IDOLATRIA
O uso de imagens dentro da Igreja católica
Essa palavra vem do grego, eidolon, “ídolo”, e latreuein, “adorar”. Esse termo refere-se à adoração ou veneração a ídolos ou imagens, quando usado em seu sentido primário. Porém, em um sentido mais lato, pode indicar a veneração ou adoração a qualquer objeto, pessoa, instituição, ambição, etc., que tome o lugar de Deus, ou que lhe diminua a honra que lhe devemos.
Assim idolatria consiste na adoração a algum falso deus, ou a prestação de honras divinas ao mesmo. Esse deus falso pode ser representado por algum objeto ou imagem. A idolatria é má porque seus devotos, em vez de depositarem sua confiança em Deus, depositam-na em algum objeto, de onde não pode provir o bem desejado; e, em vez de se submeterem a Deus, em algum sentido submetem-se à valores representados por aquela imagem.
Na idolatria há certos elementos da criação que usurpam a posição que cabe somente a Deus. Podemos fazer da autoglorificação um ídolo, como também das honrarias, do dinheiro, das altas posições sociais (Cl 3.5). Praticamente, tudo quanto se torne excessivamente importante em nossa vida pode torna-se num ídolo para nós. A idolatria não requer a existência de qualquer objeto físico. Se alguém adora a um deus falso, sem transformar esse deus em alguma imagem, ainda assim é culpado de idolatria, porquanto fez de um conceito uma falsa divindade. Nesse caso há diferença entre ídolo e imagem.
Deus condenou os ídolos (Ex 32), e também condenou as imagens (Ex 20.1-6) Era expressamente proibido ao povo de Israel fabricar imagens esculpidas ou fundidas. (ver Ex 20.4; Dt 5.8). Imagens ou representações de deuses imaginários eram feitas em materiais como pedra, madeira, pedras preciosas, argila, mármore etc. A lei mosaica proibia tal ação (Ex 34.17; Lv 19.4). Os profetas condenaram a prática, juntamente com qualquer forma de idolatria (Is 30.22; Os 13.2; Hb 2.18). Essa legislação , como é óbvio, impedia que Israel se tornasse uma nação que cultivasse as artes plásticas, embora, estritamente falando, estas não fossem proibidas por lei. Tais leis não se aplicam às artes enquanto os produtos dessa atividade não forem venerados ou adorados. Ainda, sobre a imagem há de entender que em (Ex 25, 18.22, 37.7-9) Deus ordenou que fizesse como ornamento e representação algumas figuras, mas não para adoração ou culto, e nem para olhar para elas e homenagear ou admirar seus feitos poderosos. Trata-se de figuras de ornamento, artístico e não objetos de culto ou adoração.
No primeiro mandamento recebemos ordem de adorar a Deus, a ninguém mais. No segundo mandamento recebemos ordem de adorá-Lo diretamente e não através de qualquer objeto intermediário: “Não farás para ti imagem de escultura… Não as adorarás, nem lhes darás culto…” (Êx 20.4,5).
Literalmente centenas de outras passagens também condenam a feitura ou o culto de imagens. Eis alguns poucos exemplos:
- “Não fareis para vós outros ídolos, nem vos levantareis imagem de escultura nem coluna, nem poreis pedra com figuras na vossa terra, para vos inclinardes a elas: porque eu sou o Senhor vosso Deus” (Lv 26.1).
- “Maldito o homem que fizer imagem de escultura, ou de fundição, abominável ao Senhor, obra de artífice, e a puser em lugar oculto”(Dt 27.15).
- “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos” (I Jo 5.21).
- “… obras das suas mãos … os ídolos de ouro, de prata, de cobre, de pedra e de pau, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar” (Ap 9.20).
- “Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos”(II Co 6.16).
A conferência de Jerusalém advertiu os gentios:
- “… que se abstenham das contaminações dos ídolos” (At 15.20).
Com que clareza, então os mandamentos contra a feitura ou o uso de imagens e ídolos ( pois são a mesma coisa quando usados nos cultos) se encontram na lei de Deus!
Mas em oposição direta a isto, o Concílio de Trento decretou:
- “As imagens de Cristo e da Virgem Mãe de Deus e de outros santos devem ser possuídas e guardadas, especialmente nas Igrejas e devem ser alvo de honra e veneração (Ses 25).
