JOÃO 19.26-27 – A DECLARAÇÃO DE JESUS A RESPEITO DE MARIA CONFERE A ELA O PAPEL DE MEDIADORA DO PLANO DA SALVAÇÃO?
Na cruz, Jesus disse à sua mãe: “Mulher, eis aí o teu filho”, e ao discípulo: “Eis aí tua mãe” (Jo. 19.26b-27a). De modo ampliado e com base nessa passagem, para os católicos Maria ganhou o papel de “mediadora” ou “corredentora”. Os católicos insistem que isso “não deve ser concebido como se fora uma equação da eficácia de Maria com a atividade redentora de Cristo, o único Redentor da humanidade” (ITm. 2.5), pois ela mesma precisou de redenção e foi redimida por Cristo”. Contudo, os estudiosos católicos destacam: “No poder da graça da Redenção, cujo mérito pertence a Cristo, Maria, por sua entrada espiritual no sacrifício de seu divino filho, em favor dos homens, fez expiação pelos pecados da humanidade, e (de congruo), fez jus à aplicação da graça redentora de Cristo. Desse modo, ela coopera na redenção subjetiva da espécie humana”.
Numa ‘interpretação mística’, os católicos veem em João o representante de toda a raça humana. Nele, Maria foi dada como a mãe espiritual de toda a humanidade remida, para que ela, por sua poderosa intercessão, pudesse obter para os seus filhos necessitados de auxílio todas as graças por meio das quais eles possam alcançar a salvação eterna.
RESPOSTA APOLOGÉTICA: Faltam, por completo, as evidências necessárias nas Escrituras para que se possa chamar Maria de mediadora ou corredentora. De um lado, o próprio contexto fornece o significado da declaração de Jesus, quando complementa: “E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa” (Jo. 19.27). Jesus, como o filho mais velho (e os católicos o dizem “único”), estava morrendo, e recomendou sua mãe aos cuidados de João, o único apóstolo presente junto à cruz no momento da crucificação.
Por outro lado, uma clássica autoridade católica romana nos dogmas católicos confessa: “Faltam nas Escrituras provas expressas”. Ele meramente diz que “os teólogos buscam fundamento bíblico” para uma interpretação mística de João 19.26. Tal interpretação, porém, é removida para longe do verdadeiro sentido do texto, e em virtude de sua natureza não plausível, apenas enfraquece o caso no tocante à doutrina. Na verdade, o claro significado de muitas passagens das Escrituras declara que existe apenas “um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (ITm. 2.5; confira com Jo. 10.1,9-11 e 14.6; Hb. 1.2-3 e 10.12).
A alegação dos católicos de que o termo “um” (monos) em ITm. 2.5 não significa somente um (eis) é uma falsa disjunção. É óbvio que o apóstolo Paulo procurou nessa passagem comunicar que existe somente um Deus e somente um mediador entre Deus e os homens, pois se a palavra monos não significasse “somente um”, então o apóstolo teria deixado aberta a porta também para o politeísmo, uma vez que a mesma construção se aplica igualmente a Deus. Existe um dilema inerente na mariologia católica. A teologia católica admite que podemos obter de Cristo tudo aquilo que precisamos como crentes. Contudo, muitos teólogos católicos já exaltaram o papel de Maria como aquela que pode dispensar toda a graça. Ou o papel de Maria é supérfluo, ou a mediação desempenhada por Cristo é diminuída. A única saída para o dilema é considerar, como fazem os crentes protestantes, que Maria não dispensa nenhuma graça. Maria, como a mãe terrena de Jesus, foi o canal através de quem a graça de Deus entrou no mundo, mas Maria não é agora no céu a despenseira da graça de Deus a nosso favor.
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Texto Base: Resposta às Seitas, Norman L. Geisler e Ron Rhodes, CPAD, 1997. Texto adaptado e compilado pelo Pr. Edison Miranda da Silva e Maria Candida Alves.
Maria merece todo respeito e honra pelo seu papel desempenhado. Mas Jesus é suficientente para nos ligar a Deus, não precisou de ajuda.