“O pastor José Marques do Amaral, nasceu em Buri – São Paulo, em 01de Setembro de 1927. Desde sua infância esteve com seus pais na igreja Presbiteriana, e no ano de 1933, seus passaram para a Congregação Cristã no Brasil. Tinha seis anos de idade quando isso aconteceu, permanecendo 54 anos nesta, saindo em 1994, passando para a Igreja Evangélica Assembléia de Deus na cidade de Goiânia, bairro Campinas. Durante este tempo em que esteve na CCB, deu para conhecê-la muito bem e essa é a razão que levou-o a escrever seu livro, “A Igreja do Véu”.”
TESTEMUNHO (parcial)
Uma de minhas netas certo dia me perguntou e me interpelou com o seguinte argumento:
– Meu avô, o senhor esteve durante 54 anos na Congregação Cristã no Brasil, e depois de tanto tempo deixa esta Igreja?
Fazendo uma avaliação sobre o que minha neta Margaret me falou, sinto-me na obrigação de dar uma satisfação à minha família e a todos que se interessem.
Meus pais se converteram na Igreja Presbiteriana no ano de 1924. Meu pai era um alcoólatra sem esperança de recuperação, espancava minha mãe com freqüência, e as nossas vidas eram um verdadeiro sofrimento mas, o Senhor pela sua misericórdia fez um grande milagre, transformando o meu pai pelo seu Espírito. E desde esse dia meu pai se tornou um crente exemplar, dedicado aos filhos e à esposa. Nos ensinou o Caminho do Senhor, e a valorizar o trabalho com dignidade. Jamais poderemos esquecer de seus valores como pai, cidadão, servo de Deus e líder na casa do Senhor.
No ano de 1930, mudamos para a cidade de Faxina-SP., hoje Itapeva. Tínhamos muito respeito e estima por parte dos irmãos da Igreja Presbiteriana desta cidade. Foi ali, que eu e meus irmãos começamos a dar os primeiros passos rumo ao Senhor.
Mas, foi no ano de 1932 que as coisas começaram a mudar. Veio do estado do Paraná, um tio de meu pai, por nome Emílio Marques, trazendo uma nova religião, mudando tudo o que até então havíamos aprendido. Ele, levou meu pai a mudar de religião, mostrando que o caminho que seguiam era errado, e se continuassem onde estavam, jamais encontrariam a salvação, e disse ainda que o único caminho verdadeiro para a Vida Eterna seria na Congregação Cristã no Brasil.
Meus pais foram os primeiros crentes da Congregação Cristã no Brasil no antigo povoado de Faxina, hoje Itapeva. Sendo também os primeiros a serem batizados na região sul do estado de São Paulo.
Por ser uma religião nova na região, tinha um trabalho pequeno na capital, e para o sul do estado só havia trabalho nas cidades de São Roque, Sorocaba, Votorantim e Tatuí.
Meu pai começou como atendente, sendo o seu início na sala de nossa casa, tornando-se o fundador e o primeiro cooperador nas cidades de Itapeva, Itararé, Itaberá, Itapetininga, Buri, Ribeirão Branco, Apiaí, Ribeira, Guapiara, Barra do Chapéu, Bairro das Pedras e muitas outras.
A Congregação no Rio Grande do Sul também teve sua origem ligada à igreja de Itapeva, pois o irmão que ali fundou o trabalho era cooperador de meu pai em Itapeva.
Meu pai tinha muitas qualidades, as mais marcantes foram a sua honestidade e o cumprimento de suas responsabilidades. Nunca foi bajulador, sendo irrepreensível quanto à fé. Viveu no meio do pecado, mas não se contaminou e manteve suas vestes limpas. Foi estimado por todos que o conheciam. Sabia amar e perdoar, gostava de respeitar e exigir respeito, nunca foi falso ou interesseiro, a fim de tirar vantagens. Mas, pagou caro por suas lindas virtudes, não podendo terminar seus dias na Igreja, que ele mesmo fundou. Deu toda a sua vida para o progresso dela, oferecendo mais de 50 anos de sua vida, sendo tudo isso inútil. Tudo isso porque não era bajulador e complacente com o pecado. Teve que terminar sua vida expulso dessa igreja, porque os bajuladores tiveram mais força que ele, tomando o seu lugar.
A prepotência humana superou seus valores, mas com toda a certeza o seu nome está escrito no Livro da Vida junto ao Cordeiro de Deus. Tenho absoluta certeza de que Deus que servimos é justo e fiel, e tudo o que meu pai fez de todo o seu coração será creditado como galardão, pois fez em favor daqueles que tinham sede de salvação.
Para os líderes desta igreja, tudo o que ele fez, foi completamente esquecido, e já com sua idade bastante avançada, com a visão fraca e a mente cansada, quando mais precisou de ajuda e atenção daqueles a quem tudo dera, foi marginalizado, desprezado e rejeitado. Nada nunca justificará a ingratidão dos líderes desta falsa Igreja.
