A história registra que adventistas e testemunhas de Jeová viveram um período da história como uma só entidade religiosa. C.T. Russell associou-se a N. H. Barbour, um dissidente do movimento adventista, por um período de tempo, ocasião em que publicaram a revista mensal Herald of The Morning – O Arauto da Aurora (Como Responder às Testemunhas de Jeová, p.47). Não é sem razão, pois, que tanto os adventistas como as testemunhas de Jeová tenham ponto de vista iguais sobre a pessoa de Jesus, como sendo o próprio arcanjo Miguel. Dois nomes para uma só pessoa. É preciso que, antes de analisarmos declarações de ambas organizações religiosas, tenhamos presente que é de necessidade absoluta conhecermos o Jesus verdadeiro indicado na Bíblia, para não aceitarmos um ‘outro’ Jesus falso, como declara Paulo em 2Co. 11.4: “Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado…”
1 – O QUE DIZEM OS ADVENTISTAS
Dizem os adventistas: “Cremos que ‘Miguel’ [original Michael] não é senão um dos muitos títulos aplicados ao Filho de Jesus…” (O Ministério Adventista, março-abril, 1961, p.19). Noutro escrito adventista se lê: “Nas Escrituras, Miguel, cujo nome significa ‘Quem é como Deus?’, é descrito como arcanjo” (Judas 9). “Uma análise detida dentro do contexto bíblico deixa claro que Miguel é apresentado no texto sagrado como um Ser divino…” (Sinais dos Tempos, agosto/98, p.29).
2 – O QUE DIZEM AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ
Como é conhecido dos estudiosos das seitas, as testemunhas de Jeová mudam frequentemente suas doutrinas. Embora reconheçam que mudanças doutrinárias perturbam as pessoas honestas, elas são useiras e vezeiras nas mudanças doutrinárias. E, consequentemente, não poderiam deixar de apontar Jesus de modo diferente Bíblia no que concerne ao arcanjo Miguel.
JESUS É MIGUEL? Não! – dizem as Testemunhas de Jeová.
“Sua posição é contrastada com a de homens e anjos, como Senhor de ambos, tendo “todo o poder no céu e na terra” Desde que está escrito “e todos os anjos de Deus o adorem”; [isto inclui Miguel, o chefe dos anjos, dado que Miguel não é o Filho de Deus] e a razão é que “herdou mais excelente nome do que eles” (The Watchtower, nov1879, p.4).
MIGUEL É JESUS? Sim! – dizem as Testemunhas de Jeová.
“É Jesus Cristo a mesma pessoa que o arcanjo Miguel? “…a evidência indica que o Filho de Deus, antes de vir à terra, era conhecido como Miguel, e também é conhecido por esse nome desde que retornou ao céu, onde reside como o glorificado Filho espiritual de Deus” (Raciocínio à Base das Escrituras, p.219).
2.1 – MUDANÇAS DOUTRINÁRIAS
É elogiável, quando mantemos um conceito errado sobre um ponto doutrinário, que venhamos a reconhecer o erro e abandoná-lo, pois Deus não leva em conta os tempos da nossa ignorância (At. 17.30). Mas é terrível, muito terrível mesmo, quando estamos certos e abandonamos o que é correto para adotar um ponto de vista errado, assim considerado à luz da Bíblia. Isso é apostasia teológica (1Tm. 4.1).
As testemunhas de Jeová mantiveram por muitos anos um conceito certo sobre Jesus, negando que ele fosse o próprio arcanjo Miguel, e arrazoaram corretamente com a citação de textos que não davam margem à ideia errônea de que Miguel e Jesus fossem a mesma pessoa. Apresentavam os textos de Mt. 28.18 que declara ter Jesus todo o poder no céu e na terra; poder esse que os anjos não tem; apresentavam Hb. 1.6 que ordena a todos os anjos que adorassem a Jesus; quando os próprios anjos não podem ser adorados; e, finalmente, com Hb. 1.4 onde se lê que Jesus recebeu nome mais excelente do que os anjos.