Onde encontraremos uma contradição mais deliberada e mais obstinada à ordem divina?
A prática da Igreja de Roma é que consagremos solenemente as imagens através da
bênção dos seus padres, colocando-as em suas igrejas e nos lares do seu povo, que se lhes ofereçam incenso e o povo é ensinado a inclinar-se diante delas e adorá-las.
Não se pode negar que a Igreja de Roma tornou sem efeito o segundo mandamento no meio do seu povo e que ela ensina como doutrina cristã os seus próprios preceitos que não passam de mandamentos de homens. Ela não se atreveu a retirar o mandamento de sua Bíblia, mas ela o afastou quanto pôde da vista do povo. Considerando que suas práticas são contrárias à Bíblia, ela encobre a sua culpa omitindo esse mandamento na sua versão do Decálogo e de suas catecismos e livros de texto! Então ela renumera os mandamentos, fazendo do terceiro o número dois, do quarto o número três e assim por diante. E para encobrir esta deficiência, ela rasga o décimo mandamento em dois, criando assim dois pecados diferentes de cobiça – o cobiçar da mulher do próximo e o cobiçar dos bens do próximo. Como resultado deste sofisma, multidões de pessoas são enganadas e levadas a cometer o pecado de idolatria.
Com este estímulo oficial não nos surpreende que as imagens de Cristo, de Maria, dos santos e dos anjos sejam muito comuns nos círculos católicos romanos. Elas se encontram nas igrejas, nas escolas, nos hospitais, nos lares e outros lugares. Ocasionalmente vê-se até mesmo uma pequena imagem de Jesus ou de Maria ou qualquer outro santo sobre o painel de um automóvel (geralmente a imagens de S. Cristóvão, o patrono dos viajantes), caso em que o motorista supostamente tem a proteção de Jesus, ou de Maria ou do santo.
Os católicos romanos nos dizem que eles não oram à imagem, ao ídolo, mas ao espírito ou à pessoa que é representada por ele. Mas essa é a resposta dos adoradores de ídolos em todo o mundo quando se lhes perguntam por que eles oram aos seus ídolos. Essa foi a resposta dada pelos israelitas quando eles adoraram o bezerro de ouro no deserto; depois que fizeram o ídolo eles disseram: “São estes, ó Israel, os teus deuses, que te tiraram da terra do Egito” (Êx 32.4). Eles não pretendiam que o seu culto terminasse na imagem. Eles estavam adorando os seus deuses através do uso da imagem, ou do ídolo, uma semelhança que eles acharam apropriadamente representativa dos seus deuses. Mas em outras ocasiões os israelitas adoraram os ídolos mesmo.
A condenação da idolatria de Israel feita por Oséias – “é obra de artífice, não é Deus” (8:6) – implica em dizer que o bezerro de Samaria era adorado pelo Reino do Norte como se fosse Deus. Veja também o Sl 115.4-8. Sem dúvida os mais cultos percebem a diferença que existe entre o ídolo e os deus ou espírito que ele representa. Mas na prática dos países católicos romanos e entre os ignorantes a tendência é que esta distinção desapareça e esse culto se transforma em indiscutível idolatria. Os profetas do Velho Testamento e a Bíblia como um todo não diferenciam os falsos deuses e suas imagens; e os cultos pagãos tendem a identificá-los completamente. Os israelitas foram severamente condenados pelo uso dos ídolos em seu culto a Deus. Não poderia de maneira diferente com os católicos romanos.
Em inúmeras ocasiões os israelitas tentaram adorar a Deus através do uso de imagens, mas tais práticas sempre foram severamente condenadas. Mesmo que fosse verdade que os católicos romanos oram apenas à pessoa ou ao espírito representado pela imagem, ainda assim seria pecado e isto por dois motivos: 1) Deus proibiu o uso de imagens no culto; 2) há um único mediador entre Deus e os homens, a saber Cristo, não Maria ou os santos.
Historicamente, quando os homens fizeram ou ídolos que fosse visíveis, como um subsídio ao culto, vieram a pensar finalmente que as próprias imagens eram habitadas pelos seus deuses. As imagens se tornaram o centro da atenção e não aqueles que supostamente os representavam. Em lugar de ajudar os adoradores, serviam para confundir. Isto tem sido particularmente verdadeiro a respeito das imagens maiores que foram preservadas de uma geração para outra. Do mesmo modo como os pagãos, os romanistas fizeram deuses de madeira e pedra, vestiram-nos, pintaram-nos de cores vistosas, inclinaram-se diante deles e os adoraram.
