Nota: o presente estudo é oriundo de um vídeo de pregação do rev. Hernandes Dias Lopes (https://youtu.be/1ZjGfvAzS-0). Um dos nossos alunos, Mateus Costa, fez a degravação. Fizemos algumas adaptações e acrescentamos alguns colchetes. A opinião é subjetiva ao seu autor e pode não representar 100% a nossa compreensão dos fatos).
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A igreja de Cristo reúne-se para adorar, orar e cantar ao Senhor. Há ensino e pregação da Palavra para a edificação da igreja. São 3 pontos:
- Deus é adorado;
- A Igreja é edificada;
- Os incrédulos são convencidos dos seus pecados.
Se vamos à igreja apenas para demonstrar nossa espiritualidade, estamos indo na contramão do culto bíblico. O culto é realizado para edificação, não para exibição. O grande problema na igreja de Corinto é que estava havendo um culto de exibição e não um canal para edificação. Paulo deixa claro que o problema referente aos dons é a polarização. Infelizmente, busca-se carisma, mas não caráter. Busca-se caráter, mas não carisma. Ou seja, frutos sem dons e dons sem frutos.
Outro ponto é a credulidade infantil. Esses, atribuem todo fenômeno dentro da igreja ao Espírito Santo. O outro extremo seria o racionalismo cético. São pessoas totalmente fechadas a manifestação de Deus. Há também o cessacionismo. Defendido por muitos teólogos dos nossos dias, o cessacionismo afirma que os dons não existem mais e foram especificamente para a época dos apóstolos. E o outro extremo, seria exatamente a confusão que temos hoje dentro da igreja a respeito dos dons espirituais.
No capítulo 14 da Primeira Carta aos Coríntios, Paulo se concentra basicamente em 2 dons: variedade de línguas e profecias. Mas, antes de mais nada, é necessário conhecermos o que verdadeiramente são esses dons e, também, levar em conta aquilo que Paulo orienta logo no começo do capítulo: “Sigam o caminho do amor e busquem com dedicação os dons espirituais”. O amor é o mais importante em tudo que façamos.
Variedade de línguas:
“Quem fala em língua não fala aos homens, mas a Deus.” 1 Coríntios 14.2
Não se trata de um dom “público”, mas algo particular, íntimo, pessoal e da sua intimidade com Deus. Juan Carlos Ortiz, pastor argentino, tem razão em dizer que “o dom de línguas é o dom de pijama”, ou seja, para ser usado em seu quarto.
Esse dom não tem característica de profecias, mas de oração e adoração, pois você não fala aos homens, mas a Deus. Não é horizontal, mas vertical.
“De fato, ninguém o entende; em espírito fala mistérios.” 1 Coríntios 14.2
Ninguém o entende, nem o próprio sujeito, pois o Espírito fala em mistérios. A língua acontece no espiritual, não no racional. Tanto que Paulo afirma: “Por isso, quem fala em língua, ore para que a possa interpretar. Pois, se oro em língua, meu espírito ora, mas a minha mente fica infrutífera”. (1 Coríntios 14:13-14). Ou seja, a própria pessoa não entende o que está falando e a mente não é edificada. E, se ela própria não entende, muito menos as pessoas ao seu redor.
A partir disso, entendemos que o que está acontecendo em 1 Coríntios 14 é totalmente diferente de Atos 2. Em Pentecoste, não há uma nova língua, mas um novo entendimento, já que tudo que era pregado chegava a cada um dos ouvintes, de diversas nacionalidade, em sua língua materna. É como se um brasileiro estivesse pregando em português e, franceses entendessem em francês, americanos em inglês, etc.
A língua de 1 Coríntios 14 não possui uma estrutura gramatical, não é um idioma, mas uma língua misteriosa.
“Quem fala em língua a si mesmo se edifica, mas quem profetiza edifica a igreja.” 1 Coríntios 14.4
Se este dom é um dom particular e íntimo com Deus, ele não é para edificação da igreja, mas para uma edificação própria. Por isso, e somente por isso, ele é considerado um dom inferior aos outros dons. Todos os outros dons são para edificação da igreja como corpo.
Mais 3 ilustrações que Paulo usa em seguida:
“Até no caso de coisas inanimadas que produzem sons, tais como a flauta ou a cítara, como alguém reconhecerá o que está sendo tocado, se os sons não forem distintos?” 1 Coríntios 14.7
Imagine uma pessoa sem qualquer conhecimento musical, sentada ao piano tentando tocar aquilo que as partituras orientam. Ninguém entenderia nada. Seria algo sem harmonia, sem padrão, ou seja, seria somente um barulho.