3 – DIFERENÇAS ENTRE MIGUEL E JESUS
3.1 – NO NOME
O nome Miguel significa “Quem é Como Deus?”. Encerra uma pergunta, sem afirmar que Miguel seja Deus. Já o nome Jesus significa “Jeová é o Salvador”. É uma afirmação que enfatiza a diferença de Miguel.
Em Is.43.11 se lê. “Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador”. Essa declaração é aplicada a Jeová nas Escrituras Hebraicas, como as testemunhas de Jeová costumam referir-se ao Velho Testamento. Nas Escrituras Gregas ou Novo Testamento vamos encontrar que a salvação é obra exclusiva de Jesus: “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens pelo qual devamos ser salvos” (At. 4.12). Embora Jeová e Jesus sejam duas pessoas distintas (Jo. 8.16-18) constituem o mesmo Deus Salvador. Miguel é pessoa distinta de Jesus no significado do próprio nome.
3.2 – NA NATUREZA
Miguel é anjo, na hierarquia angelical de arcanjo. Embora possa ser tido como chefe dos anjos, não deixa de ser criatura. Falando dos anjos diz Hb 1.14: “Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?” A função dos anjos é servir aqueles que vão ser salvos. Como tal os anjos defendem os cristãos das artimanhas do Diabo e de inimigos terrenos (SI. 34.7; 91.11).
É digno de nota ainda que os anjos estão sujeitos a Cristo: “O qual está à destra de Deus, tendo subido ao céu, havendo-se-Ihe sujeitado os anjos, e as autoridades e potências” (lPe.3.22).
Jesus, diferentemente de Miguel, é o Criador do próprio Miguel. Em Cl 1.16, lemos: “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades: tudo foi criado por ele e para ele” Cristo é o Criador de todas as coisas, e dentre eles, as coisas invisíveis que compreende toda a hoste celestial na categoria de anjo, arcanjo, querubim, serafim. Consequentemente, Jesus é o Criador de Miguel, não podendo ser confundidas as pessoas do Criador (Jesus) e da criatura (Miguel).
Ainda na natureza de ambos, Miguel e Jesus, nota-se que Miguel é arcanjo enquanto Jesus é Deus, a segunda pessoa da Trindade. O Deus verdadeiro único é o que sendo um na essência é trino nas Pessoas. É chamado Deus Criador em Jo 1.1-3: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”. Jesus em Jo. 3.16 é chamado “Filho unigênito”. Ser Filho unigênito é ser o único filho gerado; ser Filho gerado é ter a mesma natureza do Pai, que gerou. Esse Pai é Deus; logo Deus é também o Filho gerado.
3.3 – NA ADORAÇÃO
Miguel não pode ser adorado. Dentro de toda a hierarquia angelical é terminantemente proibido prestar culto aos anjos, qualquer tipo de culto, como se lê em Cl 2.18 “Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, metendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão”. Os próprios anjos são conhecedores que não se lhes deve prestar adoração e por isso recusam-na abertamente. Isso se pode ler em duas partes da Bíblia: Em Ap 19.10 e Ap 22.8,9 “E eu lancei-me a seus pés para o adorar; mas ele disse-me: Olha não faças tal; sou teu conservo, e de teus irmãos que têm o testemunho de Jesus: adora a Deus”. “E eu, João, sou aquele que vi e ouvi estas coisas. E, havendo-as ouvido e visto, prostrei-me aos pés do anjo que mas mostrava para o adorar. E disse-me: Olha não faças tal… Adora a Deus”.
