Incoerência católica

Declarações oficiais da Igreja Católica:

Primeira:

“As igrejas e comunidades separadas não são desprovidas nem de valor nem de importância no mistério de salvação. O Espírito de Cristo não deixou de usá-las como instrumentos de salvação, cujos valores derivam dessa plenitude de graça e de verdade que foi confiada à Igreja Católica”. (Última declaração, em junho/2007).

Comentário:

As igrejas protestantes são instrumentos de salvação. Logo, os que dela fazem parte recebem a graça salvífica, pela fé no Senhor Jesus Cristo (Jo 3.18; Ef 2.8). Se o são, por que esses valores “derivam” da graça e verdade confiada à igreja católica? Onde está escrito tal disparate? Que autoridade possui o Papa para declarar quem faz e quem não faz parte do mistério da salvação? Direta ou indiretamente, a igreja católica não participa dos benefícios vindos da cruz sobre a Igreja de Cristo.

Segunda:

“Assim, Veneráveis Irmãos, é clara a razão pela qual esta Sé Apostólica nunca permitiu aos seus estarem presentes às reuniões de acatólicos porquanto não é lícito promover a união dos cristãos de outro modo senão promovendo o retorno dos dissidentes à única verdadeira Igreja de Cristo [grifo nosso], dado que outrora, infelizmente, eles se apartaram dela” (Encíclica Moratlium Ânimos, de 10.01.1928).

Comentário:

A Igreja de Cristo é o somatório de todos os salvos, todos os justificados pelo sangue de Cristo, todos os que O seguem e cumprem suas leis. Se os protestantes, acatólicos, não podem se reunir com os católicos, por que razão continuarmos falando em ecumenismo cristão? Retorno dos “dissidentes à igreja-mãe”? Isso é uma quimera. Milhões de protestantes nasceram em berço protestante, nunca participaram de uma missa, nunca foram católicos. Não faz sentido falar de retorno.

Terceira:

“Se é verdade que os adeptos das outras religiões podem receber a graça divina, também é verdade que objectivamente se encontram numa situação gravemente deficitária, se comparada com a daqueles que na Igreja têm a plenitude dos meios de salvação (Dominus Iesus, de agosto/2000).

O ponto mais alto da incoerência romana está nessa declaração da Dominus Iesus. Não há necessidade de o Papa declarar que a graça de Deus alcança os protestantes. A Palavra de Deus o diz com clareza. A discrepância está em que a Palavra não fala em “situação gravemente deficitária”. Tal afirmação chega a ser hilariante. Deficitário é aquilo ou aquele que acusa déficit. Isto é, falta completar uma conta; quando o débito supera o crédito e causa desequilíbrio. Os protestantes estariam em débito com a Igreja Católica ou com Deus? Em débito com a ICAR não há o menor problema. A questão é saber se o desequilíbrio diz respeito à nossa comunhão com Deus. Lamentável é que o Papa não cita um só versículo bíblico em suas declarações. Justificação e grave situação deficitária são condições excludentes. Uma coisa ou outra. Ou será que a graça que recebemos é menor do que a graça derramada sobre a igreja católica? Como o Papa sabe que os protestantes estão em situação debilitada? Trata-se de uma revelação divina? Adivinhação? Sonhos?

Vamos à Bíblia:

“Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. Vós que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançaste misericórdia” (1 Pe 2.9-10). Os protestantes são povo de Deus pela fé no Filho (Jo 1.12; 3.18; Rm 10.,9). Apesar disso, continuamos em “grave situação deficitária?”.

E mais: “E nos ressuscitou juntamente com Ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus” (Ef 2.6). “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé [no Senhor Jesus Cristo]” (Ef 2.8). Na vinda do Senhor, “os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro”. “Depois nós, os que ficarmos [estivermos] vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Ts 4.16-17).

Autor: Pr. Airton Evangelista da Costa

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