O título deste artigo foi extraído do capítulo 6, p. 67, do livro “Seja Deus verdadeiro”, 1ª edição, 1949, publicado pela International Bible Students Association (hoje “Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados”). A referida editora se ocupa em publicar as literaturas das testemunhas de Jeová. Embora sejam freqüentes as mudanças doutrinárias dessa seita, isso, no entanto, não tem ocorrido com o seu ensino que nega a existência do inferno como lugar de tormento eterno e consciente.
Quando tratam da questão do inferno, sua abordagem é sempre com o intuito de ridicularizar, escarnecer e rejeitar o ensinamento claro e profundo das Escrituras Sagradas. E fazem isso com ardor intenso.
Surge, então, a pergunta: “Como as testemunhas de Jeová chegaram ao conceito de que o inferno é um lugar de descanso em esperança?”. Tudo começou com um debate entre o fundador dessa organização religiosa, Charles Taze Russell, e um famoso cético.
O motivo do debate
“Com menos de vinte anos de idade, Charles Taze Russell tinha sido membro da Igreja Congregacional e crente fervoroso na doutrina da tortura eterna das almas condenadas num inferno de fogo e enxofre literais. Mas, ao tratar de converter ao cristianismo um conhecido descrente, ele próprio foi derrotado na sua posição sectária e impelido ao ceticismo. Avidamente começou a investigar as religiões pagãs em busca da verdade sobre o propósito de Deus e o destino do homem. Provando que todas essas não eram satisfatórias e antes de deixar por completo a investigação religiosa, ele empreendeu a pesquisa nas Escrituras Sagradas do ponto de vista de um cético, então livre das falsas doutrinas religiosas dos sistemas sectários da cristandade”.1
Declaração das testemunhas de Jeová sobre Russell, fundador da seita
“Em essência, mostramos que a Sociedade é uma organização inteiramente religiosa; que os membros aceitam como seus princípios de crença a santa Bíblia, conforme explicada por Charles T. Russell; que C. T. Russell, durante sua vida, escreveu e publicou seis volumes, ‘Estudos das Escrituras’, e, já em 1896, prometeu o sétimo volume que trataria de Ezequiel e de revelação; que, no seu leito de morte, declarou que outrem escreveria o sétimo volume…”.2
Fonte de autoridade religiosa
Quando dialogamos com as testemunhas de Jeová elas afirmam, com muita ênfase, que crêem unicamente na Bíblia como sua fonte de autoridade religiosa. Entretanto, não podem negar que o seu entendimento das Escrituras tem por base o seu fundador – C. T. Russell. Este, ao terminar o seu livro “Estudos das Escrituras”, não teve dúvidas em declarar que se alguém se desse à leitura da Bíblia sem a ajuda do mesmo estaria, no final de dois anos, em trevas. Mas, se alguém lesse a Bíblia somente nas referências indicadas no seu livro, dentro de dois anos teria a luz das Escrituras, mesmo não lendo uma página sequer da Bíblia.3
O texto de Russell
“…se alguém os puser de lado e ignorá-los (‘Estudos das Escrituras’), indo somente à Bíblia, embora entenda a Bíblia por dez anos, a nossa experiência mostra que dentro de dois anos ficará em trevas. Por outro lado, se tivesse simplesmente lido os ‘Estudos das Escrituras’, junto com as suas referências, e não lesse uma página da Bíblia sequer, esse alguém estaria na luz no fim de dois anos, porque teria a luz das Escrituras”.
Como se vê, o ensino das testemunhas de Jeová sobre o inferno nada mais é do que uma doutrina esposada por um cético (incrédulo) quando adotou o “ponto de vista do cético”. E, como sabemos, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus porque lhe parecem loucura (1 Co 2.14).
Deus é amor
O inferno é, para o homem natural, uma verdadeira aberração, incompatível com a declaração bíblica de que Deus é amor (1 Jo 4.8).
