É o povo de Israel a razão mais evidente da Grande Tribulação. Ele é o alvo principal por causa das suas relações com o plano redentor de Deus para com a humanidade. Israel foi escolhido para representar os interesses divinos na Terra. Mas, lamentavelmente, não foi fiel aos pactos e, por isso, houve a mudança no plano divino. Sua desobediência, prevaricação e idolatria serão castigadas nesse período. No entanto, o propósito de Deus não é só o de castigar Israel, mas também o de mostrar sua fidelidade e amor para com o Seu povo.
1 – A MULHER VESTIDA DE SOL (Ap. 12:1-2)
Depois dos vários eventos catastróficos, efetivados pela abertura dos sete selos e das sete trombetas, surge um intervalo com uma série de visões, e então haverá o derramamento das sete taças de pragas sobre a Terra. Três personagens são destacados no capítulo 12 de Apocalipse: a mulher vestida de sol, o grande dragão vermelho e o filho varão.
Quem é a mulher vestida de sol? Há várias interpretações acerca dessa mulher e o que ela representa. Segundo a linha de interpretação que adotamos, entendemos que ela não representa a Igreja de Cristo, uma vez que esta já estará no céu com Cristo. Também a mulher não representa a Igreja do Antigo Testamento, nem tampouco representa Maria, a mãe humana de Jesus. Indiscutivelmente, representa o povo de Israel.
Os símbolos da mulher. Os símbolos que estão em torno da mulher — o sol, a lua e 12 estrelas — estão associados aos filhos de Israel (Gn. 37:9; Jr. 31:35-36; Js. 10:12-14; Jz. 5:20; SI. 89:35-37).
2 – O GRANDE DRAGÃO VERMELHO
Representa Satanás (Ap. 12:9). Essa criatura animalesca e vermelha é a figura do poder do mal, e da destruição que virá sobre a nação israelita naqueles dias. O vermelho indica o seu poder sanguinário, objetivando matar especialmente a mulher e seu filho.
O poder do dragão. Um detalhe especial desse dragão são as sete cabeças e dez chifres, além de sete coroas sobre essas cabeças (Ap. 12:3). As mesmas características desse dragão aparecem sobre a Besta nos capítulos 13 e 17 de Apocalipse. Os poderes que a Besta (Anticristo) demonstrará, nos dias da Grande Tribulação, serão advindos de Satanás. As sete cabeças, e os diademas sobre elas, simbolizam os grandes reinos e os poderes desses reinos. Satanás usará de toda a sua força para destruir Israel naqueles dias. Ele é o dragão vermelho que se lançará contra o povo de Deus, representado pela mulher.
Que representam as estrelas do céu? (Ap. 12). Alguns intérpretes afirmam que serão homens proeminentes do mundo, que se levantarão contra Israel para destruí-lo da face da Terra. Porém, a interpretação mais aceitável indica que se trata de demônios, sob a égide de Satanás, os quais, lançados sobre o mundo, promoverão grande desordem moral, social e espiritual no seio da humanidade.
Quem é o filho varão (Ap. 12:5). Os intérpretes divergem aqui. Há os que afirmam tratar-se da Igreja equivocadamente. Outros entendem que se trata dos mártires da Grande Tribulação, e outros afirmam que esse filho varão representa o remanescente judeu de então.
c.1) Jesus, o mais evidente. A interpretação mais aceitável diz que esse filho varão representa Jesus, uma vez que somente Ele, o Messias, “regerá as nações com vara de ferro”. O Salmo 2 é messiânico e se constitui num rico contexto do cumprimento da profecia de Apocalipse 12:5. Israel representa a mulher, e o filho varão representa Jesus. Ele nasceu de uma mulher israelita. Por isso, quando o texto diz que a mulher (Israel) deu à luz um filho varão, está, na realidade, falando do nascimento humano de Jesus. Quando fala que o “filho foi arrebatado para Deus e para o seu trono”, refere-se à ascensão vitoriosa de Cristo depois da Sua ressurreição.
