Depois da manifestação oficial do pastor Éber Cocareli em seu blog[1], queixando-se sobre os “ataques” sofridos contra o Programa “Vejam Só” por parte de minha pessoa, resolvi me pronunciar sobre o assunto envolvendo o pastor Éber e ao programa Vejam Só. Para contextualizar os internautas que não estão por dentro do assunto, indico a leitura de outro artigo meu aqui envolvendo toda a problemática.
Bem, antes de tudo, desejo esclarecer que meus questionamentos não estão atrelados ou mesmo são motivados por algum tipo de preconceito, revanchismo ou antipatia de ordem pessoal contra ninguém. Minhas conjecturas são de caráter puramente teológico e apologético. Sendo assim, minha preocupação é estritamente voltada para o Evangelho de Cristo e sua Igreja. Esse é meu compromisso.
Também é importante que nossos leitores saibam que tentei por três vezes falar com o reverendo Cocareli em seu escritório em São Paulo. Na última tentativa, sua secretária disse que “se quiser falar com ele, você deve vir aqui no seu escritório”. Algo bastante oneroso para quem mora a quase 500 km da capital paulista, sendo que um simples telefone já resolveria tudo.
É lamentável que o reverendo comece sua resposta de maneira ameaçadora:
- “Os ataques que o Programa Vejam Só! vem recebendo, bem como as insinuações de que recebe dinheiro para dar destaque a este ou aquele grupo religioso já estão sendo objeto das ações jurídicas pertinentes”.
Desculpe-me pastor Éber se minhas críticas partiram de legítimas preocupações pastorais com a grei evangélica, público alvo deste programa. Sabe, com meus trinta anos de ministério pastoral, sendo 20 deles na apologética, durante esse tempo, deu para aprender um pouquinho sobre lobos e ovelhas, principalmente quando o lobo veste pele de ovelha para assaltar o aprisco.
Minhas inquirições foram sinceras, honestas e legítimas (Clique aqui e leia as perguntas que fiz ao Programa). Sempre aprendi que perguntar não ofende. Mas pelo visto esse adágio não é bem aceito por ai. Afinal de contas, o programa é de cunho evangélico (sou evangélico) e se tem algum grupo não evangélico patrocinando-o, por que não posso inquerir a respeito? Na condição de telespectador e cristão não tenho direito de ter tal informação? Agora, me ameaçar com processo judicial por causa disso, além de ser desproporcional revela um espírito nada cristão (leia I Co. 6.5-7).
Sinceramente, não vejo motivos pra tanto. Aliás, a intimidação do artigo e a citação do nosso Instituto no dia 17 de outubro, em rede nacional e de maneira jocosa, isto sim é que poderia dar margem a tal coisa. Fomos citados fora do contexto em rede nacional: “o Programa está sofrendo ataques virulentos do CACP”. Logo após certo adventista ainda arremata – “O CACP faz baixa apologética”. Tudo isso de maneira conraproducente e sem a nossa presença. E tudo por quê? Só pelo fato de eu ter feito alguns questionamentos legítimos a respeito do que eu entendi ser um favorecimento em certos aspectos que o programa dá aos pastores adventistas. No mínimo, uma explicação escrita e não uma ameaça judicial seria o que esperar de um programa como o Vejam Só.
Continua o reverendo Éber:
- “… quero me manifestar sobre as outras questões, especialmente a que sugere que o Vejam Só! deixou de ser cristão, evangélico e passou a ser ameaça à fé…”.
O Vejam Só sempre foi uma benção para nós evangélicos. Mas a ameaça à fé não diz respeito ao programa em si, mas algo estranho que está acontecendo no programa em relação aos adventistas. Uma pergunta pastor: os adventistas nos consideram irmãos na fé cristã? Se sim, então me responda esta outra: um irmão evangeliza outro irmão? Ora, se não, porque então eles produzem literaturas para evangelizar evangélicos? Por que eles fazem propagandas quando conseguem levar um ou outro pastor evangélico a se rebatizar na igreja adventista? Por que isso é motivo de orgulho e alegria para eles? Já pensou nisso pastor Éber?