Allan Kardec, codificador do Espiritismo, chega a afirmar: “ou Deus é perfeito, e não há penas eternas, ou há penas eternas, e Deus não é perfeito”.4
As testemunhas de Jeová crêem, como os espíritas, que a existência do inferno é incompatível com o amor de Deus. Os espíritas ensinam que o Jeová do Velho Testamento não é o Pai de Jesus no Novo Testamento. Para eles, não há qualquer problema. Mas as testemunhas de Jeová não têm essa crença. Admitem que se trata do mesmo Deus. Mas, quando lemos sobre as ordens severas de Deus de destruir os cananeus e outros povos pagãos, ordenando a morte de todos em geral, homens, mulheres e crianças de peito, as testemunhas de Jeová justificam essa ordem mostrando que as práticas religiosas daqueles povos eram imorais, idólatras e ligadas à feitiçaria. Declaram:
“O que podemos aprender disso? Indica a narrativa, de algum modo, que Jeová não é Deus de amor e alguém que ‘ama a justiça’, conforme se declara em outra parte da Bíblia? – 1 João 4.8; Salmo 37.28. Não; antes, ensina um princípio vital: que o amor de Deus à justiça tem por parte correspondente o ódio à iniqüidade”… “Certamente não é razoável pensar-se que o amor de Deus à humanidade o obrigaria a amar também a iniqüidade”.5
Nesse particular concordamos com as testemunhas de Jeová.
“O SENHOR é um Deus zeloso e vingador; o SENHOR é vingador e cheio de furor; o SENHOR toma vingança contra os seus adversários, e guarda a ira contra os seus inimigos. O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande em poder, e ao culpado não tem por inocente; o SENHOR tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés. Quem parará diante do seu furor, e quem persistirá diante do ardor da sua ira? A sua cólera se derramou como um fogo, e as rochas foram por ele derrubadas”(Na 1.2-3,6).
Deus é amor, mas não ama a injustiça nem o pecado. Não perdoa o pecador impenitente, pois nem aos anjos perdoou. “Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo” (2 Pe 2.4).
Argumentos contra o inferno
Justificam seus ensinos sobre o inferno ser um lugar de descanso afirmando: “Se xeol é sepultura, é impossível ser ao mesmo tempo um lugar de tortura pelo fogo e ao mesmo tempo uma cova. Mas poderá perguntar: ‘Como sabemos que xeol significa sepultura e não um lugar de tortura?’. Porque a Bíblia, a Palavra de Deus, interpreta assim”.6
“É tão claro que o inferno, segundo a Bíblia, é túmulo, sepultura, que até uma honesta criancinha pode entendê-lo, porém não os teólogos religiosos”.7
A base, pois, para negar a existência do inferno como lugar de tormento consciente e eterno é que o inferno é a sepultura. Para chegar a essa conclusão, interpretam as palavras xeol (hebraica) e hades (grega) como sendo simplesmente sepultura ou túmulo.
A palavra xeol (Seol – sheol)
A respeito dessa palavra, as testemunhas de Jeová declaram: “Há precisamente uma palavra, e somente uma, nas antigas Escrituras hebraicas (O Velho Testamento), que se traduz inferno na Versão Inglesa Autorizada da Bíblia, e esta palavra é xeol. Através das Sagradas Escrituras hebraicas, esta palavra ocorre 65 vezes…”8
Hoje, as literaturas das testemunhas de Jeová grafam a palavra xeol por Seol. Assim, para negar a doutrina do inferno de tormento consciente dizem que o termo xeol indica sepultura ou túmulo.
Declaram, ainda, que “A palavra hebraica ‘Seol’ [ou ‘Xeol’] e a palavra grega ‘Hades’ significam a mesma coisa”.9
Ora, as testemunhas de Jeová possuem uma tradução da Bíblia conhecida como “Tradução do Novo Mundo”. Nessa versão, deixaram de traduzir a palavra hebraica Xeol, apenas a transliteraram, ou melhor, somente a aportuguesaram.
Ora, se a palavra Seol indica realmente sepultura ou túmulo, por que não a traduziram por sepultura, sepulcro ou termo equivalente? Não o fizeram porque sabem que existem palavras no hebraico específicas para sepultura. São elas: Kever e Kevurah.
