Infiel, é o livro de Ayaan Hirsi Ali editado pela Cia das Letras no Brasil. Realmente um livro que vale a penas ser lido e refletido com todo o carinho. A autora, nascida na Somália, conta a sua saga até a sua eleição como deputada na Holanda. Sua história revela a face mais cruel do islamismo africano e suas barbáries contra a mulher. E novamente, quando um escritor desflora a nudez da religião do profeta Maomé, mais comoção, ódio e perseguição é detonado contra o escritor da obra. Como Salman Rushdie, Ayaan está jurada de morte devido ao que escreveu e por causa do seu breve documentário chamado “Submissão” (pode ser facilmente assistido pelo youtube). Tudo isso me leva a crer que o islamismo pensa realmente que é “incriticável”! Pra mim, penso, uma religião retrograda que precisa ser arguida e impugnada.
O livro é uma autobiografia de uma mulher que superou todas as barreiras familiares, sociais e religiosas imposta pela cultura e religiosidade islâmica. Sua luta determinante pelo direito das mulheres muçulmanas mostra uma sequela crônica que o islã possui e que não podemos ignorar.
“Na Somália, como em muitos outros países africanos e do Oriente Próximo, as meninas são purificadas mediante a ablação da genitália. Não há outro modo de descrever esse procedimento, que costuma ocorrer por volta dos cinco anos de idade. Uma vez escavados, raspados ou, nos lugares mais benevolentes, simplesmente cortados ou extraídos o clitóris e os pequenos lábios da garota, geralmente toda a região é costurada de modo a formar uma grossa faixa de tecido, um cinto de castidade feito da própria carne da criança. Um pequeno orifício no lugar adequado permite um fino fluxo de urina. Só com muita força é possível alargar o tecido cicatrizado para o coito. A mutilação dos órgãos genitais da mulher é anterior ao islã. Nem todos os muçulmanos adotam essa prática, e alguns povos que adotam não professam o islamismo. Mas, na Somália, onde virtualmente todas as meninas são submetidas à clitorectomia, o procedimento sempre se justifica em nome do islã” (Pg. 57). Como dizia minha santa vozinha – “tem coisa que quando se mistura fica pior ainda”, ou seja, o islã sincretizado com os costumes africanos torna-se algo insustentável para qualquer cidadão civilizado e faz da vida dos seus adeptos um inferno.
Na obra é explicitado como crianças são estimuladas à odiosidade contra os judeus: “Na Arábia Saudita, tudo de ruim era atribuído aos judeus… Cheguei à conclusão de que os judeus eram como os djins (demônios). Nunca tinha visto um judeu e aqueles sauditas também não (Pg 79) … A irmã Aziza também falava sobre os mjudeus (na madraça). Descrevia-os de tal modo que eu os imaginava fisicamente monstruosos: tinham chifres na testa e nariz tão comprido que se projetava feito um bico. Diabos e djins saltavam literalmente da sua cabeça para desencaminhar os muçulmanos e espalhar o mal. Tudo quanto de ruim acontecia era por culpa dos judeus (Pg.131).
Para Ayaan a jihad ou violência contra infiéis era uma prática comum na história do islamismo: “Queríamos nos alistar no jihad, palavra de múltiplos sentidos. Significava que a fé precisava de apoio financeiro, ou que era necessário enviar esforços para converter novos crentes. Também significava violência; o jihad violento era uma constante histórica no islã”. (Pg. 164)
Sobre os atentados de 11 de setembro, ela não só teve a certeza do envolvimento de religiosos islâmicos, como entendeu que a doutrina de Bin Laden era a doutrina dos muçulmanos: “Mas é claro que foram os muçulmanos (que explodiram os aviões nas Torres Gêmeas). Questão de fé. Isso é o Islã… Eu sabia que uma massa de maometanos veria nos ataques uma justa retaliação contra os infiéis… Essa gente (os ocidentais) precisa acordar… o profeta Maomé era o guia moral de Bin Laden, e o que se devia avaliar era a orientação do profeta”. (Pg. 383 e 386).
O livro alerta o ocidente para a contaminação dessa moléstia que era a teologia islâmica: “Certos aspectos do islamismo retardam o desenvolvimento social à medida que tolhem o pensamento crítico e reprime as mulheres”. (Pg. 410)
Ela sabia que a guerra que iniciará seria mortal. A doutrina islâmica não perdoava aqueles que se volta contra o islã: “para um maometano, deixar de crer em Alá configura um crime letal. Os apóstatas merecem morrer: nisso o Alcorão e o hadith são claríssimos. A pior desobediência a Deus que um muçulmano pode perpetrar é abjurar a religião…” (Pg. Idem).
Sua revolta era principalmente pela condição em que a teologia islâmica abandonava as mulheres. O Alcorão registra que a mulher é um ser inferior ao homem. Chega ao ponto de colocar o sexo feminino com tendo a metade do valor de um homem. É como se a mulher fosse à escória de Alá, o lixo da existencialidade humana e a criatura quase tem de pouca valia como um animal: “Todas as sociedades que ainda se acham nas rígidas garras do islã oprimem a mulher e estão atrasadas em termos de desenvolvimento. A maioria delas é pobre; muitas estão mergulhadas no conflito e na guerra. As sociedades que respeitam os direitos e liberdades da mulher são ricas e pacíficas” (Pg. 422). “Os homens que espancam dizem que elas têm de obedecer porque é assim que manda o islã. Tenho mostrado esses relação entre a nossa fé (fé islâmica) e o comportamento dos homens” (Pg. 407).
Mas a grande polêmica mesmo foi quando Ayaan adjetivou o profeta do islã de pedófilo: “Eu o descrevia como um homem cruel que aspirava ao poder absoluto e tolhia a criatividade, restringindo a imaginação unicamente ao que era permitido… Alá havia mandado Maomé casar com a mulher do seu filho adotivo, Zayd. Também o autorizara a casar com a filha de seis anos do seu amigo Abu Backr e a consumar matrimônio quando a menina Aisha tivesse apenas nove anos. A descrição que Aisha fazia da cena era realmente patética; a pobrezinha estava brincando no balanço do jardim quando a mãe a chamou e a pôs no colo do profeta de cinquenta e cinco anos… Pelos padrões ocidentais, Maomé era um pedófilo, um tirano (Pg. 431 e 432). Se o profeta Maomé foi pra cama com uma menina de nove anos, era mesmo um pedófilo pela lei holandesa. Se vocês examinarem como ele governou, vão concluir que foi um ditador, um autocrata, e isso é tirania (Pg. 334).
O livro também chama a atenção para o brutal assassinato do produtor do curta metragem “Submissão”, Theo Van Gogh. Um muçulmano, enraivecido pelo documentário que mostrava a situação das mulheres muçulmanas, deflagra quatro tiros sobre o produtor. Não contente com a brutalidade, o fiel muçulmano corta-lhe a garganta, degolando-o e deixando seu corpo em estado deplorável. E antes de ir embora, crava no peito da vítima uma carta ameaçando Ayaan de ser a próxima a ter o mesmo destino. Realmente o acontecido em 2004 deixou a pacifica Holanda de cabelos arrepiados e mostrou que o islamismo é um cancro que pode destruir e carcomer os mais nobres pilares democráticos de liberdade de expressão. Realmente o livro é uma leitura arrebatadora e merece ser lido por todos aqueles que prezam pela liberdade.