“Além disso, se a trombeta não emitir um som claro, quem se preparará para a batalha?” 1 Coríntios 14.8
Nesse versículo, Paulo utiliza a trombeta que comunica o início da batalha. Se aquele que executa essa tarefa não souber o que está fazendo, será apenas um barulho que trará confusão entre os soldados.
“Assim acontece com vocês. Se não proferirem palavras compreensíveis com a língua, como alguém saberá o que está sendo dito? Vocês estarão simplesmente falando ao ar. Sem dúvida, há diversos idiomas no mundo; todavia, nenhum deles é sem sentido. Portanto, se eu não entender o significado do que alguém está falando, serei estrangeiro para quem fala, e ele, estrangeiro para mim.” 1 Coríntios 14.9-11
Numa conversa entre duas pessoas, de duas nacionalidades diferentes que não conhecem o idioma um do outro e só sabem se comunicar a partir do seu próprio idioma, fica claro que não poderão se comunicar. Eles não se entenderão. Por isso, Paulo utiliza esse exemplo para esclarecer que quando você fala em outra língua, você vai edificar somente a si mesmo e mais ninguém entenderá o que você está falando. A edificação passa pela compreensão racional, pelo entendimento.
Quem fala em outra língua não entende o que fala, e Paulo esclarece que nossa mente é fundamental quando estamos cultuando a Deus. Paulo nunca defendeu um culto de ecstasy onde pessoas entram em agitação emocional e deixam para trás sua racionalidade. Um culto agradável a Deus é um culto racional. Ou seja, onde reunimos razão, emoção e vontade! Nosso culto deve ter entendimento na oração (v.15), cânticos (v.15), ações de graças (v.16-17), compreensão para instrução (v.19) e com juízo (v.20).
“Se você estiver louvando a Deus em espírito, como poderá aquele que está entre os não instruídos dizer o “Amém” à sua ação de graças, visto que não sabe o que você está dizendo? Pode ser que você esteja dando graças muito bem, mas o outro não é edificado.” 1 Coríntios 14.16-17
“Amém” significa “Assim seja”. Como indoutos em nosso meio poderão dizer “Amém” para uma oração em línguas sendo que essa não tem a compreensão dos homens? Um dos nossos graves erros é achar que é normal utilizar variedade de línguas para pregar.
“Dou graças a Deus por falar em línguas mais do que todos vocês. Todavia, na igreja prefiro falar cinco palavras compreensíveis para instruir os outros a falar dez mil palavras em língua.” 1 Coríntios 14.18-19
“Línguas” não é pregação e muitas pessoas ainda não entenderam isso. Também é comum em nosso meio ver pessoas falando em línguas e outra pessoa, aparentemente interpretando, dizendo: “Meu servo, eis que te digo…” Isso também é um erro grave pois:
Língua não é profecia. O fato de existir interpretação, não muda a natureza da língua. Falar em línguas não é de Deus para a igreja, mas da igreja para Deus! Essa é a natureza da língua.
Não há na Bíblia uma profecia dada em primeira pessoa (Onde o profeta diz: “Meu servo…”, “Filho meu…”). Toda profecia bíblica é dada na terceira pessoa (“Assim diz o Senhor…”). Em primeira pessoa, implica na situação de que a pessoa está incorporada pelo próprio Deus. O profeta fala em nome de Deus ou o profeta é Deus? Nenhuma pessoa pode assumir o lugar de Deus. Em terceira pessoa, fica claro que a pessoa está sendo canal da mensagem do Senhor.
O dom de línguas, mesmo quando há interpretação, não é uma palavra dirigida à igreja, mas uma palavra dirigida à Deus, pois quem fala em língua não fala aos homens, mas a Deus. Então concluímos que o dom de línguas não é dom de pregação.
Dom de intimidade e comunhão com Deus:
Quando há interprete, a natureza da língua não muda. Nós podemos ser edificados com a oração do irmão, mas continua sendo da igreja para Deus, não o contrário.
Algumas pessoas tem o costume errado de transformar a oração em pregação. Sentem receio de dizer algo para o irmão e, no momento da oração, aproveitam o momento para pregar para o irmão aquilo que, na verdade, deveria ser dito olhando nos olhos. A oração é da igreja para Deus.