Já com respeito à pessoa de Jesus, não há qualquer problema em adorá-lo. Sabemos que os anjos são maiores do que nós (Hb. 2.6,7), entretanto prestaram adoração a Cristo sem qualquer constrangimento. É interessante notar que é o próprio Deus quem ordena essa adoração, como se lê em Hb. 1.6 “E quando outra vez introduz no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem”. Se Jesus fosse um anjo, na hierarquia de um arcanjo como Miguel, então seriam os anjos tidos como idólatras, pois não é correto que um chefe de anjo seja adorado por outros anjos. Mas, na continuação da leitura de Hebreus capítulo primeiro, que visa mostrar a superioridade de Jesus sobre os anjos como se lê dos vv. 4,5, que dizem: “E feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles. Por que, a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho?” Eis a razão da superioridade de Jesus sobre os anjos. O v. 8 mostra essa razão, quando o Pai declara de seu Filho: “Mas, do Filho, diz: “Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do reino”. No céu ao nome de Jesus se prostram todos os seres criados: “Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus…” (Fp 2.10). A adoração do único Deus é vista da seguinte forma em Ap 5.13: ” E ouvi, a toda a criatura que está no céu , e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono (Jeová Deus), e ao Cordeiro (Jesus Cristo e não Miguel, que nunca é chamado de o Cordeiro), sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre.
Para justificar sua posição de que Jesus é Miguel, argumentam da seguinte forma: “O nome deste Miguel ocorre apenas cinco vezes na Bíblia. A gloriosa pessoa espiritual que leva esse nome mencionada como ‘um dos primeiros príncipes’, ‘o grande príncipe, o defensor dos filhos do teu povo (o de Daniel)’, e como ‘o arcanjo’ (Dan. 10.13; 12.1; Judas 9, ALA). Miguel significa: ‘Quem É Semelhante a Deus” (Raciocínios à base das Escrituras).
4 – EXAME DAS CINCO VEZES ONDE APARECE O NOME MIGUEL
São cinco as referências citadas para apoiar o ensino segundo o qual Miguel e Jesus são a mesma pessoa:
- Daniel 10.13: “Mas o príncipe do reino da Pérsia se pôs defronte de mim vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me”.
Comentário: É de notar a declaração hierárquica que se faz de Miguel – “um dos primeiros príncipes” o que faz deduzir que Miguel é apenas um dentre outros. Isso quer dizer que existem outros iguais a Daniel. Tal não acontece com Jesus: ele não “um dos primeiros” mas é o único. Enquanto se fala de Miguel como um príncipe dentre outros, Jesus é chamado o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Isso é visto em Ap. 19.16: “E no vestido e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e Senhor dos senhores“. Ora, este texto só pode fazer paralelo com o próprio Deus Jeová que a si mesmo se declara: “Pois o Senhor vosso Deus, é o Deus dos deuses, e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita recompensas“ (Dt 10.17). O mesmo se lê no SI. 136.3 “Louvai ao Senhor dos senhores; porque a sua benignidade é para sempre”.
- Daniel 10.21: “Mas eu te declararei o que está escrito na escritura da verdade; e ninguém há que se esforce comigo contra aqueles, a não ser Miguel, vosso príncipe”.
Comentário: Miguel é tido nesse texto como defensor do povo judeu. Jesus é defensor de todos os povos como declara 1Jo. 2.1 “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis: e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo”.
- Daniel 12.1: “E naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta pelos filhos do teu povo, e haverá um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo; mas naquele livrar-se-á o teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro”.
Comentário: No tempo da grande tribulação para o povo judeu (Jr. 30.7), depois do arrebatamento da Igreja. Miguel se porá a favor do povo judeu, que, por fim, aguardará o seu Messias, Jesus Cristo (Zc. 12.10; 14.4).
- Judas 9: “Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juizo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda”.
Comentário: Notamos que Miguel não lutou contra Satanás na disputa sobre o corpo de Moisés, por faltar-lhe autoridade para tanto. Usou da autoridade do nome de Jesus: “O Senhor te repreenda.” Jesus, enquanto aqui na terra, lutou várias vezes contra Satanás, vencendo-o. Alguns exemplos:
- a) Em Mt. 4.1-10, por três vezes, Jesus repreendeu Satanás e por fim ordenou categoricamente: “Vai-te Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás. Então o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos, e o serviram“ (v. 10,11).
- b) Em Mt. 16.21-23 de novo Jesus repreende o diabo e manda-o retirar-se e ele não contesta, mas obedece prontamente: “Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens”.