A palavra sepultura ou túmulo
A palavra sepultura ou túmulo aparece nas Escrituras Hebraicas e é citadas na “Tradução do Novo Mundo”? Certamente que sim. E centenas de vezes. Exemplo:
“Êx 14.11: ‘E passaram a dizer a Moisés. É porque não há nenhuma sepultura no Egito que nos trouxeste para cá, para morrermos no ermo?’
“Is 14.19: ‘Mas, no que se refere a ti, foste lançado fora sem sepultura para ti…’
“Sl 88.11: ‘Declarar-se-á a tua benevolência na própria sepultura’
“Is 22.16: ‘Que é que te interessa aqui e quem é que te interessa aqui, que aqui escavaste para ti uma sepultura?'”
Então, qual é a palavra hebraica traduzida por sepultura na “Tradução do Novo Mundo”? As testemunhas de Jeová respondem: “Cemitérios, sepulturas ou túmulos individuais e literais são mencionados por palavras diferentes na língua original. Assim, indicam lugares individuais na ‘Terra dos Viventes’ pelos nomes de lugares ou cidades”.
Keber (hebraico), lugar de sepultura ou sepultura (português)
“Gn 23.4: ‘Peregrino e forasteiro sou entre vós. Dai-me entre vós a posse dum lugar de sepultura para que eu sepulte o meu defunto de diante da minha face'”. K’boorah (hebraico), sepultura, lugar da sepultura, sepulcro (português)
“Gn 35.20: ‘Jacob erigiu sobre a sepultura de Rachel uma coluna que existe até o dia de hoje’.
“Dt. 34.6 : “Foi sepultado no vale, da torrente na terra de Moab, defronte de Beth-Peor; mas ninguém tem sabido até hoje o lugar da sua sepultura”.10
A palavra Hades
Hades (no grego) corresponde à palavra Seol (no hebraico). Não indica sepultura, como supõem as testemunhas de Jeová. Procedem com a palavra hades da mesma forma como agiram com o termo em hebraico Seol. Ou seja, não a traduzem, mas transliteram-na em sua versão da Bíblia: “Tradução do Novo Mundo”.
As dez ocorrências da palavra Hades
Mt 11.23; 16.18; Lc 10.15; 16.23; At 2.27, 31; Ap 1.18; 6.8; 20.13-14.
At 2.27: “Porque não deixarás a minha alma no Hades, nem permitirás que aquele que te é leal veja a corrupção”.
Lc 16.23: “E no Hades, ele ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu Abraão de longe, e Lázaro com ele (na posição junto) ao seio”.
Mt 11.23: “E tu, Cafarnaum, serás por acaso enaltecida ao céu? Até o Hades descerás; porque, se as obras poderosas que ocorreram em ti tivessem ocorrido em Sodoma, ela teria permanecido até o dia de hoje”.
Existem palavras próprias para sepultura, sepulcro ou túmulo nas Escrituras Gregas do Novo Testamento? Sem dúvida que sim! É a palavra Hades que se traduz por sepultura ou túmulo? Não! Mas vejamos o que dizem as testemunhas de Jeová:
Mnema (grego) túmulo (português)
Mc 5. 2,3: “Veio… dos túmulos um homem… o qual tinha ali a sua morada, e nem mesmo com cadeias podia já alguém segurá-lo”.
Lc 23.53: “E tirando-o da cruz, envolveu-o em um pano de linho e o depositou num túmulo aberto em rocha, onde ninguém havia sido sepultado”.
At 2.29: “Irmãos, é-me permitido dizer-vos ousadamente acerca do patriarca David, que ele morreu e foi sepultado, e o seu túmulo está entre nós até hoje”.11
O verdadeiro sentido da palavra Seol
A palavra Seol-Hades, na verdade, significa o lugar das almas conscientes, e não o lugar dos corpos nas sepulturas ou túmulos. O que dizem as testemunhas de Jeová sobre o significado da palavra Seol ou Hades? Declaram: ‘”Hades’, talvez significando ‘o lugar não visto’, ocorre dez vezes na ‘Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs'”.12
Como se vê, Seol e Hades não podem significar sepultura, dado que sepultura ou túmulo é um lugar visto, enquanto Seol e Hades significam ‘o lugar não visto’. Além disso, existem as palavras específicas para sepultura, que são Keber, K’boorah (hebraico) e Mnema (grego).
