A suposta base bíblica oferecida pela SUDs para apoiar seu ensino de que o evangelho de Jesus Cristo foi pregado no mundo dos espíritos, se restringe especialmente I Pedro 3:19-20 e 4:6. A interpretação oficial desta passagem da Bíblia, se acha em Doutrina e Convenios 138. No entanto está baseada em exegese distorcida. Ligada a este ensino herético está a doutrina do batismo por procuração, ou como é comumente chamado: “batismo pelos mortos”.
Focalizaremos agora especificamente a prática relacionada com o batismo para os mortos. Antes porém, cabe aqui uma pergunta apropriada: A Bíblia realmente ensina a prática do batismo pelos mortos? Foi ensinada e praticada por Jesus e pelos primeiros apóstolos de Cristo?
Embora o Livro de mórmon é tido pelos adeptos como contendo “a plenitude do evangelho eterno” (Doutrina e Convênios 27:5), embora dizem ser o batismo para os mortos um ensino central do evangelho de Jesus Cristo, é esclarecedor sabermos que o Livro de mórmon não contém nenhuma referência à prática, direta ou indiretamente deste ritual. Isto pode ser verificado facilmente conferindo abaixo “Batismo pelos Mortos” no Guia Tópico da igreja de LDS para as Bíblias ou o Índice para a Combinação Tripla — as únicas referências dadas provém de quatro seções de “Doutrinas e Convênios” (124,127,128,1382). Este ponto também pode ser verificado olhando no Índice na parte de trás do Livro de mórmon. O que se verifica é que este livro não traz nenhuma referência a esta doutrina herética.
UM ÚNICO VERSO
O silêncio do Livro de mórmon quanto ao batismo pelos mortos é um fato importante, por isto um único verso na Bíblia—1 coríntios 15:29—constitui sua base exclusiva para os teólogos mórmons. Isto é reconhecido pela Enciclopédia de Mormonismo de 1992. Em I coríntios 15:29 está escrito:“De outra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos? Se absolutamente os mortos não ressuscitam, por que então se batizam por eles?”
A primeira coisa que notamos neste verso é que o batismo para os mortos não é ensinado de fato, mas apenas mencionado. Dado a natureza escassa da evidência, é especialmente importante seguir princípios sãos de interpretação Bíblica buscando entender este verso. Dois princípios básicos pertinentes a esta tarefa são: (1) não leia um verso de forma isolada, mas cuidadosamente considere seu contexto, e (2) use passagens claras e explícitas da Bíblia para interpretar o que está obscuro ou menos claro não o contrário!
Uma leitura superficial de I coríntios 15:29 isolada de seu contexto pode sugestionar um aparente apoio para o batismo para os mortos. Porém, um estudo cuidadoso do verso em seu contexto e na luz de outras passagens Bíblicas pertinentes, deixa claro que isto não é possível.
Seguindo os princípios descritos acima, nós deveríamos fazer várias perguntas tais como: (1) Há qualquer coisa em I coríntios (num contexto mais amplo) que lança mais luz sobre a questão em 15:29? (2) o que o tema e essa linha de argumento tem a ver com o contexto imediato? (3) como o verso 29 se ajusta nesta linha de argumento? (4) Há alguma outra menção sobre o ensino do batismo, em outras epístolas de Paulo ou em outro lugar no Novo Testamento?
Será que o apóstolo aqui está dando aprovação à doutrina do batismo para os mortos? Jesus e os outros escritores do Novo Testamento apóiam esta doutrina?
Perguntas como estas nos ajudarão a chegar a uma interpretação precisa do verso 29, e também vão evitar a tentação de ler no texto nossas próprias idéias preconcebidas.