Então, quando há oração em línguas, continua sendo para Deus. Se há interpretação é para edificação da igreja, mas continua sendo para Deus. Não transforme essa oração em profecia.
O uso errado das variedades de língua escandaliza as pessoas:
“Assim, se toda a igreja se reunir e todos falarem em línguas, e entrarem alguns não instruídos ou descrentes não dirão que vocês estão loucos?” 1 Coríntios 14.23
Aqui, Paulo valida a legitimidade do dom de línguas, mas deixa claro que deve ser usado com critérios, não por toda igreja ao mesmo tempo.
Esse dom deve ser usado com ordem:
“Se, porém, alguém falar em língua, devem falar dois, no máximo três, e alguém deve interpretar. Se não houver intérprete, fique calado na igreja,
falando consigo mesmo e com Deus.” 1 Coríntios 14.27-28
Paulo deixa claro que deve haver interprete e que falem dois, no máximo três, e o restante permaneça calado. Fora isso, é desordem! A mesma Bíblia que fala sobre o dom, também orienta e esclarece sobre o uso dele. Se há alguém falando em línguas em um local com mais gente, mesmo sem interprete, fica claro que essa pessoa está fora do princípio bíblico.
Não deve ser proibido
“Portanto, meus irmãos, busquem com dedicação o profetizar e não proíbam o falar em línguas.” 1 Coríntios 14.39
Muitas pessoas criticam o dom de línguas, mas isso é errado, pois se trata de uma dádiva do Espírito e tudo que é do Espírito é bom. O fato das pessoas usarem de forma errada, não deve nos mover para o outro extremo, que seria a proibição. A igreja de Corinto, por exemplo, usou de forma errada a Ceia, e nem por isso Paulo proibiu a celebração dela. O correto é corrigir, não proibir.
Os erros mais comuns sobre o dom de línguas hoje
“Gostaria que todos vocês falassem em línguas, mas prefiro que profetizem. Quem profetiza é maior do que aquele que fala em línguas, a não ser que as interprete, para que a igreja seja edificada”. 1 Coríntios 14.5
Não devemos supervalorizar esse dom mais que os outros. Paulo corrige a igreja que acha que orar em línguas é o que há de melhor. Há pessoas hoje que consideram e ensinam que aquele que não ora em línguas é um crente de segunda categoria, que não possui o Espírito Santo, que não é batizado no Espírito Santo, não é espiritual, etc. Isso não é verdade! É contra o que Paulo nos ensina.
O dom de línguas não é prova de uma vida abundante. Nenhum dom é prova de espiritualidade! Não se mede espiritualidade pelos dons, mede-se pelo Fruto do Espírito. A igreja de Corinto tinha todos os dons, mas era imatura e carnal.
Nenhum dom deve ser considerado selo ou batismo do Espírito Santo, pois todo salvo é batizado no corpo de Cristo e os dons são dados pelo Espírito conforme Lhe convém. Paulo deixa claro em 1 Coríntios 12.28-31 que nenhum crente teria todos os dons, por isso somos um Corpo. Assim, como corpo, suprimos as necessidades uns dos outros.
Infelizmente isso é ensinado abertamente em muitos lugares que todo crente deve ter esse dom, caso contrário, você não é uma pessoa espiritual. É comum vermos pessoas orando em línguas publicamente, sem interprete, e de repente, entram em ecstasy a ponto de perdem seu domínio próprio. Paulo é claro quando diz que deve haver interprete, caso contrário que fiquem calados. Se a pessoa que ora em línguas pode ficar calada, então ela possui domínio próprio para se calar, e o domínio próprio daquele que fala não deve permitir o ecstasy. O domínio próprio é um fruto do Espírito. Onde o Espírito Santo domina, ali há domínio próprio. Onde há ecstasy não há domínio do Espírito.
Muitas pessoas pensam e ensinam que quem ora em línguas tem mais intimidade com Deus e que essa oração é superior e alcança lugares mais largos e regiões mais profundas. A Bíblia em lugar nenhum ensina isso. Paulo diz no versículo 15: “Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento”. Aqui, a palavra “espírito”, com letra minúscula, é o espírito do homem, com entendimento. Ele deixa claro que quando você ora em línguas e pode interpretá-las, aí sim você alcança um nível mais alto.
Se Deus lhe deu esse dom, usufrua-o! Se Deus não lhe deu esse dom, não tenha complexo de inferioridade.