Diferenças entre Seol/Hades e Kever-Kevurá/Mnema-Mnemeion
1. Enquanto Jonas comparou suas angústias no ventre do grande peixe como sendo o Seol, demonstrando ser um lugar de consciência (Jn 2.1,2), no Kever o corpo está inconsciente;
2. Enquanto Seol/Hades só aparece no singular, Kever aparece no singular e no plural (sepultura, sepulturas – Êx 14.11);
3. Enquanto Kever/Mnema sempre é relacionado ao corpo, Seol/Hades só é mencionado em relação ao espírito e à alma (Lc 16.22-25);
4. Enquanto não há nenhuma referência à alma descendo ao Kever/Mnemeion (sepultura) e o corpo ao Seol/Hades, há referências à alma indo ao Seol/Hades.(Lc 16.22,23);
5. Enquanto na morte de Jesus seu corpo foi ao Kever (Is 53.9), no grego Mnemeion (Jo 19.41-42), a sua alma foi ao Seol (Sl 16.10), no grego Hades (At 2.27).
A palavra Geena
Geena (no grego) é o mesmo local conhecido como de “vale do filho de Hinon”, que aparece nas Escrituras hebraicas, ou Velho Testamento. A Bíblia registra a história da palavra Geena e mostra que o local recebeu esse nome por causa dos sacrifícios de crianças vivas ao deus Moloque.
“Fez ele também passar seus filhos pelo fogo na vale do filho de Hinom, e usou de adivinhações e de agouros, de feitiçarias, e consultou adivinhos e encantadores, e fez muitíssimo mal aos olhos do SENHOR, para o provocar a ira” (2Cr 33.6).
As referências bíblicas nas quais aparece a expressão “vale do filho de Hinom”, correspondente à palavra grega Geena, são: Jr 32.35 e 2 Cr 28.3. O rei Josias pôs fim a esses sacrifícios de crianças inocentes. “Também profanou o Tofete, que está no vale dos filhos de Hinom, para que ninguém fizesse passar a seu filho, ou sua filha, pelo fogo a Moloque” (2 Rs 23.10).
Esse local se tornou símbolo do castigo eterno nas palavras de Jesus. Das doze vezes em que aparece a palavra Geena como símbolo do inferno, lugar de tormento eterno e consciente, onze são encontradas nos ensinos de Jesus e sempre como lugar que deve ser evitado, mesmo com o prejuízo de qualquer bem terreno, por mais valioso que seja. Todavia, as testemunhas de Jeová explicam que “A palavra ocorre 12 vezes” nas Escrituras Gregas Cristãs, aparecendo pela primeira vez em Mt 5.22. A “Tradução do Novo Mundo” verte-a por “Geena” em todas as suas ocorrências: Mt 5.22, 29,30; 10.28; 18.9; 23.15, 33; Mc 9.43, 45, 47; Lc 12.5; Tg 3.6. E a interpreta com o sentido de “Símbolo da destruição total” (Apêndice da TNM, pp. 1544/45, STV).
Para justificar que Geena é o símbolo da destruição total ou aniquilamento, as testemunhas de Jeová declaram: “Não significam tormento consciente, mas, antes, morte ou destruição eterna”.13
Mas as testemunhas de Jeová se contradizem ao afirmarem o seguinte: “Os demônios aguardam com terror a perspectiva de irem para o lago de fogo”. E apontam os textos de Mt 8.28-29 e Lc 8.30-31.14
“E, tendo chegado ao outro lado, à província dos gadarenos, saíram-lhe ao encontro dois endemoninhados, vindos dos sepulcros; tão ferozes eram que ninguém podia passar por aquele caminho. E eis que clamaram, dizendo: Que temos nós contigo, Jesus, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo? E perguntou-lhes Jesus, dizendo: Qual é o teu nome? E ele disse: legião; porque tinham entrado nele muitos demônios. E rogavam-lhe que os não mandasse para o abismo” (Lc 8.30-31, destaque do autor).
Se Geena fosse, de fato, aniquilamento ou inconsciência, por que os demônios aguardam com terror a perspectiva de irem para lá?
