Dizem os adeptos do ‘Movimento do Nome Sagrado” que o grego era uma língua pagã e por isso Jesus não poderia falar o grego.
Mas, Jesus, falava o grego ou não? E se de fato falava, poderemos encontrar pistas disto nas páginas do NT?
Pois bem, existem algumas passagens no NT que não deixam dúvidas de que Jesus falava realmente o grego daquela época.
Eu Sou o Alfa e o Omega
No livro do Apocalipse Jesus se intitulou como Alfa e Ômega.
Ora, o que isto significa?
Significa que Jesus usou a primeira e a última letra do alfabeto grego.
Este alfabeto possui 22 letras sendo que a primeira dele é chamada de Alfa e a última de Ômega.
Eu sou o Alfa e o Ômega…
Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim…
Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último… (Apocalipse 1:8 – 21:6 – 22:13)
Quando Jesus disse isto Dele mesmo, “Eu sou o Alfa e o Ômega,” ele estava falando o idioma grego. Ele usa essas duas letras gregas para ilustrar uma afirmação. “Eu sou o primeiro e o último.”, “Eu sou o começo e o fim.” Desta maneira Jesus nos mostra que Ele participa da divindade. No Antigo Testamento Deus se revelara com o título de “o primeiro e o último”. (Isaías 44.6 – 48.12)
Na Midrash, (comentário teológico judaico), lê-se que o “selo de Deus” consiste de três letras do alfabeto hebraico, “alefe, men e tave”, a primeira letra, a letra do meio e a última letra deste alfabeto hebraico.
Com isso Jesus estava dizendo que ele era o Deus onisciente, que sabe todas as coisas, onipresente, que está em todos os lugares da história, e onipotente, que pode tudo em todas as coisas. Jesus conhece as coisas do começo ao fim.
Isso subentende que Jesus conhecia todo o alfabeto grego, do começo ao fim. É digno de nota que estas palavras de Jesus iriam ser escritas por João e reproduzidas nas igrejas. Caso o Apocalipse não tivesse sido escrito na língua grega, não faria sentido Jesus falar em caractere grego. Ao invés disso, se o livro estivesse destinado a crentes judeus, na língua hebraica, Ele certamente usaria a frase “Eu sou o Aleph e o Tav” que são respectivamente a primeira e a última letra do alfabeto hebraico. Nunca Ele usaria a expressão “Eu sou o Alfa e o Ômega”.
Já que Jesus é uma testemunha fiel e verdadeira (Apocalipse 3.14), não há porque negar que Ele esteja dizendo a verdade!
Jesus um poliglota?
Se cremos que Jesus é Deus, e Ele mesmo disse que para Deus nada há impossível (Marcos 10.27), então Jesus poderia perfeitamente falar o grego. Se partimos da premissa de que Jesus criou todas as coisas, incluindo a língua dos homens, então é bem provável que Ele tinha o poder de falar qualquer língua ou dialeto da terra!
Apesar de óbvia, a questão não é exatamente essa, para nós o que interessa é: Jesus falava o grego quando viveu aqui na terra?
Se levarmos em consideração o contexto cultural no qual Jesus vivia, é bem provável que Ele falava o idioma grego.
Ele viveu e ministrou em uma cultura multilíngüe. Este fato é facilmente constatado quando olhamos para João 19.20, onde consta que Pilatos mandou gravar em cima da cruz a acusação de Jesus em três idiomas, Hebraico, latim e grego.
Isto só seria possível se naquela região o grego fosse língua corriqueira.
Galileia dos gentios (Mt. 4.15)
Na Galileia, onde Jesus cresceu, a população não era de predominância judaica. Desde a queda de Israel, 600 a.C, os judeus viveram sobre dominação estrangeira, só havendo um pequeno intervalo de independência na época dos Macabeus (167-63 a.C).
Quando Jesus nasceu, ela era controlada pelo Império Romano, o próprio Herodes, o tetrarca não era judeu, mas Idumeu, descendente de Esaú.
Observe que o evangelista Mateus faz questão de acrescentar o epíteto da cidade, Galiléia “dos gentios”. Isto indica que a predominância daquela região era gentia e não judaica.
As cidades daquela região eram todas chamadas por nomes gregos, principalmente as cidades litorâneas. Uma região que se destaca quanto ao ministério de Cristo é Decápolis (Marcos 7.31). Esta é uma palavra grega que significa literalmente dez cidades. Outra é Tiberíades, construída para honrar o imperador Romano “Tibério César”. Essa região teve uma maciça presença gentia. Estes gentios eram gregos que falavam a língua grega.
Os evangelhos nos revelam que Jesus andava por estas cidades gregas pregando o evangelho. Certa vez perto de Tiro e Sidom ele curou a filha de uma mulher grega (Marcos 7.26).
Isto nos mostra que Jesus falava o grego, pois ele conversou com aquela mulher. Tanto é que os judeus inimigos de Cristo sabiam que ele podia falar o grego.
Eles diziam que ele queria pregar aos gregos. Veja o verso onde este incidente se encontra:”Disseram, pois, os judeus uns aos outros: Para onde irá ele, que não o acharemos? Irá, porventura, à Dispersão entre os gregos, e ensinará os gregos?” (João 7:35)
É óbvio que Jesus poderia mui perfeitamente falar essa língua já que Ele viveu muito tempo e trabalhou em uma região bilíngüe entre pessoas que falavam o grego.
Sua língua nativa pode até ter sido o aramaico, mas sem sombra de dúvida ele também falava o grego.
“ELE FALOU SEU NOME EM GREGO”
Tudo indica que Jesus falou seu nome em grego. No final do livro do Apocalipse aparece Jesus pronunciando seu nome:”Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas a favor das igrejas.” (Apocalipse 22.16)
No verso treze Ele diz “Eu sou o Alfa e o Ômega”, em grego, e no mesmo fôlego no mesmo discurso ele fala seu nome também em grego. Jesus falou seu nome numa língua diferente da hebraica. Ele disse, “egw ihsouv” (Eu, Jesus). Seu nome no Grego é ihsou. Esse nome transliterado é Iesous.
Desta maneira ele sacralizou seu nome na língua grega. Com certeza nós podemos usar seu nome no Grego ou Inglês ou em qualquer outra língua. Tanto Ele, Jesus, como seu nome, não estão confinados unicamente ao Hebraico. Jesus é de todos os povos e de todas as línguas.
Conclusão
Diante disto devemos considerar o seguinte: o livro do Apocalipse foi escrito às “sete igrejas que estão na Ásia.” Todas essas sete igrejas eram gregas. A província Romana da Ásia é nossa Turquia de hoje. Antes que os Romanos controlassem aquela área, os gregos já viviam lá há muitos séculos. João recebeu sua revelação na ilha de Patmos, uma ilha grega no mar Egeu. As pessoas para quem João escreveu eram gregas. Tudo aponta para o fato de que João escreveu em grego, para pessoas gregas, que viviam numa região grega que entendiam a expressão grega “Alfa e Ômega” ditas por Jesus.