O DOM DE PROFECIA
Antes de qualquer coisa, é muito importante saber diferenciar o dom de profecia e o ofício de profeta… O cânon das Escrituras está fechado e Deus não revela mais nada novo nos dias de hoje para a sua igreja, pois tudo que Deus quis revelar para a humanidade está na sua Palavra e ninguém pode acrescentar mais nada e nem tirar nada. Gálatas 1.8 diz: “Mas ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja anátema!”
O que é o dom de profecia?
O dom de profecia hoje (neste contexto) é exatamente a exposição e a explicação da Palavra de Deus conforme escrito nas Escrituras. Romanos 12.6 “De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé.” A medida da fé utilizada nesse trecho significa o conteúdo da verdade ou o conteúdo das Escrituras. Paulo está dizendo que, se você profetiza, deve ser conforme o conteúdo das Escrituras.
Em 1 Pedro 4.11, lemos: “Se alguém fala, faça-o como quem transmite a palavra de Deus.” Aqui fica claro que aquele que fala, prega ou profetiza, deve fazer totalmente dentro do que já foi revelado nas Escrituras. Caso seja algo novo, ou seja, fora das escrituras: Seja anátema! Descarte!
Em 2 Timóteo 4.2, Paulo nos orienta: “Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina.” Devemos pregar A Palavra e não sobre A Palavra. Ou seja, a Palavra deve ser todo o conteúdo da pregação. Resumindo: O que é profecia? É a pregação (inspirada) da palavra de Deus!
É por isso que Paulo diz em 1 Coríntios 14.5 “Prefiro que profetizem”. Todos devem saber pregar a Palavra de Deus. Não se trata de um papel exclusivo do pastor. Isso está ao alcance de todos aqueles que foram salvos por Jesus, leem a Bíblia, entendem a Bíblia e pregam a Bíblia. Quem faz isso (inspirado pelo Espírito Santo) está profetizando.
Erros a respeito do dom de profecia
“Tratando-se de profetas, falem dois ou três, e os outros julguem cuidadosamente o que foi dito. Se vier uma revelação a alguém que está sentado, cale-se o primeiro. Pois vocês todos podem profetizar, cada um por sua vez, de forma que todos sejam instruídos e encorajados. Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. Pois Deus não é Deus de desordem, mas de paz.” 1 Coríntios 14.29-33
O dom de profecia não é proclamado em estado de ecstasy. Não é correto a situação em que a pessoa tenta interromper todos para falar. Há muitos casos em que pessoas dizem falar por meio do Espírito, mas não estão fazendo isso.
Há um relato de um pastor que durante o culto recebeu um bilhete de uma senhora muito bem vestida que dizia assim: “O Espírito Santo me enviou aqui e me condicionou uma palavra a essa igreja”. Obviamente o pastor não lhe concedeu espaço para falar e, ao final do culto, ela estava muito brava na porta da igreja dizendo que o pastor havia impedido que o Espírito Santo falasse a igreja naquele dia. O pastor esclareceu dizendo que ele era o profeta daquela igreja. Esclareceu que ele tinha a responsabilidade de pregar a palavra ali e que, por ele não a conhecê-la, nem seus pensamentos e nem suas crenças, estaria disposto a ouvi-la e, após isso, avaliaria se o conteúdo era pertinente à igreja. Caso fosse, ela teria a oportunidade de repassar a todos em um momento pertinente. Naquela mesma semana, todos tiveram conhecimento das mentiras e confusões que aquela pessoa estava espalhando por algumas igrejas daquela cidade.
Nós não temos a obrigação de achar que toda pessoa que se diz falando pelo Espírito Santo de Deus, está realmente falando pelo Espírito. Não podemos crer que o dom de profecia é a situação em que a pessoa fala em ecstasy e todos precisam aceitar sem questionar. Por isso, o versículo 29 diz que precisamos questionar e julgar.
O fato de julgarmos, não significa que devemos ir para a igreja desconfiando ou criticando tudo e, muito menos, que devemos ir buscando uma falha do pregador para ficar ressaltando isso. O que Paulo está dizendo, é que não devemos ser ouvintes sem critérios, sem crivo e sem discernimento espiritual. Paulo elogiou a igreja de Beréia, pois mesmo ele pregando, examinavam as Escrituras para ter certeza se o que ele falava era realmente a verdade. Não importa se o pregador é alguém famoso, se é Pedro ou Paulo: a igreja deve estar atenta para saber se, de fato, o que está sendo pregado está de acordo com as Escrituras.