Expressões bíblicas sobre o inferno que denotam sofrimento, e não descanso
1.”E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio. E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado” (Lc 16.22-25, destaque do autor).
2. “E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes” (Mt 13.42, grifo do autor).
3. “Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno” (Mt 18.8, destaque do autor)
4. “Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão, também este beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira; e será atormentado com fogo e enxofre diante dos santos anjos e diante do Cordeiro. E a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso nem de dia nem de noite os que adoram a besta e a sua imagem, e aquele que receber o sinal do seu nome” (Ap 14.9-11, destaque do autor).
5. “E a besta foi presa, e com ela o falso profeta, que diante dela fizera os sinais, com que enganou os que receberam o sinal da besta, e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre” (Ap 19.20, destaque do autor).
6. “E o diabo, que os enganava, e foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre” (Ap 20.10, destaque do autor).
O Tártaro
Uma única vez aparece na Bíblia o vocábulo inferno como tradução da palavra grega Tártaro. Isto ocorre em 2 Pe 2.4. “Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo.” Tártaro é um lugar semelhante à palavra grega Geena.
Seria possível que um leitor dos textos bíblicos transcritos pudesse afirmar que essas palavras sugiram ser o inferno um lugar de descanso em esperança? É o caso de se perguntar: “Pensam as testemunhas de Jeová por si mesmas ou o seu líder pensou por elas, e, mesmo depois de falecido, em 1916, ainda hoje suas idéias prevalecem nessa organização religiosa? Aliás, idéia de um cético, e não de um estudante da Bíblia.
As testemunhas de Jeová negam o inferno de tormento eterno e zombem dessa verdade. Entretanto, temem mais o Armagedom do que o inferno. Os cristãos, no entanto, admitimos o inferno e não tememos o Armagedom, pois cremos que a Igreja de Jesus será arrebatada antes do Armagedom (Ap 3.10).
Os adeptos das Testemunhas de Jeová falam do Armagedom como uma catástrofe universal, da qual somente eles serão poupados. E é incrível como não vêem nisso nenhuma incompatibilidade com o amor de Deus nesse morticínio universal de seis bilhões de pessoas. Para os cristãos – testemunhas de Jesus (Ap 17.6) – já não há mais nenhuma condenação. É o que dizem as Escrituras Sagradas em Romanos 8.1: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”.
Jesus afirmou que o inferno é um lugar destinado ao diabo e seus anjos. Se qualquer pessoa for para lá, será contra a vontade de Deus. O homem no inferno é um intruso (Mt 25.41,46).
“Se qualquer coisa menos que a punição eterna for devida em vista do pecado, que necessidade havia de um sacrifício infinito para livrar do castigo? Jesus derramaria seu precioso sangue para livrar-nos das conseqüências de nossa culpa, se tais conseqüências fossem apenas temporárias? Conceda-se-nos a verdade de um sacrifício infinito, e disso tiraremos a conclusão de que o castigo eterno é uma verdade”.15
As 65 vezes em que ocorre a palavra Seol
Gn 37.35; 42.38; 44.29, 31; Nm 16.30, 33; Dt 32.22; 1Sm 2.6; 2 Sm 22.6; 1Rs 2.6, 9; Jó 7.9; 11.8; 14.13, 16; 21.13; 24.19; 26.6; Sl 6.5; 9.17; 16.10; 18.5; 30.3; 31.17; 49.14, 15; 55.15; 86.13; 88.3; 89.48; 116.3; 139.8; 141.7; Pv 1.12; 5.5; 7.27; 9.18; 15.11,24; 23.14; 27.20; 30.16; Ec 9.10; Ct 8.6; Is 5.14; 7.11; 14.9,11,15; 28.15, 18; 38.10, 18; 57.9; Ez 31.15, 16, 17; 32.21, 27; Os 13.14; Am 9.2; Jn 2.2; Hc 2.5.
Alguns exemplos:
Gn 37.35: “Pois descerei pranteando para meu filho ao Seol”.
Gn 42.38: “…então certamente faríeis meus cabelos grisalhos descer com pesar ao Seol”.