O CONTEXTO MAIS LATO
Há três outras referências a respeito de batismo em I Coríntios — são elas: 1:14-17, 10:2, e 12:13. Em 1:14-17. Paulo menciona o batismo para expressar a preocupação dele sobre contendas e facções nas reuniões entre os cristãos em Corinto: “Dou graças a Deus que a nenhum de vós batizei, senão a Crispo e a Gaio;para que ninguém diga que fostes batizados em meu nome.É verdade, batizei também a família de Estéfanas, além destes, não sei se batizei algum outro. Porque Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho; não em sabedoria de palavras, para não se tornar vã a cruz de Cristo.”
É bem clara suas palavras quando diz que: “Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho,” Paulo está lembrando aos coríntios que é a mensagem da morte de Cristo por nossos pecados (aceita pela fé genuína) que pode de fato regenerar e pode transformar a pessoa interior, e não o rito externo do batismo, ele é importante, entretanto, como um sinal externo de fé e obediência. Este fato mostra que os coríntios davam muita importância ao batismo, e que o apóstolo sentia a necessidade de os guiar a um ensinamento equilibrado de seu significado.
Então em 10:2 o apóstolo usa a palavra “batizou” descrevendo o Israelitas ‘ que cruzaram o Mar Vermelho: “todos foram batizados em Moisés na nuvem e no mar.” Embora este seja um uso figurativo do termo, Paulo usa isto para construir na lembrança deles a prioridade de fé e regeneração interna em cima da questão do batismo (1:14-17). Ele faz uma observação perspicaz dizendo que todos os Israelitas que saíram do Egito eram “batizados,” figurativamente, eles não agradaram a Deus: “Mas Deus não se agradou da maior parte deles; pelo que foram prostrados no deserto.” (10:5).
Finalmente, em 12:13 Paulo menciona batismo como um argumento para a unidade Cristã: “Pois em um só Espírito fomos todos nós batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos quer livres; e a todos nós foi dado beber de um só Espírito.” Aqui novamente, não é o rito do batismo que vale, mas a realidade da união com Cristo que batismo o batismo representa (Romanos 6:3-4), forjado não através da água, mas pelo Espírito.
O orgulho dos crentes em Corinto quanto ao batismo é uma pista importante para se entender o significado de 1 coríntios 15:29. Pois como veremos, o apóstolo associa o batismo pelos mortos a um grupo herético dentro da igreja cujo falso ensinamento recebeu atenção especial no décimo quinto capítulo de 1 coríntios.
O contexto imediato. O melhor modo para entender qualquer texto na Bíblia é examinar os versos que o cercam. E quando nós lemos 1 coríntios 15:29 em seu contexto, fica nítido que é a ressurreição e não o batismo, o único tema dominante ao longo de todo o capítulo 15.
Nos versos 1-11, Paulo declara que após Cristo ter morrido pelos nossos pecados, foi ressuscitado dentre os mortos, fato este que foi amplamente atestado por quase 500 testemunhas, a maioria de quem ele diz ainda estar viva na época.
Então nos versos 12-49 o apóstolo coloca em ordem uma série de argumentos para a raciocinando sobre a importância da doutrina da ressurreição do corpo. Aqui, o leitor moderno precisa se lembrar de que a doutrina judeu-cristã da ressurreição, era considerada, loucura, verdadeira tolice entre os gregos antigos (Corinto era uma cidade grega).A menção que Paulo faz do batismo pelos mortos no verso 29 é apenas uma daquelas série de argumentos introduzidos para servir de apoio na defesa que ele faz da ressurreição.
Então a pergunta agora é: então quem em Corinto praticava o batismo pelos mortos. E o mais importante: essa prática tinha a aprovação do apóstolo?
A CHAVE DA RESPOSTA NA EXPRESSÃO – “alguns entre vós”
A pergunta retórica de Paulo no verso 12 expressa o raciocínio do capítulo: “Ora, se prega que Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, como dizem alguns entre vós que não há ressurreição de mortos?”
