‘Lula se corrompeu e corrompe a sociedade brasileira’, afirma Hélio Bicudo
O jurista e um dos pioneiros do PT (Partido dos Trabalhadores) Hélio Bicudo afirmou, em entrevista ao programa Roda Viva, exibido pela TV Cultura, de São Paulo, nesta segunda-feira (28), que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enriqueceu de forma ilícita usando a figura da Presidência da República.
“O Lula se corrompeu e corrompe a sociedade brasileira como ela é hoje através da sua atuação como presidente da República”, declarou.
Bicudo se afastou do PT em 2005, quando explodiu o escândalo do mensalão. Recentemente, protocolou, na Câmara dos Deputados, um pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Questionado sobre o que mais o decepcionou em sua trajetória no PT, Bicudo foi taxativo: “O que mais me impressionou foi o enriquecimento ilícito do Lula. Ninguém fala nisso, mas eu conheci o Lula numa casa de 40 metros quadrados. Hoje, o Lula é uma das grandes fortunas do país. Ele e os seus filhos”.
“Eu conheci o Lula quando ele era um postulante ao governo do Estado de São Paulo — eu entrei como vice na chapa, nos anos 80”, disse Bicudo. “Era um panorama completamente diferente do que se vê hoje no Lula quando ele fala. Ele falava para obter o poder e usar o poder em benefício próprio e dos seus, da sua família e todo mundo sabe disso.”
Perguntado sobre o futuro da sigla que ajudou a fundar, Bicudo afirmou: “Acho que o PT não tem futuro. Acho que o PT, como partido, desapareceu. Tem uma pessoa, que é o Lula. O resto não é nada. Quer dizer, é o partido do ‘sim, senhor’. Eu saí do PT exatamente por causa dessa questão da hegemonia das pessoas”.
Para ele, o PT “contaminou as instituições do Brasil de ponta a ponta”. “O processo para você constituir um juiz do supremo é um processo completamente viciado. O PT contaminou o Judiciário e o Ministério Público.”
Questionado sobre as declarações de Dilma de que as tentativas de impeachment seriam, na verdade, um golpe de Estado, Bicudo disse: “Acho que precisa dizer para a Dilma ler a Constituição, porque lá está escrito que o impeachment é um remédio constitucional. Então, não existe esse negócio de golpe. O impeachment é um processo democrático em curso”.
O jurista, que também atuou no impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello em 1992, ponderou sobre as comparações entre aquela época e atualmente: “O Collor estava há pouco tempo no Executivo. A Dilma teve um mandato inteiro. Ela consolidou o prestígio do presidente da República. E o brasileiro é muito centrado no paternalismo”.
“Eu acho que a saída da Dilma não vai gerar trauma algum. As pessoas vão respirar fundo, dizendo: ‘Puxa, saiu”, concluiu.
Bicudo já ocupou cargos de deputado federal; vice-prefeito de São Paulo, durante a gestão de Marta Suplicy (2001-2005); e presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Durante a ditadura, enfrentou ameaças e pressões ao combater o Esquadrão da Morte, criado para eliminar os inimigos do regime.