Numa visão abrangente da mordomia cristã, é inevitável incluir a responsabilidade com as palavras que saem de nossa boca. Conforme Colossenses 3.17, o fazer do cristão consiste também em palavras. Como se pode conceituar isso à luz da Bíblia?
- Com as palavras fazemos intrigas, magoamos pessoas, separamos amigos, matamos entusiasmo. A Bíblia reprova o falatório profano, as palavras vãs e tolas, o gracejo indecente, as palavras que contaminam, que se alastram como gangrena, palavras ofensivas e blasfemas (Efésios 5.4-6; II Tessalonicenses 2.2; II Timóteo 2.14,16,21; Tito 3.9). O livro de Provérbios adverte contra a insensatez dos lábios, o excesso de palavras, o mexerico (Provérbios 10.19; 11.13 e 15.1-2). De grande poder destrutivo era a palavra ‘raca’ entre os judeus (Mateus 5.22). Tinha a força de um insulto, que podia conduzir ao tribunal. Até aqui o aspecto negativo. E o positivo?
- Com as palavras bendizemos, alegramos, promovemos a paz, unimos pessoas em desafeto, despertamos entusiasmo, semeamos otimismo, motivamos irmãos abatidos. A Bíblia faz referência a palavras de encorajamento, a palavras verdadeiras, palavras temperadas com sal, palavras de graça (Josué 1.9; Mateus 5.37; Colossenses 4.6). Em I Coríntios 12.8 encontra-se a palavra da sabedoria e a do conhecimento como parte dos dons espirituais.
Como as palavras têm a língua por veículo ou instrumento, Tiago lembra que a boca pode soltar fogo, veneno e maldição (Tiago 3.6,8-10). Ele trata a língua como indomável (Tiago 3.8). E recomenda que sejamos tardios para falar (Tiago 1.19).
A palavra branda, que desvia o furor, faz contraste com a palavra dura, que provoca a ira (Provérbios 15.1). A palavra torpe, que corrompe, opõe-se à palavra boa, que santifica (Efésios 4.29). A mesma língua é capaz de bendizer a Deus e amaldiçoar os homens (Tiago 3.9). “A morte e a vida estão no poder da língua” (Provérbios 18.21). Vale recordar também que “os lábios dos justos apascentam a muitos” (Provérbios 10.21). E ainda: “A doçura no falar aumenta o saber” (Provérbios 16.21).
Porque somos todos mordomos das palavras que usamos, é bom fazer esta oportuna oração do salmista: “Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; vigia a porta dos meus lábios” (Salmo 141.3).
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Pr. Francisco Mancebo Reis
Capelão do Colégio Batista Mineiro
Prof. do Seminário Teológico Batista Mineiro
Nota: Artigo publicado no boletim semanal O Jornal Batista.
muito interessante