Uma coisa importante que se deve notar é que a série inteira de argumentos nos versos 13-49, especificamente, é apontada para refutar estes falsos mestres dentro da congregação (“alguns entre você”) que estão negando a ressurreição abertamente. O esboço seguinte dá uma avaliação da passagem:
1. Se não houver nenhuma ressurreição, Cristo não ressuscitou (vv. 13,16)
2. Nosso pregação é vã, nós ainda permanecemos em nossos pecados (vv. 14,17)
3. Nós somos considerados como falsas testemunhas (v. 15)
4. Os mortos em Cristo estão perdidos (v. 18)
5. Cristãos são os mais miseráveis dentre os homens (v. 19)
6. Como a morte veio por um homem (o Adão) e seus descendentes, assim também a ressurreição veio por um homem (Cristo) para tudo que pertencem a Ele (vv. 20-22)
7. A ordem da ressurreição: primeiro Cristo, as primícias, e depois todos que estão nele na sua vinda(vv. 23-28)
8. O ensinamento dos falsos mestres que negam a ressurreição se torna incoerente quando eles se batizam pelos mortos, pois a prática está baseada na esperança da ressurreição (v. 29)
9. Por que sofremos ainda pelo evangelho se não houver nenhuma ressurreição? (vv. 30-34)
10. Ressurreição é como uma semente que morre primeiro para então produzir vida (vv. 35-38)
11. A natureza do corpo da ressurreição é diferente da do corpo mortal, como a carne de humanos, mamíferos, e peixes são diferentes um do outro (v. 39)
12. O corpo de ressurreição é de maior glória que o corpo carnal, como o sol é de maior glória que a lua (vv. 40-41)
13. Mais contrastes entre o corpo da ressurreição e nossos corpos mortais (vv. 42-49)
No verso 29 há outra pergunta retórica: “De outra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos? Se absolutamente os mortos não ressuscitam, por que então se batizam por eles?” Paulo aqui aponta o fato que desde que é o corpo humano que é batizado, esses que executam tal rito por procuração por uma pessoa falecida têm de fazer assim porque eles têm a esperança da ressurreição futura por aquela pessoa. Assim, a função primária do verso é ainda outro argumento em defesa da ressurreição.
Paulo Endossou tal Prática?
O fato de Paulo mencionar tal pratica não quer dizer que ele aprovou, ensinou ou praticou tal coisa. Isto é visto pela maneira impessoal que ele se refere a este pessoal. Se o rito fosse uma parte legítima do ensino do apóstolo, ele teria dito mais ou menos como “o que fará você. . .” ou “o que faremos nós. . .” que batizamos pelos mortos.
Está claro que Romanos 9:1-3 e 10:1-4 mostra a grande preocupação que Paulo tinha pelos de sua raça que estavam longe da mensagem do evangelho. Certamente havia alguns da própria família do apóstolo que tinham morrido sem o batismo cristão. Se Paulo ensinou realmente o batismo peolos mortos, é inexplicável que ele se exclua de modo tão claro desses que praticavam tal rito, como de fato deixa transparecer na expressão: “que farão (eles) os que se batizam pelos mortos?”
Também note que o apóstolo contrasta o grupo herético que praticava isto com ele e a comunidade Cristã de Corinto. Quando se refere aos crentes da comunidade ele sempre usa os pronomes “vós” ou “nós” incluindo a si próprio.
Quem São “Eles?”
Se nós perguntamos quem são aqueles “eles” de que fala o verso 29, o contexto aponta claramente para atrás ao verso 12. São esses dentro da congregação que está negando a ressurreição, e para quem a passagem inteira aponta como refutação. Então o argumento de Paulo fica claro: Estes falsos mestres são contraditórios, pois ao passo que negam a ressurreição, ainda se ocupam com um ritual que está baseado na esperança da ressurreição.
Ironicamente, a Enciclopédia de Mormonismo adere a esta mesma interpretação do verso: “. . . Paulo recorre claramente a um grupo distinto dentro da Igreja, um grupo que ele acusa de inconsistência entre ritual e doutrina.”