Há um paralelo entre Apocalipse 12 e Miquéias 5, que identifica a mulher como a nação israelita. Mq. 5:2 fala sobre o nascimento dAquele que seria o Senhor em Israel, o Messias. Entretanto, por causa da rejeição deste governante (o Messias), na Sua primeira vinda, a nação foi posta de lado. O texto de Mq. 5.3 declara assim: “os.entregará até ao tempo em que a que está de parto tiver dado à luz”, indicando que a nação estará com dores de parto até ao tempo de dar à luz o filho. Também em Rm. 9:4-5 o apóstolo Paulo fala dos israelitas e declara que Cristo veio de Israel, segundo a carne.
c.2) A tentativa inútil do grande dragão contra o filho varão. Satanás, o grande dragão vermelho, não conseguirá alcançar o filho varão, porque ele foi arrebatado para o seu trono. O filho varão de Israel, arrebatado do poder de Satanás, um dia descerá em grande pompa sobre o monte das Oliveiras (Zc. 14:1-9) e então tomará as rédeas do governo mundial sob o poder do Diabo, o Anticristo e o Falso Profeta.
Na vinda poderosa do filho, o Anticristo e o Falso Profeta serão lançados no Lago de Fogo (Ap. 19:19-20). No mesmo ímpeto da gloriosa vinda do filho varão, o grande dragão, que é Satanás, será amarrado e lançado no Poço do Abismo (Ap. 12:7-9; 20:1-3).
– A FUGA DA MULHER PARA O DESERTO (Ap 12.6)
a) O deserto (Ap. 12:6). Não se refere especificamente a um lugar geográfico, mas metafórico. Nas terras do Oriente Médio o deserto é o lugar mais apropriado para fugitivos. A mulher representa a nação de Israel, depois de perseguida pelo grande dragão vermelho, que foge para um lugar de refúgio no deserto, para escapar da fúria do dragão, o Diabo.
b)O período do refúgio (Ap. 12:6). As pressões sobre Israel serão enormes naquele período, mas o grupo fiel encontrará refúgio por 1.260 dias. No calendário judaico de 360 dias, os 1.260 dias equivalem ã metade da semana profética de Daniel 9:27, ou seja, três anos e meio. Essa mesma cifra de 1.260 dias equivale a outras cifras, tais como quarenta e dois meses, ou “um tempo, tempos e a metade de um tempo”. Essa diferença de linguagem não muda o sentido real da profecia, porque a cifra é a mesma. É exatamente o período mais terrível que sobrevirá sobre Israel na sua terra.
c) O remanescente judeu (Ap. 12:17). No período final da Grande Tribulação, o remanescente judeu, constituído de israelitas fiéis ao antigo pacto, não se submeterá ao sistema do Anticristo, que é a Besta que subiu do mar de Ap. 13:1-2, e terá que fugir para o deserto (Ap 12.17). É, sem dúvida, o remanescente judeu salvo na Grande Tribulação.
– UMA BATALHA ANGELICAL NO CÉU (Ap. 12:7-9)
O arcanjo Miguel. Nessa batalha, os anjos de Deus sob o comando do arcanjo Miguel, o protetor dos filhos de Israel, abatem completamente os anjos caídos sob o comando de Satanás, o grande dragão vermelho. É interessante notar que Miguel está ligado ao destino do povo de Israel (Dn. 12:1). Ele é o guardião dos interesses divinos para com Israel, conforme vemos em Dn. 10:13,21; Jd. 9.
Satanás, o dragão vermelho. Nessa batalha vemos o esforço de Satanás para neutralizar o plano vindicativo de Deus, através dos anjos, na história do mundo, e especialmente quanto a Israel. É um conflito entre o bem e o mal. Satanás é o grande dragão vermelho, que mais uma vez investe contra o poder de Deus, representado pelo arcanjo Miguel e seus anjos. Mas o dragão é derrotado fragorosamente e expulso do céu. Os seus domínios foram desfeitos.
A vitória do bem sobre o mal. Na visão de João, o dragão quis devorar o filho varão da mulher, mas foi impedido por uma força maior, uma milícia superior a dele. Essa batalha indica que os poderes de Satanás foram reduzidos, e o mundo começa a se preparar para receber o Messias. Aprendemos aqui que o direito sempre triunfará sobre o erro, o bem sobre o mal, a verdade sobre a mentira. As vantagens de Satanás foram anuladas, para que a vitória do povo de Deus prevalecesse no mundo. No texto de Ap. 12:9, o dragão vermelho é definido como “o acusador” (Diabo), a “antiga serpente”.
Depois da vitória de Miguel e seus anjos, contra o dragão e seus aliados (demônios), diz a Bíblia que houve regozijo e alegria no céu (Ap. 12:10). Esta alegria resulta do fato que a Grande Tributação findará para Israel e para o mundo, quando Cristo voltar gloriosamente.
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Pr. Elienai Cabral – REBD CPAD