Os padres incentivam o povo a ter pequenos nichos em suas casas para que os possam adorar. Milhares de pessoas analfabetas na Europa e nas Américas atribuem qualidades sobrenaturais a estas imagens. Ao fazê-lo, sentem que têm toda a aprovação de sua igreja – o que é, realmente, o caso. Mas a Bíblia chama essa prática de idolatria e a condena. A Bíblia ensina que Deus é um Espírito e que aqueles que O adoram devem adorá-Lo em espírito e verdade (João 4.24). Jamais deveríamos nos esquecer que um dos pecados mais hediondos da antiga Israel, na verdade o pecado predominante da antiga Israel foi a adoração de ídolos, e que Israel pagou um preço terrível por causa disso.
Se os apóstolos retornassem à terra e entrassem em uma igreja católica, certamente não conseguiriam distinguir entre o culto pagão dos ídolos que eles conheceram e os costume atual de ajoelhar-se diante de imagens, de queimar incenso para as mesmas, de beijá-las, de orar a elas e de carregá-las em procissões públicas. A igreja Romana de hoje está tão completamente entregue à idolatria quanto estava a cidade de Atenas quando Paulo a visitou. Muitos padres não crêem nas imagens, mas eles as guardam em suas igrejas porque é um costume estabelecido e porque, segundo dizem, ajuda os crentes, particularmente se são incultos, a ter uma representação visual da pessoa que estão adorando.
Mas como a prática da idolatria é insensata! –
O homem ora pedindo vida àquilo que está morto;
Ele ora pedindo saúde àquilo que não tem força nem saúde;
Ele ora pedindo uma boa viagem àquilo que não se mexe;
Ele ora pedindo capacidade e sucesso àquilo que não tem entendimento nem poder;
Ele ora pedindo sabedoria e orientação e bênçãos, entregando-se a um pedaço de madeira, ou de pedra, ou de metal que não tem sentido.
O Romanismo, com o seu culto às imagens ou ídolos, não atrai de maneira nenhuma o mundo muçulmano, que se opõe fortemente a todas as formas de idolatria. Na verdade, o Romanismo tem se esforçado muito pouco para ganhar os muçulmanos. O grande campo missionário do Norte da África fica a apenas uma pequena distância da Itália, do outro lado do Mediterrâneo, praticamente à porta de Roma. Mas, através dos séculos, esse campo tem permanecido intacto e incontestado pelo Catolicismo Romano. Mas Roma envia milhares de missionários através dos oceanos para a Índia, para o Japão, para a América do Sul e, segundo estamos informados, até mesmo para os Estados Unidos, que, mesmo pelos padrões romanos, tem muito menos necessidade deles do que o Norte da África.
O catolicismo Romano também não sente atração nenhuma pelos judeus, que também se opõem fortemente a todas as formas de idolatria. Pelo contrário, a Igreja Romana perseguiu os judeus durante uns quinze séculos. A evangelização de ambos, judeus e muçulmanos, foi deixada quase que exclusivamente para os protestantes.
Como já dissemos antes, os católicos romanos tentam justificar o uso de imagens, fazendo uma distinção entre o eu eles chamam de latria, que é devoção dada unicamente a Deus, hiperdulia, que é concedida à Maria, e dulia, uma forma inferior de devoção que é concedida aos santos, às imagens e às relíquias. Mas, na prática, essa distinção desaparece. O povo, particularmente aqueles que são analfabetos, dos quais os países católicos romanos possuem tantos, não entende nada dessas diferenças técnicas feitas pelos teólogos. Eles adoram as imagens de Maria e os santos da mesma forma pela qual adoram as imagens de Cristo, e geralmente com muito mais fervor. Eles adoram também o “Santo Sacramento” que eles crêem ser o verdadeiro corpo, alma e divindade de Cristo. O único nome que encontramos para o seu costume é idolatria.