Assim, longe de endossar o batismo pelos mortos, Paulo na verdade associa isto com um grupo a quem ele já identificou como estando em grave heresia.
Por que então Paulo não refutou essa doutrina?
Será que Paulo usou uma pratica a qual não concordava para apoiar algo que ele defendia (a ressurreição)?
Veremos que esta objeção levantada por alguns não tem consistência:
Primeiro, Paulo já associou esta pratica com falsos mestres. Sendo assim, parece que não precisou de nenhuma refutação especial.
Segundo, a história mostra que a prática na realidade nunca foi amplamente difundida. Somente algumas seitas isoladas praticaram isto, inclusive a seita dos Marcionitas do segundo século, e a Sociedade de Efrata, um grupo oculto Cristão na Pensilvânia (1700). Na verdade estes dois grupos não têm quase nada em comum e até mesmo menos ainda com o ensino do mormonismo.
Assim a reivindicação de que a doutrina do “batismo pelos mortos” fazia parte do Cristianismo original e que se perdeu com a alegada “grande apostasia” carece de base histórica e bíblica.
Paulo já no inicio da epístola declara que “Cristo me enviou não para batizar mas para pregar o evangelho” (1:16) — é uma lembrança de que o batismo não tem a mesma importância indispensável que a fé em Cristo tem.
Este é um golpe direto na doutrina do batismo pelos mortos que aponta o batismo como indispensável para ressurreição e para a vida eterna.
O BATISMO É NECESSÁRIO PARA SALVAÇÃO?
Para que haja o batismo pelos mortos é necessário que seja feito o batismo em água que segundo eles tem poder para perdoar pecados. Porém, observe as palavras do apóstolo Paulo —“Cristo me enviou não para batizar, mas para pregar o evangelho” (1 coríntios 1:16). Esta declaração é esmagadora e insinua que o batismo não tem importância igual a fé em Cristo.
O NT ensina sim, que batismo é um passo importante de obediência para os cristãos, mas não ensina sua necessidade absoluta para o perdão dos pecados e não garante a vida eterna.
CONFLITOS COM O LIVRO DE MÓRMON
Mostramos no começo deste artigo que o Livro de mórmon está completamente em silencio sobre o batismo pelos mortos. Muito pelo contrário, há evidências substanciais no Livro de mórmon contra a prática deste ensinamento: (1) ensina que aqueles que morrem sem ouvir o evangelho (os candidatos primários do batismo pelos mortos) estão vivos em Cristo, então não precisam de batismo, e (2) ensina que o batismo especificamente é um convenio para esta vida mortal, de forma que seria completamente sem sentido batizar pelos mortos.
No primeiro ponto, nota que Moroni 8:22 declara explicitamente que o estado desses que morrem sem um conhecimento do evangelho é como as crianças que morrem na infância: “Porque eis que todas as criancinhas estão vivas em Cristo, assim como todos os que estão sem a lei, porque o poder da redenção atua sobre todos os que não tem lei; portanto o que não foi condenado , ou seja, o que não está sob condenação, não pode arrepender-se; e para tal o batismo de nada serve”
Então, do mesmo jeito que o Livro de mórmon rejeita o batismo infantil, rejeita no mesmo fôlego aqueles que morreram na ignorância.
O próximo verso (23) chama isto de obras mortas: “Mas é escárnio perante Deus negar as misericórdias de Cristo e o poder do seu Santo Espírito e depositar confiança em obras mortas”
O batismo pelos mortos também está em conflito com o ensino mórmon de que o batismo é um convenio para esta vida mortal (cf. Mosias 18:13)
CONCLUSÃO
Concluímos que o batismo pelos mortos é totalmente anti-bíblico, carece de fundamentos. Nós não poderemos nos salvar por nossos próprios méritos ou de algum ritual. O batismo não salva, nem a santa ceia, nem minha carteira de membro. Somente a fé em Jesus Cristo é que faz isto. Aceite Jesus e Rejeite o batismo pelos mortos.