lugar algum. Não há objetivos finais para alcançar, nenhum paraíso a reconquistar. Há apenas a vida individual para viver pela coragem e criatividade. A humanidade cria seu destino aqui, e não há pós-vida —exceto a eterna recorrência da mesma situação. Os super-homens são os gênios que formam o destino. “Eles dizem: ‘Assim será!’ Determinam o ‘se’ e o ‘para que fim’ da humanidade […] Seu saber é seu criar” (Além do bem e do mal, p. 18-9).
Ética
A percepção chocante da morte de Deus levou Nietzsche à conclusão de que todos os valores e absolutos baseados em Deus também estavam mortos. Logo, Nietzsche rejeitava todos os valores judaico-cristãos tradicionais de maneira quase violenta. Nietzsche questionou até princípios gerais, tais como “não ferir outro homem” (Além do bem e do mal, p. 186-7). Ridicularizou o princípio cristão de amor: “Por que, seus idiotas […] Que tal Louvar aquele que sacrifica a si mesmo?”’ (ibid., p. 220). “Na verdade, o cristianismo é a maior de todas as corrupções imagináveis […] eu o denomino mancha imortal da humanidade (O anticristo, p. 230).
No lugar dos valores cristãos tradicionais, propôs que as pessoas modernas fossem “além do bem e do mal”. Sugeriu a transavaliação que rejeitaria as virtudes “suaves” e femininas do amor e da humildade e se apoderaria das virtudes “duras” e masculinas da severidade e da desconfiança (Além do bem e do mal, toda a obra).
Seres humanos
Não há pós-vida, então tudo o que a pessoa puder fazer para superar os limites da mortalidade pessoal é desejar a recorrência eterna da mesma situação. Isto é, deve desejar voltar e viver a mesma vida vez após vez. Já que não há Deus e não há valores objetivos para descobrir, a raça humana deve criar os próprios valores. A falta de sentido e conteúdo da vida deve ser superada. Os que a superam são “super-homens”.
Avaliação
Todos os ateus compartilham os elementos básicos da posição de Nietzsche. Sua alegação de que nenhum Deus existe é refutada por forte evidencia da existência de Deus. As objeções a esses argumentos são respondidas de modo satisfatório. Como acontece com o ponto de vista de Freud, a posição de Nietzsche de que Deus é uma ilusão é infundada. Seu relativismo moral não pode resistir a força lógica do absolutismo moral. Tanto a visão materialista do universo quanto sua eternidade são contrárias a bons argumentos científicos e filosóficos.