Irmão vota em irmão?

É fato que ainda não sabemos os resultados do segundo turno das eleições para prefeitos em algumas cidades de nosso país. Apesar disso, já temos subsídios para empenharmos uma avaliação do assunto no que tange às câmaras dos 5.562 municípios do Brasil.

É importante notar que cada vez mais nossos irmãos (evangélicos) ocupam espaço no cenário político, principalmente no legislativo muni­cipal. Eu, particularmente e teorica­mente, já fui convencido de que devo votar em nossos irmãos, desde que os mesmos possuam as qualificações mínimas necessárias para exercerem o mandato que pleitearam. Entretan­to, na prática, ainda não estou total­mente convicto se o princípio “irmão vota em irmão” é verdadeiro. Afirmo, na prática, porque ainda não conse­gui desenvolver um mecanismo para aferir o trabalho dos irmãos vence­dores nas eleições durante o exercí­cio dos mandatos anteriores.

Sugiro até que os que foram elei­tos com a maioria de votos da igreja ajudem-nos no desenvolvimento de métodos que nos possibilitem aferir os trabalhos que serão realizados durante os próximos quatro anos de mandato. Isto porque é provável que não será possível a estes irmãos elei­tos visitarem as igrejas que os ele­geram com a mesma assiduidade que o fizeram durante os meses de cam­panha eleitoral.

Mas como isto poderia ser reali­zado? Poderia ser feito, por exemplo, por meio de boletins informativos em que constariam os projetos que es­tão sendo votados, os motivos de seu voto ser a favor ou contra deter­minados projetos, as respectivas atu­ações nas comissões da câmara, as posições do partido em que está filiado, as realizações do executivo, sua presença nas assembleias, e até por meio de convites pedindo para que os eleitores participem dos gran­des debates que forem surgindo na câmara… Enfim, sempre prestando satisfações ao grupo que o elegeu.

Além disso, temos também de considerar que os eleitos receberão salários pagos por meio de nossos impostos e, portanto, não existem motivos para deixarem de cumprir com o dever que lhes compete. Não queremos, em hipótese alguma, um político figurativo, apenas para mos­trar que esta ou aquela denomina­ção elegeu tal candidato. Absoluta­mente. Como eleitores e cidadãos temos a obrigatoriedade de acompa­nharmos e fiscalizarmos o desempenho dos candidatos de nossa região, especialmente aqueles que as nos­sas igrejas (evangélicas) ajudaram a eleger. Caso os mesmos não nos con­vençam por meio de ações que con­firmem o que propuseram na campa­nha, devemos rever nossos concei­tos e até mesmo tomarmos outra de­cisão na próxima oportunidade de votação, levando em conta muito mais do que a opção religiosa do can­didato no período da campanha, con­siderando também sua vocação e atuação como profissional não so­mente durante o período de eleição, mas em todo o tempo, junto aos anseios e necessidades do grupo que irá representar depois de eleito.

Caso contrário, é possível que em breve tenhamos conseguido mudar o rótulo da condição religiosa no ce­nário político de nossa nação para as tendências evangélicas, porém, continuaremos com os mesmos pés­simos indicadores socais que temos hoje, o que traria grande prejuízo não só para os que professam a nossa fé, mas para todos nós brasileiros.

————-

ANTONIO FONSECA, REVISTA DEFESA DA FÉ – ANO 9 – N° 73

Sair da versão mobile