O Velho Testamento proibiu restritamente a adoração de imagens, e no decorrer do tempo essa prática veio a ser uma abominação para os judeus. Com tais antecedentes parece incrível que os ídolos jamais pudessem ser admitidos no culto mais espiritual da igreja cristã. Mas, no quarto século, com a concessão do estado oficial para a igreja cristã e depois do grande fluxo dos pagãos, o elemento pagão na igreja ficou tão forte que venceu a oposição natural ao uso de imagens. A maior parte do povo não sabia ler. Portanto, argüía-se que a representação visível dos personagens das Escrituras e dos acontecimentos seriam úteis na igreja.
No começo do século sétimo, Gregório, o Grande (590-604), um dos papas mais fortes, aprovou oficialmente o uso de imagens nas igrejas, mas insistiu que elas não fossem adoradas. Mas, durante o século oitavo, ofereceram-se-lhes orações e elas foram rodeadas de uma atmosfera de ignorante superstição, de modo que até os muçulmanos zombavam dos cristãos, chamando-os de adoradores de ídolos. Em 726, Leão III, o imperador bizantino, tentou consertar o abuso em seus domínios, ordenando que as imagens e quadros fossem colocados tão alto que os crentes não pudessem beijá-los.
Mas, quando fracassou em conseguir o seu intento, emitiu uma ordem proibindo o uso de imagens nas igrejas, chamando-as de pagãs e heréticas. Para apoiar a sua ação realizou-se um sínodo em Constantinopla, em 754, que deu sanção eclesiástica ao seu ato. Esta grande controvérsia veio a ser conhecida como a disputa “iconoclasta”, uma palavra que significa “destruição de imagens”. Mas em 787, um concílio reuniu-se em Nicéia (Bitínia), repudiou o concílio anterior e sancionou plenamente o culto às imagens e aos quadros nas igrejas. Esta ação foi defendida sob o princípio de que o culto às imagens, quer entre pagãos ou cristãos, tinha de ser defendido, isto é, que o culto não terminava na imagem mas sobre o objeto que representava.
Tomás de Aquino, que é geralmente reconhecido como o notável teólogo medieval da Igreja Romana, defendia plenamente o uso das imagens, defendendo que elas deviam ser usadas para a instrução das massas que não sabiam ler e que os sentimentos piedosos eram despertados com mais facilidade com o que o povo via do que pelo ouvir. Os papas da Igreja Romana defenderam fortemente o uso das imagens.
ARGUMENTOS A FAVOR DO USO DE IMAGENS
O argumento a favor do uso das imagens, que no Velho Testamento Deus ordenou a feitura dos querubins e da serpente de bronze, ignora o fato de que os querubins não deviam ser usados no culto, enquanto que as imagens têm essa finalidade. Os querubins foram colocados no Santo dos Santos, onde não podiam ser vistos pelo povo, mas apenas pelo sumo sacerdote e, mesmo assim, apenas quando ele entrava ali uma vez por ano, enquanto que as imagens são exibidas publicamente. Uma diferença ainda mais importante é que Deus ordenou a feitura dos querubins, mas Ele proibiu estritamente a feitura de imagens. Da mesma forma, a serpente de bronze não devia ser adorada. Quando mais tarde, ela se transformou em um relíquia sagrada e foi adorada pelo povo, que lhe oferecia incenso, o bom rei Ezequias a destruiu ( II Rs 18.4).
Os efeitos morais e religiosos do culto às imagens são invariavelmente ruins. Degradam o culto prestado a Deus. Afasta a mente o povo de Deus, que é o verdadeiro objeto do culto, e o leva a colocar a sua confiança em deuses que parecem estar perto, mas que não podem salvar.
Muito semelhante ao uso das imagens é o uso das figuras de Cristo. E estas, sentimos ter de dizê-lo, encontraram-se freqüentemente também nas igrejas protestantes além das católicas romanas. Mas em nenhum lugar da Bíblia, nem no Novo nem no Velho Testamento, há alguma descrição do aspecto físico de Cristo. Nenhum quadro dEle foi pintado durante o Seu ministério terreno. A igreja não tinha quadros dEle durante os quatro primeiros séculos. Os pretensos quadros de Cristo, como os de Maria e dos santos, são mero produto da imaginação do artista. Por isso é que são tantos, e tão diferentes. É simplesmente uma mentira dizer que qualquer um deles é um quadro genuíno de Cristo. Tudo o que sabemos sobre o seu aspecto físico é que Ele era de nacionalidade judaica. Mas com muita freqüência Ele tem sido representado com traços arianos e até mesmo com cabelo dourado.