Nm 16.30: “… e o solo tiver de abrir a sua boca e tragar tanto a eles, como a tudo o que lhes pertence, e tiverem de descer vivos ao Seol…”.
Jó 11.8: “É mais profunda do que o Seol”.
Is 14.9: ‘”Até mesmo o Seol, embaixo, ficou agitado por tua causa…”.
Is 14.15: “Todavia, no Seol serás precipitado, nas partes mais remotas do poço”.
Am 9.2: “Se cavarem até o Seol, de lá os tirará a minha própria mão…”.
Seicho-no-Ie
“Pergunta: ‘Na doutrina da Seicho-No-Ie existe Satanás, diabo ou inferno?'”
“Resposta: ‘Satanás ou diabo e inferno não são existências verdadeiras, porque Deus não os criou. Deus é o criador de tudo'”.18
Igreja de Unificação
O Princípio Divino afirma: “O objetivo final da providência divina de restauração é salvar toda a humanidade. Portanto, é a intenção de Deus abolir o inferno completamente, depois do término do período necessário para o pagamento completo de toda indenização. Se o inferno permanecesse eternamente no mundo da criação, mesmo depois da realização do propósito do bem de Deus, o resultado disso seria contradição de um Deus imperfeito, sem mencionar a resultante
Adventismo do Sétimo Dia
“Quão repugnante a todo sentimento de amor e misericórdia, e mesmo ao nosso senso de justiça, é a doutrina de que os ímpios são atormentados com fogo e enxofre num inferno eternamente a arder; que pelos pecados de uma breve vida terrestre sofrerão tortura enquanto Deus existir! Contudo esta doutrina tem sido largamente ensinada, e ainda se acha incorporada em muitos credos da cristandade”.17
Ciência Cristã
“INFERNO. Crença mortal; erro; luxúria; remorso; ódio; vingança; pecado; doença; morte; sofrimento e autodestruição; agonia que a pessoa impõe a si mesma; efeitos do pecado; aquilo que ‘pratica abominação e mentira'”.16
Meninos de Deus e/ou Família do Amor
“Todos os homens, em todos os lugares, todos os bilhões que já viveram, finalmente serão restaurados e reconciliados! Isso não se encaixa no quadro de um Deus verdadeiramente justo e misericordioso e todo amoroso? O plano de Deus não vai ser derrotado! Ele vai remir toda a humanidade e todos os homens! Como diz a Escritura: ‘Todos serão salvos”.19
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Notas:
1 “A Sentinela” de março de 1951, p. 39
2 “Anuário das Testemunhas de Jeová” de 1976, p. 106, Sociedade Torre de Vigia.
3 “A Sentinela” de 15 de setembro de 1910, afirmação republicada na edição de 15 de agosto de 1964 da mesma revista, pp. 511, 512.
4 “O céu e o inferno”, p. 741, Allan Kardec – Obras completas, 2ª edição, Opus Editora Ltda., 1985.
5 “É a Bíblia realmente a Palavra de Deus?”, p. 94, STV
6 “Seja Deus verdadeiro”, p. 69, 1ª edição, 1949, STV
7 “Seja Deus verdadeiro”, p. 72 lª. Edição, 1949, STV
8 Idem, p. 68
9 “Poderá viver para sempre no Paraíso”, p. 83, 1983, STV
10 “Certificai-vos de todas as coisas”, p. 190, 1960, STV
11 Idem, p. 190, edição 1960, STV
12 Apêndice da Tradução do Novo Mundo, p. 1514, STV
13 “Poderá viver para sempre no paraíso na terra”, p. 87, edição 1983, STV
14 “Certificai-vos de todas as coisas”, p. 197, STV
15 “Dicionário de Escatologia Bíblica”, de Claudionor Corrêa de Andrade, p. 40, CPAD
16 “Ciência e saúde com a chave das Escrituras”, p. 588, edição 1973, editado pela The First Church of Christ, Scientist, em Boston, Massachusetts, U. S. A
17 “O grande conflito”, pp. 540-541, edição 1980, Ellen Gould White, Casa Publicadora Brasileira
18 “Fonte de Luz” n. 275, p. 39, novembro de 1992
19 Revista Céu, Inferno e Intermédio! n. 1466-GP