O diretor de cinema, cronista e escritor holandês Theo van Gogh, 47, foi assassinado nesta terça-feira em Amsterdã.
Theo van Gogh é diretor de “Submission”, filme que suscitou grande polêmica recentemente na Holanda sobre o Islã. Depois de “Submission”, o cineasta passou a receber ameaças e andava com proteção policial. No entanto, não desejava essa vigilância e despistava seus seguranças.
Ele também estava terminando um longa-metragem sobre o assassinato em 2002 do líder da direita populista holandesa Pim Fortuyn.
Segundo a polícia, Theo van Gogh foi esfaqueado e depois atingido por vários tiros. Há um suspeito preso, mas a polícia não revelou sua identidade.
Van Gogh dirigiu quase 20 filmes, escreveu três livros e colaborou com uma dezena de jornais e revistas. Seu filme “Loos” (1989) foi exibido na 13ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
“Submission”
“Submission” é um curta-metragem de dez minutos que relata a violência exercida contra as mulheres muçulmanas. Foi escrito por Ayaan Hirsi Ali, uma refugiada somali, que deixou de ser muçulmana, e é membro do parlamento holandês.
Já houve ameaças de morte contra Ayaan Hirsi Ali. Desde agosto, quando o filme foi levado ao ar por uma TV na Holanda, ela vive acompanhada por um segurança. Um marroquino está preso, acusado de ameaçá-la de morte.
O filme alerta para os abusos, incesto, casamentos forçados e o suicídio de jovens mulheres muçulmanas imigrantes. “Submission” (submissão) mostra várias situações em que as mulheres são subjugadas pelos homens. Uma das mulheres é forçada a casar com um homem que odeia; outra é estuprada pelo próprio tio e fica grávida; e uma terceira é chicoteada após ter tido relações com o namorado.
O motivo mais forte, porém, que causa controvérsia, são as imagens de versos do Alcorão escritos no corpo das mulheres. Nas costas de uma mulher lê-se que um homem pode, ordenado por Deus, tomar a sua mulher quando, onde e como quiser.
A polícia holandesa deve investigar se a direção de Theo van Gogh em “Submission” tem alguma relação com seu assassinato.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u48024.shtml