Certamente Cristo deve repudiar todos esses quadros forjados de Sua pessoa. Ele foi a verdade e nós podemos ter certeza de que Ele não aprovaria qualquer forma de falsos ensinamentos. É impossível que algum quadro faça justiça à Sua personalidade, pois Ele não foi só humano mas também divino. A divindade não pode ser descrita “pela arte e imaginação do homem” (Atos 17.29). Portanto, todos os quadros são igualmente enganadores e ruins. Conservada em segredo, como foi a sepultura de Moisés e sem dúvida por motivos semelhante, o aspecto físico do Deus-Homem precisou ser mantido além do alcance da idolatria.
Os assim chamados quadros de Cristo não são subsídios para o culto, mas , antes um impedimento, e para muitos representam uma tentação para essa mesma idolatria contra a qual as Escrituras advertem com tanta clareza.
Sobre a serpente de bronze, no hebraico, nachash nechosheth. A expressão é empregada exclusivamente em II Reis 18.4 para denotar a serpente feita de bronze, ou melhor, de cobre por Moisés (Nm 21.4-9). Nossa versão portuguesa diz “serpente de bronze”. O motivo para a fabricação da serpente de bronze foi o incidente no qual os israelitas se queixaram diante de Moisés do tratamento imposto por Deus. O povo de Israel, evidentemente, sem se importar muito diante das suas anteriores tragédias, queixou-se de que estava recebendo uma alimentação inadequada. E Deus os castigou com as serpentes venenosas, que já haviam matado a muitos israelitas.
Quando o povo se arrependeu, Deus ordenou que Moisés fizesse uma serpente de bronze, que muitos estudiosos preferem pensar que fosse de cobre. Aos israelitas foi prometido que todo aquele que tivesse sido picado por uma serpente e contemplasse a serpente de bronze, movido pela fé, seria curado da mordida da serpente e não morreria. Isso não é culto a serpente, nem veneração e nem adoração, o que evidentemente Deus jamais admitiria, prova disso foi que posteriormente, indivíduos idólatras e supersticiosos entre os israelitas começaram a adorar a serpente de bronze, até que, nos dias do rei Ezequias, essa figura de bronze foi destruída ( II Rs 18.4) , por haver-se tornado um objeto idólatra. Ezequias a chamou de Neustã (pedaço de cobre), dando a entender que a tal serpente era cobre e nada mais.
O fato do próprio Senhor Jesus comparar a sua morte na cruz ao levantamento da serpente de bronze no deserto, por Moisés, não significa idolatria ou justificativa para colocar objetos ou imagens para veneração ou adoração, já que o uso aqui é figurado. Assim como tantos foram curados de seu envenenamento físico, assim também, em Jesus Cristo, aqueles que olharem para ele, impelidos pela fé, são salvos das eternas conseqüências do pecado e da morte . Assim em João 3.14, nas palavras de Jesus, a serpente de metal torna-se um símbolo de Cristo como nosso Remidor, portanto, ao ser levantado ( o que sucedeu na cruz, no caso de Jesus), ele atrairia todos os homens a si (Jo 12.32), e a redenção por ele preparada provê cura para o pecado e para a morte espiritual produzida pelo pecado.
Há também casos de ornamentação do templo de Deus ricamente construído por Salomão , como (I Rs 6.23-30; II Cr 3.10-14) ou ainda a profecia da restauração do templo (Ez 41.17-20). Porém, todas esses objetos e imagens não eram para invocação, intercessão, culto ou adoração, mas apenas ornamento.
Assim, um ídolo representa alguma divindade, ou então é aceito como se tivesse qualidades divinas por si mesmo. Em qualquer desses casos, aquele objeto recebe adoração. Contudo, é possível haver uma imagem, sem que essa seja adorada, como no caso dos querubins que havia no templo de Jerusalém. Sem dúvida, esses querubins não eram adorados, nem eram padroeiros dos hebreus, nem intercediam por eles, nem era recordação de alguém que eles amavam, formaram-se uma exceção acerca da proibição de imagens. Uma imagem também pode ser um amuleto que é concebido como dotado de alguma forma de poder de proteger, de ajudar ou de permitir alguma realização.
