Kerry tenta concluir acordo nuclear com o Irã neste sábado. Irã e potências mundiais parecem se aproximar de acordo. Negociações ocorrem em Genebra desde quarta-feira.
Chanceleres de cinco países e o secretário de estado dos EUA, John Kerry, desembarcaram neste sábado (23) em Genebra, na reta final das negociações com Teerã, para obter um acordo provisório sobre o programa nuclear iraniano, após dez anos de tentativas frustradas. Na sexta-feira, o chefe dos negociadores iranianos, Abbas Araghchi, anunciou: “nos aproximamos de um acordo em grande medida (…), mas ainda restam temas importantes pendentes”. A ida dos chanceleres nos últimos dias dos debates que acontecem desde quarta-feira indica uma alta possibilidade de consenso.
O acordo em questão trata da insistência do Irã para que comunidade internacional reconheça seu direito de enriquecer urânio e as sanções impostas pela suspeita de que o país tem intenções de desenvolver armas nucleares.
O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Serguéi Lavrov, considera que “pela primeira vez en muitos anos o G5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha) e o Irã têm a possibilidade real de chegar a um acordo”, informou a chancelaria russa.
O chanceler Sergei Lavrov chegou na sexta à noite a Genebra e se reuniu com o chanceler iraniano, Mohamad Javad Zarif, e com a chefe da política externa da União Europeia (UE), Catherine Ashton, que está coordenando as negociações com o Irã em nome das seis potências, segundo uma porta-voz russa.
O chanceler francês, Laurent Fabius, manifestou a expectativa de que um acordo seja feito, dizendo a jornalistas em Paris que estava em contato com os negociadores em Genebra. A França assumiu uma posição mais dura do que outras potências ocidentais, e repetidamente pediu às outras cinco potências envolvidas nas negociações para que não façam excessivas concessões a Teerã.
“Enquanto não houver acordo, não há acordo. Vocês sabem a nossa posição (…), é uma posição baseada na firmeza, mas ao mesmo tempo uma posição de esperança de que possamos alcançar um acordo”, disse Fabius.
Os EUA e outras potências ocidentais dizem que não existe algo como um direito a enriquecer material – um processo que pode resultar em combustível para usinas nucleares civis, mas também em matéria-prima para bombas -, mas o Irã vê isso como uma questão de soberania nacional, crucial para qualquer acordo que resolva uma década de impasse sobre as suas intenções nucleares.
A República Islâmica também quer um alívio das sanções econômicas em troca de quaisquer concessões nucleares que possam abrandar as suspeitas ocidentais de que o país estaria tentando desenvolver armas atômicas. Teerã insiste no caráter pacífico das suas atividades.
Diplomatas disseram que os novos termos do acordo em discussão não reconhecem explicitamente o direito de qualquer país à produção de combustível atômico. “Se você falar no direito a um programa nuclear pacífico, isso está aberto a interpretação”, disse um diplomata à Reuters, sem entrar em detalhes.
Extraído do g1 em 23/11/2013