Eu não fico alegre e orgulhoso quando um irmão de outra igreja vem para a minha, mas quando um pecador se arrepende e se batiza sim, a exemplo um TJ, espírita, católico, islâmico. Sabe por quê? Porque são pecadores perdidos no engano religioso. Eu não rebatizo um irmão de outra denominação, mas um sectário sim. Por que os adventistas rebatizam evangélicos que se convertem ao que eles denominam de “mensagem” adventista se eles são nossos “irmãos”?
- “O Programa Vejam Só! é um programa de debates, com o objetivo de expor linhas diferentes de interpretação bíblica ou de posicionamento cristão, a fim de que o telespectador julgue e tire suas próprias conclusões”.
Desculpe-me de novo pastor, mas eu, com minhas perguntas expusemos, talvez, um grande conflito relacional entre o senhor e os adventistas que frequentam o programa. Mas o conflito acredite, partiu deles pastor Éber; quando planejam como se aproximar de outros ministros evangélicos sorrateiramente para ganha-los para a “verdade” adventista (leia aqui artigo esclarecedor sobre isso). Portanto, engana-se quem pensa que somos contra levar adventistas aos programas. Não. Isso está fora de questionamento. Pode levar quem vocês desejarem: TJ, mórmon, espírita, católico e outros. O debate é salutar. O ponto de conflito e meus questionamentos não se encontra ai, mas sim em observar que o programa sistematicamente e de alguma forma está favorecendo os adventistas. Favorecendo em trata-los ostensivamente como se fossem irmãos na fé, como se entre eles e nós a única diferente fosse não comer carne de porco e guardar o sábado! Como se fosse coisa de somenos importância. Também não pense que quero ensinar a você como montar o formato do programa ou como dirigi-lo. Não se trata disso obviamente. A questão toda é a produção de uma falsa imagem de igreja evangélica que vai criando em torno da figura adventista na cabeça dos irmãos menos avisados ou familiarizados com as heresias que propaga essa igreja. O programa, infelizmente, no meu ponto de vista está corroborando indiretamente para isso. O pior é que por trás, os adventistas estão sorrindo, pulando de alegria. A natureza do escorpião não morre, ele continua a picar. Lembra-se da fábula do sapo e o escorpião, pastor? Pois é, a natureza dessa igreja não mudou ainda é sectária e acredita estar com todo o “pacote” da verdade e para isso precisa converter os evangélicos que não possuem TODA a verdade. Os meios para conseguir esse objetivo são diversos, um deles é desonestamente se passar por nossos irmãos. E o conceituado programa serve-lhes como um hospedeiro.
- “O Programa Vejam Só! é um programa de debates, com o objetivo de expor linhas diferentes de interpretação bíblica ou de posicionamento cristão, a fim de que o telespectador julgue e tire suas próprias conclusões”.
Não me leve a mal, pastor Éber se porventura deixei transparecer alguma intolerância quanto aos debates. Tolice a minha acreditar que quem acrescenta, diminui ou distorce a sã doutrina é herético. Será que o adventismo se enquadra nessa categoria? Não precisaria nem falar sobre a salvação por meio da guarda sabática, falsas profecias sobre a volta de Cristo; a igreja adventista como igreja remanescente, juízo investigativo, etc, etc, etc… Ora, o senhor já deve saber sobre tudo isso, não é mesmo? Ou não? Obviamente não se trata de “linhas diferentes de interpretação”. SÃO HERESIAS. Por exemplo, para nós, o sábado até pode ser um ponto doutrinário diferente, mas para eles não, o sábado é um divisor de águas de quem serve e de quem não serve a Deus e por fim tem implicações soteriológicas. Isso é grave.
Indico ainda esse vídeo aqui como exemplo:
Prosseguindo, afirma o pastor:
- “Ora, quando o Vejam Só! pauta estes temas, ele é criticado pelos mesmos que fizeram as sugestões, simplesmente porque damos tempo igual e igualdade de condições a ambos os debatedores”.