E, naturalmente é possível a posse de uma imagem esculpida ou pintada, representando algum santo ou herói , religioso ou não, sem que a mesma seja adorada, por ser apenas um lembrete de que se deveria emular as qualidade morais e espirituais de tal pessoa. Por outro lado, quando tais imagens são “veneradas” então é provável que, na maioria dos casos, esteja sendo praticada a idolatria. As estátuas dos heróis no Brasil são comuns, mas nunca veneradas como deuses ou poderes divinos e nem se faz elaboradas cerimônias ou procissões com elas. Eles são relembrados como grandes mestres, cidadãos, líderes, e suas imagens são apenas memoriais desse fato.
O problema do catolicismo romano é que o fiel crê na intercessão feita por aquele santo, representado na imagem, pensam que o espírito daquele santo, pode ajudar, proteger, guardar etc, daí todo tipo de objeto e representação material daquele santo passa a ser venerado, cultuado, adorado, e isso é idolatria. Além disso, as imagens desses santos são “veneradas” ou adoradas mediante alguma forma de cerimônia, que, supostamente lhes transmitem a honra e reverência do povo. Ora, se a imagem é apenas “recordações dos nossos irmãos de fé”, então porque se presta consagração a imagem, se faz procissão, se oferece flores, se beija, curva-se diante dela? Porque se ora a ela, faz pedidos, faz se poesias e cânticos a ela? Ora, se ajoelhar diante de uma imagem, orar olhando para ela, tocar nela, beijá-la, curvar-se diante dela, fazer oferendas a ela, fazer procissão e elaboradas cerimonias a ela, se isso não for adoração e consequentemente idolatria, então fica difícil definir o que é adoração e o que é idolatria. Assim sendo, a declaração católica romana de que “a honra devolvida nas santas imagens é uma veneração respeitosa, não uma adoração”, parece mais com uma charada teológica ou talvez o desejo de errar ( Gl 6.7).
A Igreja Romana tem ensinado há séculos que os santos e Maria intercedem pelos fiéis, ora, se eles estão mortos e seus espíritos são invocados, isso é invocação de pessoas que já morreram e isso é pecado ( Is 8.19), isso parece mais com espiritismo que com cristianismo, além do mais, há um só mediador ou intercessor entre Deus e os homens , Jesus Cristo, homem (I Tm 2.5).
Os católicos romanos insistem em dizer que não adoram nenhuma imagem, nenhum objeto e nenhuma pessoa humana, mas só a Deus, porém, na prática não é isso que se verifica. Os intelectuais romanistas, tal como seus colegas budistas, dizem que as imagens de escultura são apenas memórias de qualidades dignas de emulação, de santos ou heróis espirituais, o que, presumivelmente, – ajudaria os religiosos sinceros a copiarem tais virtudes. Entretanto, o povo comum não é sofisticado o bastante para separar a imagem da adoração à autêntica distinção entre a adoração e veneração. O resultado disso é que a idolatria tornou-se muito comum na Igreja Católica, tanto no Oriente como no Ocidente.
De acordo com uma teologia católica, a imagem seria apenas um memorial de alguma verdade ou pessoa espiritual; e a veneração assim prestada seria dirigida àquela verdade ou pessoa , e não à imagem propriamente dita. Entretanto, no nível popular, as pessoas realmente veneram às próprias imagens, e a cuidadosa distinção entre adoração e veneração é forçada ao máximo, para dizermos o mínimo. Na verdade, a veneração de imagens, nas igrejas Ocidental e Oriental, que foi tão vigorosa e corretamente repelida pelo Reforma Protestante, é precisamente aquilo que os judeus e os islamitas diziam – é idolatria. Esse é um dos maiores escândalos da cristandade. Teólogos católicos romanos têm chegado ao extremo de afirmar que os objetos materiais assemelham-se a entidades dotadas de espírito , capazes de atuar como pontes de ligação entre o que é material e o que é espiritual. Assim, não se trata apenas da imagem em si, mas o que esta por detrás delas. Se os que morreram não podem interceder pelos que estão vivos, e nem voltar para a terra (Lc 16.19-31; I Tm 2.5; Hb 9.27), como fica a situação dos romanistas que pedem ajuda e proteção, e mediação aos santos e Maria? Não estariam eles invocando espíritos? Se os mortos em Cristo, estão com Cristo e os mortos no pecado, estão no Hades, quem pode responder essas invocações e orações ? Não seria os espíritos deste mundo, conforme nos escreve o apóstolo Paulo (I Co 10.14-24 e I Co 8.4-6)?