O pregador sempre se sujeitará ao julgamento dos outros. Há humildade nisso. Ele também sempre estará no controle de si mesmo. 1 Coríntios 14.3 diz: “Quem profetiza o faz para a edificação, encorajamento e consolação dos homens.” Assim como a descrição da Palavra de Deus de 2 Timóteo 3.16-17: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.”
Com base nisso tudo, conseguimos entender claramente o que Paulo nos orienta dizendo: “Mas se entrar algum descrente ou não instruído quando todos estiverem profetizando, ele por todos será convencido de que é pecador e por todos será julgado, e os segredos do seu coração serão expostos. Assim, ele se prostrará, rosto em terra, e adorará a Deus, exclamando: “Deus realmente está entre vocês!” (1 Coríntios 14:24-25)
Um resumo de 1 Coríntios 14 é:
1-5: Paulo orienta sobre Edificação
6-25: Paulo orienta sobre Entendimento
26-40: Paulo orienta sobre Ordem
A igreja de Corinto:
O grande problema da igreja de Corinto era a desordem. Sabemos, inclusive, que havia o problema de mulheres que entravam com roupas inadequadas ao local de culto e queriam profetizar. Era como se fossem roupas de banho nos dias de hoje. É necessário ter essa informação para entender o contexto em que Paulo orienta a igreja. Naquele momento, muitas mulheres estavam se convertendo oriundas de religiões politeístas, onde adoravam a deusa Afrodite de forma promíscua e entravam em ecstasy a ponto de falar descontroladamente, sem ordem e sem equilíbrio emocional. E, agora, pendiam a ter dentro da igreja as mesmas atitudes de um culto pagão.
Nesta igreja, estava se tornando comum interromperem o pregador e começarem a falar durante a pregação, atrapalhando a ordem do culto. Por isso, buscando a ordem, Paulo orientou que as mulheres deveriam ficar caladas na igreja e, em casa, perguntar aos seus maridos. Em nenhum momento Paulo proibiu as mulheres de falarem na igreja, pois no capítulo 11 ele diz que as mulheres oravam e profetizavam no culto. Não há contradição e nem incoerência, apenas a busca da ordem.
Finalmente, fica claro que Paulo está alertando a igreja sobre o perigo de novas revelações além da Palavra de Deus. Vale a pena reforçar que se tratava de uma igreja que questionava, inclusive, a autoridade e o apostolado de Paulo. Contextualizando, é como se a igreja questionasse a necessidade de um pastor, de uma pessoa que se preparou e enfrentou um seminário. Isso se refere diretamente sobre descartar lideranças alegando que o Espírito Santo fala diretamente com todos.
Acaso a palavra de Deus originou-se entre vocês? São vocês o único povo que ela alcançou? Se alguém pensa que é profeta ou espiritual, reconheça que o que lhes estou escrevendo é mandamento do Senhor. Se ignorar isso, ele mesmo será ignorado. Portanto, meus irmãos, busquem com dedicação o profetizar e não proíbam o falar em línguas. Mas tudo deve ser feito com decência e ordem. 1 Coríntios 14.36-40
Paulo deixa claro que, se alguém se diz profeta, é necessário se submeter a autoridade apostólica. Ou seja, o profeta verdadeiro se coloca debaixo da autoridade que há nas Escrituras. Se alguém diz que possui uma revelação de Deus, mas não está alinhado com os ensinamentos das Escrituras, então trata-se de um falso profeta. Se alguém ignora A Palavra, esse alguém deve ser ignorado.
Terminamos esse estudo reforçando-o com um texto que se encontra no artigo V da Confissão da Igreja Reformada da França, adotada em 1559, que pontua muito bem o compromisso que precisamos ter com a Palavra de Deus: “Não é lícito aos homens, nem mesmo aos anjos, fazer, nas Santas Escrituras, qualquer acréscimo, diminuição ou mudança. Por conseguinte, nem a antiguidade, nem os costumes, nem a multidão, nem a sabedoria humana, nem os pensamentos, nem as sentenças, nem os editos, nem os decretos, nem os concílios, nem as visões, nem os milagres, devem contrapor-se a estas santas Escrituras; mas, ao contrário, por elas é que todas as coisas se devem examinar, regular e reformar”.
A igreja está debaixo das Escrituras. Que Deus nos ajude a sermos uma Igreja fiel, submissa e obediente a Sua Palavra.
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Autor: Hernandes Dias Lopes (adaptado de um sermão do YouTube)