Por quatro séculos os israelitas foram escravos no Egito como lembrou Estevão, o primeiro mártir:
“E falou Deus assim: Que a sua descendência seria peregrina em terra alheia, e a sujeitariam à escravidão e a maltratariam por quatrocentos anos” (At 7.6).
Durante esse período, eles não tinham nenhum dia de repouso e nem conheciam o shabbat (que seria dado apenas no deserto). Também não poderiam guardar algum dia mesmo que quisessem. Quando pediram ao rei um dia para oferecerem sacrifícios ao Senhor, o Faraó lhes respondeu:
“Vós sois ociosos, estais ociosos; por isso dizeis: Vamos, sacrifiquemos ao Senhor”.
“Agrave-se o serviço sobre estes homens, para que se ocupem nele, e não confiem em palavras mentirosas” (Êx 5.17,18).
Por intermédio de Moisés, Jeová Jiré[1] libertou Israel e, ainda no deserto, restabeleceu o sábado do sétimo dia para o seu repouso, além de outorga-lhes várias leis sobre a conduta individual e sobre o culto judaico.
Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito, e que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão forte e braço estendido; por isso o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia de sábado. Dt 5.15
No Monte Sinai, foi firmado um pacto entre o Senhor Deus e o povo de Israel.
“Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes o meu concerto (…).”
“Considerai que o Senhor vos deu o sábado; por isso, ele, no sexto dia, vos dá pão para dois dias; cada um fique onde está, ninguém saia do seu lugar no sétimo dia. Assim descansou o povo no sétimo dia” (Êx 16.1-31.18).
“O Senhor, nosso Deus, fez conosco concerto, em Horebe. Não foi com nossos pais que fez o Senhor este concerto, foi conosco, que hoje aqui estamos vivos” (Dt 5.2, 3).
“Então, todo o povo respondeu a uma voz e disse: Tudo o que o Senhor tem falado faremos” (Êx 19.5-8).
Uma indelével relíquia selando esse concerto da lei foi entregue a Moisés: Duas tábuas de pedra!
O único documento manuscrito pelo próprio Deus: As Dez Palavras (Êx 31.18).
Moisés certamente antegozava o júbilo dos seus liderados ao receberem esse tesouro de inestimável valor. Porém, ao descer do Monte Sinai, viu seu povo numa orgia carnavalesca, adorando um bezerro de ouro. Sua repulsa foi tal que arbitrou não serem os israelitas dignos de receber o “relicário do Decálogo” e, num gesto arrebatado de indignação, quebrou as mais preciosas pedras jamais escritas neste mundo:
“E aconteceu que, chegando ele ao arraial e vendo o bezerro e as danças, acendeu-se o furor de Moisés, e arremessou as tábuas das suas mãos, e quebrou-as ao pé do monte” (Êx 32.19).
O pecado de Israel no deserto repetia, agora, o fracasso de Adão e Eva no jardim do Éden.
Novo “desgosto” para o Criador:
“Então, disse o Senhor a Moisés: Vai, desce; porque o teu povo, que fizeste sair do Egito, se corrompeu e depressa se desviou do caminho que lhe havia eu ordenado; fez para si um bezerro fundido, e o adorou (…), e diz: São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito. Disse mais o Senhor: Agora, pois, deixa-me, para que se acenda contra eles o meu furor, e eu os consuma” (Êx 32.7-14).
Moisés, porém, intercedeu pelo povo. Deus o atendeu e deu-lhes outras tábuas da lei (Dt5.6-22).[2]
Deus relaciona a bênção do repouso semanal, com a libertação de Israel do jugo do Egito.
———-
Adaptado do livro “O SÁBADO JUDAICO e o DOMINGO CRISTÃO” de Edmar Barcellos.
———-
[1] “Jeová Jiré” significa “Deus proverá”.
[2] “Deuteronômio” significa “segunda lei”. Do grego: δευτερος + νοµος, (deuteros + nomos) = segunda lei.