É inevitável que , à proporção que os homens crescem em sua espiritualidade (oração e estudo da palavra de Deus), que sua abordagem à pessoa de Deus torne-se cada vez mais mística e cada vez menos materialista. Os ritos vão perdendo mais e mais a sua importância, e as imagens terminam por ser abertamente rejeitadas. E, quando se obtém o contato direto com o Espírito Santo de Deus, de tal modo que se estabelece uma comunhão viva entre o Espírito de Deus e o espírito humano, então os homens não mais sentem qualquer necessidade de agência intermediária. Que isso ainda não tenha acontecido no caso os católicos romanos e outros, após tantos séculos de existência da Igreja Romana, somente demonstra o fato de que os homens, a despeito de tantas vantagens , não têm progredido muito em sua espiritualidade.
Assim, por trás do ensinamento romanista de que “a honra devolvida nas santas imagens é uma veneração respeitosa” , está a intenção de se ver protegido, guardado, ou que o santo representado na imagem venha interceder pelo pedinte, e isso é pecado de idolatria, pois só há uma mediador ( 1 Tm 2.5) e de feitiçaria, pois os espíritos dos mortos, não podem ser invocados pelos vivos ( Is 8.19).
“Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém.” (I Jo 5.21).
Objetos de adoração:
– Bezerro de ouro feito por Arão: Êx.: 32. 4; Dt.: 9. 16; Ne.: 9. 18; Sl.: 106. 19; At.: 7. 41
– Bezerros de ouro erigidos em Dã e Betel: 1Rs.: 12. 28; 2Rs.: 10. 29; 17. 16; 2Cr.: 11. 15; 13. 8; Os.: 10. 5.
– Corpos Celestes: Dt.: 4. 19; 17. 3; 2Rs.: 17. 16; 21. 3; Jó.: 31. 27; Jr.: 8. 2; 19. 13; 44. 17; Ez.: 8. 16; Sf.: 1. 5.
– Terafins (imagens, ídolos do lar): Gn.: 31. 19, 34; Jz.: 17. 5; 18. 14; 1Sm.: 19. 13; Os.: 3. 4.
– Pessoas deificadas e adoradas: At.: 12. 22; 14. 11; 28. 6
– Adoração aos demônios: Lv.: 17. 7; Dt.: 32. 17; Sl.: 106. 37; Jz.: 17. 5; 18. 14; 1Co.: 10. 20; Ap.: 9. 20; 13. 4.
Ídolos Mencionados nas Escrituras:
Adrameleque, 2Rs.: 17. 31
Anameleque, 2Rs.: 17. 31
Asima, 2Rs.: 17. 30
Astarte, Jz.: 2. 13; 1Rs.: 11. 33
Baal, Jz.: 2. 11-13; 6. 25
Baal-berite, Jz.: 8. 33; 9. 4, 46
Baal-peor, Nm.: 25. 1-3
Baal-zebube, 2Rs.: 1. 2, 16
Baal-zefom, Êx.: 14. 2
Bel, Jr.: 50. 2; 51. 44
Camos, Nm.: 21. 29; 1Rs.: 11. 33
Quium, Am.: 5. 26
Dagom, Jz.: 16. 23; 1Sm.: 5. 1-3
Diana, At.:19. 24, 37
Júpiter, At.: 14. 12
Mercúrio, At.: 14. 12
Moloque ou Milcom, Lv.: 18. 21; 1Rs.: 11. 5, 33
Merodaque, Jr.: 50. 2
Nergal, 2Rs.: 17. 30
Nebo, Is.: 46. 1
Nibaz e Tartaque, 2Rs.: 17. 31
Nizroque, 2Rs.: 19. 37
A Rainha do céu, Jr.: 44. 17, 25
Renfã, At.: 7. 43
Rimom, 2Rs.: 5. 18
Sucode-benoque, 2Rs.: 17. 30
Tamuz, Ez.: 8, 14
Pastor João Flávio Martinez & Presbítero Paulo Cristiano da Silva – Pesquisadores do Centro Apologético Cristão de Pesquisas – CACP
Obs: Esta apostila foi adaptada de vários artigos de livros, revistas e Internet.