Minha crítica não é por isso e o senhor sabe muito bem. Nunca reclamamos das regras do debate, mas sim da emissora evangélica receber heterodoxos, pra não dizer hereges, na condição de ortodoxos. E mais, os debatedores deveriam sim ter toda liberdade de explicitar os erros dos sectários durante a contestação o que não vejo no programa. Por exemplo, pode se malhar Calvino, mas Ellen White é intocável. É proibido falar nela no programa. Ora, mas é ela justamente uma das pedras angulares dessa igreja. Sem ela não tem espírito de profecia; sem espírito de profecia não tem igreja remanescente e sem igreja remanescente eles caem na vala comum denominacional. E estar na condição de mais uma igreja é insuportável para o orgulho religioso deles. Eles querem ser a Igreja Verdadeira.
Por outro lado, apesar de ser favorável ao debate apologético, acredito que os sectários presentes levam mais vantagem. Por quê? Porque os tais estão dentro do nosso aprisco e a esmagadora maioria que assistem a esses programas são evangélicos. Sendo assim, por mais producente que seja o debatedor evangélico, ainda que ele ganhe o debate e mesmo que 80% dos telespectadores acreditem nele, mesmo assim acabamos perdendo 20% para a heresia. O que penso, é que em nossa arena eles nunca perderão por piores que sejam as suas desenvolturas. É por isso que os adventistas, por exemplo, nunca levam protestantes no programa da sua TV, a Novo Tempo. Já pensou nisso pastor?
Quer levar adventistas ao programa? Levem, mas coloque essa gente no seu devido lugar. Não dê a eles o status de evangélicos quando eles não são e nem mesmo fazem questão de ser. Definitivamente eles não são nossos irmãos.
Agora a fala mais preocupante do pastor Cocareli vem a seguir:
- Por que será que não recebo ataques quando dou voz e vez a gente como o Dr. Rodrigo Silva (arqueólogo) ou o Dr. Wilson Paroschi, maior autoridade brasileira em Crítica Textual Bíblica? Ora, ambos são adventistas e contribuem enormemente para o bem do Evangelho, como todos reconhecem. Acaso hereges fazem isso?
Desculpe-me pastor, mas há um mal entendido ai. Nem mesmo um PHD em arqueologia ou crítica bíblica faz um herege se tornar ortodoxo. Sinceramente não vejo tanta relevância assim para a Igreja. O que eles produziram academicamente que outros evangélicos não fizeram melhor? E até onde eu sei, eles não foram ao programa falando sobre doutrinas. Demais disso, eles continuam afirmando as mesmas heresias dos demais: acreditam que os escritos de Ellen G. White está em pé de igualdade com a Bíblia no que toca a inspiração, acreditam na mais herética doutrina do adventismo, ou seja, o tal Juízo Investigativo. Um desses citados, o Sr. Rodrigo Silva, disse que em cada planeta existe uma Árvore da Vida. Pode! E vejam só para ele há evidências de Deus na Constelação de Órion. E sabe por que ele afirma isso em suas “pesquisas acadêmicas” e paga todo esse mico? Simples, dentre outras coisas, porque está nos livros de Ellen White, especificamente” Vida e Ensinos”. Essas são as contribuições para a igreja? Pergunto: tais teólogos contribuem enormemente para quê? Só se for enormemente para a heterodoxia!
Enfim, reitero minhas sinceras justificas pastor Éber, por ter sido ingênuo o bastante em acreditar que os evangélicos já haviam apreendido a diferença entre ortodoxia e heterodoxia. Peço desculpas pela incomoda posição de porta voz para outros evangélicos que fizeram os mesmos questionamentos e observaram os mesmos problemas envolvendo o tratamento dado aos adventistas no programa, mas que infelizmente, não tiveram voz ou chance de questionar diretamente a você.
Acredite, estaremos orando pelo senhor, Reverendo Éber e pelo seu ministério. Orando para que a verdade prevaleça! Orando para que o programa tenha maturidade para receber as críticas mais incomodas. Orando para que a RIT seja sempre uma bênção aos seus telespectadores.
Por fim, faço minha a lamentação de Paulo às igrejas da Galácia, quando então, o apóstolo combatia a heresia judaizante que estava assolando aquelas comunidades:
“Tornei-me acaso vosso inimigo, porque vos disse a verdade?” – Gl. 4.16
[1] Conferir aqui: https://ebercocareli.blogspot.com.br/2017/10/resposta-aos-ataques-feitos-ao-programa.html