- c) Em Mc. 16.17 ele concede poder aos seus seguidores de usarem o seu nome para expulsar demônios: “Em meu nome expulsarão demónios…”
- d) Em At. 19.12,13 se lê que até os exorcistas sabiam do poder do nome de Jesus sobre os demônios. Tentavam usar esse nome, mas sem a autoridade do próprio Jesus, foram envergonhados. Já no caso de Paulo, que invocava o nome de Jesus, os demônios não suportavam a autoridade desse nome e se retiravam. Como Miguel podia ser a mesma pessoa, se Miguel não ousou repreender Satanás, o que foi feito por Jesus várias vezes durante o ministério na terra?
- Ap 12.7: “E houve batalha no céu: Miguel e seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhava o dragão e os seus anjos”.
Comentário: No v. 7 fala de Miguel e se esse Miguel é o próprio Jesus, por que no v. 11 afirma que o povo de Deus venceu o inimigo pelo sangue do Cordeiro? Está escrito no v. 11: “E eles [o povo de Deus] venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até à morte”. Gostaríamos de ver qualquer intérprete da Bíblia substituir esse texto, colocando o seguinte: ‘E eles venceram pelo sangue de Miguel…” Haveria alguém que atribuísse a vitória do povo de Deus ao sangue de Miguel? O povo de Deus sempre tem vitória pelo nome e pelo sangue de Jesus ( Lc 10.19; At 1.8; 3.6; Ef 1.7, 20-22).
Com relação ainda a 1Ts. 4.16 dizem as testemunhas de Jeová: “Em 1 Tessalonicenses 4.16 a ordem de Jesus Cristo para a ressurreição começar é descrita como ‘a voz do arcanjo’, e Judas 9 diz que o arcanjo é Miguel… É portanto razoável que o arcanjo Miguel seja Jesus Cristo.” (Raciocínios à Base das Escrituras, p. 219). Ora, lendo-se todo o texto em tela observa-se que Jesus não só vem com voz de arcanjo, “mas com a trombeta de Deus”. Se o fato de Jesus vir ‘com voz de arcanjo’ o torna o arcanjo Miguel, o fato também de ele vir com ‘trombeta de Deus’ o coloca, obviamente, como Deus. O exército celestial acompanhará Cristo na sua segunda vinda como é mostrado em Mt 25.31 “E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele…” Quando se lê ‘todos os santos anjos com ele’ se inclui certamente o arcanjo Miguel. O mesmo se lê em Ap 19.11,14. O v. 14 declara: “E seguiam-no os exércitos no céu em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro”.
É digno de nota ainda que o Jesus das testemunhas de Jeová passou por três fases: antes de vir a terra chamava-se no céu de arcanjo Miguel. Ao tornar-se homem, nascendo da virgem Maria, abandonou o nome que lá tinha e tornou-se somente homem, nada mais do que homem, um homem perfeito como Adão antes da queda. Ao ressuscitar dos mortos e ascender ao céu, o Jesus de Nazaré homem, deixou de existir para sempre. Voltou a ser o arcanjo Miguel, de novo. Logo se trata de um Jesus mutável na sua natureza: anjo, homem, anjo. Isso chega às raias de blasfêmia inominável contra o eterno Jesus Cristo, como se lê de Hb. 13.8: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente”. O escritor de hebreus continua: “Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas…”(13.9).
JESUS CRISTO MIGUEL
JESUS É DEUS MIGUEL É UM ANJO
Jo.1:1, 20:28, 1Jo. 5:20 Cl.1:16-17
JESUS É CRIADOR MIGUEL É CRIATURA, CRIADA PELO PRÓPRIO JESUS
Jo.1:3, Cl.1:16-17
JESUS É ADORADO PELOS ANJOS MIGUEL NÃO PODE SER ADORADO
Hb.1:6, Ap.5:11-13 Ap.22:8-9
JESUS É ÚNICO, REI DOS REIS MIGUEL TEM OUTROS IGUAIS A ELE E É UM PRÍNCIPE
Ap.17:14, 19:16 Dn.10:13