No dia de sua morte toda a cidade o homenageou, chorando por sua partida.
Por parte da Congregação Cristã no Brasil foi negado ao meu pai até a unção quando estava muito doente, já nos últimos dias de sua vida, algo que desejava muito. Quando já falecido, no seu velório, sendo todos os familiares desta religião, inclusive eu, fomos procurar o ancião para fazer uma cerimônia na sua despedida de corpo presente, o ancião não aceitou pois era o próprio culpado da saída de meu pai desta religião. Para mim, foi o ápice do desamor, da falta de consideração, não só pela vida de meu pai, como a de toda a minha família.
Não é este o exemplo que vemos nas Santas Escrituras por parte do Senhor Jesus. Jesus amou o mais vil pecador, curou leprosos que nem se quer voltaram para agradecê-lo, comeu e bebeu com pecadores e ainda assim ofereceu tremenda salvação, consolo e libertação a todos os que a ele buscavam.
A prepotência deste ancião somente realçou a falta de maturidade e do mais perfeito dom de Deus: o Amor. Sendo este homem digno de dó e piedade.
Tudo isso porque eu e meu pai não aceitamos a omissão e o pecado no seio da igreja, e fomos pedir a este ancião que removesse o pecado da congregação. E aquilo que pensávamos ser o correto se tornou para nós uma guerra, onde a mentira e a falsidade prevaleceram.
Meus pais saíram da Igreja Presbiteriana no ano de 1933 e passaram para a Congregação Cristã no Brasil, a procura de uma Igreja que estivesse cumprindo com mais perfeição os ensinamentos das Sagradas Escrituras, porém no seu zelo, esqueceu que onde está o homem estão também as falhas humanas, e por esta razão não devemos seguir Jesus Cristo na Igreja, e querer alcançar o Senhor pela Igreja.
A Igreja é importante para vivermos em comunhão com Cristo, sentindo ali o calor daqueles que junto a nós estão buscando o Reino dos Céus, mas é pelo nosso procedimento e retidão que santificamos a Igreja em Jesus Cristo.
Desde os meus seis anos de idade estive na Congregação Cristã no Brasil, estive quase três gerações e conheço muito bem essa seita.
No ano de 1946 sofri a minha primeira decepção nessa seita, na Cidade de Ourinhos-SP.
Lá houve um grande e vergonhoso escândalo que lameou aquela Igreja. Eu era bem jovem quando isto aconteceu, e por inexperiência e falta de fé, fui usado pelos irmãos mais velhos, e com o apoio da maioria dos fiéis, como porta voz dos demais, junto aos líderes dessa igreja a fim de se encontrar uma solução honrosa para o caso. Junto aqueles fiéis procuramos as autoridades da igreja para tratar do assunto. Estivemos com o ancião de Sorocaba, que nada resolveu, fomos aos anciãos de São Paulo, mas, que não deram a menor atenção à igreja, menosprezando a maioria dos fiéis, deixaram de fazer justiça, agindo com prepotência e menosprezo.
Este acontecimento foi muito vergonhoso, não seria elegante relatar aqui item por item, mas pessoalmente poderei dar melhor esclarecimento.
Com todo o menosprezo que sofremos não desanimamos, e fomos em frente, procurando uma solução para o fato, e então veio de Jacarezinho-PR, e de Santo Antônio da Platina, um ancião a mando do ancião de Sorocaba SP.
Mas ele também veio com as cartas marcadas a fim de dar pleno apoio aos autores do escândalo vergonhoso.
O caso que foi apoiado por esses anciãos foi fornicação e sodomia no meio da Igreja.
Como porta-voz neste caso tornei-me uma pessoa perseguida pelos anciães desta igreja durante quarenta e oito anos, fui marcado de pai para filho. Foi tão grande a perseguição que sofri, que me obrigaram a ficar aproximadamente três anos fora desse meio, em protesto pela pouca vergonha. Após esse período que fiquei fora, imaginando que viriam a esquecer do fato em reverência, resolvi voltar. Passei 19 anos lá e mais 45 anos sem participar em nada nessa seita, não fiz isso por falta de conhecimento, mas, achava que com esse procedimento viessem a esquecer o meu passado. Para mim seria importante, pois, queria viver em paz o restante de minha vida. Mais uma vez fui decepcionado. Este povo não conhece verdadeiramente a Deus, pois não sabe o significado da palavra Perdão, não perdoa e jamais esquece. São arrogantes e prepotentes.
Em 1994 meu genro foi nomeado cooperador desta seita em Goiânia, fez um banquete em sua casa em comemoração ao “fato” e chamou diversas autoridades desta seita, e eu também fui. Estavam reunidos diversos anciões e cooperadores, e para minha decepção, no melhor da festa alguém no meio deles relembra o meu passado. Esse alguém me conhecia há pouco tempo, mas estava ali para me acusar.